domingo, 27 de dezembro de 2015

10X0 para o Bode

10X0 para o Bode.
Gente, você já se comparou a um bode?
Sim, B-O-D-E. Aquele mesmo de chifres e cavanhaque. Isso mesmo; o próprio, desse da figura para não ficar nenhuma dúvida.
Pois é; acabei de me comparar a um bode aqui e agora, assistindo um vídeo onde um chinesinho faz literalmente falando, com aquela paciência dos orientais, um bode subir em uma escada dessas básicas de pintor, eu não subo mais, não dá, mas o bode sobe.
Depois ele calmamente andou até o final de uma corda bamba!
Sim, ouviram (leram) bem : c-o-r-d-a  b-a-m-b-a.
Não contente a criatura de chifres e cavanhaque deu a volta no final da corda e caminhou de volta para o começo parando no meio do trajeto e subiu, pasmem! Subiu com as quatro patinhas num objeto, tamanho de uma xícara de chá (talvez até fosse), ali colocado e atarraxado na corda e se equilibrando ele rodou um pouco sobre si, depois parou o mecanismo de rotação que foi acionado por ele!
Dai desceu da xícara rotatória indo de volta até onde começou e desceu novamente a escada.
Isso tudo com um macaquinho vestido a caráter pendurado nas costas, que lá pelas tantas ainda subiu nos chifres do distinto e ainda fez piruetas de ponta a cabeça.
Não é incrível isso? Se tivessem me contado com certeza duvidaria...
Tudo bem que bode sobe em montanhas, paredões de pedra, telhado mas andar na corda bamba... Eu em?
Me senti uma ostra me comparando ao bode! 
Aff...

https://www.youtu.be/j5ZrNg3zsYA


segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Em tempos de Natal.

                                                       Em tempos de Natal

Hoje fiquei pensando...
E se Maria de Nazaré, a mãe de Jesus, tivesse feito um aborto?  
Por todos os motivos que se discute hoje em dia com relação ao corpo da mulher, propalado constantemente pelos meios de comunicação " de que é um direito da mulher decidir pelo que fazer do seu corpo ou com ele”, inclusive um aborto já que a mulher  deve pensar primeiro nela, na vida dela e no corpo dela, assim Jesus não teria nascido pelo menos não naquelas circunstâncias.
Os seguidores do Espiritismo dirão:
O livre-arbítrio de Maria seria respeitado é claro, mas a missão de Jesus preparada e programada na espiritualidade por séculos e séculos seguiria em frente com certeza escolhendo-se outra mulher que quisesse agasalhar em seu ventre tamanha incumbência, a de gerar o Mestre dos Mestres que faria toda a diferença para a humanidade.
Será que a maioria das mulheres imagina o tamanho da responsabilidade que é gerar um corpo para um espírito poder cumprir o seu roteiro de vida?
Qual o roteiro de vida de cada um?
Não se sabe, porque é necessário não nos lembramos do passado, mas com certeza todas as encarnações são importantes, importantíssimas para a nossa evolução, para dizer o mínimo.
E as mães dos grandes inventores, cientistas, dos grandes mestres das artes e da literatura, as mães de todos aqueles que fizeram a diferença para a evolução da humanidade? 
E se elas também tivessem pensado primeiro e unicamente nelas, no seu corpo, na sua carreira...?
É bom pensar um pouco mais. Sem falar que para toda ação há uma reação.
O aborto não é só o ato de descartar-se de um "incômodo" que aconteceu em hora errada, no momento errado, mas é a interrupção de um roteiro programado na maioria das vezes, durante décadas para atingir o momento certo de encontros e convivências necessárias que vão contribuir para o aprofundamento de relações imprescindíveis para evolução do espírito e por consequência do mundo, com planos de acontecimentos que fazem girar a vida e o progresso da humanidade.

Com tantos métodos de contracepção pode-se optar por não querer engravidar sim usando do direito de exercer o livre-arbítrio, porém matar o ser em gestação é um crime...

sábado, 5 de dezembro de 2015

Tempos Reciclados e Tecnologias.

                                                   Tempos Reciclados e Tecnologias
Fui até os fundos e peguei a cesta, voltei para a cozinha e escolhi da fruteira sobre a mesa, algumas frutas. No armário peguei bebida láctea de tamanho pequeno, mais um pacote de bolachas e outro de pipoca de Micro-ondas.
Sai dali logo após colocar o GPS entre as frutas dentro da cesta e em seguida cobri tudo com um guardanapo xadrez e a deixei sobre o sofá perto da porta de saída.
 Enquanto vestia minha capa vermelha me olhei no espelho para ajeitar o gorro que encobria parte os meus cabelos.  Só então sai para a rua e caminhei na direção do metrô.
Quase chegando à esquina a voz da máquina começou a me dar direções diversas e contrárias e aquilo foi me irritando e a maldita parecia ler meu cérebro, por que dizia frases sem noção e passou a repetir sem parar;
“Entre à direita.”  “Vire à esquerda”. “Siga em frente!”
Havia pensado antes de me preparar para sair, dos antigos métodos de ir deixando pedrinhas pelo caminho ou pedacinhos de pão para encontrar o caminho da volta, porém me lembrei de que nem sempre funcionou nos contos de fadas e uma parte do caminho terei de ir de Metrô, pois preciso atravessar toda a cidade e chegar à casa da Vovozinha antes do por do sol e da novela das seis, porque pretendo assistir ao seu lado o capitulo de hoje comendo sequilhos de araruta que ela faz maravilhosamente bem e tomando limonada colhida no quintal.
Durante o trajeto fui ouvindo a voz do GPS que parece saída de dentro de uma lata de biscoitos quadrada e funda e que usa palavras que não conheço ou não é do meu vocabulário:
“...estamos chegando na rotunda, contorne a rotunda, entre à esquerda depois da rotunda... ”.
Aquela “fala” me irritava por demais e continuei cada vez mais apressada com aquela irradiação louca ao meu lado, no meu ouvido.
Ao caminhar na direção do Metrô percebi muitas outras pessoas estava portando também um GPS no bolso, nas bolsas e nas sacolas, o mesmo tipo de GPS que falava com a mesma voz esquisita. 
E como uma situação surreal dentro do vagão do metrô, uma “conversa paralela” entre os GPS se estabeleceu e enquanto entre os homens as máquinas trocavam informações políticas e financeiras, outras trocavam receitas e fofocas da televisão criando “vida inteligente”. Acho que os GPS daquele dia captaram as conversas dos celulares.                                                               E assim a viagem transcorreu rapidamente, parecendo um mercado para surpresa de uns e apreensão de outros.
Ao descer na plataforma que me levaria à casa da minha avozinha a voz logo gritou:
“Suba as escadas!”
Como se houvesse outra opção!
 Naquela hora enlouqueci e fiquei tentada a jogar fora a “maquininha” maluca e falante nos trilhos e a deixar para que o vagão passasse por cima fazendo calar a voz de lata. Mas o trem passou e ela misteriosamente não foi atingida e continuou falando sozinha e avisando que saí da rota programada em casa.
Finalmente cheguei à rua, no meio da multidão apressada, fechando quase totalmente os olhos pela claridade que ainda inundava o final de tarde. Atravessei a avenida na faixa de pedestres chegando perto da “rotunda” a voz maluca começou a gritar; “depois da rotunda entre à direita há 200 metros.”
Era outra pessoa que carregava uma máquina igual a minha e que fazia a mesma coisa, estava “possuída” pela interferência das conversas dos celulares.
 Me indignei com ela e gritei:
- Para de querer mandar em mim, máquina louca, não pode só apontar o dedo em vez de falar? Eu vou se eu quiser, entro à direita se eu quiser! Ninguém manda em mim, muito menos uma máquina tola, maluca que nem sabe falar direito.
A pessoa me olhou espantada pensando que eu iria bater nela, que eu havia surtado e andou mais depressa, fui atrás e me desculpei  falando que havia acabado de jogar a minha máquina de GPS nos trilhos do Metrô e a desgraçada nem assim foi destruída e nem parou de falar.
Caminhei alguns passos ainda ao lado da pessoa que logo avistou uma caçamba de lixo e jogou-a  dentro,  enquanto ela ainda falava e repetia aquelas frases de sempre, acho que deu pane, não parava de falar; “ entre a direita, siga até o final da rua....”
Quando voltei da casa de minha avozinha já haviam levado a caçamba com tudo o que havia dentro.
Agora a máquina maldita deve estar falando sozinha em algum lugar e vai falar muito até acabar a bateria, imagine se encontra a minha?!  As duas vão enlouquecer.
Quanto ao roteiro de ida e volta na casa da minha avó, pretendo comprar uma bussola e um astrolábio e vou me guiar pelas estrelas mesmo, pelo menos eles são aparelhos mudos...


quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Água; Liquido Incolor e Inodoro.

                                             Água; líquido incolor e inodoro.
De repente me dou conta que estou rodeada de água, dentro de um caiaque, remando desesperadamente em pleno oceano, não sei qual dos três, Atlântico, Indico ou Pacífico.
Me senti por alguns minutos o próprio Amir Klink, remava de um lado ora do outro, fazia manobras como numa corredeira de rio  de repente as ondas furiosas começaram a me levantar e  logo me desciam numa aflição de montanha -russa.
Um desespero começou a tomar conta do meu ser indefeso e comecei a chorar, mas logo engoli o choro me lembrando de que choro é líquido, é água, e o que  eu mais queria naquele momento era fugir de qualquer líquido incolor e inodoro.
Comecei a tremer ao imaginar as barbatanas triangulares dos tubarões fazendo uma ciranda ao redor de mim e impulsionei mais ainda os remos para longe.
- Como longe? Eu já estava muito longe e nem sei quanto.
Olhava para o horizonte e só via água, água, até que comecei a ouvir um som de motores...
-O que seria? Um navio, um helicóptero, um avião, um super-homem?
Não, não era nada disso, era a vizinha de apartamento, a Mulher-maravilha, que ligou o aspirador de pó às sete da manhã e me acordou. Até que foi bom, eu estava dormindo e tendo um pesadelo.
Tanta água por estas bandas que já estou tendo sonhos desesperadores.

Abro a janela e olho para fora e vejo que continua chovendo, já chove há quase quarenta dias, é o dilúvio e nem comprei a minha passagem na Arca do Noé que ouvi dizer que o “modelito” novo dela agora vem com periscópio...

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Notícias (ir) Relevantes

                                                               Notícias (ir) Relevantes
Como dá para notar pelo andar da carruagem, quase parando, que não ando inspirada nem um pouco para escrever no Blog.
Daí que lendo manchetes aqui e ali, sem pressa e nem tanta curiosidade, me deparo com a notícia de que um homem na  Colômbia abriu os olhos no caixão e chorou! Avemaria!! Quequéisso?
A notícia dava conta que chamaram um médico e ele saiu correndo, mas eu não pude deixar de lembrar que eles entulham algodão pelo corpo todo do defunto, vai saber se aquilo não o estava incomodando? Vai saber? (oh, humor negro, eu sei)
Outra noticia me dá conta de que amanhã, quarta-feira dia sete, o mundo vai acabar para um pessoal de uma seita nos EEUU. Há quem diga que todos já tomaram banho, vestiram a fatiota e estão todos de sobreaviso tomando uma coisinha aqui outra li para aliviar a tensão. Tem quem até comprou travesseiro e colchão novos, sabe como é, querem morrer descansados.
Também pude ler a notícia que um posto de gasolina na Ucrânia dá gasolina “degratis” se as mulheres forem até lá de biquíni, isso no Brasil nem seria tão difícil com o preço da gasolina o povo já está de tanga mesmo...
Também amei o “dia da lama” no EEUU, todo mundo se lambuzando, chafurdando naquele creme marrom, acho que no Brasil esse esporte seria muito significativo para o povo. Trouxeram o Halloween por que não o dia do banho de lama? Lá foram usados duzentas toneladas de barro e 20 mil litros de água... Imagine o cheiro daquilo?! Que nojo!
Outra notícia que eu não poderia morrer sem saber é um pão preto de hambúrguer que está fazendo muito sucesso e que resulta em fezes de cores entre verde e azuladas, é mole? Bem... Também não sei mais detalhes. Também para quem gosta muito dessas novidades, o da beterraba todo mundo sabe desde criança... Hahahah.
Acho que vou parar por hoje, já que o meu cérebro está tendo espasmos nada elegantes, o tico e teco se mandaram me deixando apenas com “anônimo” e ele é um perigo.


sábado, 26 de setembro de 2015

Notícias da Vida Alheia

                                                 Notícias da vida alheia
O telefone tocou e Esméria correu a pegá-lo sobre a mesa da cozinha não sem antes enxugar as mãos molhadas onde lavava a louça do jantar. Sentou-se e atendeu a comadre Andrina.
- O que foi, que aconteceu?
- A Ermelinda vai viajar e vai deixar o marido dela em casa, já viu né? Os ratos vão tomar conta com aquela empregada dela metida a gostosona... Cala-te boca!
- Quem contou?
- A Mariuza, e a Leonice confirmou que ouviu dela mesma...
- E ela vai para onde?
- A, vai para a casa da filha com certeza, aquela também não larga a barra da saia da mãe... Não sei por que a Ermelinda criou a filha tão mimada e cheia de vontades, é claro que só podia dar uma péssima dona de casa, imagina quando nascerem os filhos? Vai trazer para a avó criar... Hahahah deusmelivre!
- Olha, vou desligar que estão tocando o interfone. Xau!

Dia seguinte Esméria encontrou na feira a amiga Dasdores que lhe disse e garantiu que a Ermelinda estava se separando do marido, o Aprígio, também aquele ninguém merece, né amiga? Namorador, cachorro, vagabundo... E que ela ia para a casa da filha... Saiu desesperada...

A tarde ia pelo meio e o condomínio todo já sabia que o Seu Aprígio, aquele sem vergonha, cachorro, vagabundo, foi pego em flagrante com a empregada metida a gostosa na cama do casal e a Ermelinda pediu a separação na hora, e foi para a casa da filha que está grávida, aquela mimada que nem sabe cozinhar um feijão com arroz e jamais varreu a casa, chamou a mãe para cuidar dos netos...
Afff este povo fala cada coisa...

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Um rosto na areia...

Bom dia sexta-feira que amanheceu chovendo, sem luz e sem cor.
Dia de orar muito e pensar nos acontecimentos da semana, porque o nosso lindo Planeta Azul está sofrendo convulsões, está doente vomitando todo o veneno nela implantado por atos e pensamentos de todos nós.
Nossos irmãos de outras terras estão desesperados de dor e aflição ao se sentirem impossibilitados de viverem nos seus lugares de origem pedindo abrigo e sendo rechaçados como ratos e morrendo pelo caminho em total desespero.
São milhares de criaturas que se arrumam e saem de casa como se fossem passear no shopping e não chegam aos destinos pela ânsia do dinheiro do Grupo estabelecido. Sim, dá para ver isso nas fotos, eles são pessoas de bem, não são miseráveis que perambulam pelo mundo, estes também precisam de nós, mas no momento estou me referindo a essas pessoas que perderam todo o resultado de anos de trabalho pelas tristes circunstâncias. Isso me lembra a “Fuga de José e Maria do Egito”, quando fugiram e não foram aceitos por ninguém por onde passaram indo se alojar entre os animais para nascer o maior ser que esteve entre nós; Jesus!
 Quantas das mulheres grávidas que procuram abrigo nesse êxodo trazem no ventre um ser de luz que poderá fazer a diferença e trazer a Paz entre os homens? E o que dizer das crianças como o menino que foi encontrado morto à beira do mar com o rostinho na areia, do irmãozinho dele e de tantos outros meninos e meninas? O que o destino reservava para ele? Nunca saberemos, mas que estas mortes possam tocar o coração das pessoas de bem, oferecendo abrigo e trabalho.
Quantas salas e casas vazias têm por este mundo que poderiam servir de abrigo temporário até que essas pessoas se acalmassem e retornassem à vida? Por que seus donos não disponibilizam esses imóveis? Não é preciso colocar pessoas estranhas dentro de casa se não quiserem, mas ajudem de alguma forma. Será que ficariam mais pobres se o fizessem?
 Existem mil maneiras de ajudar e uma delas é orando para que não percam a fé e consigam vencer mais essa prova em suas vidas.
Então vamos orar!
Deus os abençoe a todos e que a morte do menino Aylan Kurdi, representando a todos os nossos irmãos refugiados,  não seja em vão. Vamos fazer a nossa parte para mudar o mundo...

                                              Um rosto na areia para sensibilizar o mundo. 
Bom dia, se você puder...

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Sobre Generosidade



Sobre a generosidade.
Observando atitudes me deparo com pessoas muito ciosas do seu tempo em termos financeiros, tipo; “tempo é dinheiro” e levam isso ao extremo.
Até concordo com essa atitude quando estamos trabalhando ou a serviço, mas e aquele tempo ocioso que usamos para olhar o mundo, o nada? Não podemos oferecer de graça para alguém? Fazer um bem, um agrado com alegria a alguém que se gosta?
Será que tudo tem de ser calculado em termos financeiros, em tempo/dinheiro? E onde fica a generosidade, a gentileza, o carinho por alguém?
Não penso assim. Gosto e tenho prazer de fazer algo para alguém, sempre gostei de ver o brilho nos olhos e o sorriso de felicidade pelo meu trabalho, isso não tem dinheiro que pague, até por que quando morremos só levamos o que não cabe no bolso.
É muito bom sentir o nosso coração batendo mais forte na expectativa de ver a pessoa receber nas mãos nosso trabalho, nosso tempo e nosso carinho. Isso não tem preço.
Quanto do seu tempo você está doando?
 Quanto de alegria você vai levar quando for embora da terra?

Doe de si e será mais feliz, hoje e sempre.

domingo, 30 de agosto de 2015

É um Pássaro ou a Mulher-Maravilha voando?



                                  É um Pássaro ou a Mulher-Maravilha voando?
♫♪Cada um sabe a dor e alegria que traz no coração...♪♫♪
Esta frase de uma canção retrata bem uma verdade, a verdade de cada um. Todos nós por mais sofridos temos algumas lembranças de alegria, assim como o inverso também é verdadeiro.
Hoje por exemplo estou transbordando de saudade dos tempos em que os filhos eram pequenos em que a juventude era renovada a cada dia que amanhecia não como o que acontece hoje, um dia a menos, uma ruga a mais.
Mas não vim escrever para debulhar horas saudosas e tristes, vim para contar o que me aconteceu;
Ia eu pela rua e fui abordada por uma moça com um microfone na mão me convidando a fazer uma loucura que ela sorteasse numa caixinha que ela trazia na mão.
Loucura, loucura, mas hoje eu estava para tudo, para fazer o que desse na telha e lá fui eu tirar um dos papeizinhos dobrados de dentro da caixinha, e olha só o que eu tirei; uma viagem de parapente!
 E lá fui eu decidida a pular do morro com asas nas costas feito uma feliz borboleta.
Já a subida do morro numa caminhonete com repórter, cinegrafistas e parafernália de trabalho deles me inquietou um pouco, será que estou delirando? Pensei eu com o zíper do macacão de paraquedista cor de laranja que arrumaram para eu ficar bem visível caso eu caísse na mata, sabe como é, é a cor da caixa preta dos aviões para a mesma situação; a queda.
Subimos e eu já quase vislumbrava anjos tocando harpas, sentados nas nuvens quando chegamos aos finalmente: o topo do morro, uma área apertada entre pedras e mato com o que me pareceu uma frágil plataforma de madeira pendurada não sei onde, chamada de pista de decolagem, ou seria descolagem?
-Urrrúúúú´que linda vistaaaaa!!!! Até aqui valeu muito a pena, a loucura, loucura.
Cheguei a gravar o que eu estava sentindo até ali. Foi o que comentei com a locutora do evento que foi junto para registrar tudo, é claro. Eu iria aparecer, se tudo desse certo, ou não, no Jornal da noite.
Daí me colocaram num casulo e eu me apavorei um pouco no começo ao me sentir dentro daquele tubo com as pernas amarradas sem poder me movimentar, pois voltei ao meu tempo de feto e não gostei, mas já que resolvi, tá resolvido! -Pensei: “seguranamãodedeusevai”!- E fui.
Momentos inesquecíveis e translumbrantes, me sentindo um passarinho de verdade. Naquele momento tive vontade de voltar a ser uma ave migratória, daquelas que atravessam continentes voando, voando... Sempre voando de lá para cá e daqui para lá, incansáveis...
Só que depois de umas voltas, alguns repuxos e bordejos algum frio na barriga, mas com certeza apreciando aquela vista maravilhosa aquele mar de esmeralda, as palmeiras vistas de cima, os gramados finalmente chegamos à praia, afundando um pouco na areia quente.
Sim, porque eu voei com o piloto que não sou maluca de usar aquela engenhoca solitária. Não ainda, preciso treinar mais um pouco.
Daí que o sonho acabou infelizmente, por mim ficaria voando... voando... voando...
Então levantei e fui fazer café que ninguém é de ferro, ainda mais depois de uma noite intensa dessas.
Sim minha gente, foi um sonho ou vocês acham mesmo que eu teria essa coragem toda, não mais, porém iria sim naquele começo que escrevi acima quando a gente se renovava a cada dia quando era bem mais jovem. Naquele tempo em que eu era a mulher-maravilha...
Eu em?!
 

domingo, 23 de agosto de 2015

Areia para Ampulheta.

                                          Areia para ampulheta.
O homem de terno preto, sóbrio nos movimentos, como que calculasse cada um deles para melhor administrar o tempo colocou no centro da mesa redonda uma das quatro ampulhetas que permaneciam ao seu lado, cada uma correspondendo ao quarto de hora, meia hora, quarenta e cinco minutos e hora inteira. 
Na mesa onde circundavam 12 membros também vestidos de terno preto, tinham diante de si os doze números correspondentes da hora e aguardavam em silêncio, sentados em cada cadeira o início da contagem do tempo para começarem a reunião.
Falando de forma pausada e quase metódica o que representava o número 12  deu inícios aos trabalhos falando:
- Iniciemos como de hábito a reunião com a passagem da folha de assinaturas de presença o mais rápido possível para iniciarmos a sessão. 
Quinze minutos para essa função é suficiente e em seguida partiremos sem perda de tempo para o assunto pertinente à pauta do dia, a areia e a escassez dela. Está faltando areia no mercado!
Assim que todos assinaram a folha de presença ele virou a ampulheta, agora a de 60 minutos, ou seja; uma hora inteira para discutirem o assunto do dia.
 - Rápido que o tempo urge! Todos prontos? Sem perda de tempo cada um dê o seu parecer sobre o preço da areia das ampulhetas, a falta dela no mercado e o custo da confecção etc.
- A areia está em falta no mercado e o custo pela última hora! O preço no mercado negro já parelhou ao oficial por conta dos conflitos na Grécia.
Falou prontamente o de número um.
- Mas a Grécia nem tem areia...
- Cale-se! Não seja ignorante número três.  Todos os problemas da Grécia ou de qualquer outro lugar, mesmo onde só exista gelo, neve e que tais, reflete nas areias das ampulhetas.
Falou com rispidez o numero onze por se achar quase a altura do maior deles, na esperança de um dia substituí-lo.
- Não concordo!
replicou o número 3 timidamente.
- Você não tem de concordar, isso é do mercado mundial, daqui a pouco teremos que fechar as portas por falta de areia!
- Cavalheiros o tempo está passando e vocês discutindo o gotejar das horas e com isso estão perdendo segundos preciosos.
-Me permitam interromper e já interrompendo, podemos pensar numa nova ampulheta com outro material que não fosse areia, o que acham?
Falou o pratico numero 6.
-Oh!!!!!!
Exclamaram todos ao mesmo tempo como se ouvissem um sacrilégio, o espanto foi geral das vinte e quatro horas, quer dizer dos doze membros da reunião.
- Como assim? 
Falou o que correspondia ao número 12 que presidia a sessão.
- Bem, eu pensei que poderíamos estudar outra possibilidade e desatrelar a nossa produção do mercado de areia e saíssemos desse pensamento antigo de se fazer ampulhetas apenas com areia...
- Continue!
- Não sei mais... apenas tive a idéia.
falou timidamente.
-Você só raciocina um quarto do pensamento mesmo, né? Poderia pelo menos ter uma ideia completa ?
O que correspondia o numero 3 se encolheu um pouco mais na cadeira e nada mais comentou até o final da reunião, mas o numero 9, o seu oposto, gostou da ideia e ficou matutando em silêncio e depois sugeriu:
- Poderíamos tentar a farinha de mandioca já que a nossa líder maior, aquela que se acha nossa representante, saiu por ai outro dia mesmo saudando a mandioca e proclamando que  a mandioca é uma maravilha, é isso, é aquilo...
 E colocou seu parecer na reunião sem tirar os olhos da ampulheta que estava no centro da mesa observando que faltava pouco para encerrar os trabalhos da hora.
Em seguida e de maneira veemente o numero 12 falou:
-Fechou! Achei a ideia viável e chego a admitir que é genial. Podemos experimentar. Senhores, para a próxima reunião eu quero todos os detalhes, desde o plantio da dita cuja até a farinha propriamente dita. Vamos levantar o preço da farinha de mandioca no Mercado Europeu e tudo mais.
 Falou o número 12 com o peito cheio de orgulho por presidir tão n(p)obre sessão.

- Acabou a areia de cima, vamos virar a ampulheta; um, dois três, virei!!!



23 de agosto de 2015.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

O Homem de Pijama Listrado

                                             O Homem de Pijama Listrado
Eu havia acabado de plantar a última muda de petúnia roxa e abrir a torneira do jardim onde estava instalada a mangueira para molhar o jardim, quando me deparei passando tranquilo ao meu lado um senhor de pijama listrado indo na direção da minha varanda.
Sem desligar a água fiquei olhando aquela figura inusitada se aboletando na cadeira de descanso. Olhei para todos os lados e não conseguia entender de onde ele havia vindo e como ele tinha chegado até ali. Finalmente, já com os pés encharcados por ter me distraído, desliguei a torneira e me dirigi para a varanda para saber o que estava acontecendo.
-Senhor, o que esta fazendo aqui?
-Ora, estou esperando a Marilda.
-Sim, mas quando a Marilda vai chegar?
-Ela já está vindo, foi só na padaria.
-E o senhor quem é?
-Eu sou o Amarildo.
-Seu Amarildo onde é que o senhor mora?
-Moro aqui, ora essa! E você quem é, a nova empregada?
-Não senhor Amarildo, eu sou a proprietária dessa casa...
- Isso é que não, eu moro aqui há mais de cinquenta anos, paguei cada centavo dessa casa na Caixa Econômica e posso provar com documentos.
-Fique calmo seu Amarildo, o senhor deve ter se enganado de endereço, me fale onde mora algum conhecido e eu lhe levarei até lá.
-Eu estou lhe dizendo que moro aqui há mais de cinquenta anos e posso provar, espere a Marilda chegar e ela vai pegar os documentos.
-Eu acredito no senhor, mas eu comprei essa casa já está fazendo quatro meses e também posso lhe provar com documentos. Mas eu gostaria muito de lhe ajudar, mas vou precisar do nome de alguém...
- Marilda, minha esposa se chama Marilda.
-Vamos fazer assim; vou entrar e telefonar e já volto. O senhor gostaria de um pouco de leite?
- Leite? E eu sou lá homem de tomar leite? Você não tem um vinho do Porto, um Conhaque?
- Não, infelizmente estou em falta, outra coisa quem sabe?
-Não quero nada, vou esperar a Marilda trazer o pão e ela vai fazer café...
-Está bem, então me aguarde que já volto.
Entrei e liguei para a Polícia para saber se havia alguma reclamação da fuga de algum velhinho de pijama listrado.
- “Não senhora, aqui não há nenhuma reclamação desse tipo, nem de hoje e nem desses últimos dias”.
-Sim, e o que eu vou fazer com este velhinho de pijama na minha varanda esperando a D. Marilda?
-“Me desculpe senhora, mas este já não é um problema nosso, mas a senhora deixe o seu telefone que se houver algum Boletim a respeito de um senhor de pijama listrado perdido no meu plantão, eu retorno para a senhora”.
-Obrigada então.
Voltei para a varanda e o velhinho havia sumido. Fiquei muito intrigada com aquilo, pois perguntei na vizinhança se alguém tinha visto o velhinho e ninguém viu.
Voltei para dentro de casa com a preocupação de como estaria o velhinho, que poderia ser atropelado, se machucar e assim pensando resolvi ir comprar pão na Padaria da esquina e aproveitei para comentar o ocorrido e perguntar se alguém o teria visto andando por ai.
- Não senhora, por aqui não vi nenhum senhor de pijama listrado.
Me falou o dono da padaria enquanto dava o troco para uma senhora idosa.
Ela interrompeu a nossa conversa e falou:
- Senhora, este senhor disse o nome dele, por acaso não é Amarildo?
- Sim isso mesmo, seu Amarildo e a esposa segundo ele se chama d. Marilda que de acordo com ele havia vindo até aqui comprar pão.

- Ixi minha filha, manda benzer sua casa e rezar uma missa, seu Amarildo que realmente vivia de pijama sentado na varanda, já morreu há algum tempo e a Marilda também já morreu. Eles eram sim, os donos da casa que você está morando e viveram por mais de cinquenta anos ali, eu os conhecia sim, mas cruz, credo, avemaria! Me arrepiei inteira...

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Um Continho de Palavras Incomuns.

                                  Um Continho de Palavras Incomuns
Delzete colocou de lado os bilros e se levantou de onde estava ajoelhada há horas, dando conta da encomenda para entregar antes do mês de dezembro.
Foi até o canto da cozinha onde o Ximburé exalava o último suspiro, olhou pela janela e viu que iria chover mais tarde, precisava se apressar. Levou-o para o quintal, perto da bica, carregando a gamela tosca e gasta de tão usada, bem no lado do corpo, firmando-a na direita e distribuindo o peso nas laterais das ancas.
Por aquelas bandas ainda não haviam chegado vasilhas e utensílios plásticos, tão comuns nas cozinhas de hoje, bem coloridas, e de vários tamanhos e modelos que faziam a alegria da mulherada que labutava nas lides domésticas, não.
Por ali ainda se usava a gamela feita de toco de árvore esculpida a enxó que servia para diversas utilidades e ela era bem pesada.
Rapidamente deu conta da tarefa e retornou à casa agoniada com o que estava sentindo desde ontem quando caiu perto do rio e bateu com o rosto no chão. Na hora ficou tonta que quase perdeu os sentidos, mas como mulher forte e lutadora que era, levantou-se do chão e tomou o caminho de casa sem reclamar. Só que hoje além do inchaço a dor havia piorado muito. Resolveu que riria até o seu João Buruá, filho de índio e entendido em doenças e dores para pedir uma mezinha para aliviar a dor.
Ao chegar o velho com dons de xamã a conduziu para dentro da cabana e lhe ofereceu um banco tosco para sentar enquanto se dirigia a um aparador beirando a parede, bem abaixo da janela.  La tomou de uma cuia, e de algumas ervas que estavam penduradas em ramos por toda a parte e começou a fazer uma mistura intercalando água e maceração. Em seguida espalhou a mistura sobre um pedaço de pano e deitou-lhe a cataplasma sobre o inchaço, avisando a mulher que deveria manter o remédio no local lesado até o dia seguinte. Amarrou-lhe um segundo pano por baixo do queixo e mandou-a para casa.
Quando ia saindo da casa ela virou-se para trás e perguntou ao velho curandeiro:
- O senhor pode me dizer o que houve comigo?
- Sim, a senhora fraturou o zigoma...




sábado, 8 de agosto de 2015

A Carta do meu Pai.


A Carta do meu Pai.
Como já escrevi antes, mais precisamente no dia dos pais de anos atrás, o meu pai sofreu vários infartos do miocárdio vindo a falecer em 27 de outubro de 1977, mas lá pela segunda experiência, talvez achando que iria morrer mais cedo do que aconteceu, escreveu esta carta que encontramos entre seus guardados depois de sua morte que aconteceu aos 66 anos. 
Como a achei muito linda guardei-a, porém o tempo a amarelou e quase não dá para ler então antes que se deteriore totalmente resolvi publicar, mas tive que a transcrever na integra e colocarei a original para que vejam que letra bonita ele tinha também e saibam do pai romântico e inteligente que tive e do qual sempre me orgulhei e que sabia como ninguém colocar seu pensamento em letras. Acho que herdei dai o meu gosto em escrever.
Penso sinceramente que ele seria um bom escritor se assim tivesse "ousado".

Um detalhe interessante é que nesta data em que ele escreveu a carta ele tinha só 48 anos e foi escrita no dia em que fizeram Bodas de Prata; 25 anos de casados.

Abaixo a carta na integra;

Ele nasceu em 31/01/1910

"Meus agradecimentos.

Não me canso de agradecer a Deus por tanta felicidade. Considero-me o mais feliz dos mortais. Casei-me com a melhor das mulheres e a mais devotada das mães e a mais amante das esposas e com ela tive os filhos que são o meu orgulho de pai, estão todos fisicamente perfeitos e moralmente sãos.
Ótimos filhos e ótimos irmãos e os nossos melhores amigos, todos com grande coração. Duas das filhas já estão casadas com maridos que os considero filhos.

A elas aconselho sempre a seguir o exemplo dos seus pais, amando e respeitando os seus esposos para que vivam sempre num clima de confiança e felicidade e que isso só se consegue com amor e muito amor. Por isso digo-lhes: amem-se sempre e sem limites. Para o amor não deve haver obstáculos. O amor tem que ser inteiro, todo, integral, pois só assim ele se transformará em confiança, alegria e se transmutará em felicidade.
Este é o meu conselho a vocês , meus filhos, pois foi amando assim, a todos os momentos, todos os dias é que vivo há vinte e cinco anos em lua de mel.
Para que a felicidade que eu desejo para vocês seja uma coisa concreta, palpável, eu venho contribuindo com os meus fracos conselhos e pobres exemplos, tudo muito pouco, mas junto com a experiência que a inteligência de vocês têm tirado da vida diária e aprendido com a natureza, esta grande mestra, espero ver vocês todos bem felizes. Para mim, o que ainda espero da vida é ver o José Carlos, a Tida e a Ely casados, bem contentes e felizes e eu poder beijar e mimar os filhos da Nádia , da Nanci, do José Carlos, da Tida e da Ely.
Sinto-me velho e acabado e não conto ver os filhos da Tida, por isso as bênçãos por antecipação. Eu já vivo nos meus netos; por tudo isto sou um homem feliz, porque é feliz aquele que vive nos seus descendentes, feliz aquele que pode abraçar e beijar crianças bonitas e ver nelas ramos e brotos da velha cepa, do velho tronco.
Por todas essas graças e bênçãos prosterno-me reverentemente para agradecer a Deus e a Jesus, pois sinto que venho recebendo e desfrutando através dos meus filhos, da minha esposa e dos que aqui vivem, mais do que mereço.
Que o bom Deus reparta com todos vocês o excesso do que tenho recebido e que o mesmo vocês possam dizer mais tarde aos vossos filhos. Graças meu Deus.
Que assim seja."
Ernani

Em 22/07/1958



sábado, 1 de agosto de 2015

O Sorriso

                                           O Sorriso.
O sorriso é a expressão que externa a nossa alma.
Conforme apresentamos nosso sorriso ele transmite o estado de nossa alma, nosso estado de Espírito.
Existem mil formas de sorrir e todos sabem disso, porém muitos não são verdadeiros, encobrem nossas tristezas e nosso desânimo, mais o importante é continuar sorrindo, mantê-lo no rosto mesmo com a alma chorando, num exercício  de manter acesa a luz interior mesmo que possa parecer que seja um ato de falsidade.
É preciso que assim seja porque o sorriso é uma lâmpada acesa no coração.
Quando sorrimos, acionamos o mecanismo da alegria e do humor no nosso cérebro e gradativamente estaremos de bom-humor.
Precisamos até com esforço manter o sorriso para que o corpo entenda isso como Felicidade e a alma fique leve, se modificando gradativamente para que o cérebro vá registrando tudo intensamente e esse ato, esse sorriso,  se torne verdade, realidade. Vai chegar um momento em que o sorriso será espontâneo e verdadeiro transmitindo as alegrias que estão ao redor e ao dispor.
Então é sempre bom manter o sorriso para que o corpo entenda isso como uma mensagem positiva de fé e confiança em Deus que tudo concorre para o nosso Bem.


(imagem pública  da internet)

terça-feira, 21 de julho de 2015

É ver para crer...

                                      É ver para crer...
Seu Tomé acordou antes do sol nascer, foi ao banheiro e depois se dirigiu à cozinha e passou um café para ninguém botar defeito e nem açúcar.
Abriu a janela e olhou para o céu que clareava despontando alguns raios de sol.
Estendeu os olhos para o horizonte da sua propriedade rural e levou um susto ao perceber estacionado perto de uma jaqueira uma pequena nave espacial, daquelas bem estranhas, tamanho de uma Kombi, era até parecida com a que ele tinha abandonado no quintal para servir de abrigo para os cachorros que eram muitos. E nesse momento estranhou que não havia ouvido nenhum movimento da criação e nem dos cães que aparentemente ainda dormiam com aquele objeto estranho no quintal. Saiu pela porta da cozinha e foi na direção da “coisa” que entre uma leve fuligem mostrava uma cor alaranjada com algumas pequenas janelas que mais pareciam vigias de barco.
A “coisa” estava suspensa por pernas mecânicas que pelos “joelhos” deviam se dobrar e retrair ao levantar voo.
Ao se aproximar um campo energético vibratório, como um vidro carregado de eletricidade o impediu de se aproximar. Parou e ficou observando o que acontecia. Depois de um tempo que não poderia precisar, uma portinhola se abriu e de dentro saiu o que parecia um ser vestido com uma indumentária de textura metálica e mais parecendo uma fantasia exótica. Seus braços e as pernas eram curtos, porém o tronco era o dobro dos humanos e a cabeça quadrada com dois olhos também quadrados e a boca era um círculo.
Parou na direção do Seu Tomé, porém mantinha uma distancia segura e levantou primeiro uma das mãos e depois a outra e em seguida deu um pulo e virou uma cambalhota da frente para traz.
Seu Tomé achou aquele cumprimento ridículo, pois o cara se comportava como um macaco e até fez os mesmos movimentos de macaquices  que todo mundo conhece, mas ele se negou a repetir os mesmos movimentos de boas vindas levantando apenas a mão esquerda enquanto mantinha a outra mão nas costas fazendo com os dedos uma figa bem apertada para que o cara não viesse para cima dele.
Que comportamento doido era esse para um ET que com certeza veio de outro planeta, quiçá de outra galáxia? – Pensou, sem tirar os olhos de cima e sem perder nenhum movimento do “figura”_
Ele sempre via os seriados na televisão e não perdia um, graças a uma antena parabólica plantada na frente da casa, daí porque não assustou tanto com o “coisinha esquisita”, mas também não podia dar muita folga para ele, pois haviam os do bem e os do mal e aqui e agora não dava para saber.
Cansado das macaquices do ET, ele virou as costas para entrar em casa quando sentiu o cara atrás dele e até lhe tocou o ombro, o que o fez cair de joelhos de susto e medo, para em seguida no mesmo impulso voltar a ficar de pé e dessa vez diante, bem de frente para o cara.
Respirou fundo e saiu correndo em direção a casa e entrou fechando a porta atrás de si, quando se virou o ET estava dentro da cozinha.
Apavorado Seu Tomé abriu o armário de poucas coisas e retirou lá detrás de uma lata onde guardava o pó de café um retângulo de embalagem metálica e ofereceu ao “cabeça quadrada” que demonstrando curiosidade e expressão intrigada o pegou com seus três dedos longos e revirou o objeto com as duas mãos esquisitas sem saber o que fazer,  foi quando seu Tomé em alto e bom som falando como se fala com gringo, devagar pausadamente  e com sotaque arrastado que aquilo era de comer.
Pois na hora a criatura o colocou na boca com o papel metálico e tudo, mordendo um bom pedaço com a sua boca em forma de rosquinha antes que seu Tomé o advertisse de que havia que desembrulhar para comer.
Mas o “cintilante” gostou tanto que comeu o restante com embalagem e tudo e pediu mais estendendo novamente a mão de três dedos, porém seu Tomé lhe prometeu dar mais um, que era só o que tinha para o momento, se ele fosse embora ao que ele concordou prontamente.
Seu Tomé foi la para dentro da casa e voltou com outra barra de chocolate e assim como se faz com burro de corrida ele foi na frente com a barra de chocolate na mão levantada para o alto e encaminhou o ET para a nave cor de laranja novamente o ajudando a fechar a portinhola.  Assim ele entrou segurando a barra de chocolate na mão prometendo voltar em breve para buscar mais...
Esta história me contou Seu Tomé na última vez que o encontrei.

É ver para crer...

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Segurando o Tempo

Segurando o Tempo.
Achei esse relógio italiano muito interessante, pois passa a ideia de tentarmos prender, encarcerar, reter o tempo, mas ele se escoa entre as grades assim mesmo.
Digo isto, pois recebi a pouco uma mensagem que me desejava Feliz resto do ano (?!).
As coisas andam atualmente, numa velocidade que precisamos reforçar os votos de felicidades, força, coragem e tudo de bom para a outra metade do ano, a cada seis meses, é mole? Pois a metade que se foi outro dia mesmo, já vai lá longe. Pura loucura. 
E com isso as rugas se apresentam na mesma velocidade...
Fazer o quê?! Inevitável e irreversível... 
Quem as têm é porque está vivendo, mesmo em alta velocidade sem apreciar muito a paisagem como deveria...

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Bife , Arroz e Batata frita...


                                                     Bife com Arroz e Batata frita.
Dona Elumina é empregada do Sr. Ildefonso há muitos anos.
Seu Ilde, como ela o chama, só come bife mal passado, arroz, batata frita e rodelas de tomate temperadas de sal. Muito raramente um ovo acompanha o prato, mas tem que ser com a gema mole e a clara não pode dourar, tem de permanecer macia e branca. Pouco sal em tudo, pois Seu Ilde é hipertenso e hiper tenso também de temperamento. Parece que vive em praça de guerra e vai ser atacado a qualquer momento. Não se pode contrariar que já fica apoplético e tem que ser levado ao hospital correndo que a pressão sobe “nas tampas”, só mesmo a Elumina que lhe atura há quase quarenta anos sabe bem lidar com ele.
Seu Ilde é cheio de manias, só veste camisa branca de colarinho, reveza duas gravatas parecidas uma com a outra. Os sapatos são engraxados todos os dias e é muito metódico.É corretor de imóveis e bom vendedor. Vende bem, mas vive frugalmente para realizar um sonho de muito tempo. O sonho de viajar de navio, daqueles enormes, um transatlântico. Havia até um pôster colado na parede do quarto onde ele deitado na cama ficava apreciando aquele monumento da tecnologia moderna em alto mar
Dona Elumina, já não partilhava nem um pouco daquelas ideias do sonho do Seu Ilde. Tinha um medo louco do mar e não queria nem olhar de perto, nascida e criada no sítio entre pastos e criação não queria saber de nada disso, de ficar dentro daquela casa gigante boiando na água, como dizia. Tinha até falta de ar só de pensar.
Pois naquele dia, diante do prato de arroz, batata frita e Bife mal passado ladeado de um lindo ovo frito, tudo decorado com as rodelas de tomate temperadas de sal, ele a convidou para almoçar ali com ele, diante dele, coisa que ela não gostava. Preferia fazer o prato e ir comer diante da televisão ouvindo o Jornal.
Mas naquele dia, ela já achou esquisita a insistência dele, pensou: - La vem coisa!
E obediente serviu seu prato e sentou-se diante dele, do outro lado da mesa e aguardou em silêncio.
- Ó Elumina minha amiga de tantos anos, de tantos carnavais hoje eu vou lhe oferecer uma oportunidade única, talvez isso jamais acontecerá novamente na sua vida e não há como não aceitar, é uma oferta imperdível... Estou neste momento lhe oferecendo (e estendeu-lhe um papel retangular) uma passagem de navio em minha companhia para a Argentina, com tudo pago e com direito a jantar com o Comandante do Navio. Vamos juntos realizar nosso sonho.
- O senhor quer dizer o Seu sonho seu Ilde, porque esse sonho não é meu, eu tenho medo de mar e não vou. Lhe agradeço muito mas nunca irei colocar meus pés numa casa gigante daquela que fica boiando no mar e pode afundar a qualquer momento, até com vento forte. Não vou não senhor, muito obrigada, eu não quero ir.
- Mas é claro que vai! Já comprei as Passagens, dois camarotes, e você vai nem que seja arrastada.
- Não vou não senhor! E porque me oferece um presente caro desses?
- Ora, porque não quero ir sozinho, assim você me faz companhia.
- Mas eu já disse; eu tenho medo de viajar de navio, nunca que vou entrar num negocio desses!!!
- Medo de que mulher?!
- De que o navio afunde...
- Afundar como?
- Afundando, como afundam todos.
Pois prepare as suas malas que iremos semana que vem e você vai comigo, não tem mais conversa, você trabalha para mim!
- Mas a troco de que está me oferecendo um presente tão caro/
- A troco de todo o arroz, das milhares de batata frita, dos bifes mal passado e daqueles ovos que só você sabe fazer sem esquecer das rodelas suculentas de tomate com sal durante estes quase quarenta anos, não chega?
Se o senhor diz...
Quando ia continuar argumentando ele já foi ficando roxo e sem ar e foi caindo, quase morrendo estatelado no chão da sala.

Elumina já acostumada com essas crises, chamou a ambulância que chegou rápido e o levou pra o hospital. Em seguida entrou em casa, colocou os pratos na pia pensando qual a desculpa que daria para não ir nessa viagem de navio sem matar seu Ilde do coração.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Enamorados

                                             Enamorados 
Aproveitando a semana dos Namorados e o dia que se aproxima vim colocar alguma coisa aqui também, mesmo estando solitária neste momento.
Enamorados, namorados, moradas e dor...
Esta parece ser a sequência da relação a dois. Raras pessoas param no AMOR e ficam pela eternidade se curtindo, se desdobrando em carinho e delicadezas até ficarem velhinhos e há até aqueles que morrem praticamente juntos... Emocionante!
Raros são aqueles que encontram o que chamam de sua “alma gêmea”, sua “cara-metade”, sua “outra metade”, sua “metade da laranja”, sua “tampa da panela ou do balaio”, sei lá; mil denominações para justificar tantas afinidades e atração. Mas isso é apenas uma denominação, uma expressão popular que pretende definir “aquele que nos completa e que nos faz bem em todos os sentidos”. Porém esta maneira de dizer também não está certa. Ninguém é pela metade que precise alguém para completá-la. Somos inteiros e completos e não precisamos de ninguém, nada nos falta. Mas é muito prazeroso ter alguém que nos faz bem ao nosso lado, no dia-a-dia.
Mas para viver a dois plenamente é preciso muito AMOR, uma dose bem grande desse sentimento que define muitas situações da vida. É na hora dos acontecimentos inesperados e que dá para ver este sentimento em ação.
Infelizmente este sentimento maior foi e está sendo muito vulgarizado atualmente. Muitos confundem a relação sexual com amor, a posse com amor, o ciúme com amor, sem falar na conta bancária com amor. Mas o AMOR verdadeiro não confunde quem o sente. É um sentimento que não oprime, ao contrário, ele liberta. Cada momento a dois é muito prazeroso e não precisa de plateia, é discreto, falam com os olhos, muitas vezes sem palavras pronunciadas. Não se estressam por pequenos contratempos e nem se manipulam com picuinhas e chantagem.
Daí, que mesmo aqueles que não juraram o amor diante de alguém que lhe pronunciou a famosa frase; “Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza,” juraram sim o AMOR verdadeiro e define bem a sensação de preenchimento do peito como se um sol intenso irradiasse a luz Divina direto do coração, não deixando desmontar o sorriso dos lábios e a umidade nos olhos emocionados. E este sentimento percorre toda a eternidade.
Mas quando mudamos o roteiro e confundimos AMOR com sensações do corpo, estes sentimentos não têm duração e só ficam as mágoas os ressentimentos, as cobranças, a dor e o sofrimento e provavelmente a separação e muita DOR.
Daí penso que a paciência em observar o outro é muito importante, procurar exercitar a empatia com suas atitudes, avaliar de verdade se valeria a pena conviver com aquela pessoa para o resto da vida, no dia a dia, com suas manias e seus costumes com o nível de educação etc...
Mas se a pessoa é educada, se preenche o coração de alegria e emoção e se faz rir, se conversa e trocam ideias, se têm interesses em comum, pelo menos alguns, é claro, têm chance de fazer crescer um AMOR novo e verdadeiro, é só a conquista mutua que vai ajudar.
 Listar os predicados e os não tão interessantes costumes é bom para os dois lados. Ajuda muito a pesar os prós e os contras da relação. Será que vale a pena insistir numa relação de conflitos recorrentes, pois muito ao contrário do que se diz, o AMOR não é cego, nem surdo e nem mudo.

Daí é só ir à luta!

sábado, 30 de maio de 2015

Imãs de Geladeira

                                                       Imãs de Geladeira.
Assim que a porta se abriu junto com o sorriso da nova vizinha, não pude deixar de reparar ao fundo a quantidade de Imãs de geladeira que havia naquela cozinha. Mal dava para dizer de que cor a principal peça daquele ambiente havia sido pintada um dia, tal a quantidade de informações coloridas que ela carregava na frente e dos lados.
Como na minha só tem o serviço de ambulância e urgência, o de entrega 24hs da Farmácia, do PetShop que dá banho no gato, um da Pizzaria e mais uma lembrancinha bem pequena, fiquei pensando que aquilo tudo diante de mim queria dizer alguma coisa. Sim por que num desses cursinhos que a gente faz direcionado ao autoconhecimento alguém me ensinou que tudo, absolutamente tudo, tem um significado na nossa vida e que precisamos desvendá-lo sob pena de ficarmos desnorteados, seja lá o que isso queira dizer. Então tá.
Fiquei olhando deslumbrada para tudo aquilo até que pedi licença e fui até bem perto para apreciar melhor. Na verdade eu estava literalmente hipnotizada no meio da cozinha com o prato de bolo nas mãos, tanto que respondi automaticamente ao convite de tomar um chá de maçã, canela e uma lasca de gengibre, logo depois que ela me confidenciou que ainda acrescentava um pouquinho de conhaque antes de servir. Tudo isso consegui ouvir enquanto os olhos passeavam acelerados por aquele mar de informações.
Mas me recobrando rapidamente, entreguei o Pão-de-ló na calda de laranja que ainda estava morno e fiz de “Boas Vindas” à nova vizinha nas mãos da própria que o levou para a sala e o colocou sobre a mesa. Depois de cumprimentos e sorrisos de aceitação imediata parecíamos amigas de infância.
Me sentia a mais feliz das pessoas ao conhecer aquela pessoa gentil e sorridente que possuía a maior quantidade de imãs de geladeira na  geladeira que eu jamais havia visto na vida.
Alguns minutos depois, o tempo de ferver a água e arrumar tudo já estávamos sorridentes e sentadas à mesa da sala na qual foi colocada uma toalha bordada pelas próprias mãos em ponto cruz e tomávamos chá numa louça maravilhosa de porcelana fina de flores delicadas e arabescos dourados, de mais de cem anos. Peças de família.
Cá entre nós o bolo que levei estava uma delícia e combinou perfeitamente com todo aquele requinte e com o chá especialíssimo.
Mas antes de sair encantada com a nova vizinha e tudo mais, lhe prometi trazer na próxima um Bolo maravilhoso de Nozes que faço de olhos fechados desde que ela me permitisse examinar todos os seus imãs de geladeira e me contar a história de cada um, sim porque nada vem parar nas nossas mãos por acaso, tudo tem um significado.
Sai dali pisando nas nuvens. Cada um com seu cada um e o meu são os imãs de geladeira... ;)

(imagem da internet)


terça-feira, 26 de maio de 2015

Papo de Fila...

                                                         Papo de Fila...
- Seu nome?
-Dheyze das Neves.
-Trabalha?
-Sou atriz e modelo...
-Por que está na fila?
- Por que não deveria estar se todas essas pessoas estão?
-Mas você pelo menos sabe o que a espera quando chegar a sua vez?
- O que espera a todos os que estão neste fila, não acha?
- Sim, imagino, mas está me parecendo que você está aqui por acaso...
-É claro que não! Ninguém entra numa fila por acaso e penso que nem você está aqui por acaso, até porque eu penso que o “acaso” não existe.
-Mas eu como pode ver estou trabalhando, entrevistando as pessoas desta fila.
- E veio entrevistar justamente eu, por que será?
-Sim, você é muito observadora...
-Este é um dos meus defeitos, ou seria uma qualidade ser observadora?
- Este é um dado interessante, você já pensou em trabalhar num observatório? Hahahah. Não resisti hahahah. O que pretende fazer quando chegar a sua vez de ser atendida?
- Atendida, quem falou que chegarei a ser atendida?
- Bom eu imagino que quando alguém entra numa fila enorme como essa, ou  por maior que seja, queira ser atendida, não?
-Nem sempre, às vezes está fazendo nada e quer ocupar seu tempo esperando ser entrevistada por algum jornalista. Neste meio em que eu vivo a exposição é o maior objetivo.
- Sei.... e qual é o seu?
-O meu o quê?
- Objetivo, não é do que estamos falando?
- Não, estamos falando de filas, grandes enormes ou pequenas e atendimento.
-E o que pretende quando sair daqui?
-Ser convidada para jantar com um jornalista muito simpático que conheci na fila desta manhã de segunda-feira.
-Passo para lhe pegar a que horas?
-Pode ser as 20.30h no saguão do meu hotel...
-Você mora num hotel?

- Não, moro noutra cidade, estou só de passagem...

(Essas ilustrações de fila são de autoria da Ligia Fascioni)