domingo, 22 de maio de 2016

O Buraco Negro

                                                O Buraco Negro
Gente, cada uma que me acontece...
Semana passada contei o evento de calçar a botinha com um queijo polenguinho dentro lá em Paris.
Pois bem; estou impressionada ainda com alguns mistérios que me acontecem...
Antes é bom que se diga que eu adoro o sol e por isso não gosto de óculos escuros, só os uso em raras ocasiões como quando tenho conjuntivite e olhe lá...   -toc toc toc na madeira! –
Eu penso que se eu às vezes espero dias por um lindo dia de sol, como vou colocar óculos escuros e ficar na penumbra até que ele se ponha no horizonte? Pura incoerência.
Bem, mas quem já foi a Paris sabe que o Astro-rei  lá pelas três da tarde é tão intenso como o nosso sol de meio dia.
Daí que andando de um lado para o outro naquela luz intensa, e deve ser por isso que deram o nome de Cidade Luz à bela cidade, as filhas Lígia e Andréa começaram a perguntar se eu não trouxe os óculos escuros e eu sempre e várias vezes dizia que não, não precisava, pois gosto de sol...
E foi numa dessas que entramos numa loja onde vendiam óculos e as duas cismaram que eu devia comprar um par de óculos e eu que só uso óculos para ler e amarrado na cordinha, pois largo logo que a frase termina com ponto final, comprei um para acalmá-las das preocupações. Afinal uma mãe manca já dá trabalho que chegue imagina se fica “cegueta” lá naquelas lonjuras.
Comprei um par de óculos e sai feito uma mosca tonta que quase o joga no chão por várias vezes, alias já estava ficando irritada pois como sempre tiro quando não estou lendo eu automaticamente retiro do nariz e o abandono, e se não estiver amarrado vai para o chão com grife ou sem grife...
É bom que se diga que uso óculos de grau desde os trinta anos, e isso já faz tempo.
Eu  sempre achei muito chato andar com aquele traste na frente do rosto e diante dos olhos, mesmo que me ajudasse a enxergar absolutamente tudo que não conseguia decifrar sem eles.
Algumas armações me doíam atrás das orelhas, que aliais tenho uma um pouco mais em cima que a outra, é coisa mínima, mas é para atrapalhar mesmo (vai ver por isso Van Gogh cortou uma delas) às vezes machucava entre os olhos sobre o nariz até esfolar.  Um horror.
Quando fazia calor aquela armação não parava no lugar e na chuva embaçava tudo.
Resolvi temporariamente usar lentes de contato, até que na quarta edição descobri que sempre perdia a do olho direito por conta de um Pterígio, uma pele que vai crescendo sobre o olho e é claro que nenhum dos médicos me avisou que a aderência não seria perfeita, senão como vender as lentes para mim que sempre paguei à vista?  Não o olho, à vista. ;)
 Sim, reconheço que este trocadilho foi infame.
Dai resolvi o problema há uns dez anos fazendo a cirurgia de astigmatismo à Laser, só precisando agora para ler de perto e as vezes até leio sem.
Pois bem; voltando aos óculos escuros, fui andando um tanto incomodada com aquele aparato diante dos olhos. Entramos na Galeria Lafayete, numa Loja Zara e em outras que não lembro os nomes.
Experimentamos roupas, entramos e saímos de provadores e toaletes e quando cheguei ao hotel, larguei como fazia sempre, as minhas coisas em um canto, pois as dores eram quase insuportáveis e me largava sobre a cama enquanto retirava o tênis e enchia os pés de pomadas de três tipos, inclusive uma era alemã que a Lígia havia me trazido e tomava os meus remédios da noite acompanhados de um analgésico. Mas quem se importa com isso em Paris?
Até que no último dia resolvemos dar mais uma volta naqueles ônibus abertos e as filhas ficaram me lembrando de levar os óculos escuros, chapéus etc.
Só que depois de procurar muito e não encontrar naquele revirado de malas, bolsas e sacolas que se acumularam ao longo dos dias, desisti  de procurar achando que tinha esquecido em alguma loja ou em algum provador e sai sem óculos mesmo, dizendo que não me fariam falta, pois não me acostumo mesmo a esconder o sol.
Passeamos o dia todo e ao chegarmos fizemos as malas para ainda no dia seguinte podermos andar até a hora de irmos para o aeroporto.
Pois bem, chegando em casa de volta umas trinta horas depois, la pelo meio da tarde e bem cansada, com sono e mais tola do que sou, deixei a mala de lado e nem abri antes de deitar.  Só à noite, ainda  morrendo de sono desmanchei a mala rapidamente  pendurando as roupas, separando as de lavar e guardei os calçados que levei e nem usei, pois lá só andei e voltei de tênis e quem se importa com isso em Paris?
Pois ontem, passados dez dias da chegada, fui  pegar uma botinha mais surradinha que tenho, para não sair de tênis de novo e não doer os pezinhos de estimação, retirei do saquinho onde guardo cada par no seu e peguei a botinha da viagem por engano, a famosa do queijinho “polengui” quando despencou aos meus pés alguma coisa escura que me assustou; advinha? Sim o par de óculos escuros!!! Ele mesmo com todo o seu sotaque francês.
 É mole essa botinha? Perigosa isso sim!
A Lígia acha que ela é um portal para outra dimensão, a Andréa acha que é a do Gato de botas, que também era mágica.
 E eu estou pensando seriamente que pode ser um buraco negro até perigoso, que suga tudo que passa perto e esconde.
Então quero que fiquem avisados que se eu sumir, já sabem; procurem dentro da botinha...
Hahahahahah...



quarta-feira, 11 de maio de 2016

Pé no queijo

                                          Pé no queijo.
Como todos sabem estive em Paris na semana que passou.
Valeu cada segundo cada centímetro caminhado dor e dificuldade, cada gota de água que bebi naquela cidade maravilhosa chamada de Cidade Luz.
Abençoados raios de sol e balanço das águas dos rios.
Valeram as dores e não foram de pouca intensidade nos pés traumatizados e nas pernas idosas.
Valeu chegar mesmo com cistite emocional, resolvida rapidamente com alguns comprimidos franceses de Cranberry natural, recomendo.
Valeu as noites insones de tanta dor, mas quem se importa com dores em Paris?
Eu não me importei, até porque dificilmente voltarei nesta encarnação “que já virou o cabo da boa Esperança”.
Valeu viver a vida que Deus me ofereceu e agradeço.
Valeu acordar todos os dias e saber que eu estava lá, tão longe de casa e do outro lado do Oceano Atlântico e que logo depois estaria tomando Café au lait com pão francês, brioches com geleia de Marmelada e dizer “oui, merci” feliz da vida.
Andar sem rumo certo, ou programado, pois sabíamos que qualquer lugar seria maravilhoso, lindo e nos faria felizes. 
Andar mancando de dor entre as belezas esculpidas por toda parte não as fez mais feias nem eu menos feliz.
Sorrir e me emocionar a cada passo, deslumbrada com tanta beleza artística passou a ser corriqueiro com o passar dos dias.
 Rir muito de mim mesma pelos foras que dava, pela minha “matutice” e espantos explícitos  e  de muitos que me rodeavam.
Admirei o ser de pessoas de outras raças que não vemos todos os dias, como os Africanos, Indianos, Árabes, Muçulmanos e outros que não identifiquei  e suas indumentárias interessantes. Tudo é interessante para aqueles lados.
Se posso dizer que algo me decepcionou foi o sabor inexistentes das frutas. Todas que comi não tinham gosto. Uma pena. Mas conheci uma variedade imensa de tomates e uma coleção de couve-flor de cores diversas, verde claro, roxa, amarela, cor de laranja e a tradicional branca. Lindas, mas duvido que tenham sabor, me baseando nas frutas.
Estar diante de quadros e obras tantas, famosas e criadas por mãos abençoadas à séculos, quando não havia máquina fotográfica para ajudar a fixar um movimento ou uma expressão nos faz muito mais abismados diante de telas que infelizmente o tempo limitado não nos permitiu sentar para apreciar cada detalhe por mais tempo.
A riqueza absurda dos palácios e aposentos dos nobres também nos causou admiração.
Tudo, absolutamente tudo lindo e só posso agradecer e agradecer muito e sempre a oportunidade vivida e oferecida pelas filhas queridas.
Mas como não poderia deixar de ser, preciso contar um acontecido inusitado mesmo antes de conhecer a Bela Cidade.
Ao embarcar em Guarulhos na companhia da filha Andréa eu já estava desesperada de dor no pé acidentado onde passou a doer ao mesmo tempo a fratura antiga e a que está ainda em recuperação, ou seja: o pé doía inteiro.
Daí logo depois da decolagem a companhia aérea como sempre ofereceu aquele “quit” com uma venda para os olhos, para dormir, um par de meias para descansar os pés e tampões para os ouvidos. Pois bem; com alivio retirei minha botinha, as meias, enchi o pé de pomada a base de mentol, coloquei as meias novamente e por cima as meias do avião.
No chão à minha frente coloquei minha bolsa e uma sacola de papelão com algumas coisas que ficava em pé onde coloquei minhas botinhas.
Em seguida veio o jantar e como não consigo comer quase, quando estou com dor, resolvi guardar um daqueles queijinhos quadrados polenguinho e um pacotinho pequeno com duas torradas para comer de madrugada, caso sentisse fome e joguei dentro da sacolinha de papelão em pé aos meus pés. E coloquei um filme e mais outro e com dor e analgésico e muito amor à causa, passei a noite. 
Pela manhã, na hora do pouso, calcei minhas botinhas com muita dificuldade, pois os pés tinham inchado, o que já é considerado normal para quem não está com problema nos pés imagine para os meus tão combalidos nos últimos tempos.
E finalmente ...ulálá... Chegamos na Cidade Luz!
Desci mancando um pouco mais do que entrei no avião, mas quem se importa com isso em Paris?
 E assim entre quilômetros de esteiras rolantes, escadas rolantes aguardar as malas, elevador e um metrô, finalmente na “boleia” de um taxi chegamos ao Hotel.
Uffaaaa! Que alívio!
Subimos ao quarto ansiosas por um banho e sair logo para aproveitar o dia que ainda ia com o sol alto. Depois vi que lá o sol se põe depois das 21.30h. Ainda bem... Voltamos naquele dia e nos demais depois das 23h.
Bem, ao chegar ao quarto, vindas do aeroporto fui logo retirar a minha bota, pois estava desesperada de dor, para calçar um tênis de caminhada que acomoda melhor o pé doente e foi quando assustei por estar estranhamente com o pé todo melado, úmido e esquisito; Como assim?
 Fiquei olhando com curiosidade aquela coisa cremosa e branca grudada no meu pé, sem fazer a mínima ideia do que se tratava, depois fiquei imaginando que a minha pomada para o pé devia ter estourado, mas não; foi muito pior...
Era o polenguinho todo amassado e espalhado pela meia e por dentro da bota.
Daí caiu a ficha;
Quando eu joguei o quadrinho de queijo polenguinho dentro da sacolinha em frente ao meu acento ao lado da bolsa naquele aperto entre os pés, ele caiu dentro da bota e o pé está tão desesperadamente dolorido que eu calcei a bota com o queijo dentro e nem achei nada. Talvez até tenha achado macio... hahahahahaha.  
É mole? O queijinho era...
Só uma “tansa” mesmo para aprontar uma dessas logo em Paris... Mon Dieu...
Imagine o quanto rimos por conta do "polenguinho" dentro da bota...

Cada uma...