domingo, 31 de dezembro de 2017

Fechando a Gaveta de Número 2017

                    Fechando a gaveta de número 2017
Chego ao último dia de dezembro do ano de 2017 olhando para os dias que se passaram e escorreram pelos dedos como se fosse areia fina.
Abro a entulhada gaveta da memória, correspondente especificamente a esses trezentos e sessenta e cinco dias, um tantinho entediada, e retiro uma a uma as lembranças anotadas em pedaços de papel colorido, tipo aqueles de escritório com adesivos, mais conhecidos como "post it" e os espalho sobre a cama desalinhada pela inquietação da noite mal dormida embalada pelas lembranças de outros finais de anos, de reuniões de família ou não.
Observo que algumas anotações tiveram pouca importância e já estão esmaecendo como os papeis dos caixas eletrônicos que nem servem mais de comprovantes, pois se apagam em tempo curto.
Arrumo os papeis/lembranças sobre a cama de forma linear para ler na sequência e vou revivendo cada momento como um filme.
Algumas lágrimas transbordam dos olhos, assim como um leve sorriso as vezes baila nos lábios pálidos pelo tempo.
Fazendo um levantamento superficial me dei conta de que viajei bastante. Que fui a poucos aniversários, os das minhas irmãs, de uma sobrinha e de uma amiga, porém passei o dia das Mães com filhos e netos no interior de SP, quando também revi e visitei amigos queridos. Fiz poucas visitas a hospitais e alguns velórios de pessoas conhecidas.
Fiz alguns passeios Turísticos rápidos, de um dia, e estudei quase todas as semanas a Filosofia Espírita. Fui à Seminários e alguns Congressos, em Curitiba-PR, em Joinville-SC e no RS, e em Florianópolis. Todos diferentes onde conheci pessoas e passei por momentos inesquecíveis em lugares  tão agradáveis.
Também fui novamente à Uberaba-MG no chamado "Circuito Chico Xavier" passando por Sacramento e Araxá onde passei por momentos de muita emoção.
Também tive o prazer de voltar à cidade de Treze Tílias- SC e de conhecer Morretes- PR, onde passeei de Trem por quatro horas contornando a montanha e apreciando os vales lindos e profundos da região montanhosa do Paraná seguindo em direção à Curitiba.
Agora, enquanto escrevo e relembro, estou fora de casa novamente, passando as Festas de final de Ano na companhia de filhos e netos no interior de SP.
E assim o tempo transcorre acelerado indo e vindo para não pensar muito, porque pensar dói. Dói muito, avaliar o que fizemos e o que deveríamos e ou poderíamos ter feito em determinada situação e que nem sempre dá para consertar.
Precisamos nos anestesiar de ocupações, principalmente úteis, o que não é bem o meu caso sempre, mas não posso deixar de admitir que aprender é muito útil e que já houve tempo em que meu tempo era melhor ocupado e administrado fazendo mais pelo meu semelhante, mas pretendo com essa retrospectiva de final de ano, dar um rumo novo para o próximo ano.
Já fiz uma lista de mudanças e se eu conseguir alcançar alguns objetivos e atingir algumas metas fecharei o ano 18 me sentindo um pouco mais útil do que fui este ano, mas não posso deixar de pensar nessa hora na eternidade de nós seres, e que sendo eternos vamos nos melhorando devagar, um passo de cada vez, assim como uma planta que passa por seus estágios.
Acordar para a realidade dos acontecimentos e procurar se tornar um pouco melhor é dever de todos e também faz parte.
A Natureza não dá saltos, não podemos queimar etapas, precisamos ir passo à passo na direção do autoconhecimento e melhoramento Espiritual como ser humano filho de Deus à caminho da Evolução.
Reorganizo todos os quadradinhos coloridos e os devolvo à gaveta deste ano para colocar na prateleira do Tempo. Ano que vem é Futuro, só posso dizer que até este momento tudo valeu a pena, "o que sorri, o que sofri♫ o importante é que emoções eu vivi...♪♫♪

Feliz 2018 para todos!♥




terça-feira, 19 de dezembro de 2017

                                                    Renas para que te quero?
O dia já me pareceu misterioso quando acordei hoje muito cedo. O ar parecia mais pesado e se o meu 17º sentido não me falhava, senti que Otávio aprontava alguma arte como de costume.
Ainda deitada, porém acordada, agucei os meus ouvidos e só sentia o pesado silêncio. 
Achei melhor levantar e ver o que estava acontecendo, foi quando andando pela casa e olhando por todos os lados e cantos não encontrei o Otávio o que me causou pânico imediato.
 -Onde andaria aquele levado logo cedo?- 
Ao mesmo tempo sentia um certo alívio pela calma que reinava. Quando ele saia à passeio e caminhadas, por alguns momentos fico na paz.
Enquanto organizava meu café, sem tapioca com qualquer recheio, saboreava o perfume de café fresco que invadia a maior parte do apartamento.
Quando me servia da segunda xícara de café ouço a porta se abrir com quase um estrondo o que me levou a me levantar correndo em direção à sala. E lá no meio dela estava ele, Otávio, todo esbaforido carregando uma enorme caixa com a ajuda do zelador, que saiu em seguida.
Já prenunciando encrenca pela frente nem quis olhar, voltei para a cozinha e continuei tomando o meu café, me preparando para o que haveria de vir, foi quando ouvi seus gritos vindo da sala;
 -vem ver o que eu trouxe! -
Levantei-me respirando fundo e de olhos semi fechados, não querendo ver nada que viesse das mãos do Otávio, pois era correr risco sempre, parei ao seu lado que observava o interior da caixa que pousava no chão.
Parada diante dos dois, Otávio e a caixa, não acreditava no que via. Desesperada perguntei o que era aquilo, o que significava aquilo?
- Deixa de ser tola mulher; não estás vendo que é um casal de renas?
Só não desmaiei por absoluta falta de espaço na sala, desesperada eu lhe perguntei;
- Mas o que significa isso?
- Olha só o que descobri, ou melhor, me dei conta ontem à noite. Eu descobri um nicho de mercado impensado até hoje...
- imagino...
- Eu vou criar renas para vender no Natal, ano que vem já teremos algumas para vender, já viu Natal sem Papai Noel? E Papai Noel sem renas? Impensável; e onde se compra renas para o Natal, assim como se compra o peru, o Tender, os cabritos e tudo o que o povo gosta de comer ou usar no Natal?
- Ficou louco? Onde vamos criar renas aqui em casa, nesse apartamento minúsculo?
- Não te estressa, já pensei em tudo.
- Tudo o quê, por exemplo?! Você não se deu conta que elas são de regiões frias, da Lapônia?
- E daí? Está tudo resolvido, já aluguei um caminhão frigorífico que vai abrigá-las quando fizer muito calor...
- E o que vão comer, pensou nisso?
- Claro que pensei! Elas comem líquen de pinheiro e já fechei negócio com uma empresa do Paraná que planta pinheiros e Araucárias e vai me enviar. Elas até terão opções...
- E Onde vamos colocar as renas? Vamos não, onde o senhor vai colocá-las?
- Por hoje na varanda, talvez até o dia de Natal, depois eu vejo, um dia no jardim do condomínio, outro dia levo para pastar lá naquele pasto no final da rua, sei lá; depois eu vejo, cada dia o seu problema e a sua solução, não é um animal lindo?

Alguém aí quer um casal de renas?




sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Já Não se Fazem Mais Natais...

                                              Já  Não se Fazem Mais Natais...
Dormia eu tranquilamente, sonhando com Roberto Carlos em trajes de Comandante de navio, de quepe e tudo, com uma rosa vermelha, Colombiana, na mão fazendo uma serenata embaixo da minha janela no 8º andar, cantando ♫♪ ..."amanhã de manhã, vou pedir o café pra nós dois"...♫♪, quando o celular desperta no pior e mais estridente som que o aparelho oferece.
Pulo da cama feito uma rã assustada e fico estática por uns momentos ao lado do guarda-roupas, enquanto sinto que meu cérebro está sendo irrigado por água gelada. Quando pensei em me mexer o infeliz tocou de novo acionado pela "soneca", que à cada 3 minutos torna a acordar quem estiver dormindo teimosamente e no caso, todo o quarteirão, me fazendo assustar de novo.
Respirei fundo e calmamente muitas vezes, para acalmar o coração que estava disparado como um cavalo doido e dar um tranco no cérebro. Daí peguei o aparelho celular e o desliguei até à morte para garantir que não voltaria a tocar.
Por uns momentos quis fugir para o embalo do sonho com RC, mas conversando com minhas pantufas, pés de tigre,  achei melhor tomar um banho e fazer um café para acordar de vez e saber o que aconteceu e quem foi o insano que ligou o despertador para tão cedo e por quê? Daí o sangue já começou a ferver devagar e intensamente novamente.
É claro que só podia ser a criatura peluda de olhos amarelos e de temperamento ruim e quase "selvagem" que pensa primeiro e exclusivamente nele, o Senhor Otávio!!! Só ele teria uma idéia dessas, só não sei o que está tramando para hoje.
Neste momento percorri a casa e fui encontrá-lo parado na porta de saída todo pronto para dar no pé, ou seria na pata?
Não me contive e taquei-lhe uma enxurrada de perguntas: - Onde você pensa que vai tão cedo? Por que colocou o despertador para tocar de madrugada? Não sabe que eu não tenho nenhum compromisso a essa hora e poderia ainda estar dormindo?-
Sem tirar o olhar de tédio da cara peluda fez um muxoxo com ar de piedade para mim, com certeza lamentando o meu destrambelho por tão pouco. Só faltou resmungar:
 - Ah mulheres, sempre histéricas!!!-
Sem se alterar ele continuou respirando calmamente para não perder a paciência, e como quem faz uma concessão muito especial à minha pessoa me respondeu:
- Estou indo ao Shopping me inscrever para uma vaga de Papai Noel. Ouvi falar que a concorrência está grande por conta do desemprego generalizado, então vou bem cedo para ser um dos primeiros à chegar.
- E você acha que saindo agora vai ser um dos primeiros?
- Claro que sim, o Shopping só abre as 10 horas e até porque tem vaga até para Papai Noel Azul ou Boneco de neve, só que a fantasia é quente pra "dedéu".
- Papai Noel azul?
- Sim, aquele que fica diante das lojas gritando HO HO HO e sacudindo uma sineta na mão, também acho que Papai Noel azul não é "Papai Noel", mas tudo bem, eu encaro...
E saiu apressado enquanto eu me servia de café e panquecas com mel, que penso ser  bem melhor que tapioca com qualquer coisa e pensava no Papai Noel azul...
- Papai Noel azul não é Papai Noel, pra mim não "rola"...-
Quando ouvi o barulho da porta se abrindo. Era ele que entrou ofegante e até meio descabelado. Perguntei na hora o que aconteceu? Foi assaltado, está chegando um tsunami? Esqueceu algum documento, deu dor de barriga?
Ele entrou encostou-se dois segundos na porta fechada e em seguida correu para o sofá se esparramando todo. É claro que fui atrás e parei do lado querendo explicação;
- Você acredita que a fila para vaga de Papai Noel de qualquer cor está  aqui na esquina de casa? Uma multidão de gente de todo tipo em fila, enrolados em cobertores, sentados em cadeira de praia, tomando café,  tem até bolinho de arroz e bolinho de chuva, sem falar que está rolando um pagode ♪♫♪♫ ...
Abismada retruquei:
- Jura?
-Sim, e a fila para Renas está maior ainda.

Feliz Natal, ho ho ho.


P.S.  Este gato acima não é o Otávio, é um dublê de corpo.
                                                              Este é o Otávio.