sábado, 14 de dezembro de 2013

Pensando na morte da bezerra

Pensando na morte da bezerra...

Por estar de mudança, leia-se muito trabalho braçal, nada intelectual, quando consigo sentar fico pensando só com meio cérebro e acabo pensando inutilidades.
Por exemplo me dei conta que a última coisa, o menos provável, que se coloca numa prateleira são realmente pratos.
Assim como a palavra escada que me dei conta ser estranhíssima.
Como assim, escada? Ela era uma "cada" de alguém e agora é uma "ex"?
E a "escola", me parece o mesmo caso ou pelo menos um caso parecido.
De onde veio a palavra xicara ou seria chicara?
 E "relógio"? Re- elogio, porque refazer o elogio tem a ver com o tempo marcado?
Também tem o lance da cama e do leito (?) Que casal mais estranho, será que eles fizeram um pacto de separação de corpos?
zingzingzing o cérebro está tilintando... vou trabalhar que é melhor...

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O Radinho de Pilha

O Radinho de pilha
Certa vez achei na internet um concurso para uma rádio alemã onde passava um programa em português (de Portugal). Como quem me conhece sabe que sou metida, entrei no concurso que perguntava: " Escreva o quanto o Rádio é importante para você". Bom; como o meu cérebro trabalha numa outra rotação eu entendi que eles pediam um tipo de crônica e escrevi o que segue abaixo achando que poderiam usar a idéia para uma rádio-novela (não sei da onde tirei isso).
Recebi no final do concurso alguns brindes de participação, inclusive um CD do programa, por sinal bem monótono, que foi ao ar, onde leram uma infinidade de simples depoimentos daqueles que afirmavam que "dormem e acordam com o rádio ligado, fazem jardinagem com o rádio ligado, etc. Ou seja; Nada a ver com os escritos que mandei.
Um tando sem jeito com o meu "mau jeito", agradeci o brinde e me desculpei por ter entendido errado e a pessoa me retornou achando que possivelmente aproveitariam a minha idéia, já que até ali "nunca tinham pensado nisso", ou seja; em fazer uma radio-novela (!?).
Então ai vai a história simples, mas verossímel (já que empregada doméstica que se preze trabalha ouvindo o rádio), que enviei para o concurso do outro lado do mundo, onde não fazem a menor idéia de como são ainda a maioria das empregadas domésticas no Brasil.
Na verdade muitas se tornam "parentes", tal o grau de intimidade com os patrões.
O Rádio
O telefone toca quando a manhã já vai pelo meio; Helena corre atender:
-Antônia, é você?
-Sou eu, dona Helena, a Antônia.
-O que ouve?-Helena sente passar um tremor de aflição. Antônia era daquelas pessoas que falam lentamente demais; aliais, todo o seu jeito de ser era lento. E com uma calma desesperadora ela continuou:
- É que eu estou lhe avisando que eu acho que não vou trabalhar hoje... -Falou uma voz lenta e gaguejante.- Dona Helena mais aflita ainda:
-Não?! E por que não? O que houve? Você não me parece muito bem...não está falando normal comigo...parece trêmula, sua voz está trêmula e gaga, o que foi?
-Sabe o que é dona Helena? Eu quebrei o rádio...
-O rádio?! Aquele osso do braço que fica do lado daquele outro, que se não me engano se chama... Úmero, ou úmer?... Ou como é mesmo? Não é a tíbia? Ai, por que faltei às minhas aulas de biologia... Sei lá qualquer um serve, onde você está ?
-Não sei do que a senhora está falando não dona Helena... mas ele quebrou quando caiu do braço, sim, caiu do meu braço quando eu desci do ônibus, bem na calçada.
A voz cada vez parecia mais lenta, baixa até um tanto mais triste. Helena não conseguia pensar direito, tanto para fazer e justamente hoje, que receberia convidados para um jantar a Antônia não vem, e ainda por cima quebra o braço!
-Você caiu do ônibus e quebrou o braço, e agora está sendo atendida no pronto socorro, é isto Antônia? Nem me fale uma coisa dessas! Isso tinha que acontecer justamente hoje? Venha para cá correndo, pelo amor de Maria! Com o outro braço ainda dá para fazer alguma coisa, depois a gente vê.
-Não, dona Helena; Eu nem sei do que a senhora está falando não, mas eu não vou porque eu quebrei o meu “radinho” de pilhas... E sem ele eu não consigo trabalhar...
-Ah, graças! Foi só o radinho... Claro que sabe Antônia! Como não sabe trabalhar sem rádio? Quem é que não sabe trabalhar sem um radio tocando qualquer coisa?!
-Ah, dona Helena, eu não sei, o rádio vai dando a hora e vai falando as notícias, o tempo, o locutor vai falando, falando e eu vou fazendo o meu serviço “marcadinho” pelo rádio. Quando eu vejo, já está tudo pronto e o serviço esta acabado. Até a roupa, eu passo mais ligeiro se estiver ouvindo o rádio, a senhora sabe, não sabe?
-Venha já trabalhar, Antônia! Você tem um contrato de trabalho e tem que fazer a sua parte; Além do mais, se for mesmo como você está me dizendo, que não consegue trabalhar sem rádio, ligue o “aparelho de som” da sala, faça o que tem para fazer que hoje temos visitas para jantar, se bem que não é bom você mexer naquele “aparelho de som”, pois o Inácio e o Jonas não irão gostar, mas devido às circunstâncias, eu hoje assumo a responsabilidade.
-Mas...
-Sem mais, nem meio mais Antônia! Venha correndo, pois já perdemos meio-dia!
-Sabe o que é dona Helena, eu estou esperando que o técnico conserte o meu rádio, assim que ficar pronto eu vou.
-Venha agora, Antonia! Há muito que fazer, já estou sentindo a pressão subir... estou começando a ficar com palpitação... Ai meu coração! Antôniaaaaaaa!!!
E a voz lenta e pausada de Antônia, acostumada com os destemperos da patroa continuou sem perder o controle;
-Faz aquele chá que eu sempre faço quando a senhora fica nervosa que passa, eu já vou, fique calma, estou aqui desde cedo desde que abriu a loja, pois eu nem dormi direito, agora só saio daqui com o meu rádio consertado, a senhora vai ter que ter paciência...
-Antônia! Eu vou ter é um ataque cardíaco! Eu não vou conseguir sobreviver até a hora do jantar sem você aqui do meu lado, venha já! Eu lhe dou de presente no Natal um rádio de pilhas novo, eu prometo mas venha logo...
-D. Helena, o ano ainda mal começou...

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Mente sã em corpo são...

                                                            Mente sã em corpo são.
Neste momento não me garanto nem por um nem por outro.
De frase em frase feita está feito o escrito e passada a mensagem.
Está dada mesmo que a torto e a direito. O mais importante é que sai do fundo do peito e do coração, procurando escrever o certo por linhas tortas,  ao pé da letra, com a modesta intenção de deixar para a história meu humilde trabalho de escrever que considero mais duradouro que o bronze.
Apesar de saber ser difícil a tarefa, acredito muito que água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
Sendo assim, constato que dos males o menor, mas também procuro não fazer muito barulho para nada, pois reconheço que a cólera é uma loucura breve.
Assim sendo, considero que o que está feito, esta feito, pois que este pode ser o último, mas não o menor, tem a breve porem profunda função de desejar a todos muitas  felicidades.
Tenho que ter a humildade ao compor esse trabalho, por que sei que louvor em boca é vitupério, além de reconhecer que às vezes tenho asas maiores que o ninho, mas também considero que neste momento a sorte está lançada, ou como queiram os puristas no bom e velho latim: Alea jacta est.
Porém, por uma questão de educação e pejo, jamais colocaria a frase de raiz portuguesa, mesmo considerando o preço do peixe; para quem é, bacalhau serve, pois poderiam se sentir ofendidos, porém considerando que somos todos farinha do mesmo saco, convém deixar para lá.
Para encerrar tão “profundas” considerações a respeito de frases feitas e não querendo me alongar, mas já me alongando, entendo do fundo de minha alma que para bom entendedor meia palavra basta, assim como para quem sabe ler, um pingo é letra.
Boa semana...

domingo, 17 de novembro de 2013

Cinco minutos de fama

                                                    Cinco minutos de fama
De repente eu olho para  o lado e vejo aquela moça muito bem vestida e maquiada que sem me falar nada, me tomou pela mão e juntas atravessamos um enorme corredor escuro até que finalmente um clarão à minha frente se abriu me dando conta que eu estava no centro do palco coberto de luzes e holofotes. Ao meu lado, me recebendo vestido com suas roupas de gosto duvidoso, o inoxidável, seja lá o que isso queira dizer, famoso e simpatico pra caramba, Fausto Silva em pessoa. Falando sem parar me apresentava à platéia enlouquecida a verdadeira Clotilde Fascioni, filha de D. Bercides e seu Ernani, mais conhecida na midia como Clofascioni.
Trêmula de emoção, abracei-o dando-lhe um beijo em cada bochecha e em seguida levantei os braços para o auditorio que foi ao delirio.
Em seguida Faustão começou a mostrar  os depoimentos gravados de acontecidos à meu respeito que para meu desespero e euforia da platéia só contavam as mancadas,os foras e os vexames que eu havia causado em suas presenças. E o que é pior, eram pessoas famosas, artistas de televisão e teatro, politicos e figurões da alta sociedade da mídia internacional que não se limitavam a contar, davam gargalhadas e se debulhavam em lagrimas de riso.
Felizmente na televisão como se sabe, tempo é dinheiro, dai que acabou o meu tempo e fui despachada ao som da orquestra de André Rieu de volta aos bastidores após mais um abraço do apresentador e os aplausos calorosos do auditório que se despediu de pé.
Reverenciando varias vezes os fãs levantei as duas mãos para o alto e estendi um sorriso de orelha à orelha enquanto caminhava de costas pelo palco até que finalmente me esgueirei pelo cantinho da lateral esquerda e sumi em direção aos bastidores novamente.
Assim que cheguei ao camarim ainda ao som das palmas uma campanhia aguda me tirou do delirio, era o despertador tocando.
Hora de ir para a academia malhar, afinal preciso manter a minha aparência em respeito aos meus delirantes fãs, não é mesmo?
Ahahahah, é mole?

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Pensando em Tupã

Pensando em Tupã


Tudo que nos da prazer e alegrias, só nos dá prazer e alegrias porque vêm intercalados com o que não nos dá.

sábado, 2 de novembro de 2013

Dando tratos à bola

                                                           Dando tratos à bola
         Às vezes me pergunto:
Porque o ser humano que não sabe quase nada do que o rodeia, não sabe nada de nada de si mesmo quer tanto saber o que tem no Universo, fora do nosso planeta?
Nem mesmo a Lua que já foi visitada lhe causa mais tanta curiosidade, ou nenhuma?
Por que será que o homem quer tanto saber o que tem e como é o que flutua no espaço sideral?
E me respondo indagando;
Não seria por trazer no mais profundo do seu ser, da mais remota consciência de vida, a certeza de que veio de outro planeta?

Continuo pensando...pensando...pensando...

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Pensando...Pensando...

                                              Pensando...Pensando...
Em se tratando da mistura de informações que o estudo de um assunto, ou de vários ao mesmo tempo proporciona, andei pensando, me perguntei algumas coisas e eu mesma respondi assim;
 
Se somos almas afins ou antagônicas se encarnaram e reencarnaram em diversas posições de relação, ora como pais, ora como filhos, como consortes, como parentes, porque os espíritos nos falam de pais e mães, tios , avós etc. como se estes fossem pais e mães do espírito e não do espírito encarnado?
 
Por que ao voltarem à erraticidade não voltam a ser apenas “fulano” e “fulana”, irmãos em evolução e porque ficam apegados ao “status” da última experiência encarnados?
Respondo a mim mesma:
Até por gratidão ou respeito aquele vínculo que a reencarnação proporcionou. Por uma questão de humildade.
O filho o considera para sempre o “pai” por respeito aquele espírito amigo que lhe aceitou como filho e o ajudou em mais uma passagem pela terra, orientando, lhe ajudando a dar mais um passo em direção a evolução e no caso de filhos o inverso também é verdadeiro.
 
Tudo bem eu estava apenas me perguntando e me respondendo, só isso...

domingo, 27 de outubro de 2013

Pombo-correio x Internet

                                                                 Pombo-correio   X  Internet
Esta semana assistindo um filme vi com curiosidade a libertação de centenas de pombos- correio e me dei conta que aquela era a internet de antigamente. Imagine você precisar enviar um recado urgente para alguém e não ter nada além de bombos para a tarefa? A alternativa era um mensageiro a cavalo, mesmo assim o pombo-correio era mais rápido, eu imagino.
Como Deus sabe o que faz, primeiro Ele nos apresenta como idéia o mais básico dos básicos e depois, a partir dessa primeira idéia, o homem vai aprimorando até chegar ao ponto da noticia chegar junto do acontecimento, como é nos tempos de hoje.
Assim é tudo na vida de evolução, material e espiritual. Primeiro surge uma idéia que a maioria pensa que veio do “nada”, mas que na verdade veio da espiritualidade maior. Daí vão se desenvolvendo as idéias para ajudar o homem a viver melhor, tecnicamente falando, e evoluir, espiritualmente falando.
É interessante parar e observar o andamento do mundo, como era e a que ponto chegamos...

(Pretendia escrever alguma coisa mais interessante e irreverente a partir da idéia inicial, mas ainda continuo travada, tenho a ideia inicial mas não estou conseguindo desenvolver, dai escrevo só para não parar...)   :(

sábado, 19 de outubro de 2013

Haroldo, o gato.

                                                                 Haroldo o Gato
Em 1998 postei aqui neste blog uma homenagem Haroldo, gato de estimação da minha filha Ligia.
Hoje, um dia depois de sua morte à beira de  fazer 13 anos, torno a postar este artigo para homenageá-lo em agradecimento aos anos de fofura que fizeram nossa alegria.

Meu neto é um gato! Muitas pessoas elegem o cão como o melhor amigo. Mas posso garantir que bichanos fofos também o são.
Tenho seis netos, crianças de várias idades, desde adolescente como a Bruna e a Laura, depois os meninos Gustavo e Pedro e por último nasceram Ana Flora e Ana Júlia ainda bem pequenas.
Todos lindos, amorosos e muitos fofos.
Sou suspeita, pois como toda avó é mãe duas vezes, sou coruja duas vezes também.
Adoro-os, mas o que me fez escrever minha história foi o carinho que tenho por um gato (de verdade) que também considero meu neto o Haroldo. Ele é um gato fofíssimo literalmente. É amarelo, peludo, de olhos cor de mel e muito dengoso.
Minha filha Lígia, optou por não ter filhos e resolveu ter um gato. Atualmente ele deve estar com mais ou menos 8 anos de idade. Ele já é um mocinho e se comporta como tal. Come ração importada e é fascinado por uns biscoitinhos para o tártaro dos dentes que tem a capacidade de tirá-lo de onde estiver e vir correndo, só com o barulho da embalagem.
Não gosta muito de visitas o que o leva a se esconder e só sai aliviado e ainda ressabiado do seu esconderijo quando ouve a porta se fechar e a fechadura ser trancada garantindo o não retorno da visita (!?).
Como todo gato ele tem hábitos noturnos e seu esporte preferido é o futebol.
Solitário é verdade, mas a simples pelada noturna lhe mantém a agilidade necessária à sua saúde física, por sinal, muito bem controlada pela sua veterinária de confiança, que o viu nascer.
Haroldo tem mais dois irmãos: o Heitor (negro) e o Horácio (branco).
Mas tudo o que escrevi sobre o Haroldo foi para contar duas atitudes dele que nos dá a total dimensão da sua amizade sincera à sua dona, e a mim, sua "avó" e também acabar com esse mito de que gato é um animal egoísta e distante. Não é assim, quem tem um gato sabe do que estou falando.
Certa vez, há uns anos atrás me deitei ao pé da cama de minha filha onde batia o sol da tarde e ali fiquei pensando na vida e me lembrando de alguns momentos não muito alegres, aliais de muita tristeza e comecei a chorar. Qual não foi a minha surpresa ao sentir a língua áspera, que delicadamente começou a lamber a minha mão. Era o Haroldo.
Naquela hora eu aprendi que os bons amigos não são aqueles que festejam conosco, mas sim aqueles que choram conosco.
Chorei mais ainda com aquela atitude espontânea e inesperada, mas dessa vez sentindo a alegria de ver que não estava só, que um amigo me oferecia o seu “ombro amigo”.
Não esqueço até hoje o quão carinhoso foi o Haroldo naquele momento “sentindo” a minha tristeza e oferecendo sua solidariedade. E o mais interessante é que ele, como todo gato, não é muito dado a demonstrações afetivas, só quando estimulados, mas sem excessos.
Com a Lígia acontece o mesmo; ela trabalha muitas e cansativas horas no computador e quando ele percebe que por distração, ela não parou para descansar um pouco, ele simplesmente sobe na mesa e deita-se literalmente sobre o teclado, obrigando-a a parar e dar-lhe um colo e um afago o que o faz ronronar com toda a alegria e ela então aproveita para descansar um pouco.
Ele é tão cheio de personalidade que nem mia; ele apenas olha o que ele não gosta (com desprezo às vezes) e sai de fininho.
É um gentleman esse Haroldo, também miar para quê? Que coisa pequena...
 
       Adeus Haroldo, e obrigada por nos proporcionar alegria todos esses anos.

sábado, 12 de outubro de 2013

A Carraspana

                                                                    A Carraspana
Ele se olhou no espelho e levou um susto. Seu nariz havia sumido e no lugar um enorme e rosado focinho de porco, redondo e com os dois furos tradicionais.
Ficou tão apavorado que ao virar-se rapidamente estatelou-se no chão, como aquela da canção; “Terezinha de Jesus, de uma queda foi ao chão, ♫♪ acudiram três cavaleiros...”, que aliais cantarolou enquanto tentava se erguer sem sucesso.
Olhou as mãos à sua frente e horrorizado viu que elas também haviam sumido, ficando no lugar duas autênticas patas de porco, com aquele casco partido formando o que poderia se chamar de dedos.  Apavorou ainda mais e com dificuldade se arrastou até o espelho do quarto, de corpo inteiro, tentando entender o que havia acontecido.
Dentro da cabeça badalava insistentemente um sino de bronze.
Ao se olhar no espelho só não caiu para trás porque se deu conta de estar literalmente de quatro. Diante dele a imagem refletia um enorme porco rosado e meio cinza em algumas partes. Era um porco!!! Mas pelo menos estava limpo, ou assim lhe parecia. Mas era um porco, no melhor e no pior sentido da palavra.
-E agora? – Pensou. Diria alguém; escreva para uma revista e pergunte o que fazer...
Saiu se arrastando lentamente de quatro, na direção da porta da rua pensando em procurar ajuda. Ao se deslocar com certa dificuldade passou por cima do tapete fofo da sala e resolveu descansar para ver se o badalo parava um pouco de tocar na cabeça e se esparramou totalmente, rolando de um lado para o outro como um porco chafurdando na lama. Daí a pouco resolveu sair para a rua e tentou mais um pouco se arrastar em direção a porta, sentindo sacudir o trazeiro gordo e rosado, o que lhe causou certo constrangimento.
Ao se deparar com a porta de saída, tentou ficar de pé, se segurando na maçaneta, mas foi impossível. –Como seria bom ir para a piscina e me refrescar na água gelada-. Pensou levemente animado.
Depois de algumas tentativas infrutíferas, retornou ao tapete macio da sala, esparramou-se novamente e acabou dormindo grunhindo palavras inteligíveis.
De repente se deu conta que sentia alguns cutucões nas costas e no trazeiro nu, enquanto ouvia uma sirene de polícia la fora, o que o fez pronunciar mais resmungos e grunhidos inteligíveis cuja tradução era: Mas que zorra é essa?
Mesmo sem abrir os olhos falou: - Será que é contra lei virar porco?-
Finalmente abriu os olhos e deu com a faxineira de pé ao lado dele empunhando o cabo de vassoura, enquanto falava num forte sotaque:
- E, pois agora seu Olavo?! Parece que a noite foi ótima em? Já vi as garrafas vazias por ai e novamente amanheceu nu esparramado como um porco no tapete da sala. Toma jeito seu Olavo, já ta na hora né?
 

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Tempos outros

   
                                                        Tempos outros
Outro dia de manhã andando pela cidade, passei diante de uma casa e deparei-me com uma jovem saindo para andar de bicicleta. Até ai nada de excepcional. Acontece que me chamou a atenção como ela estava vestida para o evento e horário.
Ela vestia um shortinho rasgado e camiseta de lurex com tênis.  Para quem não sabe, lurex é um tecido todo cheio de brilhos. Daí meu cérebro deu um rodopio e me lembrei do tempo em que tinha a idade dela, lá pela década de sessenta, lá pelo meio.
Para começar, uma jovem mocinha bonita não andava de shorts nem novo e muito menos rasgado pela rua e nem de bicicleta. Andava de saia rodada, anágua, para quem não sabe, uma saia branca e com um babado para fazer volume que tanto podia ser de organdi, de algodão ou outro tecido que pudesse ser devidamente engomado (afff) e a bicicleta usava uma rede para não enroscar a saia da mulher que se aventurasse a pedalar. Tênis só para os praticantes de esportes, meus sapatos, sempre de couro, invariavelmente apertavam em algum lugar.
Roupas de brilho à luz do dia, até a Novela Roque Santeiro e a criação da Viúva Porcina, personagem da novela com a inigualável Regina Duarte, era impensável e inadmissível. Brilhos só em festas noturnas. A viúva Porcina era a encarnação de uma mulher extremamente extravagante em todos os sentidos, mas principalmente no vestir e se maquiar. Usava tudo de forma exuberante e que chamasse a atenção de longe. Era de natureza escandalosa e muito divertida. Por agradar a todos quebrou também certas regras e modismos. Quem fazia o tipo quebrou paradigmas e a imitou criando uma moda extravagante e discontraída.
Daí, vieram também os abençoados hippies, jovens rebeldes e contestadores que revolucionaram a forma de se vestir, misturando estampas, materiais e construindo modelos opostos aos usuais da época, como os vestidos bem recortados, acinturados, sais justas, na maioria de tecidos escuros e fendas na parte de trás para facilitar os movimentos,  saias  plissadas, rodadas e com anáguas, os famosos “taiêr” (aportuguesando a palavra francesa tailler) que nomeava o conjunto de saia justa e paletó ajustado, vestido com camisas de laços no pescoço.
Sem falar que quando se falava que era “moda”, todo mundo usava a mesma coisa com pouquíssimas variações. Era um mar de gente vestindo igual.
Logo depois, ou na mesma época, sei lá, uma inglesa chamada Mary Quant acordou um dia injuriada, pegou de uma saia justa que provavelmente não gostava, ou estava de TPM, sei lá, e passou a tesoura na saia 20 cm acima do joelho e foi para a rua vestida assim para escândalo geral.
Na mesma semana a mulherada inglesa (menos a Rainha) e depois o mundo, mesmo sem Face book, aderiu à moda.  E até hoje a maioria das mulheres teve ou ainda tem pelo menos uma minissaia no armário.
Provavelmente hoje em dia, quase ninguém sabe quem foi Mary Quant, mas a idéia dela permanece até hoje nos melhores e piores corpos femininos da face da terra.
Mas voltando à minha juventude, eu usava muito, uns vestidos chamados “tubinhos”; chamados assim por serem inteiros como tubos, levemente acinturados e iam até logo abaixo dos joelhos. Sim, essa era a medida, eu não aderi à minissaia por restrição da minha mãe que não apreciava  "essas modernidades".
Para completar e infernizar a minha vida mais um pouco eu também usava meias de Nylon, ou de seda, como também eram conhecidas aquelas meias que dividiam com um risco de cima a baixo as batatas das pernas e puxavam fio de cima abaixo ao se respirar mais profundamente, ou se falar mais alto, constrangendo as mais vaidosas. E o pior, elas eram usadas nas quatro estações do ano para meu desespero, não esquentavam no frio e superaqueciam no verão.
Para segura-las no alto das coxas se usava umas ligas de elásticos que ou eram frouxas ou apertadas demais, ou ainda, uma mais apertada do que a outra dando a sensação de descer perna abaixo a qualquer momento, o que fazia descompensar o cérebro, enquanto caminhava.
Também tinha a cinta liga que eu também não gostava, pois me sentia com arreios. Não sabia se usava por cima ou por baixo da calcinha, que sensação horrorosa aquelas coisas todas amarradas ao corpo.  
Depois vieram e ainda estão por ai as meias calça, que também não gosto de usar, aliais hoje só uso o que gosto e que se dane o mundo.
E esses usos eram coletivos, todos se vestiam da mesma forma com leves variações do mesmo tema, como os tecidos de renda, linho ou seda. Um babado aqui, uma lapela maior ou menor, um cinto mais largo ou mais fino, laços e fitas de veludo em profusão. Outro adereço eram as luvinhas usadas até com o termômetro marcando 40°.  As luvas também eram usadas em qualquer estação do ano para compor o traje em muitas ocasiões, até para assistir a uma simples peça de teatro ou qualquer festa mais formal, sempre acompanhadas de carteiras como eram chamadas aquelas bolsas retangulares sem alças que não se sabia direito como carregar e que agora voltaram a usar.
Me lembrei também caminhando pela rua debaixo do sol, que sempre gostei de brincos e meu pai nunca permitiu que eu furasse as orelhas,  dai eu usava uns brincos de pressão desgraçados de doloridos, com pressões diferentes, um apertava mais que o outro,  chegava a dar dor de cabeça. Duvido que a maioria que usava aqueles brincos não voltava para casa com eles na bolsa, por que chegava uma hora que ou arrancava os brincos, ou arrancava as orelhas. Também eram coisas de antigamente que Graças aos deuses não existem mais. E viva o agora!
Dai passei a adorar a revolução dos Hippies, pois graças a eles hoje se usa simplesmente TUDO, o que você estiver a fim de usar. Tudo é bonito e “combina com tudo”, não se usa nada que seja desconfortável, tudo é folgado e macio, não aperta e não pinica.
Tudo está na moda e cai bem, desde que você tenha autoconfiança até de sair por ai com chapéu roxo enfeitado com ninho de passarinhos, se der na telha, é claro! ...
Eu sei, eu não era fácil. Era? hahahah


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Sexta feira 13

                                                          Sexta Feira 13
O cara era superticioso ao extremo. Daquele tipo que não passa por debaixo de uma escada, que sempre sai pela porta que entra.
Que quando entra em um ambiente, mesmo nos cômodos da própria casa, sempre o fazia com o pé direito na frente.
Jamais se sentava à mesa na companhia de 12 pessoas.
Jamais se hospedava em hotel de 13 andares, nem em quartos de número 13.
O número 39 também era evitado por ele, já que era a a multiplicação por três do fatídico numero 13.
Ao subir ou descer uma escada vinha contando degrau por degrau e quando chegava o degrau de número 13 ele pulava com agilidade e destreza para se ver livre de qualquer influencia negativa, pelo menos era isso que acreditava.
Assim acontecia com tudo o que se relacionasse ao conjunto de unidades que somadas desse o número que ele evitava.
Mas ele não era assim só com o número 13º. Tinha outras manias relacionadas ao medo do azar.
Sempre parava e se benzia por três vezes quando ouvia o sino tocar, e ali ficava até ouvir a ultima badalada com os dedos indicadores cruzados nas costas.
Gato preto passando à sua frente nem pensar. Não que não apreciasse os felinos, até tinha um gato albino, mas achava que o gato preto especificamente poderia atrair malignidade.
Todo dia 13 de qualquer mês era um problema. Não saia de casa de maneira nenhuma nem para trabalhar e nem para o laser. Simplesmente passava o dia fechado em casa.
Usava muitos amuletos. Seu chaveiro carregava vários berloques; uma figa, um trevo de 4 folhas, um pé de coelho, um olho grego e uma cruz de prata.
Toda segunda feira ia trabalhar de gravata roxinha, pois segundo ele era dia das almas.
Gostava de jogar na loteria, porém, jamais jogava o número 13 e nem o 39. Nunca fazia jogo que corresse no dia 13 e nem que caísse numa sexta feira, até que naquele dia tudo mudou na sua vida. Mudou de rumo e de rota.
Ele fez um jogo que deveria correr na quinta feira, porém houve um apagão na maioria das cidades que obrigou aos organizadores a transferir o sorteio para sexta feira o que o deixou para lá de injuriado, possesso. Mas o que ele não imaginava é que ele iria ganhar sozinho no dia 13, numa sexta feira, nada menos que treze milhões e treze centavos.
Assim não dá, né? A partir daquele dia houve um revertério na sua cabeça e na sua vida e tudo passou a ter mais valor se fosse no dia 13 ou levasse o número 13 e tudo mais que se dizia de mau agouro ai é que ele fazia, pois teve a prova de que tudo isso é pura bobagem.

sábado, 7 de setembro de 2013

O Torpedo

 O Torpedo.
Estava acontecendo uma reunião aonde se discutia a sociedade da empresa.
Vários sócios colocavam seus pontos de vista de forma acalorada.
Ao terminarem a reunião os sócios Sampaio e Dasneves se dirigiam para o elevador quando o celular de Dasneves avisou a chegada de um topedo.
Sem muito interesse ele olhou a mensagem e empalideceu para vários tons de bege. Na realidade ficou esmaecido, tanto que desistiu do almoço com o amigo sem mensionar o teor da mensagem que dizia: "Você está sendo enganado".
Ficou tão transtornado que mal se despediu do amigo atônito que ficou na esquina sem saber o que aconteceu para que Dasneves agisse daquela maneira.
A frase foi martelando em sua cabeça e de repente parecia que sua casa havia se deslocado para outro lado do mundo ja que por mais que corresse ele não chegava.
La chegando não encontrou a sua mulher e de acordo com a empregada que limpava a casa ela havia dito que iria ao cabelereiro e depois iria almoçar com uma amiga, ou duas, não lembrava.
Deu meia volta e saiu quase correndo em direção ao shopping mais proximo na esperança de encontrar a mulher almoçando com outro homem.
A cabeça dava voltas e voltas imaginando as orgias em que provavelmente ela participava enquanto o "burro" ganhava dinheiro para as frescuras dela.
Não conseguia pensar direito, imagens diabólicas se revesavam em sua mente deixando-o cada vez mais enlouquecido de ciúme. A sua mulher era o seu maior tesouro, a amava mais que a própria vida, não saberia viver sem ela.
Assim, com os pensamentos conturbados, enlouquecido de ódio e ciúme, percorria entre as mesas da praça de alimentação a procura de sua amada imaginando pegá-la em flagrante traição, foi quando encontrou a sua secretária numa das mesas almoçando.
- Olá doutor Dasneves, recebeu o meu torpedo?
- Então foi você que me enviou, nem vi o remetente...
- Sim, eu não podia deixar de lhe contar, afinal trabalhamos há tanto tempo e o senhor sempre foi tão bom para mim que achei melhor lhe contar...
- Tudo bem, mas quando foi que você a flagrou, onde ela estava e com quem?
- "Ela" Doutor? Ela não! Eles, eles estão lhe traindo...
- De quem você está falando criatura? São vários, como assim?
Falava sem parar de olhar para todo lado esperando ver a sua muher naquele mar de mesinhas ocupadas na praça de alimentação, enquanto a secretária continuava a falar;
- Os seus sócios, Doutor Dasneves. Eles estavam falando antes do senhor chegar para a reunião que iriam tirá-lo de qualquer maneira da sociedade, iriam pressioná-lo a vender sua parte, dai resolvi lhe enviar um torpedo avisando...
Em seguida houve um corre-corre no shopping com a chegada dos paramédicos que vieram socorrer o Doutor Dasneves que acabou tendo um infarto.

domingo, 1 de setembro de 2013

Semeando

                                                    Semeando
Hoje é domingo... e de sol, bem lindo e acordei com vontade de semear, leram bem; semear.
Semear abraços, semear sorrisos, beijos, semear amor.
Sair semeando as coisas boas que darão só frutos bons.
Semear carinhos, semear lágrimas de emoção, semear alegrias de chegada, semear despedidas de viagens de passeio, semear cantos de pássaros, semear cantos de baleias, alegrias de golfinho, alegrias de cachorrinhos ao nosso afago, ronrons de gatinhos, cheiro de flores, de comida boa, de nenem recém-nascido, de mar, de amanhecer entre árvores floridas e dia de sol na primavera.
Semear o cheiro de terra molhada pela chuva de verão, cheiro de feijão fresquinho pronto para ser comigo e de bolo saindo do forno.
Semear asas de borboletas coloridas, de passarinhada no final da tarde, de barulhinho do mar na quietude das manhãs e assim neste lindo domingo de sol sair semeando, semeando, semeando...

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

43 anos!

                                                             43 anos.
Apenas 43 anos estaria fazendo hoje, dia 28 de agosto de 2013 o meu querido filho Beto.
Ele nasceu dias depois do evento da copa do mundo de 1970. Em meio a muita festa, fogos e alegrias.
Foi muito esperado, e foi com muitoa alegria também por ser menino, ja que já tinhamos duas meninas e como todo pai coruja ele veio para continuar o nome dos Fascioni.
 Viveu pouco, muito pouco, teve poucas alegrias, a maior delas foi o nascimento do filho Gustavo. Talvez a única e verdadeira motivação de sua curta vida.
Feliz aniversário, meu querido filho. Que Deus te abençoe onde estiveres.

domingo, 25 de agosto de 2013

Beto, 4 meses

O tempo corre, o tempo não para. Amanhã as 12 horas em ponto, vai fazer 4 meses que o meu querido filho deixou nosso convívio. Parece que foi ontem ao mesmo tempo que faz tanto tempo. Realmente o tempo é uma sensação esquisita.
Estou sem computador, dai fica apenas esta simples homenagem em memória do meu Beto.

domingo, 18 de agosto de 2013

67 anos!

                                                               67 Anos!
Estou ainda estarrecida com esta realidade.
Esta semana completei 67 voltas ao redor do sol. Impressionante olhar para trás e se dar conta do tamanho da estrada percorrida. Olhar os obstáculos, as subidas e as descidas, física e psicologicamente falando.
Perde-se na lembrança a quantidade de pessoas que cruzaram o nosso caminho pela vida a fora.
Muitas lembranças são nítidas e se completam com cheiros e cores, já outras estão esmaecidas, quase apagadas, mas ainda permanecem na gavetinha do passado mesmo sem muito detalhes fisionômicos, mas permanecem.
Algumas músicas ainda batucam no fundo do cérebro trazendo reminiscências, músicas de roda, de tardes de radionovelas e bordados, de ouvir discos na eletrola, de reunião de parentes e alguns poucos amigos, visitas em qualquer horário.
O paladar e o olfato também guardaram algumas lembranças, como por exemplo os aniversários na casa de meus tios e de minha avó. Almoços de domingo e reuniões de família, com risadas gostosas ecoando pela casa antiga e de pé direito alto.
Guardo manhãs de domingo, preguiçosas e frescas de meia estação. Guardo sorrisos tristes e gargalhadas alegres que ressoavam na minha casa em horas de alegria e descontração.
Guardo uma casa sempre cheia de pessoas estranhas ou aparentadas, que lá em casa iam fazer refeições, já que morávamos no centro e eles vinham do interior para resolver suas coisas. Sempre muita gente ao meu redor. Sempre uma fiscalização para mim incompreensível e que me incomodava muito, não que fizesse coisas erradas, mas era aquela sensação de eterna vigilância, cuidado.
Guardo também horas tristes, de notícias tristes. Guardo o temor da morte que pairou anos sobre as nossas cabeças por ter um pai cardíaco.
Guardo minhas angústias diante da vida desde tenra idade. Me lembro que tinha medo da vida e não gostava de viver, isso na primeira infância ainda.
Me aborreci muito quando troquei meus primeiros dentes, e me lembro que me perguntava;  “Porquê preciso trocar os dentes? Poderíamos ter uma só dentição perfeita para sempre”.
Já contestava certas atitudes de Deus.
Por volta dos nove anos quase morri literalmente. Uma hemorragia nasal aliada à debilidade e fraqueza, resultado de uma gripe muito forte, me fizeram ir desmaiando e ir literalmente morrendo por alguns instantes e me lembro que foi um momento maravilhoso de um bem estar intenso. Meu corpo foi amolecendo, uma fraqueza geral tomou conta de mim e a sensação foi muito boa. Desde ai guardei a lembrança desse momento e em muitas horas eu pensei assim; Se morrer é assim...
Nasci e cresci entre adultos, mas me cobravam um comportamento infantil me dando exemplos adultos o que me causava aflições e angustias.
Mas tudo isso não me fez mais infeliz do que ninguém. Com o tempo a gente entende que não veio à terra a passeio, que temos um objetivo, o de evoluir e aprender com as experiências.
E assim os anos correm e daqui a pouco poderei estar fazendo 70 anos! Já pensou o que é isto? E na minha cabeça nem parece que são tantos anos assim. Esquisito isso.
Aff! Daqui ha três anos eu volto para contar como foi.

sábado, 10 de agosto de 2013

A carta de meu pai.

                                                A Carta de meu pai.

Como já escrevi antes, mais precisamente no dia dos pais, o meu pai sofreu vários infartos do miocárdio vindo a falecer em 1977, mas lá pela segunda experiência, talvez achando que iria morrer mais cedo do que aconteceu, escreveu esta carta que encontramos entre seus guardados depois de sua morte. Como a achei muito linda, guardei-a, porém o tempo a amareleceu e quase não dá para ler, então antes que se deteriore totalmente e para que mais pessoas saibam do pai romântico e inteligente que tive e que sabia como ninguém colocar seu pensamento em letras, tive que transcrever na integra a carta, e colocarei a original para que vejam que letra bonita  ele tinha também. Penso sinceramente que seria um bom escritor se assim tivesse "ousado".
Um detalhe interessante é que nesta data ele tinha só 48 anos.  Abaixo a carta na integra;

Ele nasceu em 31/01/1910

"Meus agradecimentos.

Não me canso de agradecer a Deus por tanta felicidade. Considero-me o mais feliz dos mortais. Casei-me com a melhor das mulheres e a mais devotada das mães e a mais amante das esposas e com ela tive os filhos que são o meu orgulho de pai, estão todos fisicamente perfeitos e moralmente sãos.
Otimos filhos e ótimos irmãos e os nossos melhores amigos, todos com grande coração. Duas das filhas ja estão casadas com maridos que os considero filhos.

A elas aconselho sempre a seguir o exemplo dos seus pais, amando e respeitando os seus esposos para que vivam sempre num clima de confiança e felicidade e que isso só se consegue com amor e muito amor. Por isso digo-lhes: amem-se sempre e sem limites. Para o amor não deve haver obstáculos. O amor tem que ser inteiro, todo, integral, pois só assim ele se transformará em confiança, alegria e se transmutará em felicidade.
Este é o meu conselho a vocês , meus filhos, pois foi amando assim, a todos os momentos, todos os dias é que vivo há vinte e cinco anos em lua de mel.
Para que a felicidade que eu desejo para vocês seja uma coisa concreta, palpável, eu venho contribuindo com os meus fracos conselhos e pobres exemplos, tudo muito pouco, mas junto com a experiência que a inteligência de vocês têm tirado da vida diária e aprendido com a natureza, esta grande mestra, espero ver vocês todos bem felizes. Para mim, o que ainda espero da vida é ver o José Carlos, a Tida e a Ely casados, bem contentes e felizes e eu poder beijar e mimar os filhos da Nádia , da Nanci, do José Carlos, da Tida e da Ely.
Sinto-me velho e acabado e não conto ver os filhos da Tida, por isso as bênçãos por antecipação. Eu ja vivo nos meus netos; por tudo isto sou um homem feliz, porque é feliz aquele que vive nos seus descendentes, feliz aquele que pode abraçar e beijar crianças bonitas e ver nelas ramos e brotos da velha cepa, do velho tronco.
Por todas essas graças e bênçãos prosterno-me reverentemente para agradecer a Deus e a Jesus, pois sinto que venho recebendo e desfrutando atravéz dos meus filhos, da minha esposa e ds que aqui vivem, mais do que mereço.
Que o bom Deus reparta com todos vocês o excesso do que tenho recebido e que o mesmo vocês possam dizer mais tarde aos vossos filhos. Graças meu Deus.
Que assim seja."
Ernani

Em 22/07/1958



domingo, 4 de agosto de 2013

A Velhice

                                                   A Velhice
Se escreve muito e se fala sobre a velhice, “a melhor idade” (argh), a idade da sabedoria(?).
Sei lá um monte de baboseiras que não define coisa nenhuma o que é ter que carregar muitos anos na mochila pelo caminho da vida e quem já chegou nela nem gosta muito de falar no assunto.
Geralmente não me aborreço com isso, nem me importo muito de estar ficando a cada dia mais velha, só quando coloco óculos e olho a pele dos meus braços, isso realmente me deprime me incomoda, mas não me tira o sono, só me aborrece temporariamente, mas a coisa que realmente me desestabiliza é me sentir “sobrando” pela idade que eu tenho.
Ao mesmo tempo algo dentro de mim grita; que tolice é essa? O tempo está passando e é assim mesmo, quando a gente é mais jovem, é mais aceita (ou não também), mas nunca será pela idade, será sempre por um outro motivo qualquer, grita outra voz dentro de mim.
E assim uma de um lado outra do outro ficam me estimulando a continuar vivendo e outra querendo que eu desanime. E neste conflito a minha mente fica procurando o equilíbrio em não dar tanta importância nem a um lado e nem a outro.
Quem disser que os anos não pesam estará mentindo, e como pesam.
Para mim não tanto na aparência, o que mais pesa é o convívio com os mais jovens. Sinto o desprezo no olhar deles (ou sou eu que estou vendo coisas?).
Quando se é jovem achamos que só o nosso mundinho cor-de-rosa é que importa o resto é o resto, mas não sabem que a idade também está se acumulando na mochila deles e um dia sentirão o mesmo que os velhos sentem, porque serão velhos também.
Eu só conheci uma avó e curti muito o seu convívio. Ela era muito divertida e conversar ou ouvi-la era muito bom, mas também os tempos eram outros, se convivia muito mais de perto com os parentes, avós, tios e primos, eram queridos de verdade, a maioria morava na mesma cidade, trocavam visitas, iam aos aniversários, batizados e velórios.
Bons tempos aqueles. Era uma alegria visitar e ser visitado, era bom mesmo. Agora só os velhos se visitam, provavelmente pelo hábito de crianças, provavelmente isso também vai acabar.
Toda essa reflexão vem da proximidade de mais um ano de vida, mais uma pedra na minha mochila que vai me curvando e me fazendo olhar para o caminho percorrido com mais frequência e com mais atenção, só isso e nada mais...

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Viajando

                                                          Viajando
Daqui a poucas horas estarei embarcando num ônibus para a cidade de Tupã em São Paulo onde já morei e onde ainda mora minha filha e seus familiares.
Adoro viajar, mas essa viagem realmente vai começar num horário totalmente inusitado. Vou embarcar as 2.30 hrs. Sim em plena madrugada embaixo de chuva, vento sul e com poucos graus acima de zero. Credo!
Espero que lá esteja mais quentinho. Normalmente Tupã é uma cidade quentíssima, mas também está sofrendo as consequências dessa friagem que tomou conta do sul do país com direito a neve e tudo. Não ha roupa que agasalhe. Os pés estão endurecidos e adormecidos do frio. Meias e botas não são suficientes para esquentar.
Vou levando cobertor para aquecer durante o percurso, pois a última vez que fui para aqueles lados tive que comprar uma manta no caminho, tal o frio eu passei e nem estava frio, imagine agora, hoje.
Vamos chegar, pelo que fui informada lá pelas 14.30hs em Marília, de lá até Tupã vai mais uma hora de carro.
Para mim tudo isso é festa, mas que o frio está intenso, lá isto está.
Vamos ver. Estou levando a máquina e espero registrar a estadia por lá.
Aguardem.

sábado, 20 de julho de 2013

Amigo é para se guardar...

                                               Amigo é para se guardar...
Estão espalhando pelo Faceboock que hoje é comemorado o Dia do Amigo.
E como se define um amigo? Aquele que frequenta o barzinho nos finais de semana, aquele que toma um vinho e come uma massa com você nas quintas à noite? Ou aquela amiga que lhe empresta roupas e acessórios e vai com você ao banheiro da balada?
Talvez aquele que de vez em quando compra e lhe oferece entradas para um jogo.
E aqueles que jogam peladas todos os finais de semana? Também tem a turma do dominó, a turma dos trabalhos manuais e a turma que não faz nada beneficente, mas se reúne para comer e jogar conversa fora. E aqueles do almoço mensal na casa de cada um? E aquela que vai com você ao médico? E os que formam casais para viajar juntos? Espetacular!
Tem os virtuais que dão a maior força, enviando palavras de conforto e orações em horas terríveis que você pode estar passando. Tudo isso é lindo e já experimentei também.
Sim, pode ser um pouco de tudo isso, mas ser amigo extrapola muito mais que tudo isso.
Ser amigo é “aparecer” do nada e ficar ao seu lado numa hora improvável para segurar sua mão, olhar nos olhos e dizer: “Estou aqui para o que você precisar, vamos orar juntos? Vai dar tudo certo, você vai ver.”
Isso aconteceu comigo e para mim foi um momento inesquecível que ficará para sempre em minha memória entre muitos. Obrigada mais uma vez amigos Vera e Francisco. Minha eterna gratidão, hoje vocês representam todos aqueles que estiveram ao meu lado em horas difíceis e porque não nas muito boas e alegres também?
Feliz Dia do Amigo, amigos. Adoro vocês todos.

sábado, 13 de julho de 2013

Hoje

                                                Hoje
Hoje é mais um dia na nossa vida. O que fazer desse presente, dessa dádiva Divina?
Apanhar sol, rir e sorrir muito, amar também. Sair para a rua e olhar as flores, ouvir os passarinhos, deixar o vento despentear os cabelos e caminhar, caminhar contra a brisa.
Encontrar pessoas queridas, abraçar e beijar também.
Comer uma comidinha boa, trocar ideias, filosofar, dançar na chuva ou na mangueira do jardim, sim, talvez não, agora é estação invernal, está muito frio para se molhar, ou molhar-se na água gelada da mangueira do jardim ou mesmo da chuva, mas que dá vontade, isso dá. Agua fresca e cristalina. Passear com o cachorro já que os gatos não caminham, assim como eu, são preguiçosos.
Soltar das gaiolas os passarinhos ficar observando seus primeiros voos ainda inseguros, incertos, receosos para depois apreciá-los sumir no céu da liberdade.
Organizar alguns comes e bebes, uma toalha xadrez e fazer um pique nique na relva, à sombra de uma árvore frondosa.
Ouvir músicas de verdade, românticas e suaves, de sonoridade delicada, passeando de carro, bem devagar em estradas vazias.
Enfim, aproveitar esse dia maravilhoso que Deus nos oferece para nos fazer feliz um pouco, dentro desse mundo controverso e aflito, cheio de conflitos.
“Carpe diem”

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Cof, Cof, Cof...

                                                          Cof, Cof, Cof
Estou com uma tosse infernal, a tal ponto que meus poucos neurônios estão sem oxigênio.
É final de semana e eu quero escrever algo para postar no blog mas a coisa está feia, está difícil. Entre uma crise de asfixia e apoplexia me vem de vez em quando um laivo de luz que faz iluminar o lado escuro do meu cérebro e eu penso que dali sairá uma ideia genial para escrever, mas assim como a tosse que parece que vai abrir meu peito em dois e de dentro não sai nada, vem só um arremedo de tosse asfixiada, o rosto arde todo como se mil espinhos penetrasse nele e dai a ideia se apaga como um fosforo aceso ao vento (humm). Frustração total. :(

Dai reviro os olhos lacrimejantes e alguns escritos anotados, e de repente não mais que de repente, entre uma tossida e outra, entre lágrimas falsas de tanto apertar os olhos para tossir, vejo uma mensagem, leio um pequeno texto muito romântico e uma frase genial aflora na minha mente cansada:
“Vamos correr em busca de bons momentos porque o conjunto deles se chama Felicidade”.

Achei um boa frase para quem nasceu de um parto dolorido, entre alguns cofcofes e a angustia de querer tossir e não poder. De querer se expressar de alguma forma e não conseguir.
Pois é, foi o que deu até agora. Neste momento parei um pouco para arrumar o fígado entre as costelas e recolocar as amigdalas no lugar enquanto lágrimas espalhavam seu sabor salgado pelo rosto enquanto meu pescoço parece se comportar como o de um perú em véspera de Natal, rouco e roxo de tanto gritar.
Não há nada mais deselegante do que alguém tossindo enlouquecidamente. Der repente perde-se o total controle do corpo e ele se comporta como bem entende e a gente exausta pensa;
“tô nem ai, eu só quero que esta coisa grudenta de dentro do meu mediastino suba pela traqueia e se apresente à boca em vez de ficar grudado como uma ostra na pedra. Assim eu cuspo prosaicamente e vou dormir descansada (ai que nojo!).”
Aff ou melhor: Cof...

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Catadores de Coquinho

                                           Catadores de Coquinho
O líder sindical dos trabalhadores da Empresa Catadores de Coquinho S.A. convocou a todos através de memorando para comparecerem no horário da ginastica matinal, que antecede o trabalho, a uma rápida reunião para listarem as suas reinvindicações a serem discutidas em assembleia a ser marcada para a próxima semana.

Todos reunidos houve uma rápida chamada e pedido de leitura de suas reinvindicações.
No total, depois de uma série de ideias expostas, prevaleceram algumas que se repetiram ao longo da chamada e, por conseguinte foram se tornando os itens de interesse comum a serem reivindicados.
Primeiro item: Permissão para catar coquinhos apoiados em um ou dois joelhos, porque só abaixados ninguém merece...

Segundo item: Troca da cor do macacão/uniforme de trabalho da cor camuflada para a cor verde malva e gola rosa claro.

Terceiro item: Mudança no cardápio da marmita oferecida pela empresa, de comida japonesa nas quartas feiras, para a tradicional Comida Mineira. Até porque catar coquinho tira a habilidade de comer de pauzinho.

Quarto item: Recolher assinaturas para instaurar um plebiscito para promover a retirada da Presidenta dos Catadores de coquinho antes que seja tarde e ela se aposente com pensão vitalícia de catadora de coquinho, profissão essa que ela nunca exerceu e nem tem ideia de como se faz, mas devia...

Dito isto, o líder sindical se retirou satisfeito com o retorno dos trabalhadores que se propuseram a comparecer à assembleia geral ordinária no dia 5, na sexta feira da próxima semana, para votarem e decidirem o melhor para eles, não sem antes levantar a mão fechada para cima e gritar:
“Catadores de coquinho unidos, jamais serão vencidos”.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Dois meses

Dois meses...
Já se passaram sessenta dias, exatamente ao bater as doze badaladas do sino ao meio dia deste dia 26 de junho de 2013 da partida do meu filho Beto para a espiritualidade.
Dois longos meses, uma eternidade para quem não o viu mais e nem o verá tão cedo.
O vazio é enorme e aumenta a cada momento em que me deparo com suas fotos, seus pertences, seu lugar, com a presença de sua ausência...
Há dois meses, enquanto os sinos soavam as doze badaladas do meio dia, ele subiu nas asas do seu anjo guardião para morar mais perto de Deus.
Peço ao Pai que te cubra de bênçãos filho querido, e que estejas muito bem, caminhando na espiritualidade em parques de Amor Divino, o teu lugar de morada agora.
Que sejas envolvido na Luz Branca do Cristo e recolhido ao regaço de Maria Santíssima.
Deus te abençoe onde estiveres meu filho amado.

sábado, 22 de junho de 2013

A fantasia

                                                                  A Fantasia
Maria Odila vivia pesquisando na internet e perguntando para um e outro, como daria para resolver o problema dela, um problema até mais comum do que se pensa, mas que para ela já se tornara um pesadelo, uma verdadeira obsessão.
Ela queria conhecer um extraterrestre pessoalmente, talvez até ser abduzida, conhecer outros seres de outros planetas, esta era a sua fantasia de consumo; ser abduzida.
Quando havia um simpósio sobre o assunto ela era uma das primeiras a se inscrever. E lá ia se informar do que estava acontecendo com os visitantes do universo e seus quintais.
Certo dia enquanto ouvia uma palestra sobre aparição de óvnis, muito bem atenta, ouviu uma voz vinda do assento de trás, bem na sua orelha que lhe causou um arrepio e que lhe percorreu toda a espinha dorsal. Aquela voz morna lhe perguntava ao pé do ouvido se poderia se sentar ao seu lado na cadeira vaga, e ela prontamente lhe afirmou que sim, que poderia.
Muito emocionada acomodou-se melhor na própria cadeira e encantada com aquela voz forte imaginou logo que aquele deveria ser um entendedor de extraterrestres e óvnis. E não deu outra, ele era um locutor de uma rádio, onde fazia um programa sobre o assunto, com alta audiência, diga-se de passagem.
Logo que acabou a palestra, foram tomar um café e se conheceram melhor. Ele então ficou sabendo dos seus anseios em conhecer um extraterrestre e riu muito com ela ao perguntar-lhe o porquê de tanta curiosidade, o que eles deveriam ter de diferentes por baixo daquela malha fina que usavam para se protegerem? A cor da pele, talvez, ela respondeu.
Ela lhe segredou que havia sonhado certa vez que havia encontrado um e que ao retirar aquela malha, aquela vestimenta que ocultava até os olhos ela se deparou com um ser azul cintilante e talvez seja por causa desse sonho que ela ansiava por conhecer um pessoalmente.
Saíram dali e continuaram a amizade pela semana seguinte até que certo dia ela o convidou para subir até o seu apartamento. Lá colocou uma música suave, abriu um vinho e a situação começou a ficar interessante quando ele começou a retirar uma fina luva de tecido igual à pele humana que encobria totalmente as suas mãos e deixou aparecer um par de mãos azul cintilante o que ocasionou um imediato desmaio em Maria Odila.
Ao acordar estava sozinha na própria sala, com a garrafa de vinho vazia e o sol entrando pela janela daquele maravilhoso dia de feriado...