domingo, 31 de julho de 2016

Se assim fosse...

                                                       Se assim fosse...
Como seria bom se pudéssemos acessar as lembranças de nossa história, de dentro do nosso cérebro, assim como fazemos com as pastas do computador, não é?
Poderíamos tirar as dúvidas quando alguém nos dissesse que falamos algo que realmente não lembramos de ter falado.  Pediríamos desculpas com mais sinceridade.
Poderiam ser assim como os vídeos que salvamos, onde estariam gravados o que dissemos ou fizemos.
Poderíamos rever nossas atitudes, seria  bem mais fácil reconhecer nossos erros e resignificar conceitos e valores envelhecidos e em total atraso.
Poderíamos sempre que quiséssemos vivenciar a saudade com mais realidade, intensidade e relembrar dos momentos inesquecíveis que se amarelam e desbotam com o tempo como fotos antigas sem perder um só detalhe.
Poderíamos sentir os cheiros ouvir as vozes, as gargalhadas que não queremos esquecer nunca.
Poderíamos acessar momentos inesquecíveis que jamais se repetirão no desdobrar das nossas vidas e nos nossos momentos futuros. Nunca mais!!!!
Quando será que a tecnologia alcançará este estágio científico onde as dimensões se misturarão num só momento?
Estou no aguardo...




quinta-feira, 28 de julho de 2016

Não Se Fazem Mais Como Antes...

                                      Não mais se fazem como antes ...
Deusalina era dessas mulheres românticas ao extremo, talvez por isso não havia encontrado a sua “tampa do balaio”, a sua “metade da laranja” ou do limão, ou da jaca ou lá que nome se dê a um relacionamento mágico de contos de fadas onde um pisca e o outro “sente” os olhos arderem... tipo assim, entende?
Daí que ao longo dos anos entre sonetos e músicas românticas ela foi bordando um amor que só existia dentro da cabeça dela. Tão grande que parecia mais uma auto paixão, já que ela se modelou de uma maneira que se achava a mais romântica das criaturas e ninguém mais como ela havia no planeta azul para se igualar, mesmo assim viva em busca de alguém digno de seu amor.  
E assim vivia entre suspiros e lágrimas, totalmente voltada para o objetivo de encontrar o seu amado amor.
Durante muito tempo procurou na multidão e nos anúncios de namoros que saiam nas revistas tentou muitos, entrava em contato mas tudo em vão.  
Passou tantos anos nessa função que estava mais para uma mulher “madura” do que para uma inocente jovem romântica. 
Atravessou o país algumas vezes para conhecer seu “príncipe”, porém era só decepção, eram todos uma enganação ao vivo e a cores conforme costumava dizer para as amigas. E quando achava que havia encontrado algum depois de algumas horas de avaliação, Deusalina pegava a sua mala e voltava cabisbaixa para o seu canto e desencanto. Depois passava meses entre lágrimas d e tristeza e desolação até o próximo que encontrava.
Até que um dia, nossa amiga romântica, durante um voo de visita aos Lençóis  Maranhenses aproveitando um período merecido de férias, conheceu o que ela passou a chamar de “amordaminhavida”. Quanto mais se conheciam mais crescia aquele amor perfeito.
 El Cid, escrito assim mesmo,  era seu nome de batismo. Homem discreto, respeitador, cavaleiro, também romântico e perfeito. 
Maduro e bem humorado. Um príncipe. Na verdade, um achado.
Passaram as férias se conhecendo e loucamente se apaixonaram um pelo outro, afinal eram espelhos e como Narcisos deram-se as mãos e correram em busca da Felicidade sem mais delongas.  Depois de um mês de férias juntos voltaram a vida real e aos seu trabalhos, mas o jantar era sempre juntos em seu apartamento ou algum bom restaurante para brindarem mais um dia de Felicidade juntos. 
Os dois totalmente enamorados, diante de velas e vinho ao som das grandes orquestras famosas em todas as épocas. Musica de baile. Dançavam e se amavam mergulhados um nos olhos do outro.
Mas é preciso que se diga que desde o primeiro dia, no avião ainda, El Cid tirou do bolso uma pequena barra de chocolate Diamante Negro e estendeu a ela que maravilhada ficou com aquele singelo mimo entre os dedos respirando fundo com os olhos marejados.                           E a partir dali aquele se tornou um signo para o amor dos dois.  A “barrinha” de chocolate. Guardava com carinho todas as embalagens dentro de um livro de poesias.
Ao retirar o papel percebeu que haviam cinco quadros de chocolate.  Ela a partiu então em duas partes entregando dois quadrinhos para ele e ficando com três quadrinhos.
E pelos dias que se seguiram ele sempre entregava uma “barrinha” de chocolate depois do jantar  que ela partia em dois, ficava com três quadradinhos entregando a ele os outros dois .
Depois de alguns meses daquele ritual, certo dia jantando num restaurante elegante, ele estendeu a “barrinha” de chocolate Diamante Negro sobre a mesa mas não entregou a ela, deixou na lateral entre eles. Jantaram conversaram e até dançaram e quando voltaram a mesa e tomaram o ultimo gole do vinho ela estendeu a mão para pegar o chocolate para dividir com ele, como sempre fazia, mas ele o alcançou antes dela não a permitindo fazer o de sempre.
Calmamente ele retirou a embalagem olhando bem dentro dos seus olhos e entregou a ela dois quadradinhos do chocolate, colocando na boa os seus dois ficando com o último na mão.
Quem a olhasse naquele momento viria nitidamente a decepção dela.
“Então ele não é perfeito como eu pensava, fui enganada, oh céus que decepção!!!!”
Ele se manteve sério só observando aquela mulher que estava diante de si com os olhos marejados e que até ali havia vivido um grande e perfeito amor...
Daí ele tomou da faca e dividiu o quadradinho em dois triângulos e ofereceu um a ela que raivosa se levantou e foi embora deixando-o ali perplexo.
Logo depois ela escrevia para a amiga no WZ.

“Querida amiga, por conta dessas feministas desalmadas de hoje em dia não se encontra mais homens perfeitos. Não abrem mão de nada por nós, agora é só igualdade, igualdade, igualdade...”

domingo, 24 de julho de 2016

Do Baú..

                                                              Do Baú
 Num dia qualquer de um tempo que se perdeu, revirando papeis e quinquilharias dentro de um velho Baú esquecido no porão encontrei coisas muito interessantes entre escritos e muitos guardados. 
Para alguém que está entediada num dia de chuva e frio foi um achado.
Revirar aquelas coisas todas me fez voltar no tempo e trazer à tona lembranças e momentos de saudade.
O baú não era meu e a casa era recém alugada, mas não sei porque naquele momento senti reviver alguns momentos da minha vida. Acho que as nossas são as lembranças de todos.
Um impulso maior me faz continuar a remexer...
Afastando folhas secas e flores murchas, fitas puídas e rendas desbotadas, um chapéu de festa todo amassado, vejo brotar maços de cartas amareladas pelo tempo de letras desenhadas e marcas de batom. 
As letras desenhadas com esmero e graça fazem arabescos nas doces frases de poemas antigos. Tudo exala perfume de flor e formas desbotadas de cor.
Continuo a vasculhar aquela mistura de saudade e lembranças e me deparo com uma chave enferrujada, de alguma fechadura desconhecida. 
Paro para observá-la entre os dedos e não consigo imaginar de onde possa ter vindo, talvez de outro baú ou uma porta secreta. Quem sabe até a tenham guardado simplesmente porque a acharam bonita. Trazia uma fita de veludo negra que se destacava na parte superior onde se via dois corações entrelaçados. Realmente não fazia a menor ideia de onde ela fechava e abria.
Já houve um tempo que era comum se guardar lembranças, mechas de cabelos, dentes de crianças, vestidos de comunhão, de casamento e batizado em rendas fitas e bordados para futuramente vestir um outro descendente em algum momento especial... 
E não acabava mais de tirar coisas daquele baú mofado.
O primeiro sapatinho, papel de bombom cor de rosa, uma flor “sempre-viva” dentro de um livro de poesias com dedicatória, reafirmando juras de amor pela eternidade, objetos que marcaram momentos inesquecíveis, naqueles tempos de sótãos e porões. Hoje não se tem espaço físico nem ao redor de nós mesmos. Moramos em cubículos num exercício muito nobre de despojamento e desprendimento. Precisamos viver só com o essencial.
Revirando mais um pouco o velho Baú de guardados, encontro um pequeno Missal de capa em Madrepérola da primeira Comunhão de alguém, junto de uma longa vela branca que trazia na base um babado de renda.
Algumas fotos me prenderam a atenção por uns momentos como se eu fosse reconhecer aquelas velhas pessoas tristonhas. Lembranças de crianças numa praia, outras de festas com pouca luz e pessoas taciturnas, casamentos, batizados e um velório, sim um velório. Tudo em P&B., na verdade Sépia de tão antigas.
Quanto mais remexo mais trago a memória do tempo, uma memória que não é minha mas faz conexão com as minhas lembranças e sinto uma saudade doida e profunda de um tempo que não volta mais, estranho não é?
Uma caixa de madeira perfumada me chama a atenção. A tomo nas mãos e me dou conta de que um dia ela guardou sabonetes de Odor de Rosas, hoje guarda uma velha coleção de Santinhos de Igreja... Fechei os olhos e senti o perfume impregnado na madeira penetrar pelas narinas do tempo. Já tive uma caixinha daquelas...
Observo com mais atenção e avalio aqueles “cromos” por um tempo e me dou conta de que não existem mais “santos” nos tempos atuais, por que será?
Morreram todos e ficaram para nós suas histórias de milagres e santidade. Não foram renovados e nem substituídos ao longo do tempo.
Fico pensando e me perguntando aqui com meu colar de Pérolas autênticas que encontrei entre os guardados também:
Isso é bom ou é ruim para a humanidade? Não se fazem mais santos como antigamente! E porque não se fazem, o que mudou na santidade, no céu ou na terra?
Talvez porque todo mundo esteja muito ocupado hoje em dia e santidade demanda tempo, meditação e muita disponibilidade para se doar inteiro em épocas de correrias.
Como agiria um “santo vivo” em dias de hoje, teria uma página no FB e um grupo no WZ?
Oh céus!!!!
Guardei o colar correndo, fechei o Baú e sai do porão rapidinho.
Melhor ir tomar um café... tá servido?
                                            

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Sol, o Majestoso, onde estás tu?

                                           Sol, o Majestoso, onde estás tu?
Cadê esse cara que está ficando igual caviar, eu só ouço falar... ?
Gente, eu não sei vocês, mas eu não sobrevivo sem o sol.
Não conseguiria jamais morar naqueles países onde a neblina o frio e a sombra predominam a maior parte do tempo e dos anos que se seguem.
Por hora já estamos ha mais de 10 dias sob neblina intensa, nevoeiro, cerração ou o nome que o valha. Isso me causa uma tristeza profunda, um mau humor tenebroso e minhas dores se intensificam. Não seria nunca a Branca de Neve, ou aquela outra, a Elza. Sinto frio só de olhar...
Em dias de sol, saio de dentro das minhas poucas paredes e esqueço que tenho um esqueletinho de segunda que não suporta o peso das minhas carnes, nem tão fartas assim.
Daí que sinto frio no corpo e na alma e vou me encolhendo, me compactando e quase viro um chip, apenas com informações sem importância e pouco volume físico.
Para mim é muito difícil passar o inverno aqui no sul. Quando não é aquele dilúvio constante é essa camada de matéria sutil, inútil e sem brilho e muito úmida a cobrir tudo.
Ontem saí as 11 da manhã para ir ao dentista, ainda com o tempo fechado, porém querendo abrir e a secretária dele me falou que ao atravessar a ponte pela manhã não conseguia visualizar a ponte ao lado tão fechado estava de cerração.
A Ilha e parte do continente têm desaparecido por estes dias sob intensa bruma e os aeroportos vivem fechados boa parte do dia ou só operam por instrumentos.
Quéquéissomeupovo?

Estou aceitando que me enviem ♫♪ “para onde tenha sol, é pra La que eu vou...♫ com todas as despesas pagas é claro...