sábado, 14 de dezembro de 2013

Pensando na morte da bezerra

Pensando na morte da bezerra...

Por estar de mudança, leia-se muito trabalho braçal, nada intelectual, quando consigo sentar fico pensando só com meio cérebro e acabo pensando inutilidades.
Por exemplo me dei conta que a última coisa, o menos provável, que se coloca numa prateleira são realmente pratos.
Assim como a palavra escada que me dei conta ser estranhíssima.
Como assim, escada? Ela era uma "cada" de alguém e agora é uma "ex"?
E a "escola", me parece o mesmo caso ou pelo menos um caso parecido.
De onde veio a palavra xicara ou seria chicara?
 E "relógio"? Re- elogio, porque refazer o elogio tem a ver com o tempo marcado?
Também tem o lance da cama e do leito (?) Que casal mais estranho, será que eles fizeram um pacto de separação de corpos?
zingzingzing o cérebro está tilintando... vou trabalhar que é melhor...

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O Radinho de Pilha

O Radinho de pilha
Certa vez achei na internet um concurso para uma rádio alemã onde passava um programa em português (de Portugal). Como quem me conhece sabe que sou metida, entrei no concurso que perguntava: " Escreva o quanto o Rádio é importante para você". Bom; como o meu cérebro trabalha numa outra rotação eu entendi que eles pediam um tipo de crônica e escrevi o que segue abaixo achando que poderiam usar a idéia para uma rádio-novela (não sei da onde tirei isso).
Recebi no final do concurso alguns brindes de participação, inclusive um CD do programa, por sinal bem monótono, que foi ao ar, onde leram uma infinidade de simples depoimentos daqueles que afirmavam que "dormem e acordam com o rádio ligado, fazem jardinagem com o rádio ligado, etc. Ou seja; Nada a ver com os escritos que mandei.
Um tando sem jeito com o meu "mau jeito", agradeci o brinde e me desculpei por ter entendido errado e a pessoa me retornou achando que possivelmente aproveitariam a minha idéia, já que até ali "nunca tinham pensado nisso", ou seja; em fazer uma radio-novela (!?).
Então ai vai a história simples, mas verossímel (já que empregada doméstica que se preze trabalha ouvindo o rádio), que enviei para o concurso do outro lado do mundo, onde não fazem a menor idéia de como são ainda a maioria das empregadas domésticas no Brasil.
Na verdade muitas se tornam "parentes", tal o grau de intimidade com os patrões.
O Rádio
O telefone toca quando a manhã já vai pelo meio; Helena corre atender:
-Antônia, é você?
-Sou eu, dona Helena, a Antônia.
-O que ouve?-Helena sente passar um tremor de aflição. Antônia era daquelas pessoas que falam lentamente demais; aliais, todo o seu jeito de ser era lento. E com uma calma desesperadora ela continuou:
- É que eu estou lhe avisando que eu acho que não vou trabalhar hoje... -Falou uma voz lenta e gaguejante.- Dona Helena mais aflita ainda:
-Não?! E por que não? O que houve? Você não me parece muito bem...não está falando normal comigo...parece trêmula, sua voz está trêmula e gaga, o que foi?
-Sabe o que é dona Helena? Eu quebrei o rádio...
-O rádio?! Aquele osso do braço que fica do lado daquele outro, que se não me engano se chama... Úmero, ou úmer?... Ou como é mesmo? Não é a tíbia? Ai, por que faltei às minhas aulas de biologia... Sei lá qualquer um serve, onde você está ?
-Não sei do que a senhora está falando não dona Helena... mas ele quebrou quando caiu do braço, sim, caiu do meu braço quando eu desci do ônibus, bem na calçada.
A voz cada vez parecia mais lenta, baixa até um tanto mais triste. Helena não conseguia pensar direito, tanto para fazer e justamente hoje, que receberia convidados para um jantar a Antônia não vem, e ainda por cima quebra o braço!
-Você caiu do ônibus e quebrou o braço, e agora está sendo atendida no pronto socorro, é isto Antônia? Nem me fale uma coisa dessas! Isso tinha que acontecer justamente hoje? Venha para cá correndo, pelo amor de Maria! Com o outro braço ainda dá para fazer alguma coisa, depois a gente vê.
-Não, dona Helena; Eu nem sei do que a senhora está falando não, mas eu não vou porque eu quebrei o meu “radinho” de pilhas... E sem ele eu não consigo trabalhar...
-Ah, graças! Foi só o radinho... Claro que sabe Antônia! Como não sabe trabalhar sem rádio? Quem é que não sabe trabalhar sem um radio tocando qualquer coisa?!
-Ah, dona Helena, eu não sei, o rádio vai dando a hora e vai falando as notícias, o tempo, o locutor vai falando, falando e eu vou fazendo o meu serviço “marcadinho” pelo rádio. Quando eu vejo, já está tudo pronto e o serviço esta acabado. Até a roupa, eu passo mais ligeiro se estiver ouvindo o rádio, a senhora sabe, não sabe?
-Venha já trabalhar, Antônia! Você tem um contrato de trabalho e tem que fazer a sua parte; Além do mais, se for mesmo como você está me dizendo, que não consegue trabalhar sem rádio, ligue o “aparelho de som” da sala, faça o que tem para fazer que hoje temos visitas para jantar, se bem que não é bom você mexer naquele “aparelho de som”, pois o Inácio e o Jonas não irão gostar, mas devido às circunstâncias, eu hoje assumo a responsabilidade.
-Mas...
-Sem mais, nem meio mais Antônia! Venha correndo, pois já perdemos meio-dia!
-Sabe o que é dona Helena, eu estou esperando que o técnico conserte o meu rádio, assim que ficar pronto eu vou.
-Venha agora, Antonia! Há muito que fazer, já estou sentindo a pressão subir... estou começando a ficar com palpitação... Ai meu coração! Antôniaaaaaaa!!!
E a voz lenta e pausada de Antônia, acostumada com os destemperos da patroa continuou sem perder o controle;
-Faz aquele chá que eu sempre faço quando a senhora fica nervosa que passa, eu já vou, fique calma, estou aqui desde cedo desde que abriu a loja, pois eu nem dormi direito, agora só saio daqui com o meu rádio consertado, a senhora vai ter que ter paciência...
-Antônia! Eu vou ter é um ataque cardíaco! Eu não vou conseguir sobreviver até a hora do jantar sem você aqui do meu lado, venha já! Eu lhe dou de presente no Natal um rádio de pilhas novo, eu prometo mas venha logo...
-D. Helena, o ano ainda mal começou...