sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

começo de ano à vista!

                                                          Começo de ano à vista!
É isso ai; mais um ano que se acaba e olhamos para trás para vermos quantas coisas aconteceram durante estes doze meses.
E o inevitável acontece; coisas boas e não tão boas, perdas e ganhos, momentos inigualáveis e inesquecíveis, alguns dispensáveis e se Deus quiser esquecíveis.
Fiz viagens deliciosas encontrei e reencontrei pessoas queridas, muitas risadas, alguns sorrisos, algumas lágrimas...
Li bons livros, assisti filmes interessantes convivi com pessoas diversas e aprendi muito.
Tive o prazer de ver mais um livro meu na praça, além de saber de boas vendas dos outros.
Uma separação. Sim, o reencontro não durou tantos anos quanto esperávamos.Estou solitária novamente, mas valeu cada momento, cada minuto a dois. Apenas acabou. Foi bom enquanto durou, fica fazendo parte do passado novamente, da segunda chance de um passado cada vez mais longe.
O bom quando um ano acaba é olhar para trás e ver que os bons momentos foram em maior quantidade do que os não tão bons, nem mortes na família houve este ano.
Num cômputo geral foi muiiiiiiiiiiito bom o ano de 2012.
E que venha 2013 para melhores momentos e realizações.
O mesmo desejo a todos vocês que me leem extensivo às suas famílias e entes queridos.
Um brinde ao Ano de 2013!!!!

domingo, 23 de dezembro de 2012

A Pedra do Amor

                                                                  A Pedra do Amor
Havia uma comunidade muito pobre e muito triste carecendo de tudo aquilo que um ser humano necessita.
Certa noite muito fria, uma luz semelhante a um cometa desceu até eles e ficou clareando cada cantinho daquele lugar tristonho e sombrio, iluminando cada casinha humilde.
Passado alguns momentos a luz se transformou num anjo muito bonito, de asas brancas que pareciam iluminadas tão brancas eram.
O anjo desceu ao chão e se dirigiu a uma das portas. Na verdade era uma casinha bem pequena, só um cômodo onde uma senhora cuidava de duas crianças deficientes.
O anjo ao entrar iluminou todo o cômodo com a sua luz e num canto pode ver um menino maior e um menor sobre uma cama como se fossem trapos humanos, tantas eram as deformidades.
Se aproximou e colocou na mão do menino maior uma pedra do mais puro cristal já visto e lhe disse:
- Esta pedra é amor cristalizado. Em todo lugar que ela estiver espalhando o seu brilho haverá uma mudança total. As pessoas se amarão e se cuidarão, o mundo não terá mais violência e o sofrimento será banido.
Dito isto o anjo sumiu como uma bolha de sabão.
Quando o dia clareou a senhora cuidadora acordou e viu que os dois meninos estavam curados e perfeitos.
Dali ela saiu correndo a contar para os vizinhos o acontecido que o menino maior passou a relatar enquanto exibia a pedra de cristal.
Muitos quiseram tocar a pedra e foram também tocados pelas suas melhoras e curas, foram
tocados pelo amor. Alguns não quiseram e permaneceram como estavam.
Os que se modificaram foram trabalhar e estudar muito contentes e felizes.
Assim aquela comunidade aprendeu que a felicidade depende do amor que Jesus ensinou e foram muito felizes.

sábado, 22 de dezembro de 2012

A boneca

                                                             A boneca
A menina queria porque queria uma boneca que cantasse uma cantiga. De tanto pedir, a madrinha resolveu fazer a vontade da menina e lhe deu uma boneca que ao segurar as mãozinhas ela catava:
                                     ♪♫“Ciranda cirandinha, vamos todos cirandar.
                                                 Vamos dar a meia volta,
                                                  volta e meia vamos dar”♫♫♪♪...

E por vários anos aquele foi o brinquedo favorito da menina que cresceu e resolveu guardar a boneca.
Costumava dizer que era para quando tivesse uma filha, daria para ela a boneca mais
querida que ela teve.
E assim passaram-se os anos e a boneca desbotada e arrepiada permanecia esquecida em cima do forro de madeira da casa empoeirando-se diariamente.
Certa noite, todos dormiam e de repente começou a se ouvir uma voz de criança meio rouca meio estranha que alvoroçou a casa toda, todo mundo acordou, levantou e não sabiam de onde vinham aqueles murmúrios que mais pareciam vir das profundezas.
Todos os celulares foram conferidos várias vezes e nada, e a voz cavernosa continuava a resmungar causando arrepios. A avó deu início a uma corrente de orações, enquanto a irmã mais moça chorava baixinho.
Foi quando o pai resolveu subir ao forro da casa e se deparou com a boneca dando os últimos gemidos. Desceu carregando a boneca cantora com tanto ódio que pegou a boneca pelas pernas e bateu com ela na mesa espalhando seus pedaços pela sala.
Por alguns momentos ninguém moveu um músculo até que a outra irmã, perguntou:
- Papai, porque não tirou somente a pilha? Não precisava dar uma surra nela, ela não sabe o que faz!?

Esta eu ouvi hoje dentro do ônibus quando três mocinhas divertidas, sentadas atrás de mim, contavam casos acontecidos com elas. Adorei!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O Tempo e os caminhos

                                                          O Tempo e os caminhos
Ah se o tempo voltasse e fizéssemos diferente, tomássemos outro caminho totalmente diferente
desse em que trilhamos agora.
Como estaríamos agora, qual seria o caminho que estaríamos trilhando?
É engraçado pensar assim, não conseguimos imaginar qual seria a diferença, o que estaria diferente.
Acho que desde que o mundo é mundo paira essa curiosidade na cabeça das pessoas.
E se tivéssemos tomado outro caminho? Com certeza teríamos entrado em outras lojas, conversado e cumprimentado outras pessoas, estaríamos calçando outros sapatos e vestindo outras roupas. Como seria? E nossas conversas, teriam outros temas, haveriam outras discussões, agora por exemplo ouvi um vídeo em que um escritor define a Utopia como algo semelhante ao horizonte, quando nunca o alcançaremos mas tem a utilidade de nos fazer caminhar. Belo!
Não o teria ouvido hoje e nem talvez nunca, pois a pessoa que me enviou o vídeo o conheci em um momento especial e em circunstancias especiais, através de outra pessoa que também conheci por que tomei uma decisão um dia, então também não teria a oportunidade de conhece-lo.
Assim é este meu pensamento não serve para nada apenas para exercitar o pensamento.
E os demais momentos em que interagimos com outras pessoas, se tivéssemos tomado outro caminho seriam outras pessoas, outros assuntos outras histórias de vida...
Isso fica bailando na mente se intercalando com a realidade, porém o dia que pensámos em retomar o caminho de um determinado ponto, numa determinada bifurcação tentamos mas descobrimos que realmente aquele não era o caminho certo, se é que sabemos qual é o caminho certo a tomar. E volta tudo novamente...
Como seria se não tivesse retomado aquele cruzamento, aquela bifurcação, como estaríamos agora...
Interessante pensar nisso...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

As cores do Natal

                                                         As cores do Natal
Para mim Natal é aniversário de Jesus e para festejar, as melhores cores são verde, vermelho e o dourado como complemento.
Não tem essa de Natal azul, papai-noel azul, arvore branca com bolas brancas e prateadas, tudo bege com ferrugem, neve de algodão na árvore, Peru à Califórnia, Tender à moda americana coberto de caramelo e cravo da índia, e sei lá mais o que.
O que menos penso no Natal é em comer e muito menos beber. As comidas do Natal são cheirosas,  mas acho enjoativas, muito rebuscadas e cheias de recheios e couros dourados que até parecem plastificados. Os doces já fazem parte de outro território tirando o panetone, e principalmente o panetone com sorvete, onde já se viu comer pão molhado?
Também não gosto da OBRIGAÇÃO de dar presentes. Eu adoro dar e ganhar presentes, porém tudo tem de ser espontâneo. A gente vê alguma coisa e se lembra de alguém em especial, dai pensa:  --“vou dar isso de presente de Natal para fulana (o)”-
Senão, vão sobrar presentes sem expressão, como meias, gravatas e abridores de garrafa ou par de meias finas, creme para mãos do 1,99 (sem procedência) e chinelinhos de bolinhas, anjinhos cheios de gliter.
Não, o melhor e mais elegante é o best- seller do momento, um vale compras da Victória Secret’s, um bom vinho importado datado com safra e tudo, passagens para paraisos ou cruzeiros de navio e por ai vão as delicadezas de cada um.
Isso é o que eu gostaria de oferecer a algumas “amigas secretas”, mas também estou na lista das “coisinhas” “para não passar em branco”, afinal a super- mega sena da virada só corre depois de fechada as compras da festa, dai não dá né?

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Feliz Natal de antigamente.

                                                             Feliz Natal de antigamente
Quem tem mais de sessenta como eu, já teve, comemorou, ou não, o mesmo tanto de natais, e posso lhes garantir que nem todos foram maravilhosos e aqui estou falando dos meus natais.
Mas hoje vou falar dos meus bons natais, os que passei, na casa da avó Aída na casa da Agronômica, nome do bairro como a chamávamos.
Ah, que cheiro bom, não havia profusão de presentes, geralmente eu ganhava um brinquedo e dois cortes de tecido para fazer vestidos, mas o ambiente, as risadas, a alegria natural, sem bebidas é que faziam o diferencial. A meia noite todos se abraçavam desejando um Feliz Natal e no reveillon tudo se repetia, dai na minha casa, pois minha avó só teve dois filhos, meu pai e minha tia com quem ela morava.
Muita conversa desafios intelectuais protagonizados pelos mais velhos e artes elaboradas por mim e meu primo Edison faziam das noites de Natal, para mim, inesquecíveis.
Bons tempos aqueles, em que não sabemos de nada ainda da vida e achamos que sabemos tudo ou pelo menos sabemos o necessário. Ninguém nos cobra nada além de um bom comportamento.
Das comidas não me lembro, mas lembro de que gostava dos doces e de tomar guaraná com canudinho de palha cujo sabor era outro, com certeza, pois naqueles tempos refrigerante era para grandes ocasiões.
E a volta para casa eu ia adormecida e carregada nos braços pelo irmão mais velho, pois voltávamos a pé para casa, não tínhamos carro e ônibus só trafegava até as 10 da noite.
Sim, gostava mais dos natais da minha infância.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Ladrão Inconformado

                                                 Ladrão inconformado por ter sido roubado.
http://www.youtube.com/watch?v=SVjU5LNX9N8
Acabei de receber um email com esse endereço do Yotube e fiquei abismada.
Um ladrão parou com um carrão em frente a uma farmácia e enquanto ele assaltava a farmácia outro ladrão roubou o carro dele. Indignado ele foi até a policia fazer um BO, além de dar um depoimento quase em lágrimas para o jornalista que registrou todo o ocorrido.
A indignação dele era porque ele havia roubado aquele carro na noite anterior, e que “ele era novinho” na mão dele, onde já se viu, não se pode nem ser ladrão hoje em dia...
Dai fiquei pensando; ora que coisa, dá para sentir a sincera indignação do bandido ao se  sentir roubado. Ele nunca se deu ao trabalho de imaginar o que sentem as pessoas vítimas dele. Era uma boa hora para ele ser educado e despertar nele a tão necessária empatia, sentimento tão importante que o ser humano precisa exercitar para poder viver socialmente.
Dá tristeza ao se dar conta de que se pelo menos a maioria desses bandidos tivesse tido uma educação básica naquilo que não devemos fazer aos outros,  aquilo que não queremos para nós, o mundo estaria num período menos violento.
Fiquei triste ao deparar que por tão pouco viveríamos num mundo bem melhor.
E de quem é a culpa? Se é que alguém especificamente tem culpa.

Entre cravos e espinhas

                                                                 Entre cravos e espinhas.
Mari Delza se aproximou bem do espelho para examinar minuciosamente os cravos e espinhas que cobriam o seu rosto adolescente que parecia mais um céu estrelado tantos eram os pontos e protuberâncias sobrando pouco espaço para os olhos, nariz e boca.
-Mâeeeeeeeeeeeeeeeee!!!
-O que foi Mari Delza?!
-Mais quatro, nasceram mais quatro espinhas, eu não aguento mais quero morrer! Quero morrer! Quero morrerrrr... Snif, snif, snif...
Choramingou a garota abraçada à mãe que tentava consola-la porém já não sabia mais como fazer. Era choro e desespero dia e noite. Mari Delza não queria ir mais para a escola e passear nem pensar e quanto mais resistia mais perebas apareciam e agora espalhavam-se pelas costas também.
A mãe desconsolada levou-a ao médico e lá voltaram com várias receitas dietas e recomendações. O tempo passou e Mari Delza foi se livrando dos cravos e espinhas até o dia em que se viu livre daquilo tudo e se tornou uma linda mulher, porém muito vaidosa, começou a colorir o cabelo, fazer cortes estranhos,  colocar piercing para todo lado, alargador nas orelhas e um dia chegou em casa com uma enorme tatuagem nas costas, era quase uma ilustração de uma livro antigo. Apesar de só estar esboçado dava para ver que era serviço para muitas seções.
E lá continuou vivendo suas experiências de vida a garota rebelde e “descolada”, chamada Mari Delza.
Certo dia comprou uma guitarra e resolveu que iria formar uma banda e foi o que fez, e dai que apesar de nunca ter tocado nenhum instrumento musical foi logo fazendo sucesso com seus gritos ora graves ora agudos, suas roupas extravagantes que mais pareciam trapos coloridos, seus adereços pelo corpo, seu cabelo exótico e maquiagem forte.
Mari Delza passou por todos os dramas da juventude e acabou se dando bem na vida mesmo sofrendo muito na fase entre cravos e espinhas.
Afinal para fazer sucesso não é apenas dar sorte é se tornar um vencedor na categoria “pequenos problemas do dia a dia”.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Cada vez é sempre uma nova vez.

                                                          Cada vez é sempre uma nova vez.
É já sai da praia e voltei para o centro da cidade. Cada casa tem o seu charme, o seu conforto. Gosto das duas , porém a do centro nos possibilita passear mais, visitar e ser mais visitados. Na praia ficamos mais isolados e ainda mais sem internet ficamos mais isolados ainda em época da globalização propiciada pela internet.
Hoje acordei triste, sorumbática (essa era usual da minha mãe) daquelas tristezas inexplicáveis, daquelas profundas, não sei de onde ela veio e nem onde fui busca-la, apenas quero passar o dia na paz e na calma.
Olho para fora e o sol foi para algum lugar mais animado, a chuva só ameaça, por enquanto o vento sul sopra ela para longe.
Para piorar, o jornal constante só dá notícias pouco ou nada agradáveis. E o dia se escorrega lentamente para o nada, nada importante para se fazer, ou ver, ou ler, nada.
Agora já é de tarde e o sol se pôs deixando uma garoa fina em seu lugar junto de um calor de verão, abafado.  Passei a tarde conversando com minhas irmãs, mas a chateação não foi embora.
Fim de mais um dia cinza, nada mais.
 

domingo, 2 de dezembro de 2012

O Radio de pilhas

O Radio de pilha
Certa vez achei na internet um concurso para uma rádio alemã (DeustscheWelle) onde passava um programa em português (de Portugal).
Como quem me conhece sabe que sou metida, entrei no concurso que perguntava: " Escreva o quanto o Rádio é importante para você". Bom; como o meu cérebro trabalha numa outra rotação eu entendi que eles pediam um tipo de crônica e escrevi o que segue abaixo achando que poderiam usar a idéia para uma rádio-novela (não sei da onde tirei isso). Recebi no final do concurso alguns brindes de participação, inclusive um CD do programa que foi ao ar, onde leram uma infinidade de simples depoimentos daqueles que afirmavam que "dormem e acordam com o rádio ligado, fazem jardinagem com o rádio ligado, etc. Ou seja; Nada a ver com os escritos que mandei.
Um tando sem jeito com o meu "mau jeito", agradeci o brinde e me desculpei por ter entendido errado e a pessoa me retornou achando que possivelmente aproveitariam a minha idéia, já que até ali "nunca tinham pensado nisso", ou seja; em fazer uma radio-novela (!?).
Então ai vai a história simples, mas verossímel (já que empregada doméstica que se preze trabalha ouvindo o rádio), que enviei para o concurso do outro lado do mundo, onde não fazem a menor idéia de como são ainda, a maioria das empregadas domésticas no Brasil. Na verdade muitas se tornam "parentes", tal o grau de intimidade com os patrões.

O Rádio de pilhas
O telefone toca quando a manhã já vai pelo meio; Helena corre atender:
-Antônia, é você?
-Sou eu, dona Helena, a Antônia.
-O que ouve? Helena sente passar um tremor de aflição. Antônia era daquelas pessoas que falam lentamente demais; aliais, todo o seu jeito de ser era lento. E com uma calma desesperadora ela continuou:
- É que eu estou lhe avisando que eu acho que não vou trabalhar hoje...
Falou uma voz lenta e gaguejante. Dona Helena mais aflita ainda:
-Não?! E por que não? O que houve? Você não me parece muito bem...não está falando normal comigo...parece trêmula, sua voz está trêmula e gaga, o que foi?
-Sabe o que é dona Helena? Eu quebrei o rádio...
 -O rádio?! Aquele osso do braço que fica do lado daquele outro, que se não me engano se chama... Úmero, ou úmer?... Ou como é mesmo? Não é a tíbia? Ai, por que faltei às minhas aulas de biologia... Sei lá qualquer um serve, onde você está ?
 -Não sei do que a senhora está falando não dona Helena... mas ele quebrou quando caiu do braço, sim. Caiu do meu braço quando eu desci do ônibus, bem na calçada.
A voz cada vez parecia mais lenta, baixa até um tanto mais triste. Helena não conseguia pensar direito, tanto para fazer e justamente hoje, que receberia convidados para um jantar a Antônia não vem, e ainda por cima quebra o braço!
-Você caiu do ônibus e quebrou o braço, e agora está sendo atendida no pronto socorro, é isto Antônia? Nem me fale uma coisa dessas! Isso tinha que acontecer justamente hoje? Venha para cá correndo, pelo amor de Maria! Com o outro braço ainda dá para fazer alguma coisa, depois a gente vê.
-Não, dona Helena; Eu nem sei do que a senhora está falando não, mas eu não vou porque eu quebrei o meu “radinho” de pilhas... E sem ele eu não consigo trabalhar...
-Ah, graças! Foi só o radinho... Claro que sabe Antônia! Como não sabe trabalhar sem rádio? Quem é que não sabe trabalhar sem um radio tocando qualquer coisa?!
- Ah, dona Helena, eu não sei, o rádio vai dando a hora e vai falando as notícias, o tempo, o locutor vai falando, falando e eu vou fazendo o meu serviço “marcadinho” pelo rádio. Quando eu vejo, já está tudo pronto e o serviço esta acabado. Até a roupa, eu passo mais ligeiro se estiver ouvindo o rádio, a senhora sabe, não sabe?
-Venha já trabalhar, Antônia! Você tem um contrato de trabalho e tem que fazer a sua parte; Além do mais, se for mesmo como você está me dizendo, que não consegue trabalhar sem rádio, ligue o “aparelho de som” da sala, faça o que tem para fazer que hoje temos visitas para jantar. Se bem que não é bom você mexer naquele “aparelho de som”, pois o Inácio e o Jonas não irão gostar, mas devido às circunstâncias, eu hoje assumo a responsabilidade.
-Mas...
-Sem mais, nem meio mais Antônia! Venha correndo, pois já perdemos meio-dia!
-Sabe o que é dona Helena, eu estou esperando que o técnico conserte o meu rádio, assim que ficar pronto eu vou.
-Venha agora, Antonia! Há muito que fazer, já estou sentindo a pressão subir... estou começando a ficar com palpitação... Ai meu coração! Antôniaaaaaaa!!! E a voz lenta e pausada de Antônia, acostumada com os destemperos da patroa continuou sem perder o controle;-Faz aquele chá que eu sempre faço quando a senhora fica nervosa que passa, eu já vou, fique calma, estou aqui desde cedo desde que abriu a loja pois eu nem dormi direito, agora só saio daqui com o meu rádio consertado, a senhora vai ter que ter paciência...
-Antônia! Eu vou ter é um ataque cardíaco! Eu não vou conseguir sobreviver até a hora do jantar sem você aqui do meu lado, venha já! Eu lhe dou de presente no Natal um rádio de pilhas novo, eu prometo mas venha logo...
-D. Helena, o ano ainda mal começou...

(Este foi postado em 2008)