domingo, 28 de dezembro de 2008

Haroldo, o gato

Meu neto é um gato! Muitas pessoas elegem o cão como o melhor amigo. Mas posso garantir que bichanos fofos também o são. Tenho seis netos crianças de várias idades desde adolescente como a Bruna e a Laura, depois os meninos Gustavo e Pedro e por último nasceram Ana Flora e Ana Júlia com 3 e 1 ano e meio. Todos lindos, amorosos e muitos fofos. Sou suspeita, pois como toda avó é mãe duas vezes, sou coruja duas vezes também. Adoro-os, mas o que me fez escrever minha história foi o carinho que tenho por um gato (de verdade) que também considero meu neto o Haroldo. Ele é um gato fofíssimo literalmente. É amarelo, peludo, de olhos cor de mel e muito dengoso. Minha filha Lígia, optou por não ter filhos e resolveu ter um gato. Atualmente ele deve estar com mais ou menos 8 anos de idade. Ele já é um mocinho e se comporta como tal. Come ração importada e é fascinado por uns biscoitinhos para o tártaro dos dentes que tem a capacidade de tirá-lo de onde estiver e vir correndo, só com o barulho da embalagem. Não gosta muito de visitas o que o leva a se esconder e só sai aliviado e ainda um pouco ressabiado do seu esconderijo, quando ouve a porta se fechar e a fechadura ser trancada, garantindo o não retorno da visita (!?). Como todo gato ele tem hábitos noturnos e seu esporte preferido é o futebol. Solitário é verdade, mas a simples pelada noturna lhe mantém a agilidade necessária à sua saúde física, por sinal, muito bem controlada pela sua veterinária de confiança, que o viu nascer. Haroldo tem mais dois irmãos; o Heitor (negro) e o Horácio (branco).
Mas tudo o que escrevi sobre o Haroldo foi para contar duas atitudes dele que nos dá a total dimensão da sua amizade sincera à sua dona, e a mim, sua "avó", e também acabar com esse mito de que gato é um animal egoísta e distante. Não é assim, quem tem um gato sabe do que estou falando. Certa vez, ha uns anos atrás, me deitei ao pé da cama de minha filha onde batia o sol da tarde e ali fiquei pensando na vida e me lembrando de alguns momentos não muito alegres, aliais de muita tristeza e comecei a chorar, mas qual não foi a minha surpresa ao sentir a língua áspera, que delicadamente começou a lamber a minha mão. Era o Haroldo; daí eu aprendi naquela hora que os bons amigos não são aqueles que festejam conosco, mas sim, aqueles que choram conosco. Chorei mais ainda com aquela atitude espontânea e inesperada, mas dessa vez sentindo a alegria de ver que não estava só, que um amigo me oferecia o seu “ombro amigo”. Não esqueço até hoje, o quão carinhoso foi o Haroldo naquele momento, “sentindo” a minha tristeza e oferecendo sua solidariedade. E o mais interessante é que ele, como todo gato, não é muito dado a demonstrações afetivas, só quando estimulados, mas sem excessos. Com a Lígia acontece o mesmo; ela trabalha muitas e cansativas horas no computador e quando ele percebe que por distração, ela não parou para descansar um pouco, ele sobe na mesa e deita-se literalmente sobre o teclado, obrigando-a a parar e dar-lhe um colo e um afago o que o faz ronronar com toda a alegria e ela aproveita para descansar um pouco. Ele é tão cheio de personalidade que nem mia; ele apenas olha o que ele não gosta (com desprezo às vezes) e sai de fininho. É um gentleman esse Haroldo, também miar para quê? Que coisa pequena...

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Hoje eu vou falar de Ovnis, Ufos e etc...
Eu costumo escutar pela Rádio Boa Nova, domingo as 22 horas um programa sobre discos voadores, Ufos etc. "Fenômeno Ufo". Acho muito interessante aqueles depoimentos que alguns dão pelo telefone e os casos contados pelo apresentador do programa. Acho realmente interessante.
Aí outro dia pensando naqueles "espertinhos" que se aproveitam da ingenuidade das pessoas e querem enganar até os que realmente levam o assunto a sério e contam coisas que não viram só para se promoverem, eu escrevi esta historinha bem humorada.
"Cachorro Esperto" “João do Cachorro” era conhecido na cidade por este nome porque vendia o melhor e mais conhecido “cachorro quente” da cidade, todo incrementado por molhos, acompanhamentos e de sabor muito apreciado pelos consumidores usuais. Seu ponto de comércio, um trailer adaptado para lanchonete, ficava num dos cantos da praça central, quase ao lado do único cinema da cidade. Era ponto de encontro para muitos depois do trabalho e de divertirem-se durante a noite. Antes de irem para casa as pessoas passavam lá para um sanduíche e um dedo de prosa. Pouco a pouco, suas mesinhas e cadeiras de metal, ficaram insuficientes para satisfazer a demanda. Trabalhador, com pouca instrução, mas de fértil imaginação, João do Cachorro, não se limitava a vender o famoso sanduiche, mas fazia questão de conhecer e chamar pelo nome cada freguês, fazendo assim um enorme círculo de amizades, juntando velhos conhecidos e companheiros de bate-papo, que enquanto comiam trocavam informações e opiniões de acontecimentos de todo o tipo desde política, esportes, muito futebol e assuntos que se destacavam no noticiário. No local uma pequena televisão ficava ligada o dia inteiro mantendo-o informado de todos os acontecimentos o tempo todo. Porém já havia alguns dias João do Cachorro estava inquieto, meio taciturno, pensava em fazer alguma coisa a mais para sair daquela rotina que começava por volta de seis e meia da manhã e só terminava depois da meia-noite; depois de limpar, organizar tudo e ir para casa dormir, deixando para varar a madrugada só de sexta para sábado e de sábado para domingo, quando faturava mais que o dobro dos dias de semana, mesmo trabalhando o dia todo. Mas é assim a vida de comércio; muito trabalho. A madrugada se apresentava com um céu azul marinho quase negro, totalmente estrelado naquela noite de primavera, exalando um doce perfume vindo do jardim e se misturando ao aroma que vinha do molho e especiarias do seu incrementado sanduíche. Naquele momento só uns poucos carros transitavam vagarosamente de um lado para outro levando casais e pessoas desapressadas. João saiu de trás do balcão e ficou a olhar detidamente o céu quando identificou um satélite que vagarosamente navegava naquele imenso céu emitindo para os da terra informações e talvez até aquele programinha chato e sem graça que ele ignorava na pequena TV na prateleira do fundo do trailer. Foi aí que teve a idéia! -E porque não?- Pensava. Não vai prejudicar a ninguém, pensou com um sorriso sem vergonha e despudorado, na boca de dentes miúdos. O que estaria passando por aquela cabeça? Foi quando um carro tirando-o do devaneio encostou ao seu lado fazendo-o acordar para a realidade. Deu um pulo para o alto e fez uma reverência com o melhor dos seus encantadores sorrisos de vendedor. De dentro do carro o rapaz esticou a mão para um cumprimento de “mano” encostando as costas das mãos, depois as palmas e depois de mais umas duas reviravoltas encostaram os nós dos dedos enquanto demonstravam a alegria de se verem, o cliente pediu-lhe um “completo para ele” e um “simples para a mocinha”. Isso ele saberia sem que fosse preciso falar. Os rapazes sempre comem tudo os que têm direito já as mocinhas, pegam o alimento com as pontas dos indicadores e polegares, olham para o sanduiche detidamente, levam o produto ao nariz, voltam a olhar e daí mordisca um pedacinho só para não desagradar o namorado que após comer o dele inteiro, irá respirar profundamente e comerá o sanduíche dela numa felicidade só semelhante a dos deuses, isso educadamente perguntando várias vezes; -Você não quer mesmo, tem certeza? Porque meu amor, ele está ótimo?! Ah! Como conhecia bem os seus clientes. Logo atrás deles chegaram outros e mais outros que o impediram, por força de atendê-los, de continuar divagando sobre o céu e as estrelas. Mas a grande idéia permaneceu, voltaria a pensar nela mais tarde. E foi o que aconteceu no dia seguinte logo que acordou; Ficou tão feliz com a idéia que depois de um longo banho cantando, escolheu uma camiseta nova de gola pólo e a calça jeans mais nova e foi todo contente para o trabalho. Nem parecia ser meio da semana. Quando acabava de passar o pano limpíssimo com álcool pelo balcão e mais alguns utensílios (habito que causava admiração nos usuários, tão pouco comum nestes quiosques de comida rápida) chegou o seu primeiro cliente, o rapaz que entregava o jornal da cidade desde as quatro horas da manhã e sempre contava com o sanduíche do João do Cachorro antes de voltar para as suas atividades de entregador com moto no restante do dia. -E aí “brother”?! -E aí, irmão, deixa eu te falar o que aconteceu comigo cara, nem eu tô acreditando. -E o que aconteceu? -Cara, eu estava ontem de madrugada aqui neste mesmo lugar que você está, é bem ai mesmo, olhando para o céu, quando de repente aparece um disco voador, um óvni, você acredita? -E não é? Mas como? Assim do nada? -Do nada não, cara. Um Óvni é um Óvni; deve vir de outro planeta é lógico. -E cara... Você está é vendo muito filme... -Que nada irmão, eu nunca acreditei em disco voador e agora um me aparece bem aqui perto logo ali, bem atrás da Igreja, sabe aquela torre da esquerda? Pois é, ele ficou parado um tempão, em cima dela, não um pouco mais atrás... -E aí? -Aí? E ai que ele piscou várias luzes coloridas, eu até pensei em fotografar com o meu celular, mas ele estava sem bateria e quando olhei pela praça para ver se tinha mais alguém por aqui vendo também ele deu uma volta e desapareceu atrás do muro do colégio bem atrás da igreja, assim. E estalou os dedos no ar para mostrar a velocidade do objeto. O entregador perdeu até a vontade de comer, ficou olhando ainda com cara de bobo para o João, seu amigo de tantos anos e de tantas conversas ao amanhecer, mas nunca tinha ouvido dele uma história daquelas. -Como pode uma coisa dessas João; como pode? Falava não acreditando no que ouvira. -Pois é meu. Nem eu to acreditando, ai eu olhei de novo para ver se via alguém, e como não vinha eu arrisquei e corri até o colégio e subi para olhar por cima do muro e ele estava lá no pátio, paradinho no ar há uns dois metros do chão. -Você pulou por cima do muro para dentro do colégio? E seu Rodolfo, o guarda? -E seu Rodolfo guarda alguma coisa? Ele até roncava, eu até sacudi para ele ver o disco voador, mas ele só resmungou e eu corri de volta para fechar e guardar “as minhas coisas” e ir para a casa correndo. Eu é que não ia dar bobeira e ser abduzido, eu não sou besta! -E o que mais? -Como o que mais? Quando subi no muro ele rodopiou e foi subindo depois voando de lado e depois de ré, assim como a gente vê nos filmes e até o pensamento voltar para a cabeça ele já tinha sumido de vez, acho até que ficou uma marca lá no pátio. -Marca de quê? Ele tinha pneu? -Ta “zuando” com a minha cara, ó meu? Fala sério, você não ta acreditando em mim?! Tudo bem nem eu to acreditando no que vi, mas tudo bem, esquece, só contei porque você é meu amigo, a gente se conhece desde pequenininho... -Vou pensar cara, estou achando isso meio estranho... Acabou de comer o último pedaço, jogou os guardanapos amassados e sujos na lixeira, deu partida na moto que obedeceu prontamente, acelerando várias vezes, fazendo-a pipocar mais alto ainda, e saiu voando para o outro trabalho. Enquanto recolhia a latinha de refrigerante do balcão e passava um pano limpo com álcool no local, João do Cachorro repensou a história para não se desdizer, nem fazer confusão esquecendo algum detalhe. Não passou meia hora e já foi aumentando o movimento da barraca. Os primeiros foram os dois jornalistas do único jornal da cidade e da emissora de rádio da cidade querendo saber mais detalhes do “acontecimento” principalmente porque ouviram dizer que ele tinha sido abduzido... -E aí, é verdade que você avistou um ovni atrás da igreja? Pronto; era isso o que ele queria: agitação. Durante um bom tempo e se ele tivesse sorte até a televisão iria querer saber detalhes do avistamento e quem sabe da abdução... Fim

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O Radinho de pilha

Certa vez achei na internet um concurso para uma rádio alemã onde passava um programa em português(de Portugal). Como quem me conhece sabe que sou metida, entrei no concurso que perguntava: " Escreva o quanto o Rádio é importante para você". Bom; como o meu cérebro trabalha numa outra rotação eu entendi que eles pediam um tipo de crônica e escrevi o que segue abaixo achando que poderiam usar a idéia para uma rádio-novela (não sei da onde tirei isso). Recebi no final do concurso alguns brindes de participação, inclusive um CD do programa que foi ao ar, onde leram uma infinidade de simples depoimentos daqueles que afirmavam que "dormem e acordam com o rádio ligado, fazem jardinagem com o rádio ligado, etc. Ou seja; Nada a ver com os escritos que mandei.
Um tando sem jeito com o meu "mau jeito", agradeci o brinde e me desculpei por ter entendido errado e a pessoa me retornou achando que possivelmente aproveitariam a minha idéia, já que até ali "nunca tinham pensado nisso", ou seja; em fazer uma radio-novela (!?).
Então ai vai a história simples, mas verossímel (já que empregada doméstica que se preze trabalha ouvindo o rádio), que enviei para o concurso do outro lado do mundo, onde não fazem a menor idéia de como são ainda, a maioria das empregadas domésticas no Brasil. Na verdade muitas se tornam "parentes", tal o grau de intimidade com os patrões.
O Rádio O telefone toca quando a manhã já vai pelo meio; Helena corre atender: _Antônia, é você? _Sou eu, dona Helena, a Antônia. _O que ouve? Helena sente passar um tremor de aflição. Antônia era daquelas pessoas que falam lentamente demais; aliais, todo o seu jeito de ser era lento. E com uma calma desesperadora ela continuou: _ É que eu estou lhe avisando que eu acho que não vou trabalhar hoje... Falou uma voz lenta e gaguejante. Dona Helena mais aflita ainda: _Não?! E por que não? O que houve? Você não me parece muito bem...não está falando normal comigo...parece trêmula, sua voz está trêmula e gaga, o que foi? _Sabe o que é dona Helena? Eu quebrei o rádio... _O rádio?! Aquele osso do braço que fica do lado daquele outro, que se não me engano se chama... Úmero, ou úmer?... Ou como é mesmo? Não é a tíbia? Ai, por que faltei às minhas aulas de biologia... Sei lá qualquer um serve, onde você está ? _Não sei do que a senhora está falando não dona Helena... mas ele quebrou quando caiu do braço, sim. Caiu do meu braço quando eu desci do ônibus, bem na calçada. A voz cada vez parecia mais lenta, baixa até um tanto mais triste. Helena não conseguia pensar direito, tanto para fazer e justamente hoje, que receberia convidados para um jantar a Antônia não vem, e ainda por cima quebra o braço! _Você caiu do ônibus e quebrou o braço, e agora está sendo atendida no pronto socorro, é isto Antônia? Nem me fale uma coisa dessas! Isso tinha que acontecer justamente hoje? Venha para cá correndo, pelo amor de Maria! Com o outro braço ainda dá para fazer alguma coisa, depois a gente vê. -Não, dona Helena; Eu nem sei do que a senhora está falando não, mas eu não vou porque eu quebrei o meu “radinho” de pilhas... E sem ele eu não consigo trabalhar... -Ah, graças! Foi só o radinho... Claro que sabe Antônia! Como não sabe trabalhar sem rádio? Quem é que não sabe trabalhar sem um radio tocando qualquer coisa?! - Ah, dona Helena, eu não sei, o rádio vai dando a hora e vai falando as notícias, o tempo, o locutor vai falando, falando e eu vou fazendo o meu serviço “marcadinho” pelo rádio. Quando eu vejo, já está tudo pronto e o serviço esta acabado. Até a roupa, eu passo mais ligeiro se estiver ouvindo o rádio, a senhora sabe, não sabe? -Venha já trabalhar, Antônia! Você tem um contrato de trabalho e tem que fazer a sua parte; Além do mais, se for mesmo como você está me dizendo, que não consegue trabalhar sem rádio, ligue o “aparelho de som” da sala, faça o que tem para fazer que hoje temos visitas para jantar. Se bem que não é bom você mexer naquele “aparelho de som”, pois o Inácio e o Jonas não irão gostar, mas devido às circunstâncias, eu hoje assumo a responsabilidade. -Mas... -Sem mais, nem meio mais Antônia! Venha correndo, pois já perdemos meio-dia! -Sabe o que é dona Helena, eu estou esperando que o técnico conserte o meu rádio, assim que ficar pronto eu vou. -Venha agora, Antonia! Há muito que fazer, já estou sentindo a pressão subir... estou começando a ficar com palpitação... Ai meu coração! Antôniaaaaaaa!!! E a voz lenta e pausada de Antônia, acostumada com os destemperos da patroa continuou sem perder o controle; -Faz aquele chá que eu sempre faço quando a senhora fica nervosa que passa, eu já vou, fique calma, estou aqui desde cedo desde que abriu a loja pois eu nem dormi direito, agora só saio daqui com o meu rádio consertado, a senhora vai ter que ter paciência... -Antônia! Eu vou ter é um ataque cardíaco! Eu não vou conseguir sobreviver até a hora do jantar sem você aqui do meu lado, venha já! Eu lhe dou de presente no Natal um rádio de pilhas novo, eu prometo mas venha logo... -D. Helena, o ano ainda mal começou...

sábado, 20 de dezembro de 2008

Pensamento...

O sofrimento é solitário. A dor é solitária. Por mais rodeados de pessoas que estejamos, por mais que tenhamos a solidariedade de alguém, só nós saberemos a intensidade das nossas dores.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Hoje fiquei pensando...(olha o perigo); E se Maria de Nazaré, a mãe de Jesus ( por todos os motivos que se discute hoje em dia, nesses tempos atuais, com relação ao corpo da mulher, propalado constantemente pelos meios de comunicação, "que é um direito da mulher dicidir pelo que fazer do seu corpo ou com ele, inclusive um aborto ou não, já que a mulher moderna, deve pensar primeiro nela, na vida dela e no corpo dela"), tivesse feito um aborto? Jesus não teria nascido!!! Pelo menos; não naquelas circunstâncias. Os seguidores do Espiritismo dirão: O livre-arbítrio de Maria seria respeitado, é claro, mas a missão de Jesus, preparada e programada na espiritualidade por séculos, seguiria emfrente, com certeza," escolhendo" outra mulher que quisesse agasalhar em seu ventre tamanha incumbência. Será que a maioria das mulheres imagina o tamanho da incumbência que é gerar um corpo para um espírito poder cumprir o seu roteiro de vida? Qual o roteiro de vida de cada um? Não se sabe, em princípio não nos lembramos, mas com certeza todas as encarnações são importantes, importantíssimas para a nossa evolução, para dizer o mínimo. E as mães dos grandes inventores, dos grandes mestres das artes e da literatura, as mães de todos aqueles que fizeram a diferença para a evolução da humanidade? E se elas também tivessem pensado primeiro e unicamente nelas?
É bom pensar um pouco mais além da unha do dedão do pé, nénão?
O aborto não é o descartar de um "incômodo" que aconteceu em hora errada, mas é a interrupção de um roteiro programado na maioria das vezes, durante décadas para atingir o momento certo de encontros e convivências necessárias que vão contribuir para o aprofundamento de relações imprescindíveis para evolução do espírito.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Continuando a História da "A Bicicletinha": Como se tivessem lhe dado uma paulada na cabeça, o rapaz olhava para o pacote disforme em sua mão, para frente e para os lados ainda sem saber o que fazer. Não sabia se levava a bicicletinha para a parte de cima do ônibus e a colocava ao seu lado no banco, ou se a deixava no bagageiro junto de sua mala. Afinal era uma bicicletinha de estimação, de família, tinha passado por gerações, não podia deixar que nada acontecesse com ela. Não dá para comprar outra, só em antiquário, sei lá. E agora? Deodorinho era daquelas pessoas metódicas, meticulosas, perfeccionistas, que não sabem lidar com imprevistos e esse era de bom tamanho. A conselho do motorista que assistiu tudo deixou a bicicletinha devidamente registrada com etiqueta de bagagem no bagageiro inferior, mesmo porque ele havia comprado só uma passagem e não poderia ocupar o banco do lado que deveria ser ocupado por outro passageiro. Respirou fundo e ainda aturdido entrou no ônibus, conferiu várias vezes o número do lugar com a passagem que levava na mão como se não soubesse mais ler e só então, sentou-se. Olhou pela janela e ainda viu dona Santinha abanando uma mão freneticamente enquanto a outra assoava o nariz. Retribuiu pateticamente o gesto sentindo os ouvidos zumbirem cada vez mais alto. A viagem seria longa, aproximadamente onze horas ou mais. Olhou diversas vezes o relógio sem conseguir ver as horas. Finalmente o motorista deu partida e ruidosamente o ônibus foi se deslocando para a saída da cidade em direção ao seu destino. Deodorinho ainda ficou olhando para fora, observando a noite escura por um tempo até que viu as últimas luzes da cidade ficarem cada vez mais para trás, e só aí então, fechou os olhos e dormiu. Quanto tempo, não saberia dizer, talvez uma hora, talvez uns minutos, o fato é que de repente Deodorinho pulou no banco assustado, como se o ônibus com poucos passageiros a bordo, tivesse dado um grande solavanco num daqueles imensos buracos de estrada. Parecia que seu cérebro tinha se iluminado fantasticamente com uma lucidez assustadora. Um filme começou a passar pelo seu pensamento e com olhos arregalados de pavor, ele se viu descendo do ônibus no Terminal Rodoviário do Tietê em São Paulo, que ele iria conhecer logo depois do raiar do sol daquela segunda-feira de final de novembro. Pouco antes das sete da manhã, ele estaria num lugar desconhecido e até assustador, pelo que ele tinha ouvido falar e visto pela televisão. Imaginou-se andando pelo meio daquela multidão com uma enorme e pesada mala, entulhada de roupas de frio e tudo mais, em pleno verão, suando e com uma bicicletinha na outra mão. Precisava encontrar uma pessoa que nunca viu mais gordo e que também não o conhecia. Como eles iriam se conhecer? Quantas pessoas andam pela rodoviária carregando bicicletinhas? E se a dona Santinha não conseguiu falar com a mãe do menino? E se o marido da mulher tiver um compromisso logo de manhã e não puder ir ao meu encontro? E se o menino ficou doente durante a noite e eles o levaram ao médico? E se a doença for grave e eles o internaram? E se eles se separaram ou morreram ou a dona Santinha morreu depois que eu saí da cidade e nem deu tempo para ela telefonar? Ela é bem velhinha, então a mãe do afilhadinho Genivaldo não vai saber que estou levando a bicicletinha para o menino dela e não vai falar para o marido que não vai se preocupar em me encontrar, mesmo que seja o seu dia de folga. Por que ele iria deixar de dormir um pouco mais ou pescar para ir de manhã cedo à rodoviária buscar uma bicicletinha que mandaram de Minas? É claro que ele iria pescar e não iria por nada desse mundo buscar uma bicicletinha na rodoviária. E se não for o dia da folga dele então? E se ele trabalha numa grande empresa e não pode sair em horário de serviço para ir pegar uma bicicletinha na rodoviária as sete da manhã de uma segunda feira, que a madrinha do menino mandou do interior de Minas? Ou é daqueles bem chatos que não gosta de fazer favor para ninguém nem por uma bicicletinha de estimação que pertenceu aos antepassados da madrinha do filho dele, a d.Santinha? "-A madrinha que se lixe! - Ele vai dizer. Eu é que não vou pegar uma bicicletinha às sete da manhã na rodoviária do Tietê para o filho da minha mulher! -" E como é que eu faço? Tenho que comparecer na empresa e assumir o meu emprego e não posso chegar lá às nove horas da manhã levando pela mão a bicicletinha de estimação da dona Santinha! Ou quem sabe eu pego a bicicletinha e guardo no guarda volumes?! O seu Alfeu me disse que na rodoviária tem uns armários, que a gente paga para guardar coisas. É, mas eu trouxe pouco dinheiro e não vou gastar pagando estadia para a droga da bicicletinha, sem falar que tenho que voltar na rodoviária depois para pegá-la e vou levar para onde depois? O que eu vou fazer com a bicicletinha de estimação da dona Santinha, meu deus, vou ficar com ela na pensão onde vou morar? Mas se eu ainda não encontrei a pensão que vou morar?! O seu Laureci do frete me deu o endereço e eu nem desconfio se fica na direção do meu trabalho, sem falar que já faz mais de quinze anos que ele se hospedou só por uma semana naquele lugar. Pode ser que nem exista mais, nem a pensão e nem o prédio... Depois como é que eu vou para uma pensão de bicicletinha na mão? Vão me perguntar se é do meu filho, e eu vou ter que dizer que não, ora! E que desses assuntos eu nem entendo muito, nem de filhos e nem de fazê-los e se querem saber a verdade; até sou virgem. E depois é uma bicicletinha antiga, eles nem vão acreditar que não é minha mesmo, vão achar que é uma daquelas lembranças que a gente guarda e leva com a gente, para o resto da vida. Como o meu travesseirinho que está na mala, ou um ursinho qualquer. Vão me achar um cara estranho e meio esquisito e aí vão me botar para fora da pensão e eu vou morar aonde? Vou ter que pegar outro táxi e com certeza o motorista vai me levar até outra pensão e vai me perguntar se a bicicletinha é minha e eu vou ter que contar que é da d. Santinha e que o pai do afilhado dela não é pai nem é padrasto talvez vá pescar mas se não for, vai me encontrar as nove horas na rodoviária do Tietê, depois de me deixar na outra pensão, porque na primeira me botaram para fora só porque não quis ter filhos nem bicicletinhas e nem ursinhos na infância. E só porque resolvi arranjar um emprego numa grande empresa de São Paulo, a minha madrinha que me criou, pediu aos santos e santas para ir a Santa Casa buscar o táxi do seu Laureci para me levar no guarda volumes da pensão e pegar o afilhadinho de d. Santinha que morreu de tanto telefonar para São Paulo e que ficou lá desde as nove horas... E assim Deodorinho, ficou remoendo elucubrações enquanto roia o que restava das unhas pelo caminho. De manhã, em plena segunda feira, naquele caos total de transito, quando o ônibus encostou na plataforma de desembarque do Terminal Rodoviário do Tietê, Deodorinho tinha olheiras profundas, o rosto cinza amarelado que denunciava uma noite insone e desesperada, tentando resolver o problema da bicicletinha. Ao ver que o ônibus atrasou e já eram mais de oito horas, Deodorinho caiu num choro convulsivo e se deu conta que perdera a entrevista de emprego, pois seria impossível chegar lá às nove horas. Antes de desmaiar e dos enfermeiros tira-lo de dentro do ônibus e coloca-lo numa ambulância, ainda pode ver pela janela, que para todos os lados que olhasse, pessoas levavam pela mão uma bicicletinha de todos os tipos e cores. Afinal era época de Natal.
A Bicicletinha -Viva! Viva! Consegui, consegui... Ele gritava e pulava timidamente com os braços para cima percorrendo a pequena casa onde morava com sua madrinha que o acompanhava logo atrás toda contente, festejando a boa notícia com aquele que para ela, era um filho. Deodorinho não teve como se costuma dizer, muita sorte na vida. Filho de mãe solteira que morreu no parto, foi criado pela avó, já idosa e doente que veio a falecer quando o garoto entrava na adolescência. Desde então se mudou com seus poucos pertences para a casa da única parente que lhe sobrou; a tia e madrinha d. Firmina, senhora idosa, muito religiosa, que lhe completou os estudos com o pouco dinheiro guardado na poupança por, sua avó, para o futuro do neto. D. Firmina, senhora de princípios rígidos, beata assumida, se viu de repente com a incumbência de criar aquele menino, ela, que por sua vez também era solteira como foi até morrer sua irmã, a mãe do Deodorinho. -Fazer o que? Vontade de Deus! Ele é que manda no nosso destino e não podemos fugir dele. Dizia ela conformada. Meio perdido em referências familiares, principalmente masculinas, criado por mulheres de idade avançada muito religiosas e costumes antigos, o garoto tornou-se um tanto esquisito. Muito magro e alto, olhar meio cismado, sem vícios, sem namorada, mas a bem da verdade era muito inteligente e educado, isso não se podia negar. Estudioso, introspectivo e muito inseguro diante da vida, sua cabeça era povoada de indagações, sonhos e realizações como todo mundo, mas faltava aquele viço e a firmeza de um homem. Tinha as mãos sempre úmidas de suor nervoso. Vestia-se sempre com camisa de manga comprida e colarinho abotoado. Não tinha amigos de sua idade. Freqüentava a biblioteca Municipal onde lia de tudo, satisfazendo as suas curiosidades. Foi sempre bom aluno e agora era um homem formado. Até fez alguns cursos e alguma especialização numa empresa pequena de uma cidade vizinha, o que não contribuiu muito para sua segurança. Havia uma aparente incoerência entre ser inseguro e sonhar grande. Mas Deodorinho era assim. Sua cabeça sonhava alto, queria morar numa grande cidade, talvez numa capital, ganhar um bom salário e crescer na vida ser igual a todo mundo, seja lá o que isso queira dizer. Podia ser até uma cidade bem longe não tinha importância, ele iria assim mesmo. Para tanto foram encomendadas por sua madrinha e o padre da cidade, inúmeras novenas e visitas da imagem da Santa Edwiges, São Judas e Santo Expedito em sua casa com novenas no local para conseguir o intento. E eles não lhe faltaram, logo no semestre seguinte veio a resposta de uma grande empresa da Capital lhe oferecendo emprego e convocando-lhe o comparecimento na próxima segunda-feira, as nove horas da manhã portando todos os documentos para a entrevista. Seria no começo da semana seguinte. -Viva! Viva! Consegui o emprego! Consegui! Gritava timidamente Deodorinho, com o coração acelerado de emoção empunhado o telegrama para o alto, numa das mãos, acompanhado das palmas da madrinha d. Firmina provocando a curiosidade de suas vizinhas mais próximas que vieram ver o que estava acontecendo e entrando sem cerimônia na casa, para fazer parte daquela alegria da qual se sentiam também um pouco autoras, já que suas orações e comparecimento às novenas também tiveram algum peso na decisão dos santos. Todos batiam palmas e entoavam cantos sacros em louvor a Deus. Até que cansados, pararam ao redor da mesa da cozinha e resolveram tomar um refresco com biscoitinhos caseiros para comemorar. Agora mais descansados todos comentavam os detalhes da viagem, o que ele deveria levar na mala etc... -Não esqueça de um bom agasalho! Isso era primordial para uma delas que repetia com ênfase de vez em quando. -Na capital de São Paulo, faz frio! -Mas estamos em final de novembro... -Nunca se sabe numa capital como São Paulo, acontece coisas que até Deus duvida que dirá, um frio de repente! Uma delas até contou com muitos detalhes, que tinha um afilhado muito querido que se mudou para lá assim que nasceu e ela sabia que ele estava sempre com bronquite. Agora já estava curado e ia até para a escolinha, um amor. -Coitadinho, morando lá naquele fim de mundo! Nunca esqueço dele, “judiação”, sempre faço orações por aquele menino, mas a minha comadre sempre escreve contando como ele vai passando, é, escreve sim. E quando a carta demora, eu telefono; nunca se sabe o que pode acontecer por aquelas bandas. Falava com a maneira peculiar do interior. E assim as velhas senhoras, algumas disfarçando as lágrimas de saudade precoce, no afã de agradar Deodorinho falavam sem parar deixando o rapaz cada vez mais embaraçado e aturdido, com tantos conselhos, palpites e opiniões. No fundo mordia-lhes a curiosidade de conhecer outra cidade e transferiam para ele essa emoção enquanto ele contava os minutos e os segundos para sair dali conhecer o mundo lá fora, ver ao vivo as coisas que via na televisão e nos livros que lhe pareciam bem diferentes desse mundinho em que ele vivia no interior de Minas entre padres e beatas. Ele reconhecia todo o carinho da madrinha e de suas amigas que o rodeavam o tempo todo desde menino, mas queria sair logo dali. Por isso mandou currículo para uma grande empresa na capital de SP e deu sorte, agora foi chamado para entrevista. Um frio na barriga se tornou constante daquele momento em diante, mas a vontade de ir era maior. Todos estavam felizes por ele e com ele. Aquele final de semana foi muito agitado, inigualável. Aconteceu de tudo. Era um corre-corre só. Sua madrinha ficou tão nervosa que a pressão subiu, deu uma batedeira no coração e tiveram que leva-la para a Santa Casa o único hospital da cidade. Demoraram por lá umas horas e voltaram para casa com d. Firmina medicada e cheia de recomendações médicas, pouco tempo antes do embarque para São Paulo. As amigas já tinham lavado e passado toda a roupa de Deodorinho que repousavam esticadas e prontas para a viagem sobre a cama ao lado da imensa e entulhada mala. Uma canja quente e saborosa esperava sobre o fogão na cozinha, enquanto o cheiro de café e pão caseiro se espalhava pela casa. Agora passada a euforia, um pouco mais calmos todos conversavam animadamente à mesa naquele final de domingo inesquecível. Ao anoitecer ele já estava pronto, vestido de colarinho e gravata, para uma viagem de aproximadamente onze horas, ouvindo pela milionésima vez as recomendações educativas de cada uma delas, como se ainda tivesse sete anos de idade e fosse o seu primeiro dia de aula; ele que já completara vinte e seis. Sorria automaticamente como se fosse o príncipe encantado das histórias infantis. Concordava com tudo e nem por um momento demonstrava sua aflição interior. Ninguém que o observasse descobriria seus pensamentos. Deodorinho pensativo e calado num sorriso congelado no rosto observava ao redor, aquele mundinho que ele conhecia tão bem, já sentindo um pouco de saudade desse burburinho de visinhos, do cheiro do café e pão caseiros, desse carinho espontâneo de cidade pequena onde todos se conhecem. Jamais esqueceria disso tudo. Jamais! Pensava ele. Iria para um período longo de viagem, chegaria ao amanhecer de um novo dia para uma nova vida. A chegada estava prevista para antes das sete horas. Tempo suficiente para lavar o rosto no banheiro da rodoviária, fazer a barba e tomar um café antes de pegar outro ônibus com destino à entrevista para o seu novo emprego. Estava anotado tudo num papel com horários cronometrados, até o endereço de uma pensão que lhe deu seu Laureci, do frete, onde se hospedou quando foi a São Paulo há quinze anos atrás. Começaria a partir daí uma nova vida. Não tinha idéia quanto tempo levaria para poder voltar para sua casa, aquele lugar, aquelas pessoas. Talvez não voltasse nunca. Quem sabe? Isso ia depender de muitas coisas. Entre elas o de gostar ou não da nova vida. E do novo emprego. Um pouco depois enquanto todos esperavam o táxi que o levaria à estação de embarque, ele ficou novamente pensativo isolando seu pensamento das infindáveis recomendações sentindo o seu coração bater no pescoço. Fechou os olhos por um momento e pensou; - Preciso relaxar. Preciso me apresentar bem e muito seguro. Afinal em breve estarei dando os primeiros passos na brilhante carreira de executivo. Preciso de muito autocontrole. - A aparente calma constante não deixava transparecer o turbilhão de pensamentos desencontrados que faziam sua cabeça latejar. Deodorinho tinha o temperamento fechado. O seu sofrimento desde seus primeiros anos de vida, fez com que controlasse suas emoções, para não ser rejeitado como uma criança chata, chorona ou teimosa. Assim nunca dizia não para ninguém, principalmente para a sua madrinha e as amigas dela que o mimavam e o achavam “uma moça” de tão educado. Finalmente chegou a hora da despedida. Todos choravam copiosamente, Deodorinho sorria amavelmente para todas aquelas velhas e conhecidas senhoras, amigas e vizinhas de sua madrinha. Beijava uma a uma abraçando-as antes de entrar no táxi do seu Laureci do frete. Este também era seu conhecido, tinha um caminhãozinho de frete e um automóvel antigo como táxi. Os fregueses telefonavam e contratavam ou o caminhão ou táxi. Assim ele estava sempre servindo a comunidade. E era ele que levaria Deodorinho até o ônibus com as bênçãos de todas as velhinhas e do padre, que chegou a tempo de lhe fazer o sinal da cruz de longe abanando um adeus junto com elas. Sentado ao lado do motorista foi olhando para traz e também abanando a mão para o pequeno comitê de despedida em frente a casa, enquanto enxugavam as lágrimas de saudade sincera, até sumirem no final da rua. Quando o táxi virou a curva da esquina da estação de ônibus ele viu uma das amigas da sua madrinha, dona Santinha, correndo com muita dificuldade, esbaforida mesmo. Vinha em sua direção com um enorme embrulho mal arranjado na mão, segurando o que parecia ser um cabo num dos lados. -Ah! Graças ao São Judas, padroeiro das causas impossíveis, eu consegui chegar a tempo, vim rezando para conseguir e finalmente consegui. Falava ofegante e sem parar, vermelha como um pimentão. -Deodorinho, meu querido, nunca lhe pedi nenhum favor, mas esse eu vou pedir porque você é da maior confiança, meu filho; Lembrei-me que tinha guardado no porão a bicicletinha de estimação da família, que primeiro foi do meu filho Vesúvio, depois do meu neto Armandinho que já está quase um homem, e eu quero mandá-la agora para o meu afilhadinho, que mora lá em São Paulo, o Genivaldo. Não vai lhe dar nenhum trabalho, meu filho. Logo, um pouco mais tarde, que o telefonema é mais barato, eu ligo para a minha comadre e ela manda o marido pegar a bicicletinha na rodoviária bem cedo. Assim que o seu ônibus chegar, ele já vai estar na rodoviária esperando. O que ela chamava de bicicletinha era um daqueles tradicionais triciclos, também conhecidos por "tico-tico", com assento de madeira, que quase todo mundo que viveu “antigamente” teve um. Um frio gelado percorreu a espinha de Deodorinho e o sorriso de príncipe encantado congelou na face. Sem saber o que dizer e sem poder se negar ao delicado pedido da veneranda senhora, pegou num dos lados do guidão que aparecia fora do papel mal ajeitado e sem conseguir articular uma sílaba despediu-se da sorridente e suarenta amiga de sua madrinha que vibrava feliz por mandar o “presentinho” para o afilhado.
Continua amanhã...

Por conta de um acontecido com a minha filha Lígia quando ainda fazia faculdade, escrevi um conto divertido chamado "A Bicicletinha".

É que durante muito tempo não tinha ônibus direto de Florianópolis-SC para Campinas-SP. Então era uma mão-de-obra daquelas, chegar no Terminal Rodoviário do Tietê de SP ao raiar do dia cheia de sono carregando malas, sacolas, pacotes etc e fazer a baldeação para outro ônibus que viesse para Campinas-SP e continuar a viajar por quase duas horas ainda. Chegava-se exausta e muitos passageiros irritados e mau-humorados, que felizmente não era o caso da Ligia sempre feliz e saltitante. Mas por conta de fazer a faculdade até sexta feira o dia todo, ela saia direto da aula carregando o material, mala e tudo e embarcava no ônibus as 18 horas, viajava a noite toda, e ainda quando chegava ia direto ao dentista apertar o aparelho e só ia para casa na hora do almoço, onde descansava e contava as novidades até as 16 horas do domingo quando fazia o sentido inverso para Florianópolis. Todos os meses era assim.

Neste período morava em São Paulo- Capital um sobrinho com a mulher e uma filha pequena. Dai é que aconteceu o que me levou a ter a idéia de escrever o conto. Minha irmã telefonou para a Lígia no meio da semana e pediu para ela levar uma encomenda, na verdade um presente para a neta, que ela não se preocupasse que o filho esperaria o ônibus de manhã cedo e pegaria com ela a encomenda sem falta antes que ela fizesse a baldeação. Na realidade, ele a esperou certinho na plataforma de desembarque sem problemas, mas a Ligia levou o maior susto quando estava embarcando ainda, quase na saída do ônibus, quando a minha irmã apareceu com uma bicicletinha daquelas "Toncas", de rodas gordinhas, toda cor-de-rosa, o que fez a minha filha pensar;" e se ele não chega por algum motivo, o que vou fazer com isso?" Daí em diante, sempre que alguém lhe pede um favor ela logo responde sorrindo: "desde que não seja uma bicicletinha"... Então um dia eu tive a idéia de escrever este conto que transcreverei em seguida.♥

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

É... já estamos quase fechando mais uma década, 2009, 2010... incrível, e eu que achava quem nem virava o milênio.

Desejo a todos um Feliz Natal e um ótimo 2009

domingo, 14 de dezembro de 2008

Uma frase interessante que ouvi hoje durante uma palestra e serve para a semana toda: "Humilde é aquele que sabe o quanto é muito e o quanto não é".
Muitas vezes escrevo a partir de uma frase ou uma palavra, assim, à toa.
Quando morava na Praia dos Ingleses, eu ia e voltava de ônibus e um das paradas era na frente de uma Loja de jardinagem à beira da rodovia, onde havia uma placa com os dizeres "Vendemos humus de minhoca", em principio me incomodava pensar que só minhocas produziam humus, ou não? São elas que provocam a decomposição da matéria, ou não? Não sei, quem souber me escreva pois gosto de aprender e porque não, sobre minhocas?;-)
Pois bem, certo dia de tanto ler a tal placa, ali mesmo no ônibus, lotado como sempre, fui criando uma história infantil onde uma minhoca se revolta ao ver numa feira agropecuária uma taturana negra, peludíssima, -"onde ja se viu?" -, Ela que trabalhava tanto não tinha siquer um gorrinho de lã, uma gola de pele, o que dirá um imenso casaco de pele negra, e por aí vai mais uma de minhas histórias. Chegando em casa foi sentar e escrever; a história já estava pronta...
E assim nasceu a história infantil, "Naná e o Casaco de Pele". (ainda não consegui editar)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Duas curiosidades sobre o livro: Em princípio eu não escrevi de propósito uma história com fundamento espírita e a outra é que eu o comecei pela página 25. Eu descobri que escrevo em pedaços, não tenho um pensamento linear para escrever. Estou com outro romance em andamento que comecei faz pouco em três partes distintas que em algum momento vão se interligar e uma delas é o final, eu tenho uma sinópse na cabeça e ela vai se desencadeando devagar. Eu só escrevo quando estou calma e em períodos diversos, por exemplo; este que estou escrevendo, montei a idéia e agora esta parado há uns dois meses, nem sei quando voltarei a mexer nele. As psicografias são metódicas e com horários e dias definidos em ambientes escolhidos pelo espírito, nunca escrevi psicografando.
"A pedidos" resolvi escrever novamente por aqui e para isso montei este blog que pretendo pelo menos, "alimentá-lo" de vez em quando.
Hoje por exemplo; quero esclarecer para quem ainda não sabe, que já está à venda nas livrarias, bancas de livros espíritas, e se der sorte, até em supermercados, o livro que leva o título de PERFUME DE MAGNÓLIA. É um Romance Espírita que fala de amor encontros e desencontros, naqueles casos onde se costuma usar popular conceito de almas gêmeas, e o livro traz uma explicação deste conceito e de outras coisas que causam polêmica em muitas rodas de conversas de assuntos que transcendem a morte, vidas passadas etc. Gostaria muito que me enviassem suas opiniões a respeito do livro.