sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Lembrando

                                                                                Lembrando
Agora a pouco abri aquela mensagem que corre pela internet que fala sobre o verdadeiro valor das pessoas e daquilo que vale realmente para cada um de nós e é exemplificada por uma nota de cem reais, onde o que quer que aconteça com ela sempre será uma nota de cem reais, e bem no final a mensagem sugere que se lembre de cinco pessoas que realmente ficaram na nossa lembrança e eu me surpreendi, pois me veio uma pessoa que até hoje peço a Deus e aos anjos que o proteja onde estiver.
Há quarenta e um anos atrás, ainda morava em São Paulo, capital, quando meu filho Beto, com quarenta e cinco dias apenas de vida passava mal. Desfaleceu em meus braços pela manhã, o pai dele era mecânico de voo e por consequência estava trabalhando naquele dia, ou seja, eu uma menina de vinte e quatro anos, numa cidade enorme e longe de qualquer parente, me vi num sufoco inesquecível.
Com pouco dinheiro para pegar um taxi e levá-lo a um pronto socorro, me joguei pela rua a fora para tomar um ônibus, rezando para Deus e todos os santos que me ajudassem.
Parei num determinado lugar que nem era ponto de ônibus e observava que meu filho estava cada vez mais pálido e molezinho, isso me deu um desespero e comecei a engolir o choro e cada vez mais pedia ajuda dos céus quando pára ao meu lado um carro e um senhor lá de dentro me perguntou se eu estava precisando de alguma coisa e eu disse para ele que eu precisava levar meu neném a um hospital urgente, pois ele estava passando muito mal.
Pois este senhor prontamente me levou a um hospital mais próximo.
Agora não me perguntem como num transito como o de São Paulo, que todo mundo conhece, uma criatura enviada dos céus me faz uma caridade dessas, não sei.
Mas é impossível não me lembrar dessa pessoa com gratidão eterna nesses momentos.
 

domingo, 25 de novembro de 2012

Dia de sol, festa no interior

                                                   Dia de luz, festa no interior
Ontem, sábado fomos fazer um passeio no interior de SC, mais uma vez acompanhados dos Irmãos Coelho e agregados como eu.
Fez um lindo dia e eu acreditando nas previsões do tempo não levei a minha maquina fotográfica, o que foi imperdoável.
Se tem uma coisa que fico com raiva é quando quero fotografar e não estou de posse da máquina, pois como todo mundo sabe o mundo muda a cada segundo, e se a gente não congela numa foto, perdeu.
Fomos até Gravatal passando por Laguna, Tubarão, Armazém e São Martinho, uma comunidade Alemã da região da Westiphalia muito simpática, que explora o comercio das bolachinhas decoradas. Realmente são uns mimos deliciosos de ver e comer.
Almoçamos no local num restaurante grande Fluss Haus (Casa do Rio) com almoço e café colonial acoplados, bem ao lado da Lojinha de bolachinhas decoradas.
O café oferecia mais de 20 tortas doces e salgadas além de todas as guloseimas de sempre, doces miúdos e salgadinhos fritos e de forno. O almoço oferecia pratos típicos alemãs como joelho de porco, chucrute e marreco recheado e todos os acompanhamentos adocicados como de costume. Um pernil inteiro assado era fatiado por um garçom vestido a caráter aliais como todos os funcionários. Uma maravilha.
A construção no estilo deles também é muito bonita e lindamente decorada, além dos jardins de flores magníficas.
E eu sem a minha máquina! Era só o que eu falava, mas consegui algumas fotos graças ao sistema digital e os facesbook’s de hoje.
Uma curiosidade entre muitas foi um restaurante no caminho, na cidade de Tubarão, chamado Restaurante Espirro, isso mesmo que você leu.
Pois é no final só caiu um pé d’água no caminho de casa acompanhado de um vento sul daqueles... Mas foi bom, muito bom, valeu cada segundo.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O Heroi sou eu

                                                                  O Herói sou eu.
Outro dia precisei ir de ônibus até outro bairro resolver um problema e para isso precisei tomar três ônibus e fazer duas conexões só de ida.
Por conta disso, já desci do ônibus injuriada devido a distancia, as baldeações e o calor insuportável. Quando já de volta ia em direção ao ponto do ônibus passou por mim um carro que parou logo adiante e voltou de ré até parar do meu lado. Abriu a janela e uma conhecida me falou,
- O que você faz aqui tão longe?
- Resolvendo um “pepino”, precisava da assinatura de uma pessoa mais Xerox de documentos e comprovante de residência. Não só vim me chatear como vim chatear o amigo que felizmente compreendeu e foi bem legal comigo, cooperando só na alegria do reencontro.
-E agora?
- Agora vou para casa...
- Então entra ai e vai com a gente!
Entrei mais que depressa naquele Oasis materializado em carro com ar condicionado e vidros escuros agradecendo aos deuses pela carona abençoada. Mal fechei a porta o homem ao volante arrancou o carro com certa violência me fazendo desequilibrar de um lado para o outro, batendo a cabeça no vidro da porta. Foi ai que senti que não estava só na parte traseira do veiculo, aquele verdadeiro paraíso fresco e penumbroso aquela hora da tarde de um verão escaldante.
Já em desespero cai para o outro lado quando ouvi nitidamente um gemido. Quando eu ia pedir desculpas e afivelar o cinto de segurança olhei melhor para o vulto ao meu lado e apavorada tentei abrir a porta para sair rapidamente dali mas foi em vão devido a trava de segurança. Fiquei estarrecida, sem voz e sem ação. Nesta hora o meu amigo no volante falou,
- Fica fria, não se incomode com a presença do Herói, ele é boa gente e não ataca, pelo menos nunca atacou até hoje, hahahah.
Falou isso e ligou o som bem mais alto do que seria o conveniente, num volume acima de muitos decibéis ditos “normais”, o que com certeza impediu de me ouvir dizer,
- Mas ele não morde mesmo... ?
Perguntei com as costas coladas no vidro da porta do lado oposto  de onde estava tranquilamente postado  um cão Dobermann adulto olhando para mim com curiosidade insistente enquanto mantinha a enorme língua pendurada para fora da enorme boca de onde escorria um rio de saliva.
Eu juro que o Herói sentado era muito maior que eu que em pé tenho 1.60 cm no máximo e muito menos naquela hora encolhida de medo. A cabeçorra dava duas da minha e a boca com certeza era maior que a do lobo mau.
- Não se preocupe com o Herói, ele é mansinho mesmo. Fomos levá-lo para tomar vacina e ele adora passear de carro. Assim deixaremos você na porta de casa e não vai precisar andar nesse calor.
Assim foi, porém sinceramente, eu juro que preferiria ter feito o percurso de ônibus, utilizando as duas baldeações do que ter que viajar do lado daquele gigante. Sem falar que ao chegar em casa tive de tomar outro banho de bucha vegetal para retirar litros de baba que grudaram em mim todas as vezes em que o Herói sacudia a cabeça para cuspir.
Cheguei literalmente toda molhada, cheia de baba, sem falar da aflição em ver a viagem toda o Herói me olhando intrigado querendo saber quem eu era, querendo me cheirar para conferir...Argh.
É bom que fique bem claro que eu gosto muito de bichos de um modo geral, mas também tenho medo, principalmente de cães enormes, talvez porque em criança fui mordida por cachorro e por macaco, dai não dá para não ter.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A corrida de Taxi

                                                           A corrida de taxi
Como eu sempre digo adoro histórias e ontem ouvi uma outra que achei bem interessante.
Há muitos anos, quando a maioria das rodovias ainda eram descalças, sem asfalto, qualquer viagenzinha se tornava uma odisseia.
Então foi que ouvi a história de um taxista já aposentado que foi contratado para ir daqui de Florianópolis a Curitiba levar um paciente. Só que o paciente saiu de um hospital para ser internado noutro lá em Curitiba e o paciente era doente mental, ai é que apavorou um pouco.
Foram no taxi, ou carro de aluguel como era chamado na época, um cunhado do doente e mais um enfermeiro e mais um vizinho do doente que voltaria com o motorista para fazer companhia.
Pois bem, saíram logo depois do meio dia de um dia chuvoso por demais. O enfermeiro garantiu que o paciente iria dopado como convinha numa situação dessas.
A estrada de terra já era ruim e esburacada com tempo bom, agora imagine com chuva de desbarrancar. O carro era um Chevrolet 49, daqueles durões na queda, porém quando quebravam era um suplício para arrumar, então foram rezando para que isso não acontecesse, sem falar que lá foi o doente babando e sacudindo de um lado para o outro entre o enfermeiro e o cunhado,  e o vizinho foi do lado do motorista.
E dá-lhe buraco, desvios, subidas e descidas e o paciente lá, quietão, de olhos estralados e parados olhando o nada no teto do carro e os demais preocupados com a chuva a estrada e a possibilidade do doente acordar e perguntar, “oncotô, oncovô” ?
E assim foram aqueles cinco homens com histórias diferentes seguindo por uma estrada intransitável pela noite a fora ate que chegaram num determinado ponto que a estrada acabava e teriam que atravessar com a ajuda de uma balsa. Mais uma aventura embaixo de uma chuva torrencial atravessaram o rio que não era muito largo até que chegaram a outra margem e seguiram caminho na estrada cada vez mais alagada.
Finalmente pararam em frente ao hospital onde ficariam o paciente o enfermeiro e o cunhado. Dali o motorista e o vizinho foram para um pequeno hotel para passarem o restante da noite, pois até aí já passava das três horas da madrugada.
Na manhã seguinte o dono do carro de aluguel e o vizinho foram pegar o carro e ele nada. Negou-se a dar partida, mexe daqui mexe dali e tiveram que trocar a bobina antes de seguir viagem.
Ao pegarem a estrada deram com ela interditada, ainda tiveram que pegar um desvio que conseguiu ser pior ainda que a estrada em que vieram.
Finalmente já passava das cinco da tarde quando o motorista conseguiu entrar com o carro na própria garagem.
Esta foi uma viagem contratada bem diferente.


sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Mais um continho- Sorvo- joanete-delegacia

                                                             Mais um continho
Sorvo = Joanete = delegacia.
Laudicéia deu uma rabanada e voltando sobre os calcanhares saiu pisando duro em direção a porta de entrada, que naquela hora servia para a saída intempestuosa da mulher atarracada que calçava tamancos de pau.
-Venha cá, sua desavergonhada, venha me dizer na cara o que você está pensando. - Gritou no meio da sala a sua amiga, ou seria agora sua ex-amiga, Valdirene?

As duas mulheres arrumaram um quiproquó por conta de um dis-que-me-disse que correu pelo bairro. Andavam dizendo que Laudicéia frequentava a casa de Valdirene porque estava de olho no marido da amiga. Não que o compadre fosse o Allan Delon, mas tinha lá seu charme de barba feita e banho tomado. O que era de duvidar era que o ”Alandelon” dos pobres quisesse realmente “alguma coisa” com a Laudicéia, mulher sem graça e feiosa, atarracada e desbocada por demais. Mas a amiga não duvidava que homem é bicho bobo e se uma mulher, gênero feminino de qualquer cor e modelo, der mole ele corre atrás mesmo e com a amiga não seria diferente, até porque ela, a Laudicéia, mesmo feia já havia trocado alguns modelitos de homem de varias cores e de muitas idades então porque dar mole para o Compadre?
E assim Valdirene furiosa chutou para longe a sandália verde que lhe comprimia o joanete e aliviada se jogou no sofá com as pernas para cima, com a adrenalina fervendo pelo corpo.
- Ai quanto ódio! Quanto ódio!
Permaneceu mais um pouco ali deitada no sofá em seguida levantou-se caminhando descalça em
direção à cozinha onde abriu a geladeira e pegou uma cerveja que tomou quase de um sorvo só...
Um tanto mais calma, Valdirene pegou o telefone e ligou para a outra amiga que lhe tinha passado as novidades que geraram a confusão.
-E então, Leudenice, o que mais você está sabendo sobre a Laudicéia e o Robério?
- #@$###@#&&%&&%*&...
-A é? Ela me paga, aquela sem vergonha, ela vai ver o que é bom pra tosse. Deixa eu encontrar ela por ai, eu mato! Ai que ódio! Eu mato essa desgraçada! Eu vou desligar agora que o Robério está chegando.
-  Tudo bem amor, está muito cansado?
- Eu até estou bem cansado mas vou ter que voltar e fazer um trabalho que ficou faltando...
-Daqui é que voce não sai para lugar nenhum e se voltar para o escritório, vou junto!
Falou Valdirene cheia de indignação.
- O que é isso, ficou doida, mulher? Desde quando eu vou trabalhar carregando a mulher junto?
- Desde a hora que eu passei a não confiar mais em você.
- O que deu em você mulher?
-Me leva junto com você vai...eu prometo ficar quietinha do seu lado...
- Isso é que não!
- Eu sei que você vai se encontrar com aquela desgraçada da Laudicéia...
- Laudicéia? Cê tá maluca, com febre e delirando, só pode. Amor eu sou e sempre fui fiel a você, porque esse ciume todo?
Falava Robério todo dengoso enquanto pegava uma cerveja na geladeira.
-É que fiquei sabendo de umas coisas e vou tirar isso a limpo.
Sem dar muita importância para a mulher ele sentou-se na poltrona e com o controle remoto na mão passou para o futebol enquanto secava a latinha.
Em seguida se levantou, pegou o celular de cima da mesa, as chaves do carro e saiu rapidamente sem que desse tempo da Valdirene o seguir. Quando ela se deu conta ele já havia saido.
Passaram se os dias e quando menos esperava Valdirene viu os dois no terminal do ônibus e não contou tempo, arrancou da sandália de salto e pulou nas costas da ex amiga e do “allandelon” e de sandalhada em sandalhada derrubou os dois no chão chegando a fazer furos nas costas com o salto da sandália. A surra foi tão grande que Valdirene colocou os dois nos hospital e ela foi recolhida à delegacia para prestar depoimento e responder processo...

Dá no jornal quase todo dia uma histórinha dessas, mas essa eu conheci de verdade.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O Caderno




                                                                    O Caderno.
Abri rapidamente o envelope rosa claro que o correio havia me entregado há poucos minutos e que me deixou realmente curiosa.  –Quem haveria de ter me mandado uma correspondência tão delicada?-
Só poderia ser uma das amigas. Sim, era um delicado convite de aniversário. Infelizmente um pouco em cima da hora, teria pouco tempo, na verdade pouquíssimo tempo, para escolher a roupa, os acessórios e o mais importante, o presente.
Procurou no armário uma roupa condizente com a ocasião e horário. Escolheu o calçado e os acessórios com toda atenção e finalmente foi em busca de um presente. Olhou centenas de opções e pensou em outras tantas até que conhecendo bem a alma delicada de sua amiga Zilvina, a aniversariante, optou por algo muito especial, diferenciado e principalmente personalizado. Escolheu um caderno, mas não era um caderno qualquer, era um caderno com a capa em tecido estampado em asa de borboleta em cores vibrantes. As páginas eram em papel reciclado muito fino, ao contrário do comumente encontrado, feito em fibras de pétalas de flores o que lhe deu uma textura inigualável. Escolheu um papel de seda azul claro e uma fita larga num tom mais escuro para completar o delicado embrulho. Uma delicada rosa iria finalizar o arranjo.
Correu para casa para escrever a dedicatória que faria toda a diferença ao presente.
De posse de uma caneta de ponta muito fina começou a escrever em letra rebuscada, porém elegante as seguintes palavras:

                            “Querida amiga Zilvina.
Neste dia inesquecível em que nos convida para festejar com você mais um ano de sua existência, procurei encontrar alguma lembrança que marcasse esse dia. Entre tantas opções escolhi este caderno que lhe entrego junto ao meu carinho sincero.
Nele você poderá anotar o que quiser, como frases belas ou engraçadas, receitas de bolos, doces e salgados, aquela receita de meias de tricô para confeccionar num futuro muito distante, quando os pés frios do seu amor pedirão um agasalho. : )
Versos de todo o tipo, de amor e de guerras, de alegrias e de paz, listas de sonhos de consumo que se realizarão brevemente e listas de nomes, feios e bonitos ou até palavrões mesmo que ache isso esquisito.
Qualquer coisa pensada pode ser escrita neste caderno ou até mesmo desenhada, quem sabe uma planta de casa ou de frutos. Uma flor, um bebê, um bichinho, uma frase de carinho.
Qualquer coisa aceita um caderno simples e normal, talvez receitas de paz, de viver, de amar e de felicidade. Guarde dólares ou euros entre suas páginas e quando estiver todo cheio faça uma bela viagem de preferência bem acompanhada.
Mas se nada disso quiser, faça o que bem lhe aprouver.”
Porém o que eu quero mesmo amiga, é que você seja muito feliz e eu aqui estarei sempre retribuindo as alegrias da nossa amizade.