sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Mais um continho- Sorvo- joanete-delegacia

                                                             Mais um continho
Sorvo = Joanete = delegacia.
Laudicéia deu uma rabanada e voltando sobre os calcanhares saiu pisando duro em direção a porta de entrada, que naquela hora servia para a saída intempestuosa da mulher atarracada que calçava tamancos de pau.
-Venha cá, sua desavergonhada, venha me dizer na cara o que você está pensando. - Gritou no meio da sala a sua amiga, ou seria agora sua ex-amiga, Valdirene?

As duas mulheres arrumaram um quiproquó por conta de um dis-que-me-disse que correu pelo bairro. Andavam dizendo que Laudicéia frequentava a casa de Valdirene porque estava de olho no marido da amiga. Não que o compadre fosse o Allan Delon, mas tinha lá seu charme de barba feita e banho tomado. O que era de duvidar era que o ”Alandelon” dos pobres quisesse realmente “alguma coisa” com a Laudicéia, mulher sem graça e feiosa, atarracada e desbocada por demais. Mas a amiga não duvidava que homem é bicho bobo e se uma mulher, gênero feminino de qualquer cor e modelo, der mole ele corre atrás mesmo e com a amiga não seria diferente, até porque ela, a Laudicéia, mesmo feia já havia trocado alguns modelitos de homem de varias cores e de muitas idades então porque dar mole para o Compadre?
E assim Valdirene furiosa chutou para longe a sandália verde que lhe comprimia o joanete e aliviada se jogou no sofá com as pernas para cima, com a adrenalina fervendo pelo corpo.
- Ai quanto ódio! Quanto ódio!
Permaneceu mais um pouco ali deitada no sofá em seguida levantou-se caminhando descalça em
direção à cozinha onde abriu a geladeira e pegou uma cerveja que tomou quase de um sorvo só...
Um tanto mais calma, Valdirene pegou o telefone e ligou para a outra amiga que lhe tinha passado as novidades que geraram a confusão.
-E então, Leudenice, o que mais você está sabendo sobre a Laudicéia e o Robério?
- #@$###@#&&%&&%*&...
-A é? Ela me paga, aquela sem vergonha, ela vai ver o que é bom pra tosse. Deixa eu encontrar ela por ai, eu mato! Ai que ódio! Eu mato essa desgraçada! Eu vou desligar agora que o Robério está chegando.
-  Tudo bem amor, está muito cansado?
- Eu até estou bem cansado mas vou ter que voltar e fazer um trabalho que ficou faltando...
-Daqui é que voce não sai para lugar nenhum e se voltar para o escritório, vou junto!
Falou Valdirene cheia de indignação.
- O que é isso, ficou doida, mulher? Desde quando eu vou trabalhar carregando a mulher junto?
- Desde a hora que eu passei a não confiar mais em você.
- O que deu em você mulher?
-Me leva junto com você vai...eu prometo ficar quietinha do seu lado...
- Isso é que não!
- Eu sei que você vai se encontrar com aquela desgraçada da Laudicéia...
- Laudicéia? Cê tá maluca, com febre e delirando, só pode. Amor eu sou e sempre fui fiel a você, porque esse ciume todo?
Falava Robério todo dengoso enquanto pegava uma cerveja na geladeira.
-É que fiquei sabendo de umas coisas e vou tirar isso a limpo.
Sem dar muita importância para a mulher ele sentou-se na poltrona e com o controle remoto na mão passou para o futebol enquanto secava a latinha.
Em seguida se levantou, pegou o celular de cima da mesa, as chaves do carro e saiu rapidamente sem que desse tempo da Valdirene o seguir. Quando ela se deu conta ele já havia saido.
Passaram se os dias e quando menos esperava Valdirene viu os dois no terminal do ônibus e não contou tempo, arrancou da sandália de salto e pulou nas costas da ex amiga e do “allandelon” e de sandalhada em sandalhada derrubou os dois no chão chegando a fazer furos nas costas com o salto da sandália. A surra foi tão grande que Valdirene colocou os dois nos hospital e ela foi recolhida à delegacia para prestar depoimento e responder processo...

Dá no jornal quase todo dia uma histórinha dessas, mas essa eu conheci de verdade.

Um comentário:

  1. Que barraco, heim... Valdirene rodou a baiana legal. Boa crônica policial, amiga Clotilde.Abraços.

    ResponderExcluir