sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O Heroi sou eu

                                                                  O Herói sou eu.
Outro dia precisei ir de ônibus até outro bairro resolver um problema e para isso precisei tomar três ônibus e fazer duas conexões só de ida.
Por conta disso, já desci do ônibus injuriada devido a distancia, as baldeações e o calor insuportável. Quando já de volta ia em direção ao ponto do ônibus passou por mim um carro que parou logo adiante e voltou de ré até parar do meu lado. Abriu a janela e uma conhecida me falou,
- O que você faz aqui tão longe?
- Resolvendo um “pepino”, precisava da assinatura de uma pessoa mais Xerox de documentos e comprovante de residência. Não só vim me chatear como vim chatear o amigo que felizmente compreendeu e foi bem legal comigo, cooperando só na alegria do reencontro.
-E agora?
- Agora vou para casa...
- Então entra ai e vai com a gente!
Entrei mais que depressa naquele Oasis materializado em carro com ar condicionado e vidros escuros agradecendo aos deuses pela carona abençoada. Mal fechei a porta o homem ao volante arrancou o carro com certa violência me fazendo desequilibrar de um lado para o outro, batendo a cabeça no vidro da porta. Foi ai que senti que não estava só na parte traseira do veiculo, aquele verdadeiro paraíso fresco e penumbroso aquela hora da tarde de um verão escaldante.
Já em desespero cai para o outro lado quando ouvi nitidamente um gemido. Quando eu ia pedir desculpas e afivelar o cinto de segurança olhei melhor para o vulto ao meu lado e apavorada tentei abrir a porta para sair rapidamente dali mas foi em vão devido a trava de segurança. Fiquei estarrecida, sem voz e sem ação. Nesta hora o meu amigo no volante falou,
- Fica fria, não se incomode com a presença do Herói, ele é boa gente e não ataca, pelo menos nunca atacou até hoje, hahahah.
Falou isso e ligou o som bem mais alto do que seria o conveniente, num volume acima de muitos decibéis ditos “normais”, o que com certeza impediu de me ouvir dizer,
- Mas ele não morde mesmo... ?
Perguntei com as costas coladas no vidro da porta do lado oposto  de onde estava tranquilamente postado  um cão Dobermann adulto olhando para mim com curiosidade insistente enquanto mantinha a enorme língua pendurada para fora da enorme boca de onde escorria um rio de saliva.
Eu juro que o Herói sentado era muito maior que eu que em pé tenho 1.60 cm no máximo e muito menos naquela hora encolhida de medo. A cabeçorra dava duas da minha e a boca com certeza era maior que a do lobo mau.
- Não se preocupe com o Herói, ele é mansinho mesmo. Fomos levá-lo para tomar vacina e ele adora passear de carro. Assim deixaremos você na porta de casa e não vai precisar andar nesse calor.
Assim foi, porém sinceramente, eu juro que preferiria ter feito o percurso de ônibus, utilizando as duas baldeações do que ter que viajar do lado daquele gigante. Sem falar que ao chegar em casa tive de tomar outro banho de bucha vegetal para retirar litros de baba que grudaram em mim todas as vezes em que o Herói sacudia a cabeça para cuspir.
Cheguei literalmente toda molhada, cheia de baba, sem falar da aflição em ver a viagem toda o Herói me olhando intrigado querendo saber quem eu era, querendo me cheirar para conferir...Argh.
É bom que fique bem claro que eu gosto muito de bichos de um modo geral, mas também tenho medo, principalmente de cães enormes, talvez porque em criança fui mordida por cachorro e por macaco, dai não dá para não ter.

Um comentário:

  1. Gostei da história do herói e da coragem da heroína. Ainda bem que chegou sã e salva pra nos brindar com mais um texto! Abraços, Clotilde.

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