quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A corrida de Taxi

                                                           A corrida de taxi
Como eu sempre digo adoro histórias e ontem ouvi uma outra que achei bem interessante.
Há muitos anos, quando a maioria das rodovias ainda eram descalças, sem asfalto, qualquer viagenzinha se tornava uma odisseia.
Então foi que ouvi a história de um taxista já aposentado que foi contratado para ir daqui de Florianópolis a Curitiba levar um paciente. Só que o paciente saiu de um hospital para ser internado noutro lá em Curitiba e o paciente era doente mental, ai é que apavorou um pouco.
Foram no taxi, ou carro de aluguel como era chamado na época, um cunhado do doente e mais um enfermeiro e mais um vizinho do doente que voltaria com o motorista para fazer companhia.
Pois bem, saíram logo depois do meio dia de um dia chuvoso por demais. O enfermeiro garantiu que o paciente iria dopado como convinha numa situação dessas.
A estrada de terra já era ruim e esburacada com tempo bom, agora imagine com chuva de desbarrancar. O carro era um Chevrolet 49, daqueles durões na queda, porém quando quebravam era um suplício para arrumar, então foram rezando para que isso não acontecesse, sem falar que lá foi o doente babando e sacudindo de um lado para o outro entre o enfermeiro e o cunhado,  e o vizinho foi do lado do motorista.
E dá-lhe buraco, desvios, subidas e descidas e o paciente lá, quietão, de olhos estralados e parados olhando o nada no teto do carro e os demais preocupados com a chuva a estrada e a possibilidade do doente acordar e perguntar, “oncotô, oncovô” ?
E assim foram aqueles cinco homens com histórias diferentes seguindo por uma estrada intransitável pela noite a fora ate que chegaram num determinado ponto que a estrada acabava e teriam que atravessar com a ajuda de uma balsa. Mais uma aventura embaixo de uma chuva torrencial atravessaram o rio que não era muito largo até que chegaram a outra margem e seguiram caminho na estrada cada vez mais alagada.
Finalmente pararam em frente ao hospital onde ficariam o paciente o enfermeiro e o cunhado. Dali o motorista e o vizinho foram para um pequeno hotel para passarem o restante da noite, pois até aí já passava das três horas da madrugada.
Na manhã seguinte o dono do carro de aluguel e o vizinho foram pegar o carro e ele nada. Negou-se a dar partida, mexe daqui mexe dali e tiveram que trocar a bobina antes de seguir viagem.
Ao pegarem a estrada deram com ela interditada, ainda tiveram que pegar um desvio que conseguiu ser pior ainda que a estrada em que vieram.
Finalmente já passava das cinco da tarde quando o motorista conseguiu entrar com o carro na própria garagem.
Esta foi uma viagem contratada bem diferente.


Um comentário:

  1. Oncotô? Oncovô?
    Muito bom o relato, Clotilde! Uma aventura! Há relatos bem parecidos, publicados em jornais mineiros do passado, embora sem envolver transporte de pacientes por outros 'pacientes'.
    Grande abraço.

    ResponderExcluir