domingo, 26 de abril de 2020

Sete anos!


            Sete anos!!!
Dia 26 de abril; como não me lembrar daquele dia de triste despedida há sete anos? Como me esquecer que fazia sol? Como me esquecer do badalar dos sinos de alguma igreja próxima que me avisavam que era meio dia?
Desculpe-me se volto ao assunto todos os dias 26 e não poderia passar logo por este, o de abril, sem comentar ou lembrar, mas o luto tão tem prazo de validade. Pode-se esquecer qualquer coisa na vida, mas duas coisas são inesquecíveis: o nascimento e a morte de um filho (quando isso acontece, claro!).
Mas se alguém se incomodar com a minha insistência em lembrar essas coisas, dessa data e dos acontecimentos com certa frequência e insistência fique á vontade para se retirar. Eu até entendo que não gostamos de olhar as feridas dos outros, elas nos fazem recordar das nossas e só os masoquistas têm prazer em sofrer.
Eu não sinto prazer em sofrer, eu SOFRO, é diferente. Todas as mães que um dia tiveram que devolver seus filhos à Deus, sofrem para sempre.
Poderia sim, orar em silêncio, sozinha na minha dor maior e não postar numa rede social, mas faço isso porque sei que teve muitos amigos e conhecidos que se lembrarem dele com um sorriso, uma oração, estarão ajudando-o a viver na luz da saudade.
Sendo assim, e dito posto, ofereço minhas orações, minhas Bênçãos de mãe, meu carinho de irmã da eternidade ao meu filho Beto neste dia 26 de abril de 2013, inesquecível como marca de um Adeus.

Bom domingo de isolamento social...


sábado, 25 de abril de 2020

Um Dia de Cada Vez Postagem 888


                Um dia de cada vez
Para quem me conhece sabe que eu sou “quase” bipolar, se é que este conceito existe.
Tenho dias leves e outros pesadíssimos, mas vou levando ao longo desses 73 anos; muitos deles, a bem da verdade, com suporte médico. Não sei como, mas eu consegui.
Quando preciso enfrentar uma situação que me causa raiva ou dor, ou as duas coisas, a minha alma esperneia feito criança durante um tempo até que eu canse e abra os olhos para a realidade, e eu sinta que estou diante de uma parede de pedras enormes irremovíveis e nada posso fazer diante da situação que se me apresenta.
Dai me sento diante dela e vou encarando a realidade e digerindo cada pedaço amargo da situação que se apresenta insolúvel, até me aquietar e “aceitar”. E isso leva um tempo variável.
Pois bem; Estou há quase dois meses diante dessa parede que foi se erguendo ao longo dos dias e agora está se abrindo uma fresta aos poucos, mas apenas consigo ver diante de mim um nevoeiro espesso, sombrio e úmido. 
Nada de luz, horizonte, céu azul e ou arco íris, nada! 
Mas pelo menos ainda estou respirando o ar gelado que vem de fora.
Então deduzi que os meus passos estão, e terão de continuar sendo, somente dentro dos 50m² em que eu moro, divididos em 5 peças, três janelas, um vitrô, uma porta de entrada, três interiores, uma divisória sanfonada e uma varanda de meio metro.
Resumindo: uma gaiola de ouro. Eu não posso e não devo reclamar, mas será sempre uma gaiola.
O impedimento de sair, passear, andar por ai sem lenço, sem documento e máscara, visitar, ser visitada e tudo mais foram riscados da minha vida para sempre.
Esta é a simples constatação que eu chego. Não há o que espernear, só aceitar sem reclamar.
“Mas sempre poderia ser pior”, me dirão vocês que não estão sozinhos e são jovens, mas também poderia ser diferente, se eu estivesse pelo menos numa casa com mais pessoas... 
Eu respondo de forma “malcriada”. 
Resumindo:
Sem planos de sair daqui, porque sei que será impossível, não me iludo mais. Vou viver o dia e a noite como se apresentarem e sem reclamações, eu prometo; apenas vou viver até que a luz se apague.
Mas tudo bem é o que a vida tem a me oferecer e eu me entrego sem luta.

Bom dia de sábado com saúde para todos.

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Pelos Caminhos que Desconhecemos

                    

                        Pelos Caminhos que Desconhecemos

Duas criaturas de Deus, um dia se encontraram numa encruzilhada da Vida.
Uma vinha de muito longe, a outra era dali mesmo, da redondeza.
Aproveitando a sombra de um arbusto deram-se conta uma da presença da outra e a conversa foi inevitável.
Uma era falante, segura de si e foi logo contando que viera de muito longe, que adorava viajar e sair pelo mundo, mas estava muito decepcionada com o que havia visto até ali, e olha que já havia atravessado mais da metade do mundo.
A outra não se contendo indagou o porquê de tanta decepção, e a primeira explicou que pensava que o mundo, o planeta Terra, era bonito, mas não era.
A segunda indignada, e sem se conter, contestou dizendo que o mundo era lindo, que era colorido e que as pessoas eram boas.
Mas a primeira logo rebateu um tanto alterada, e foi dizendo que bem se via que ela só conhecia até onde a sombra alcançava, naquele canto onde elas estavam.
Pois olha só, retrucou do seu jeito calmo de ser; Não acredito que o resto do mundo, além do que vejo, seja feio, não pode ser. Conte-me então como ele é e como você o viu andando por aí.
Então a primeira, com lágrimas de decepção, em voz baixa foi dizendo que o mundo era cheio de lixo apesar do luxo. Que era cheio de seres humanos egoístas e egocêntricos, que só trabalhavam para ganhar mais e mais dinheiro, poder e status. Que cada vez mais se distanciavam uns dos outros e quando se aproximavam iam por interesses escusos. Que suas indústrias geravam tanto lixo que os oceanos, mares e rios estavam morrendo. Que os veículos de locomoção e as fábricas deixavam o céu cinzento de tanta poluição, difícil até de respirar, e que até havia pessoas, já adultas, que nunca haviam visto um céu azul e a luz do sol. O ar cheira mal tantos sãos os poluentes jogados na atmosfera. O barulho é cada vez mais ensurdecedor, tanto que quase nem se ouve mais os passarinhos e as águas dos rios que fogem cobertos de espuma. O mundo está morrendo pouco a pouco.
Por um tempo ambas ficaram em silêncio e pensativos;
Será que havia algo que pudessem fazer para mudar este quadro?
Logo a primeira voltou a falar que não podia entender, como pessoas tão inteligentes, já que a tecnologia provava isso, não percebiam que estavam destruindo o ambiente que haviam escolhido para viver, no que a segunda redarguiu em lágrimas, que estava desencantada com o que acabava de ouvir; achava até que mais valeria não ter saído de casa para ouvir tal coisa, ela que também sonhava em um dia sair por ai...
Ambas choraram de tristeza dividindo suas dores e decepção.
E por ali ficaram até o anoitecer. Dormiram.
Ao acordar a primeira percebeu que havia dormido um bom tempo, pois fazia frio e o inverno já ia alto. Olhou para o lado e percebeu que a segunda ainda dormia profundamente enrolada no que lhe pareceu um cobertor. Sem querer acordá-la saiu tão silenciosa quanto chegou, mas não foi longe ficou ali perto pensando no que fazer para mudar as coisas. Precisava fazer algo, só reclamar, criticar e continuar com o mesmo comportamento não ajudaria em nada. Aguardou um pouco mais, aproveitando um raio de sol pálido que se infiltrava no vão de pedra em que se encontrava, quando teve uma ideia brilhante. Imediatamente entrou em contato telepático com sua família espalhada pelos cantos do mundo e contou seu plano. Iriam se infiltrar nas grandes metrópoles, sufocar sem causar muitos danos, o suficiente para assustar, só para sentirem na pele o que o Planeta Terra está sentindo sufocado. Obrigá-los a se isolarem em seus lares para repensar e resignificar seus valores, e não pode ser por um tempo muito curto.
É preciso incomodar para sentir o mal estar mesmo.
Juntar as famílias e fazê-los conviver mais intimamente obrigando-os a se olharem nos olhos, a aprender seus gostos, observar e conviver com suas idiossincrasias. Precisarão prestar atenção nos velhos, eles é que construíram o que eles agora usufruem e muitos são jogados de lado. Olhar melhor aqueles que os servem e limpam sua sujeira, valorizando o seu trabalho.
Precisam sentir de verdade a presença uns dos outros cobrindo suas necessidades sempre que for preciso trocando favores e gentilezas, aprender a dividir o pão e fazer caridade.
Precisam aprender a servir e não só serem servidos achando que o dinheiro compra tudo. Não compra, é uma doce ilusão.
Vai ser necessário aprender que têm horas que o dinheiro não serve para nada, pois não há o que comprar e a vida não têm preço e nem dinheiro que pague.
Só os avarentos guardarão o dinheiro com prazer.
Os humanos precisam sentir na pele a febre das queimadas e a sede dos mananciais ressecados pelo desiquilíbrio e maus tratos pela natureza.
É preciso acordar para o sentido da vida e ver como a felicidade só existe de verdade quando ela é dividida e espalhada, só assim voltará multiplicada.
É preciso acordar para o sentido da vida. Será um período longo, mas necessário para que o Planeta se recupere dos maus tratos e a Natureza ressuscite.
Não vejo outra saída, infelizmente.
Acabou de enviar a mensagem por via telepática, se desconectou, pegou a mochila que descansava ao lado, calçou a bota de caminhada, surrada e empoeirada pelo uso, colocou o chapéu em forma de coroa e retomou o caminho.

Logo adiante uma borboleta azul lhe desejou boa viagem e sucesso na empreitada.

sábado, 4 de abril de 2020

Por detrás das Máscaras


                          Por detrás das Máscaras
O sábado pré-aleluia amanheceu com sol radiante; mas só por alguns minutos, quando foi encoberto por doces nuvens de algodão rosa-azuladas que em seguida, por sua vez foram dissipadas deixando o cenário granulado em azul e branco.
Conseguir mudar o cenário Celeste todos os dias, o tempo todo é realmente para O forte.
O ar é fresco e quase frio. Outono bombando por essas bandas.
A Pandemia ainda mantém as pessoas engaioladas em suas casas enquanto o vírus coroado, se sentindo um rei, transita livre, leve e solto sob a mira de metralhadoras mentais e “alquingel”.
Nada está bem neste vendaval por detrás dessas máscaras de griffe, importadas ou caseiras.
Não sei se quero paz ou guerra de travesseiros de pena, mas descobri que tem “cabelo de anjo” na minha sopa.
O silêncio ao meu redor agride os meus ouvidos e os barulhos, desconfio, vêm do interior de uma concha.
Não sei de mais nada, mas uma coisa eu sei; dormi e acordei num outro Planeta que não reconheço.
Ao meu redor tudo está quieto demais, parece que todos dormem para não ver o que se passa, ou não passa...  

Melhor mesmo, eu acho...