segunda-feira, 22 de julho de 2019

Massageando o Ego

                                                Massageando o Ego
Acordei com o barulho da britadeira da reforma ao lado. Ainda zonza de sono e atordoada entrei no chuveiro e depois fui fazer meu café para acabar de acordar. Peguei o tablet e fui ler os jornais virtuais como faço sempre.
Passei os olhos nas primeiras notícias que me pareceram as mesmas de ontem; foi quando me dei conta de que havia algo estranho no ar, procurei pela casa e não encontrei o Otávio que provavelmente saiu para caminhar na orla ou aprontar alguma "arte" como costuma fazer.
Liguei a antena de alerta mas não me preocupei muito, já acostumada com as surpresas dele e voltei para a minha leitura de notícias requentadas e as novas tão desinteressantes que valia mais nem ler para não me chatear. 
Levantei dali e fui arrumar a casa. As horas foram passando e comecei a me preocupar com a demora do Otávio.
“Lá vem coisa”, pensei com minhas pantufas de crochê.
Perto do meio dia, quando preparava o almoço, ouço o barulho da chave girando na fechadura e entra a criatura peluda de olhos amarelos carregando uma caixa enorme.
“Bom diiiia”, ou já seria boa tarde, falei; Até que enfim chegou sua majestade.
- Bom dia, eu estava lá embaixo esperando chegar a minha encomenda...
- Que encomenda?
- A que eu fiz semana passada, não aguentava mais esperar que entregassem.
Enquanto falava foi rasgando o papel que embrulhava a enorme caixa de papelão até desfazer totalmente o pacote deixando ver uma geringonça esquisita.
- O que é isso, que treco é esse, não me diga que vai fazer macarrão para vender?
- Tá maluca? Isto é um massageador de ultima geração! Totalmente computadorizado com controle remoto.
- Parece um rolo de macarrão gigante, com cerdas de borracha e um suporte grande demais para o meu gosto. Onde pretende instalar a geringonça?
- Grande para quem? E de mais a mais o que você chama de geringonça é um substituto de cafuné, já que a atividade está cada vez mais escassa por essas bandas. Preciso implorar ultimamente para ganhar três míseros minutos de sua atenção.
- Ai que maldade, faço cafuné várias vezes ao dia em você e nunca é suficiente...
- Pois é, dai que vi essa máquina para vender na internet e comprei. A gente encaixa sobre a cama e o rolo vai massageando as costas com essas cerdas macias de borracha... Aliás, já vou instalar na minha cama e nas próximas horas, talvez dias, não estarei para ninguém. Vou ganhar cafuné até cansar...
Ai que inveja!