quarta-feira, 18 de junho de 2014

Coração Verde-Amarelo

                                                         Coração Verde –Amarelo
Eu já notei que em época de copa do mundo é um tormento para os homens cuja mulher não entende nada do esporte e ai fica fazendo comentários infames bem no andamento da partida e eu me incluo nesse grupo.
Daí eu pergunto e quero saber bem na hora:
Porque essa bola não valeu? E porque não, se ela entrou no gol? O que é impedimento?
Qual é o nosso lado, o do nosso goleiro? Por que a roupa dele é diferente, de outra cor, em vez de verde ou amarelo? Nada a ver, nem parece do time.
Olha que cara feio! Esse pediu para ser feio e entrou na fila três vezes...
Nossa, quanta tatuagem, parece uma revista em quadrinhos.
Eu acho esse muito baixinho para jogar futebol, ou se acho alto demais, acho que deveria jogar basquete.
Quando é que é falta, quando um tropeça no outro? E como é que ainda pouco os dois caíram e não foi falta?
Já notou que o jogador louro que usa cabelão, parece o negativo do cara negro? São duas versões para o mesmo tema hahahah...
Nossa, como o Neymar cresceu, está um  “Homão”, mas continua feio, o coitado! E o cabelo? Cada dia de uma maneira, uma cor...
Olha só que legal as chuteiras têm cores diferentes tem até rosa-choque!? E ainda tem umas que são cintilantes, muito massa...
Ei olha só, as meias dos jogadores do México, tem um desenho geométrico...
Éeeeeeee Gooooolllll, gol, gol golllllllll...
De quem mesmo?

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Verde e Azul

                                                          Verde e Azul
Acordei com uma voz aos gritos me dizendo que eu ia me atrasar para o trabalho.
Levantei-me tonta de sono e sem raciocinar direito fui até a cozinha e coloquei a cafeteira em funcionamento e ainda sob o comando da voz me dirigi ao banheiro e tomei banho de olhos fechados tal o sono que tomava conta de mim. E assim como um soldado num quartel obedece ao seu superior peguei minha bolsa e minha pasta e segui na direção do elevador sob o comando daquela voz.
Fiz todo o percurso de quase de olhos fechados, pois mal conseguiam se manterem  abertos.
Caminhei até o ponto do ônibus e entrei levada sob pressão, quase aos empurrões, pelos apressados que estavam logo atrás de mim na fila.
Sempre ouvindo cochichos incompreensíveis, porém intensos nas profundezas da minha cabeça, sai mais cedo e assim, a pau e corda, trabalhei até o meio da tarde, pois a cada hora ficava mais difícil me concentrar no trabalho.
Voltei para casa exausta e assim como entrei em casa, larguei minhas coisas e me atirei no sofá querendo apenas dormir e dormir.
Lá pelas tantas acordei com uma voz me avisando que eu precisava acordar e comer. Assim o fiz como um autômato e na cozinha comi além da conta e coisas bem estranhas me chamaram a atenção. A voz me gritava coma o que tem neste pote, misture com o que tem neste pacote, coloque o que tem no vidrinho verde por cima e assim foi.
Fiz uma mistura digna de uma grávida com desejo e me joguei novamente no sofá enquanto continuava a ouvir vozes sussurrando baixinho sem que eu pudesse entender, até que novamente a voz clara e nítida me mandou ligar a televisão e sofregamente fui trocando de canal o tempo todo sob o comando da voz imperiosa, foi ai que me deu um estalo e me lembrei de ligar para a minha amiga médica lhe contando o que estava acontecendo.
Ela me disse para eu tomar um taxi e ir até o hospital onde ela estava de plantão, assim eu poderia conversar com um dos médicos, colegas dela. Talvez os remédios que eu estava tomando para a depressão, estivessem produzindo algum efeito colateral.
Tão atarantada eu estava que só calcei os sapatos, peguei a bolsa e desci para pegar um taxi pedindo ao motorista que me levasse ao hospital.
Ao chegar fui levada imediatamente para uma sala onde se encontrava um médico, que vim a saber
depois, era um psiquiatra.
E as vozes continuaram cochichando...
O médico ainda relativamente jovem me fez vários testes e exames e a cada momento eu piorava, pois parecia que as vozes entraram em pânico dentro da minha cabeça. Foi quando entrou mais um médico e juntos reavaliaram o que eu falava e como divergiram do diagnóstico resolveram fazer uma Tomografia Computadorizada e duas horas depois, uma Ressonância Magnética.
De lá de dentro da máquina eu não podia ouvir os médicos e nem vê-los, mas na ante-sala do exame já se encontravam quatro médicos examinando o meu cérebro. Eles também foram chamados pelos colegas que haviam chegado antes.
O que tanto os espantava é que os exames mostravam que havia dentro da minha cabeça, no meu cérebro, um corpo estranho que depois de muito estudo e observação chegaram a conclusão que era uma micro nave espacial. No seu interior dava para ver nitidamente duas micro-criaturas alienígenas, uma verde e uma azul, instaladas em cadeiras giratórias, tendo à frente um painel de informações e duas telas diretamente ligadas aos meus olhos dando uma imagem precisa ao que eu via e me comandavam lá de dentro do cérebro aonde me conduziam e me davam ordens.
Daí que através da minha mediação foram explicando que eram de Marte, de uma região entre duas rochas que formavam um vale profundo, onde havia uma população de criaturas como eles, se bem que os azuis eram em menor número, porém como tinha sido instituído um programa de cotas ele teve que ser aceito no programa.
Eles haviam chegado há duas madrugadas atrás e entraram pela orelha direita enquanto eu dormia se instalando sem mais problemas, dando andamento às suas pesquisas e pretendendo avaliar se havia compatibilidade entre os dois planetas.
Eles eram admiradores do planeta azul, era sonho de consumo para a maioria dos Marcianos virem morar na terra.
Assim, após algumas horas de conversa e intercâmbio, os invasores foram convidados a sair do meu espaço mental e eles se foram, saindo pelo ouvido direito e levando suas coisas.
Ainda os apreciei sair voando na micro-nave pela janela da sala de exames, tão pequenos como uma semente de gergelim em sua nave tamanho de uma ervilha.
Depois de algum tempo entre divergências e discussões a Junta médica decidiu trocar a minha medicação e deixaram-me dormindo algumas horas, antes de me liberaram para voltar para casa...

domingo, 8 de junho de 2014

Carta de Amor aos meus Pés.

                                                Carta de amor aos meus pés.
Imitando a Nívea que escreveu uma carta para as axilas, resolvi escrever uma carta para os meus queridos e amados pés. Essa dupla dinâmica que me carrega há quase 70 anos.
Anos estes inesquecíveis desde a mais tenra infância quando me negava a calçar qualquer coisa nos pés a contra gosto do meu pai que não suportava ver mulher descalça (Freud explica).
Eu gostava de sentir o macio da grama, a aspereza do chão batido, os grãos úmidos da areia da praia o frescor das águas e a madeira do assoalho...
Lembro-me bem, voltando da escola nos finais de tarde de verão, quando as chuvas repentinas de tardes quentes inundavam as ruas e os meio-fios viravam cachoeiras marrons. Eu vinha debaixo de chuva, encharcada até os ossos, caminhando vagarosamente pela enxurrada fria e deliciosa no maior deleite, que só quem fez isso na infância sabe o sabor que tinha.
Arranquei muitas tampas dos dedões e dedinhos, pedaços de unhas além dos muitos espinhos e cacos de vidros que foram extirpados com agulhas queimadas e desinfetadas com álcool, além de um inesquecível bicho de pé.
Muitos torções e inchaços nos tornozelos e até algumas leves luxações devem estar registrados na caixa preta da minha vida.
Calcanhares de índio, unhas espedaçadas e joelhos ralados, fizeram parte da infância inquieta de quem pulava muro e subia em árvore como menino, mas isso foi até entrar na escola.
Mas meus pés queriam mais, queriam andar muito, conhecer o mundo, observar por onde pisavam.
Também adquiriram muitos calos em épocas de crescimento quando os pés cresciam mais rápido do que o dinheiro em casa e os dedos eram obrigados a se encolherem até mais não poder enquanto aguardavam a compra de outro par de calçado.
Lembro das inúmeras bolhas ardidas e inesquecíveis cobertas com ban-daid que não grudavam e formavam uma maçaroca que fazia doer mais ainda a ferida sem pele.
Também me lembro de calçar as meias de seda insuportáveis, na minha juventude.
Meus pés felizes relembram que já foram assistir no Teatro, a Bibi Ferreira, Juca de Oliveira, Fernanda Montenegro, Toquinho, além de peças como O Fantasma da Ópera e Cabaré e outros mais que não me lembro. Já se enterneceram ao ouvir musica das boas, como Sinfônicas e Orquestras, além de Cantorias diversas entre amigos. Muito bom, momentos felizes e inesquecíveis que fizeram bem à alma.
Daí continuaram os meus amados pés caminhando pela vida, eles já entraram e saíram felizes de quatro maternidades carregando mais um doce e pequeno fardo enrolado em mantas fofas.
Com o passar dos anos os passos foram ficando mais pesados e os pés foram ficando doloridos quando passaram a acompanhar queridos nos hospitais e aos cemitérios e já são muitos até aqui.
já conheceram a Reflexologia com uma Chinesa de verdade e duas botas de gesso por conta de uma fratura na lateral do pé esquerdo na base do calcanhar e mais uma fratura de canela, seis anos depois, que só não passei por cirurgia por insistência minha em me curar sem precisar. e por enquanto vou indo...
Os meus pés amados adoram viajar para qualquer lugar, ficam felizes ao subir num avião, ônibus,  carro e trem. Viagens de barcos ou navios não os atraem não.
Eles até já caminharam sobre linha imaginária do Equador em Macapá; não é genial fazer isso? Eles acham e eu também achei.
Também já foram à Belém do Pará duas vezes, à Manaus duas vezes, a Recife e Fortaleza. Já São Paulo e interior conheceram muitas cidades e algumas de Minas Gerais e Paraná, como por exemplo, a sua mais famosa; a Foz do Iguaçu.
Já que fomos até ai, também me lembro que meus amados pés já foram mais de vinte vezes ao Paraguai nos áureos tempos. Também já conheceram a Flórida e por lá passearam bastante e viram além de Miami, a Disney maravilhosa em Orlando.
E de passeio em passeio meus pezinhos abençoados quase foram totalmente detonados de tanto andar e ver as maravilhas inesquecíveis de Berlin.
Mas uma emoção inesquecível e que os acenderam para um futuro passeio foi ver a Torre Eiffel de cima, de dentro do avião à noite, quando sobrevoava Paris. Emocionante!!!
Enquanto isso, vou colocar meus pés queridos de molho que ninguém é de ferro, afinal há muito o que trilhar por essa vida ainda.

Este post sofreu uma atualização discreta de datas e outros pequenos detalhes, entre outros, o de  que hoje me recupero de uma fratura da Fíbula esquerda, logo acima do tornozelo me recuperando para próximas excursões e passeios, com certeza.