quinta-feira, 28 de julho de 2016

Não Se Fazem Mais Como Antes...

                                      Não mais se fazem como antes ...
Deusalina era dessas mulheres românticas ao extremo, talvez por isso não havia encontrado a sua “tampa do balaio”, a sua “metade da laranja” ou do limão, ou da jaca ou lá que nome se dê a um relacionamento mágico de contos de fadas onde um pisca e o outro “sente” os olhos arderem... tipo assim, entende?
Daí que ao longo dos anos entre sonetos e músicas românticas ela foi bordando um amor que só existia dentro da cabeça dela. Tão grande que parecia mais uma auto paixão, já que ela se modelou de uma maneira que se achava a mais romântica das criaturas e ninguém mais como ela havia no planeta azul para se igualar, mesmo assim viva em busca de alguém digno de seu amor.  
E assim vivia entre suspiros e lágrimas, totalmente voltada para o objetivo de encontrar o seu amado amor.
Durante muito tempo procurou na multidão e nos anúncios de namoros que saiam nas revistas tentou muitos, entrava em contato mas tudo em vão.  
Passou tantos anos nessa função que estava mais para uma mulher “madura” do que para uma inocente jovem romântica. 
Atravessou o país algumas vezes para conhecer seu “príncipe”, porém era só decepção, eram todos uma enganação ao vivo e a cores conforme costumava dizer para as amigas. E quando achava que havia encontrado algum depois de algumas horas de avaliação, Deusalina pegava a sua mala e voltava cabisbaixa para o seu canto e desencanto. Depois passava meses entre lágrimas d e tristeza e desolação até o próximo que encontrava.
Até que um dia, nossa amiga romântica, durante um voo de visita aos Lençóis  Maranhenses aproveitando um período merecido de férias, conheceu o que ela passou a chamar de “amordaminhavida”. Quanto mais se conheciam mais crescia aquele amor perfeito.
 El Cid, escrito assim mesmo,  era seu nome de batismo. Homem discreto, respeitador, cavaleiro, também romântico e perfeito. 
Maduro e bem humorado. Um príncipe. Na verdade, um achado.
Passaram as férias se conhecendo e loucamente se apaixonaram um pelo outro, afinal eram espelhos e como Narcisos deram-se as mãos e correram em busca da Felicidade sem mais delongas.  Depois de um mês de férias juntos voltaram a vida real e aos seu trabalhos, mas o jantar era sempre juntos em seu apartamento ou algum bom restaurante para brindarem mais um dia de Felicidade juntos. 
Os dois totalmente enamorados, diante de velas e vinho ao som das grandes orquestras famosas em todas as épocas. Musica de baile. Dançavam e se amavam mergulhados um nos olhos do outro.
Mas é preciso que se diga que desde o primeiro dia, no avião ainda, El Cid tirou do bolso uma pequena barra de chocolate Diamante Negro e estendeu a ela que maravilhada ficou com aquele singelo mimo entre os dedos respirando fundo com os olhos marejados.                           E a partir dali aquele se tornou um signo para o amor dos dois.  A “barrinha” de chocolate. Guardava com carinho todas as embalagens dentro de um livro de poesias.
Ao retirar o papel percebeu que haviam cinco quadros de chocolate.  Ela a partiu então em duas partes entregando dois quadrinhos para ele e ficando com três quadrinhos.
E pelos dias que se seguiram ele sempre entregava uma “barrinha” de chocolate depois do jantar  que ela partia em dois, ficava com três quadradinhos entregando a ele os outros dois .
Depois de alguns meses daquele ritual, certo dia jantando num restaurante elegante, ele estendeu a “barrinha” de chocolate Diamante Negro sobre a mesa mas não entregou a ela, deixou na lateral entre eles. Jantaram conversaram e até dançaram e quando voltaram a mesa e tomaram o ultimo gole do vinho ela estendeu a mão para pegar o chocolate para dividir com ele, como sempre fazia, mas ele o alcançou antes dela não a permitindo fazer o de sempre.
Calmamente ele retirou a embalagem olhando bem dentro dos seus olhos e entregou a ela dois quadradinhos do chocolate, colocando na boa os seus dois ficando com o último na mão.
Quem a olhasse naquele momento viria nitidamente a decepção dela.
“Então ele não é perfeito como eu pensava, fui enganada, oh céus que decepção!!!!”
Ele se manteve sério só observando aquela mulher que estava diante de si com os olhos marejados e que até ali havia vivido um grande e perfeito amor...
Daí ele tomou da faca e dividiu o quadradinho em dois triângulos e ofereceu um a ela que raivosa se levantou e foi embora deixando-o ali perplexo.
Logo depois ela escrevia para a amiga no WZ.

“Querida amiga, por conta dessas feministas desalmadas de hoje em dia não se encontra mais homens perfeitos. Não abrem mão de nada por nós, agora é só igualdade, igualdade, igualdade...”

Um comentário:

  1. Encontros e desencontros, fantasiosas expectativas e desastrosas realidades... Pensando bem, acho que a culpa é das feministas mesmo, Clotilde! Abraços.

    ResponderExcluir