Pé no queijo.
Como todos sabem estive em Paris na semana que passou.
Valeu cada segundo cada centímetro caminhado dor e dificuldade, cada gota de
água que bebi naquela cidade maravilhosa chamada de Cidade Luz.
Abençoados raios de sol e balanço das águas dos rios.
Valeram as dores e não foram de pouca intensidade nos pés
traumatizados e nas pernas idosas.
Valeu chegar mesmo com cistite emocional, resolvida rapidamente com
alguns comprimidos franceses de Cranberry natural, recomendo.
Valeu as noites insones de tanta dor, mas quem se importa
com dores em Paris?
Eu não me importei, até porque dificilmente voltarei nesta
encarnação “que já virou o cabo da boa Esperança”.
Valeu viver a vida que Deus me ofereceu e agradeço.
Valeu acordar todos os dias e saber que eu estava lá, tão
longe de casa e do outro lado do Oceano Atlântico e que logo depois estaria
tomando Café au lait com pão francês, brioches com geleia de Marmelada e dizer
“oui, merci” feliz da vida.
Andar sem rumo certo, ou programado, pois sabíamos que
qualquer lugar seria maravilhoso, lindo e nos faria felizes.
Andar mancando de dor entre as belezas esculpidas por toda
parte não as fez mais feias nem eu menos feliz.
Sorrir e me emocionar a cada passo, deslumbrada com tanta
beleza artística passou a ser corriqueiro com o passar dos dias.
Rir muito de mim
mesma pelos foras que dava, pela minha “matutice” e espantos explícitos e de
muitos que me rodeavam.
Admirei o ser de pessoas de outras raças que não vemos todos
os dias, como os Africanos, Indianos, Árabes, Muçulmanos e outros que não
identifiquei e suas indumentárias
interessantes. Tudo é interessante para aqueles lados.
Se posso dizer que algo me decepcionou foi o sabor inexistentes
das frutas. Todas que comi não tinham gosto. Uma pena. Mas conheci uma
variedade imensa de tomates e uma coleção de couve-flor de cores diversas,
verde claro, roxa, amarela, cor de laranja e a tradicional branca. Lindas, mas
duvido que tenham sabor, me baseando nas frutas.
Estar diante de quadros e obras tantas, famosas e criadas
por mãos abençoadas à séculos, quando não havia máquina fotográfica para ajudar
a fixar um movimento ou uma expressão nos faz muito mais abismados diante de
telas que infelizmente o tempo limitado não nos permitiu sentar para apreciar
cada detalhe por mais tempo.
A riqueza absurda dos palácios e aposentos dos nobres também
nos causou admiração.
Tudo, absolutamente tudo lindo e só posso agradecer e
agradecer muito e sempre a oportunidade vivida e oferecida pelas filhas
queridas.
Mas como não poderia deixar de ser, preciso contar um
acontecido inusitado mesmo antes de conhecer a Bela Cidade.
Ao embarcar em Guarulhos na companhia da filha Andréa eu já
estava desesperada de dor no pé acidentado onde passou a doer ao mesmo tempo a
fratura antiga e a que está ainda em recuperação, ou seja: o pé doía inteiro.
Daí logo depois da decolagem a companhia aérea como sempre
ofereceu aquele “quit” com uma venda para os olhos, para dormir, um par de
meias para descansar os pés e tampões para os ouvidos. Pois bem; com alivio
retirei minha botinha, as meias, enchi o pé de pomada a base de mentol,
coloquei as meias novamente e por cima as meias do avião.
No chão à minha frente coloquei minha bolsa e uma sacola de
papelão com algumas coisas que ficava em pé onde coloquei minhas botinhas.
Em seguida veio o jantar e como não consigo comer quase,
quando estou com dor, resolvi guardar um daqueles queijinhos quadrados
polenguinho e um pacotinho pequeno com duas torradas para comer de madrugada,
caso sentisse fome e joguei dentro da sacolinha de papelão em pé aos meus pés.
E coloquei um filme e mais outro e com dor e analgésico e muito amor à causa, passei
a noite.
Pela manhã, na hora do pouso, calcei minhas botinhas com
muita dificuldade, pois os pés tinham inchado, o que já é considerado normal
para quem não está com problema nos pés imagine para os meus tão combalidos nos
últimos tempos.
E finalmente ...ulálá... Chegamos na Cidade Luz!
Desci mancando um pouco mais do que entrei no avião, mas
quem se importa com isso em Paris?
E assim entre
quilômetros de esteiras rolantes, escadas rolantes aguardar as malas, elevador
e um metrô, finalmente na “boleia” de um taxi chegamos ao Hotel.
Uffaaaa! Que alívio!
Subimos ao quarto ansiosas por um banho e sair logo para
aproveitar o dia que ainda ia com o sol alto. Depois vi que lá o sol se põe
depois das 21.30h. Ainda bem... Voltamos naquele dia e nos demais depois das
23h.
Bem, ao chegar ao quarto, vindas do aeroporto fui logo retirar
a minha bota, pois estava desesperada de dor, para calçar um tênis de caminhada
que acomoda melhor o pé doente e foi quando assustei por estar estranhamente
com o pé todo melado, úmido e esquisito; Como assim?
Fiquei olhando com
curiosidade aquela coisa cremosa e branca grudada no meu pé, sem fazer a mínima
ideia do que se tratava, depois fiquei imaginando que a minha pomada para o pé devia
ter estourado, mas não; foi muito pior...
Era o polenguinho todo amassado e espalhado pela meia e por
dentro da bota.
Daí caiu a ficha;
Quando eu joguei o quadrinho de queijo polenguinho dentro da
sacolinha em frente ao meu acento ao lado da bolsa naquele aperto entre os pés,
ele caiu dentro da bota e o pé está tão desesperadamente dolorido que eu calcei
a bota com o queijo dentro e nem achei nada. Talvez até tenha achado macio...
hahahahahaha.
É mole? O queijinho era...
Só uma “tansa” mesmo para aprontar uma dessas logo em
Paris... Mon Dieu...
Imagine o quanto rimos por conta do "polenguinho" dentro da
bota...
Cada uma...
Você deve ter muito pra contar dessa viagem, Clotilde. Estive em Paris uma vez, em 2012, e espero em Deus poder voltar muitas outras... Abraços.
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