quarta-feira, 8 de junho de 2011

Visitas inesperadas

Visitas Inesperadas
Certa noite de luar, um céu pretinho pontilhado de estrelas reluzentes, não resisti e fui caminhar na praia, perto de casa. Fiquei lá sentada, com os pés enterrados na areia fria não sei por quanto tempo, não me lembro. Só sei que fiquei ouvindo o barulho das ondas, sentindo o ar fresco penetrar minha pele,  sentindo o cheiro da noite... do mar... e assim passei um bom tempo a sonhar de olhos fechados, divagando.
De repente percebi alguma coisa diferente no ar e um calafrio espalhou-se por todo o meu ser, percorrendo a minha espinha dorsal, causando um tremor estranho e gelado.
Olhei instintivamente ao meu redor e de repente tudo se iluminou literalmente e apertei os olhos não suportando tamanha luz e pensei: _ O sol já raiou? Será que não vi o tempo passar?-
Fui então abrindo os olhos devagar, ofuscados pelo clarão que me envolvia e foi se delineando alguma coisa à minha frente... E foi quando vislumbrei a nave;
Que susto! Era espantosa,  arrepiei-me inteira. Dois pratos gigantes, sobrepostos, voando baixo. Na verdade a “coisa” estava ali diante de mim, flutuando! Era do tamanho de um fusca. O objeto estacionou a um metro do chão logo adiante e do centro inferior, mais precisamente debaixo do veículo voador, dois seres deslizaram por uma rampa cor de laranja e vieram levitando ao meu encontro, comunicando-se comigo telepaticamente:
-Viemos até aqui conhecer a invenção mais prática, versátil e útil que existe nesse planeta.
Não sabia o que pensar, muito menos o que dizer; e o mais impressionante: eles liam os meus pensamentos! Que horror, e agora como escondê-los? Os pensamentos é claro!
Enquanto pensava em algo para lhes mostrar, “bege” de medo, convidei-os a irem até a minha casa para conhecerem o tal “invento”, enquanto isso pensaria em algo.
Subi no veículo voador deles pela rampa laranja e antes de ter tempo de me lembrar que estava morrendo de medo, aterrissamos no meu quintal.
Corri até a cozinha acompanhada de perto por dois pares de olhos curiosos, abri todos os armários, olhando para dentro deles sem enxergar nada, e pensar em algo mais inteligente para fazer, enquanto meu cérebro estava literalmente parado de idéias.
Peguei com as mãos trêmulas e úmidas duas latas de molho pronto e abri as com um abridor comum, modelo sardinha, que provavelmente devo ter ganho de brinde, mas de real interesse para os visitantes que o examinaram de todos os lados.
Derramei o molho numa tigela de louça e levei para aquecer no forno microondas. Em seguida peguei um pacote de torradinhas e nervosamente arrumei-as com foi possível sobre uma bandeja de acrílico transparente. Então retirei de uma gaveta uma pequena espátula e procurando acertar os movimentos, tal o tremor que já tomava conta de mim inteira, coloquei uma pequena porção de molho sobre duas torradinhas e estendi para aquelas mãos de três dedos!?
Na mesma hora pensei: -Por que só três?-
E um deles, lendo o meu pensamento respondeu também telepaticamente.
-Para usar o computador só precisamos de três dedos!
Com um sorriso gelado, de quem foi pego em flagrante, continuei “fazendo nada” para passar o tempo que não passava enquanto eles repetiam as torradinhas com molho.
De repente lembrei-lhes; falando pausada e ridiculamente;
- É s t a é a i n v e n ç ã o m a i s p r á t i c a, v e r s á t i l e ú t i l q u e e x i s t e n e s t e p l a n e t a.
Sem me darem atenção e fazendo de conta que não ouviram, continuaram comendo e lambendo os três dedos de cada mão, me ignorando solenemente, é mole?


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