segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Justiça mesmo que tardia

Ésta é mais uma das historinhas que tenho para contar....
Certo dia, há muitos anos atrás, fui visitar uma amiga e la estava entre outras pessoas um cunhado dela, tomando café confortavelmente instalado e visivelmente bem humorado. Era uma pessoa comum, dessas que passa desapercebida na multidão, mas fala pelos cotovêlos, cheio de assunto.
La pelas tantas ele começou a contar o que aconteceu com ele naquela semana, o que nos fez dar boas risadas, apesar da seriedade do caso e guardar a historia no meu caderninho.
Ele trabalhava há muitos anos no necrotério da Funerária da Prefeitura, que atendia a todos os sepultamentos da cidade, inclusive arrumando e vestindo os mortos. Pois ele nos contou que tinha acabado de resolver um problemão na vida dele, que estava muito feliz naquele dia e até aliviado. Mas ainda estava muito aborrecido com uma filha que só dava trabalho para ele, é que a "sem vergonha" da menina (usou de um belo palavrão para se expressar) tinha se apaixonado por um marginal, bandido, traficante e tudo de ruim numa pessoa só, e se não bastasse, ainda tinha ido morar lá no "muquifo" do rapaz no meio da favela entre traficantes e gente da pior espécie. Ja estavam juntos há algumas semanas quando o rapaz foi assassinado na porta do barraco dele, diante da garota num tiroteio de cinema. Um tragédia só. Ele, o pai, quando soube ficou aliviado porque o "desgraçado" (como ele se referia ao rapaz) tinha "batido com as dez", e desesperado pensando na filha e como tirá-la de lá, pois não é qualquer um que entra lá no meio deles, e ainda pensando em como trazer a filha de volta, andava de um lado para o outro desesperado até que a própria veio bater em casa (para alegria de todos). Mas para não dar-lhe uma surra, que éra o que merecia trancou-a no quarto até a raiva passar e o sangue decer (palavras dele). De madrugada, no plantão do amigo dele, chegou o corpo do bandidão para preparar para enterrar. O amigo, solidário com a sua dor, ligou para ele contando que estava lá, diante do "desgraçado", e achou por bem avisar para garantir que ele estava "bem morto".
Ai ele não aguentou, se vestiu e foi até o necrotério onde estava o corpo do marginal, chegou lá e foi arrancando a roupa dele toda deixando-o nú em pelo e deu-lhe uma surra de cinta (!!!) ... Uma surra de cinta no defunto, sim senhor e sim senhora, inacreditável, mas verídico. Ouvi da boca do próprio maluco que fez isso.
-"pra ele aprender a nunca mais mexer com a filha de ninguem"... falou completando a história.
Pode uma coisa doida dessas? Seria cômico se não fosse trágico.
Pois é, aconteceu, e eu ouvi do próprio autor do acontecido que dali a pouco se despediu e foi dar plantão no necrotério, foi trabalhar mais uma noite, feliz da vida e vingado...

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