Deu Zebra!!!
Uma senhora, amiga da minha sogra, certo dia de visita me contou esta história incrível.
Ela contou que os familiares dela eram fazendeiros há muitas gerações e alguns ainda moravam numa fazenda, cujo dono foi o bisavô dela, e agora só alguns tios é que mantinham a propriedade. Eles eram de uma família numerosa, como antigamente era a maioria das famílias. Um pouco por não conhecer métodos anticoncepcionais, outro porque no começo do século passado, nem se cogitava ainda da pílula e também porque viam nos filhos mão de obra para tocar o trabalho nas terras.
Mas contei tudo isso para chegar no assunto que interessa.
Naquela fazenda, no tempo ainda do bisavó dela, fazia parte dos agregados da fazenda um homem pra lá de bronco, grosseiro mesmo, mas de extrema confiança. Tanto que era comum manda-lo entregar o gado vendido e receber o dinheiro, pagar alguma compra e tudo mais. Ou ainda outras tarefas na cidade, como comprar remédios, falar com o médico sobre as doenças de alguém e ele levar o remédio com a recomendações necessárias. E para tanto, como tudo era longe geralmente ele pernoitava na cidade só voltando um ou dois dias depois de cumprir o que foi fazer.
Após o nascimento de uma prima dessa senhora, amiga da minha sogra que me contou a história, mandaram o tal homem, o agregado, para a cidade entre outras coisas para registrar a menina no cartório. Para tanto levou um papel rabiscado, com o nome do pai e da mãe, e o dia do nascimento da criança que deram o nome Mariailda.
O homem foi, fez o que precisava e voltou dois dias depois, já que ia em lombo de cavalo.
Quando ele chegou procurou o patrão e entregou o registro para o pai da criança que o meteu entre os seus papeis e continuou seu trabalho. E ninguém mais falou nisso.
Um tempo depois o agregado morreu e muitos anos depois, morreu também o dono da fazenda, o pai da menina e de mais dez irmãos, ela era a caçula. Abriram o inventario e qual não foi a surprêsa de todos ao se darem conta que não constava o nome da filha mais moça a Mariailda. Imagine só; ser uma das herdeiras da fazenda e não constar como pertencente a família e não existir para receber a sua parte. De tanto procurarem entre os papeis guardados encontraram um registro de nascimento em nome de Mariazinha da Silva, cujo pai era o tal agregado que ja tinha até falecido, faz tempo.
Provavelmente perguntaram o nome dele na hora de registrar, sem se darem conta que não era ele o pai da menina.
Como a cidade próxima era bem pequena, com a ajuda de algumas pessoas, vieram a saber que o homem todas as vezes que vinha até a cidade tomava um porre de cair e daquela vez provavelmente não foi diferente. O que aconteceu foi que possivelmente ele perdeu o papel com os nomes, aí registrou a menina com qualquer nome.
Dali em diante ela se tornou filha registrada daquele homem, que nem sabiam mais quem era. Como naquele tempo, metade daquelas pessoas (ou+) era analfabeta, estudavam lá na fazenda mesmo, só para saber escrever o próprio nome, nem tinham documentos, nasciam e morriam sem registro, ninguém teve a curiosidade de conferir o registro de nascimento que o pai dela guardou em qualquer lugar e só foram se dar conta muitos anos depois. É mole?
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