segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Vergonha

Em 1914 Ruy Barbosa proferiu diante do Senado Federal um discurso absolutamente extraordinário acerca da desonestidade e da falta de justiça.

Estamos em 2010 e esse discurso é uma das coisas mais atuais que tenho tido notícia. Nada mudou com relação à impunidade de 1914 até hoje nesse país. Jovens queimam índio e ficam impunes, arrastam uma criança até mata-la esfolada e não são punidos de forma exemplar, batem numa moça que espera pelo seu ônibus e ainda dizem que pensavam que era uma prostituta, e ficaria aqui por horas listando atrocidades que os noticiarios nos informam o tempo todo.
A crise econômica acabou, não temos mais inflação, temos é violência, hoje a crise é moral, é o vale tudo, é a paralisia do povo que não tem educação e nem consciência política suficiente para bradar pelos seus direitos e para expulsar esses ratos de esgoto que ocupam as cadeiras das “casas do povo”, o Senado Federal e o Congresso Nacional.
A minha indignação é tanta que não consigo pensar em outra coisa.
Com a palavra o nobre colega Ruy Barbosa de Oliveira:

“A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação.
A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais.
A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”

2 comentários:

  1. Olá Clotilde... estamos mais ou menos no mesmo barco... tb tenho um blog onde me esparramo toda! Sensações alegres, românticas, menos alegres e, revoltadas!! Com 64 anos, pedagoga aposentada tendo sido operária da educação por mais de 43 anos num país em que educação é relegada a um último plano!Lendo Eduardo Rezende vi seu blog! Parabéns! Gostei! Temos histórias semelhantes! Vc escreve de forma consciente e atualizadíssima! Continue! Visite-me http://celiarangel.blogspot.com
    Abraços, Célia.

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  2. Oi Célia, fui visitá-la como me convidou e "senti" nas entrelinhas como você é sensível e delicada. Como é amorosa e ainda sonhadora de um mundo melhor. Realmente precisamos acreditar para concretizar.
    Um abraço e obrigada por ter visitado meu blog. Apareça sempre♥

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