Homem de chapéu.
Não aprecio chapéu na cabeça de homem, boné ainda vai, mas chapéu, com certeza não!!! Nunca gostei de homem com chapéu e nessa madrugada, acordei com esta lembrança tola. Muito bom para começar o dia e a semana, nénão? Pois é e daí que fui lembrando várias imagens de pessoas que conheci ao longo da vida usando chapéu, desde meu avó materno de chapéu bege que pouco convivi, era muito pequena quando se foi, até meu pai de chapéu cinza escuro (acho) durante as minhas primeiras lembranças (aff, vai longe isso), alguns vizinhos e conhecidos, até que a moda caiu de vez; graçasadeus!
Mas sinceramente, o único que escapa de chapéu é o Zorro, com lenço por baixo para esconder o ondulado cabelo e tudo, é claro que estou falando do Antônio Banderas, mas mesmo assim...Ainda prefiro apreciá-lo sem chapéu.
Na verdade acordei antes das seis, talvez umas cinco e meia e me lembrei dos últimos dias de convivência com meu marido, para quem não o conheceu: Gilberto. Homem alto, porte atlético postura firme, que vi ser detonado, implodido pelo cancer em seis dolorosos meses do último semestre de 2003 e que nos últimos dez dias de vida, ao sair da última sessão de quimioterapia, enfiou na cabeça literalmente, um horroroso chapéu de feltro preto, mistura de rabino velho ou velho rabino com um antigo vizinho que conheci na infância, pessoa boa mas sem viço, que morreu depois dele ainda, com quase cem anos.
A pele azulada de tão branca, castigada pela "quimio", fazia destacar ainda mais aquele chapéu horrível. Talvez até quisesse se esconder do mundo e de si mesmo com aquilo na cabeça, não sei, mas o fato é que siceramente, aquele chapéu acabou de desestabilizar o pouco de estrutura emocional que me restava naqueles tristes dias de primavera fria.
Quase em lágrimas ainda tirei a última foto dele, fazendo a careta de costume, com aquele chapéu infame (a máquina estava a mão e eu quis descontraí-lo fotografando-o de chapéu novo) que lhe cobria os primeiros cabelos ralos que teimavam em renascer, talvez num último grito de regeneração, numa tentativa de sobrevida naquele corpo que se despedia tristemente antes dos setenta anos. Foi marcante.
É por isso que nunca gostei e continuo não gostando de chapéu... se bem que no Banderas ainda passa...
Boa semana sem chapéu, para você que me lê ♥
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