segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O Võo de Maricha. a lagartixa.

O Vôo de Maricha, a Lagartixa Maricha entrou em casa fazendo o maior barulho, como sempre. Seus pais mesmo acostumados vieram lá de dentro curiosos para saber qual era a novidade dela agora. -Mamãe, Papai!!!! Eu vou aprender a voar... -A VOARRR??!!??!! Perguntaram os dois ao mesmo tempo assustadíssimos com a novidade. - Sim! Voar como os pássaros, os aviões, os balões e tudo o mais que voa, voando, ora. -Mas minha filha, nós as lagartixas não voamos, é uma questão de aerodinâmica... Falou o pai por trás dos óculos. -Minha querida, voar é muito perigoso... -Ora mamãe, tudo é perigoso, andar é perigoso. Eu vou entrar para uma escola de pára-quedismo, depois vou comprar uma asa-delta ou um ultraleve, ainda não decidi, mas o que eu quero agora é voar, voar como uma gaivota voa... E correu para o telefone para contar a novidade para as amigas. Os pais de Maricha que conheciam bem a teimosia da filha sabiam que iam ter muitas preocupações, mas também sabiam que quando ela cismava com uma coisa, não havia nada que a fizesse mudar de idéia. Uma semana depois ela já estava matriculada na Escola de Pára-quedismo "Voar é Preciso", não sem antes convencer o instrutor que lhe entrevistou para a matrícula, que em todos os lugares do mundo as lagartixas voavam de todas as maneiras; de Asa-delta, ultraleve, avião e é claro: pulavam de pára-quedas. E que se ele não conhecia nenhuma é porque não estava tão bem informado e que deveria se orgulhar por ela estar ali, se inscrevendo para ser sua aluna. E assim, como sempre, ela tanto argumentou que o convenceu. Primeiro ela teria aulas teóricas como meteorologia, correntes de vento, altitude e outras coisas mais, alem de dobrar o pára-quedas, como todo bom aluno de pára-quedismo. Agora era a vez de dar o salto simulado, o salto de cima da torre para aprender a cair. -A gente precisa aprender a cair de cima da torre? Perguntou a mãe de Maricha, com ar preocupado, que ouvia a cada dia atentamente o que a filha toda empolgada contava que tinha aprendido na aula. -Ora meu bem, fala-se aprender a cair, porque ninguém pode se jogar de qualquer jeito, de lugar nenhum, muito menos de pára-quedas, mesmo que seja simplesmente de cima de uma torre sem nenhum conhecimento do assunto. Falou o pai de Maricha, com ar de entendido, voltando em seguida para o jornal que fazia de conta que estivesse lendo, mas na verdade ouvia atentamente as explicações da filha. -Ah, mamãe e tem outra novidade: No dia do primeiro salto do avião, será sorteada durante a festa uma viagem com acompanhante, com tudo pago, não é legal? Torça para eu ganhar. -Vou torcer minha filha, pode deixar que vou torcer muito para você ganhar. E lá foi Maricha para o telefone contar as novidades para as amigas. Finalmente chegou o grande dia do primeiro salto de avião. O salto de verdade. Maricha tinha conseguido as melhores notas na TEORIA. Agora precisava mostrar na prática se conseguia mesmo saltar. -Eu ainda acho um perigo, esse negócio de pular de pára-quedas. Vou rezar para o anjo da guarda dela... Falou a mãe aflita, mais para si mesma do que para alguém que a ouvisse. Mas o pai respondeu: -Para falar a verdade eu também estou preocupado. Continuo achando que nós as lagartixas, por uma questão de aerodinâmica, não podemos voar, mas enfim, quem sou eu para contrariar a nossa filha?! O instrutor da Escola de Pára-quedismo "Voar é Preciso", pegou o microfone e começou a falar: -Pessoal, antes de tudo começar, antes que os aviões que vão decolar com os nossos alunos pára-quedistas, levantem vôo, quero avisar que independente de conseguirem ou não desta vez, pular de pára-quedas, todos concorrerão ao prêmio de uma viagem com acompanhante e tudo pago. Eu faço questão que esta festa seja bem alegre e que todos os alunos e convidados se divirtam muito. Tudo bem pessoal? Então vamos começar a nossa festa. IIIIIUUUPPPIIIII!!!! Falou, gritou e se dirigiu a um dos aviões que aguardava já de motores em pleno funcionamento. Todos os instrutores e alunos se dirigiram aos aviões, Maricha no seu macacão rosa-pink e capacete também, era só alegria. Estava segura que iria dar o salto perfeito, bem no alvo. E tudo teria dado certo, não fosse o rabo de maricha, que primeiro trancou na porta do avião deixando ali um pedaço, e por conta disso causou um desequilíbrio, desviando-a do lugar que deveria cair, o alvo. Foi para tão longe dali que tiveram que ir de carro buscá-la, lá longe numa fazenda. Felizmente não se machucou. O rabo não seria problema, já que rabo de lagartixa quando quebra torna a crescer, mas como não poderia deixar de ser ela chegou de volta arrasada. Se achando uma derrotada e já ia derramando umas lágrimas quando viu que não era bem assim, pois todos a rodearem dando-lhe os parabéns, afinal como principiante e ainda inexperiente, ela tinha conseguido conduzir numa corrente de ar o pára-quedas para um lugar seguro caindo com cuidado e nem se machucou. Todos davam vivas, o que fez Maricha se animar novamente e participar da festa até o fim quando foi sorteada a passagem com acompanhante. -Atenção! Atenção! Vamos agora fazer o sorteio para completar este dia de festa da nossa Escola de Pára-quedismo. Falou o instrutor depois de dar parabéns aos alunos e incentivá-los a continuar este prazer que é voar. Todos aplaudiram com entusiasmo e alegria fazendo a maior algazarra. -Oba!Oba! Ganhei as passagens, ganhei as passagens, nem acredito! Gritava Maricha, enquanto abraçava os pais e os colegas. -Parabéns Maricha, hoje especialmente você merecia este prêmio. Você se esforçou muito e mostrou que sabe sair de situações difíceis. Falou o instrutor ao lhe entregar as passagens. -Obrigada pelo apoio, pelo incentivo e por todo o carinho. Posso perguntar para onde são as passagens? -São para Florianópolis, a bela Ilha de Santa Catarina; você já esteve lá? -Vou ter este prazer agora, graças a vocês e a estas passagens. Eu quero agradecer à Escola de Pára-quedismo "Voar é Preciso" e a todos os instrutores por tudo e prometo que escreverei e mandarei fotos. Todos bateram muitas palmas e em seguida Maricha e seus pais voltaram para casa. A mãe pálida de susto, não parava de rezar. Maricha ao chegar em casa foi correndo para o telefone ligar para a amiga Gina Jane. -Oi amiga, você está a fim de ir comigo para Florianópolis? É que eu ganhei passagens de prêmio na festa, você vai? Não pode? Ah! A sua agenda de shows, sei... que pena! Tudo bem, quando voltar a gente se fala e eu conto como foi. Um beijo, até mais... -Oi Martinha, eu ganhei as passagens na festa, e adivinha para onde? Que nada, são para Florianópolis! Não é incrível? E eu quero lhe convidar para ir comigo, para me acompanhar. -Quer mesmo que eu vá com você? -Claro que eu quero! Eu também convidei a Gina Jane, mas ela tem show para fazer em São Luis do Maranhão. É que o novo CD está "arrebentando" lá para aqueles lados. Legal, não é? Então você vai comigo? Está bem, então arrume as malas e embarcaremos depois de amanhã. É só o tempo de fazer umas comprinhas básicas. Dois dias depois em pleno verão, elas desceram no Aeroporto Hercílio Luz, na capital de Santa Catarina, em Florianópolis, a Maricha vestindo um mini-vestido de linho vermelho e chapéu de palhinha calçando tamancos também vermelhos com a sua amiga Martinha, a baratinha, Esta vestia um vestido estampado em flores tropicais predominando o azul turquesa e também usava um chapéu de palhinha com um lenço da cor predominante amarrado. Chiquíssimas. Um funcionário do Hotel em que ficariam hospedadas veio buscá-las. E lá se foram para a Praia dos Ingleses, num dos muitos hotéis que tem por lá de frente para o mar. Não se cansavam de olhar a belíssima paisagem. Tudo era maravilhoso. De repente Maricha olhou para o céu e gritou: -Olha só, para-pentes! Por favor, moço -falou para o motorista, -onde eu poderia alugar um para-pente para voar um pouquinho por aqui? -Com todo respeito senhorita, as lagartixas voam de para-pente? -Com toda a certeza, é por isso que estou aqui, neste lugar maravilhoso. -Tudo bem então, lá no hotel mesmo vocês poderão alugar para-pentes, ultraleves, escuna com programas de passeios, barcos à vela, caiaques, bicicletas carros, tudo o que pensar o que quiserem e precisar. A nossa Ilha é muito bonita, vão gostar muito do passeio, tenho certeza. Todos que visitam nossa ilha, sempre voltam e muitas vezes para morar. Isso porque a poluição do ar e do mar é zero. É a melhor qualidade de vida, o lugar é saudável e os peixes e frutos do mar são saborosos, colhidos na hora. As duas estavam tão encantadas com o que viam e ouviam que nem sabiam para onde olhar. No fim da tarde fizeram uma viagem panorâmica de helicóptero para conhecer melhor as belezas la de cima. Quando voltaram foram com uma van do hotel conhecer a Lagoa da Conceição. Jantaram por lá mesmo, só voltando a noite para dormir. E assim passaram correndo os dias, até que resolveram ir até a Praia Mole, lugar belíssimo onde se reúnem pessoas que estão por dentro das novidades, do que está acontecendo pelo mundo. Maricha deitou-se na areia, sobre uma "canga" colorida para apanhar sol depois de ter passado um bom protetor solar, colocou o chapéu de palhinha bem sobre os olhos, para se proteger do sol. Foi quando viu entre as palhas do chapéu naquele céu azul maravilhoso, vários para-pentes no ar volitando de um lado para outro. Eles pulavam do morro ao lado, não resistiu e gritou: -Uau!!!! Que maravilha!!!! Olha só Martinha, vamos passear de para-pente? -Eu não, deusmelivre! Não tenho a sua coragem. Gosto de sentir os pés no chão. Depois eu já estou de olho num surfista parafinado e não vou sair daqui agora nem com reza. -Tudo bem, mas eu vou, fique me olhando, que daqui a pouco, passo por cima de sua cabeça e pouso ali adiante nos braços de uma surfista sarado., antes que você agarre o seu. -Está bem, sua maluca. Quem sou eu para lhe contrariar? Só posso lhe desejar boa sorte. Vê se encontra outro maluco igual você, e saiam por ai feito dois passarinhos voando... As duas iram das próprias bobagens. Pouco depois Maricha conversava animadamente, com o dono de um para-pente. -É claro que as lagartixas voam, você não conhece nenhuma? Pois lhe darei este prazer, essa honra. Mas ele nem por nada queria alugar o para-pente para ela. -Sabe o que é também? É que o tempo hoje está mudando toda hora, aqui é uma ilha, exige um pouco mais de técnica. Imagine se isso era argumento para ela desistir?! Para ela era mais um desafio a vencer, só isso. E tanto fez, e insistiu que alugou o para-pente. Dali a poucos minutos Maricha, a lagartixa voava pelos céus de Floripa extasiada com tanta beleza. Foi aproveitando as correntes de ar, tão distraída, que nem percebeu que se afastava cada vez da Praia Mole, onde estava com a sua amiga, e foi indo para longe. O vento mudou de direção e ela seguindo uma corrente conseguia não ir para alto mar, mas não conseguia voltar. Sua amiga Martinha não tirava os olhos do céu, ao lado do dono do Para-pente, que tinha vindo para a areia resgatá-lo quando pousasse. E a Maricha continuou voando e voando por sobre dunas imensas, muito lindas, mas não fazia idéia onde se encontrava, e depois desceu quase de repente, fazendo-a cair na beira da água, diante de um surfista que saia do mar na praia da Joaquina. Toda atrapalhada acabou caindo no colo do surfista, que não sabia o que fazer, com aquela lagartixa em cima dele. Assustados e esparramados com a água batendo forte eles foram se embolando com a prancha, o para-pente, o surfista e Maricha, a lagartixa. Olhavam um para o outro, sem entenderem direito o que acontecia. -Mas o que significa isso! O que está acontecendo hoje aqui na praia? Maricha encantada com aquele "príncipe do mar", dourado, parafinado, nem falava, só ficava olhando... Nesse momento, chegaram de jipe, o dono do para-pente e a Martinha, toda apavorada com o que aconteceu à sua amiga. -Você está bem Maricha, não se machucou? -Não, só torci o tornozelo, mas valeu a pena. Sorriu candidamente para a amiga, que lhe conhecia bem e que lhe respondeu: -Mas você não precisava fazer tanta força para ganhar a aposta, não é amiga? As duas começaram a rir e os dois acompanharam, é claro, sem entender nada. Voltaram para o hotel com a ajuda dos dois novos amigos, e mais tarde saíram juntos para passear. Era a última noite que passavam em Floripa e no dia seguinte se despediram deles prometendo que voltariam no próximo verão. Autora: Clotilde Fascioni

Um comentário:

  1. Aahahaha... a Marixa precisa aprender a pilotar motos. Acho que ela vai gostar....

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