sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Maricha no Pantanal

Hoje vai mais uma história de Maricha, a lagartixa, só que desta vez ela é um pouquinho mais jovem...
A Bicicleta Amarela de Maricha, a Lagartixa. Aquele Natal foi inesquecível; Maricha, a lagartixa, pulou da cama bem cedo e correu para ver os seus presentes. Parou no meio da sala e ficou olhando abismada como se seus olhos não acreditassem no que estava vendo. Embaixo da árvore toda enfeitada, estavam muitos pacotes de vários tamanhos e formas embrulhados em papel colorido esperando para serem abertos. Entre eles estava o que Maricha tanto esperava ganhar e veio até com capacete, e era amarela como ela queria. -É linda! Muito linda! Eu nunca vi uma bicicleta amarela. Só eu tenho uma bicicleta amarela agora, que maravilha, ela é linda! E foi apressada tirar a bicicleta de entre os pacotes e já saindo em direção à porta quando a mãe lhe falou: -Epa! Espere ai minha querida. Não vai sair correndo assim, primeiro você vai se arrumar e comer sua refeição direito, depois pode passear a vontade. E não vai querer ver os outros presentes, o que têm naqueles lindos pacotes? Falou a mãe de Maricha cheia de alegria ao ver a felicidade da filha. -Ah, é mesmo. Estou tão feliz que só esse me bastava. -É, mas seus avós e tios também mandaram presentes para você e ficarão tristes se os desprezar e nem abri-los. Falou o pai de Maricha. Ela ainda levou um tempo ainda, ali na sala abrindo os presentes. Depois forma todos para a mesa comer o gostoso café da manhã de Natal que a sua mãe preparou com todo carinho. Tinha até panquecas de inseto africano! Uma iguaria importada e muito ao gosto deles. Os pais de Maricha eram muito sofisticados e elegantes. Todos conversaram animados durante a refeição quando o pai de maricha quis saber quais eram os planos dela para o ano que ia começar. O que ela pretendia fazer? -Ah, este ano vou praticar esportes. Acho que vou fazer triatlon. Falou Maricha com a maior naturalidade. -Mas minha filha, você não acha que deveria pensar melhor? A corrida, a pé e de bicicleta, tudo bem,, mas a natação?! Não sei não...Nós as lagartixas não nadamos. -Ora papai, não nadamos por que? Com certeza porque não procuramos aprender. E o nosso primo jacaré, não nada? Como eles podem e nós não? Como conseguem? É porque forma aprender... -Minha filha querida... os jacarés são maiores, têm os olhos grandes e saltados, para verem dentro e fora da água, dormem muito mais, e eu não sei direito se eles nadam ou só bóiam. Eles ficam ali na beira do rio, com os pés no chão, meio dentro e meio fora da água. Na minha opinião eles só tomam banho, não nadam, e isso nós também fazemos na nossa banheira. Falou o pai de Maricha com seriedade e ar intelectual por detrás dos óculos. -Pois eu acho que se eu não tentar nunca vou saber. E quem sabe eu ainda entro para a história do atletismo como a primeira lagartixa a praticar o triatlon? Falou com aquele ar de quem sempre faz o que quer e como quer e quando dá na vontade, enquanto se levantava da cadeira e pegava a sua bicicleta amarela toda sorridente. Deu um beijo nos pais, que ela amava muito e saiu pedalando pela cidade. No fim do dia, foi até o parque correr um pouco, já se imaginando correndo metros e metros para conseguir uma boa "marca" no esporte. Logo no começo do ano, Maricha se inscreveu numa academia de ginástica. Entre outros exercícios, queria aprender a nadar. Muito curiosa a instrutora de esportes perguntou: -Você conhece alguma lagartixa que sabe nadar? Estufando o peito com orgulho Maricha respondeu: -Não; mas tenho parentes no Pantanal do Mato Grosso, os jacarés, que nadam desde pequenininhos, por isso, quero e vou aprender a nadar. Se não tentar não saberei não é? -Tudo bem,. Mas tenho a impressão que os jacarés não nadam, eles rastejam na beira do rio com os pés no chão. Ficam só tomando banho. Mas se você quer tentar, vamos ver como vai se sair. -Já ouvi essa conversa, mas vou tentar assim mesmo. Falou Maricha teimosamente sorrindo firme. No dia marcado, para a primeira aula, Maricha apareceu na academia vestindo maiô, touca de borracha e óculos de nadar, toda animada. Quando chegou na beira da piscina se jogou com tudo, fazendo esparramar água para todo lado. Cada virada que dava batia com o rabo nos outros alunos. Eram pedidos de desculpas o tempo todo e para todo lado. Quando chegou para a aula seguinte foi informada que não iria dar certo e foi convidada a desistir da aula de natação, pois tumultuava demais a aula e atrapalhava os outros alunos. -Tudo bem... -Falou Maricha engolindo o próprio orgulho, sem demonstrar o quanto estava contrariada, e comentou: -Tudo bem, eu vou fazer uma viagem ao Pantanal do Mato Grosso e vou conversar pessoalmente com os meus primos jacarés, e aprender com eles a nadar. Dois dias depois, todos os três; o pai, a mãe e Maricha, vestindo roupa de Safári embarcaram no avião, rumo ao Pantanal Matogrossense. Assim que desembarcaram no aeroporto, alugaram um jipe que os levaria bem lá no interior do pantanal onde ficam os jacarés. Quando forma chegando e viram a beleza do lugar, nem fechavam os olhos, tão encantados com o que viam. Ainda bem que cada um levou sua máquina fotográfica e filmadora. Assim não perderiam nada do passeio. A Natureza era lindíssima, pássaros e aves de todas as cores e tamanhos passavam em revoada sobre eles de um lado para o outro. Macaquinhos diversos pulavam de galho em galho dando gritinhos, antas, pacas, quatis, sagüis, um lobo guará, além de plantas e flores de todo o tipo. -Mas isso aqui é o paraíso! Que maravilha! Não paravam de falar e se admirar. -Ah, como tudo é lindo aqui. Todos deveriam conhecer o Pantanal do Mato Grosso, é uma beleza! Só então seguiram para onde se encontravam os jacarés, os seus "parentes", Chegando lá levaram um grande susto; É que jacaré de perto, é bem maior. Nossa! Em fotos e na televisão eles não parecem tão grandes! Exclamaram os três ao mesmo tempo. Um pouco mais calmos tentaram de todo jeito chamar a atenção dos jacarés, mas eles nem deram importância. Faziam de conta que nem era com eles e ainda fingiam que cochilavam naquele sol escaldante. Os jacarés são muito orgulhosos. E por causa disso, eles ficaram sem saber qual era a técnica usada que os jacarés usam para nadar. Eles ficam o tempo todo mergulhados até a metade na água, com os pés no chão e com os olhos saltados meio fechados, meio abertos fingindo que dormiam. - Imagine se eles iriam dar bola para esses "parentes menores".- Mas a Maricha, a lagartixa, não gostava de ser contrariada e se sentia muito chateada por não conseguir descobrir o método que os jacarés usam para nadar. Seu pai continuava mais do que nunca, achando que eles não nadam, só tomam banho. - Não nadam coisa nenhuma, só tomam banho... - repetia. -Que pena, não é mamãe e papai, viemos de tão longe e não conseguimos saber como os jacarés nadam. Agora até eu estou começando a achar que os jacarés nem são tão parentes nossos assim. Falou Maricha, desdenhosa. -Minha filha querida; De tudo o que nos acontece devemos tirar algum ensinamento ou experiência, mesmo daquilo que nos parece um fracasso. Veja bem: se você não quisesse aprender a nadar, não teria conhecido tão cedo este paraíso que é o Pantanal do Mato Grosso com suas maravilhas. Falou a mãe procurando animá-la. -Pensando mais além, foi por causa da minha bicicleta amarela que fiz esta viagem maravilhosa, e neste caso sai ganhando satisfação e experiência. Não consigo nadar, mas graças a isso, conheci uma das Maravilhas do Brasil. -É assim que se fala minha querida. Nem todos podem fazer tudo o que querem, por um monte de motivos, mas podem-se ter muitas alegrias se não ficarmos o tempo inteiro chorando. -A vida sempre nos oferece muitos momentos de felicidade, é só estar disposto a apreciá-los. Falou o pai por trás dos óculos, cheio de sabedoria. Então Maricha, a lagartixa, voltou para casa, imaginando que logo que chegasse iria dar um longo passeio na sua bicicleta amarela. ♥ Autora: Clô Fascioni

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