domingo, 31 de julho de 2011

Acontecimentos inesquecíveis


Acontecimentos inesquecíveis

Olhem só como era impossível dizer não a este olhar...



Hoje de manhã eu conversava com os meus netos:
Bruna, Laura e Pedro e contava para eles o quanto a minha casa era movimentada e cheia de acontecimentos inusitados, muitos deles por conta do meu último filho, o de número 4, o Vinícius. Menino inteligente e muito curioso. Para ele havia quase sempre a necessidade de verificar tudo com os próprios olhos, confirmar, examinar pessoalmente para ver se era como a gente falava (deveria se chamar Tomé, lhe caberia bem). Tinha que ver para crer.
E me lembrei de contar para eles (netos) um acontecimento que se passou no período da pré adolescência do Vinícius, por volta dos seus 7 anos mais ou menos, talvez menos, hoje ele tem 37 anos e é pai da Ana Flora que vai fazer 6 anos em Setembro e Ana Júlia de 4 anos. 
Continuando... Eu me lembro que certo dia ele apareceu em casa com um coelhinho branco, fofo de olhos vermelhos exatamente como o daquela "musiquinha": 
♪♫ De olhos vermelhos e pelo branquinho...♪♪, todo feliz da vida. 
Imagine o "surto" psicótico e altamente didático que eu tive ao ver no meio da minha cozinha a lindinha criatura?
 -Nem pensar! falei para ele. Esse bicho come o dia todo e eu não vou sair por ai atrás de cortar capim para coelho nenhum, por mais lindinho que seja, pode levar de volta de onde veio! 
Antes preciso explicar que naquela época, minha casa tinha três cadelas (as vezes mais) que davam cria periodicamente, algumas até junto comigo (tenho uma escadinha de quatro filhos), no mesmo dia em que meus filhos nasciam, as cachorras geralmente davam cria por pura por solidariedade, com certeza. Além da cachorrada que não comia ração nem por decreto do bispo, comiam panelas enormes de comida feita à base de polenta no meu fogão branco Brastemp, lindo, com todas as honras. Ainda faziam parte da família, duas tartarugas, uma delas bem branquela, estranhíssima, que veio de presente de um amigo do Amazonas (naquele tempo podia) e um papagaio que foi da minha mãe por muito anos, além de várias gaiolas de passarinho com crias periódicas e tudo mais. Um mini zoológico particular. Também tinha uma oficina/depósito de tudo que seja mecânico ou eletrônico, além de tranqueiras e bugigangas "antigas" que ninguém queria mais, se guardava lá em casa. A casa era grande é verdade, mas... Empregada? Ajudante? Colaboradores? Mil visitas sempre e um entra e sai o tempo todo com gente que ia e vinha consertar coisas ou encher os "picuás"(palavra muito usada pela minha sogra) Hahahaaha....
Deu para entender o porque da minha cabeça ser assim né? Quem não sai da "casinha", não sobrevive numa vida dessas... 
Pois bem; voltando ao coelho e ao Vinícius;
Muito triste, em lágrimas, ele me jurou que pessoalmente providenciaria a comida para o bichinho e como uma das qualidades/defeitos do Vinícius é a teimosia e a determinação, não adiantava eu bater de frente, pois eu cansaria muito antes dele, com certeza. 
Dai o jeito foi concordar logo e graças aos deuses que protegem as mães da teimosia dos filhos, no dia seguinte ele não aguentava mais colher capim  pois o "lindinho" comia o tempo inteiro e o cheiro não era nada agradável.
A novidade passou, a curiosidade tinha sido satisfeita e ele colocou o coelho em baixo do braço e saiu. Não demorou muito voltou trazendo uma galinha magra e desconfiada, que tinha sido trocada pelo coelho em alguma casa da redondeza. Ao perceber que a cachorrada pulou para "conhecer" a visitante, ele, junto com o pai 
(o Gilberto apoiava tudo o que era novidade e todo o tipo de arte infantil, pois ele próprio guardou na memória a infância muito bem até morrer), construíram no meu canteiro de flores um galinheiro mal enjambrado com garantias que era provisório(!?) só para resguardar a galinha que no imaginário do Vinícius e provavelmente do Gilberto também àquelas alturas, que a galinha produziria ovos para o Ceasa, e pintinhos para as granjas ITO. Imagine a minha alegria?! Dia seguinte, para alegria do Vinícius ao voltar da escola, ele encontra um ovo no galinheiro e a galinha mais ressabiada ainda, pois as cachorras não saiam de perto, só de olho nela. Eu logo perguntei se queria que o fritasse para ele comer e ele me olhou como se aquela pergunta fosse um convite ao crime.
Tudo bem, disse eu, e continuei fazendo o meu serviço. Mas ao abrir a geladeira, vi que o ovo estava devidamente separado para não ser misturado aos outros, então eu perguntei o porque daquele exagero se ovo era tudo igual?! Santa ignorância a minha... foi o que me pareceu ver nos olhos dele. 
- Mãe, eu vou fazer pintinhos!- me falou ele com toda a convicção.- Dai, eu tive que explicar-lhe que para chocar pintinhos os ovos precisavam de um galo e não podiam ser colocados na geladeira, precisavam ficar no ninho perto da galinha para ficarem quentinhos etc...etc.... 
Qual não foi a minha surpresa momentos depois ele me aparece com um galo emprestado de uma vizinha que também tinha alguns meninos, e que vieram todos para assistir a galinha e o galo cruzarem para "fazerem pintinhos". E aí podem imaginar a farra que foi naquela tarde de um dia qualquer, a sessão altamente didática e ao vivo sobre a natureza, com os meninos rodeando o galinheiro batendo palmas em cada investida do galo sobre a galinha, enquanto as cachorras enlouqueciam por ver mais um intruso no pedaço: o galo. 
O Gilberto dava gargalhadas assistindo a folia dos meninos se aliando a eles. 
A confusão estava instalada e o rebuliço estabelecido.
Quando os meninos cansaram de assistir o "evento", pois o galo "só pensava naquilo", foram brincar com outra coisa e deixaram o galinheiro pra lá, com as cachorras rodeando, doidas para pularem dentro do "motel".
Lá pelas tantas uma das cadelas, a maior, pulou na improvisada porta do galinheiro e a derrubou sobre o galo quebrando-lhe a perna. 
Tragédia no galinheiro!!! Imagine a minha cara? O que fazer se o galo não era nosso, era da vizinha? Além de tudo depois vim a saber que o galo era de estimação, tinha sido criado desde pintinho, era dos meninos e por ai a ladainha das lamentações e lágrimas de dó do "pobrezinho" que teria que ser sacrificado (pelo menos morreu feliz, imagino eu), pois o portão arrancou cocha e sobre cocha do bichinho.
Adivinhe quem teve que pedir desculpas e "oferecer" outro galo para substituir o insubstituível?
Nem adiantava pedir desculpas... todo mundo sabe que animal de estimação não tem preço e nem substituto, o jeito foi fazer cara de paisagem e deixar o tempo arrumar as coisas. Muito compungida prometi que quando chocassem os ovos um dos pintos seria deles ou mais de um, se quisessem. Afff, que sufoco! Continuando a história que ainda não acabou, pois não é que chocaram realmente alguns? Parece que seis (não lembro quantos, já faz uns trinta anos isso), mas a cachorra matou dois, o dono do galo ganhou só um e o último virou galinhada no sítio de Itatiba quando cresceu, pois o Gilberto teve que optar entre a galinha com o pinto e as cadelas... 
O Vinícius nunca parou de descobrir e inventar, até hoje tem uma capacidade criativa incrível de arrumar ou consertar o que ninguém mais deu jeito.
Os netos se divertiram muito naquele dia e a Laura ainda comentou que a nossa família devia ser muito animada. E era mesmo, mas é muito barulhenta também...
Esta história postei aqui em agosto de 2009

2 comentários:

  1. Nossa... uma verdadeira pândega zoológica. Ou zoo-ilógica, tamanha a profusão de bichos e situações hilárias. Realmente, Clotilde, histórias assim a gente não esquece. Muito divertido o seu texto. Abraços.

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  2. Relembrando agora as situações e acontecimentos, acho que foram bons tempos aqueles, bem divertidos. Eu não tinha tempo para pensar, hoje acho que penso demais... hahahah. Abraços e obrigada pela visita.

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