O Sonho acabou de acabar
Acordei cedo, como sempre, olhei para fora e assisti com
admiração o nascer do dia, da aurora, do alvorecer e até fotografei, como faço
sempre que a imagem pede a eternidade do momento.
Depois do banho tomei tranquila meu café, depois tomei
outro e mais outro com a sensação de que faltava mais alguma coisa. Queria
comer algo mais eu não sabia o que era.
Passeei pela casa em vão, tentando preencher o vazio
que me tomava a alma, que sentia falta de algo que eu não definia.
Foi quando o locutor da rádio falou algo que me chamou
a atenção; ele dizia que devemos correr atrás do nosso sonho. Sim, era isso!
Correr atrás do nosso sonho, do meu sonho. Eu estava com uma vontade indecente
de comer um sonho fofo recheado de goiabada coberto de açúcar de confeiteiro.
Não perdi tempo e fui pedir ao Otávio para ir até a
padaria buscar um sonho fofo recheado de goiabada e coberto com açúcar de
confeiteiro.
Levantando os olhos amarelos e entediados do jornal que ele lia no
Tablet, redarguiu intrépido:
- Por que eu faria isso, se é você que está com vontade
de comer um sonho fofo recheado de goiabada e coberto de açúcar de confeiteiro?
- Simplesmente porque estou com vontade de comer um
sonho bem fofo, recheado de goiabada e coberto de açúcar de confeiteiro, mas
não estou com vontade nenhuma de ir buscar na padaria, só por isso.
- E porque você acha que eu estou com vontade de ir até
a padaria buscar um sonho fofo, recheado de goiabada, para você; se eu nem como
sonho e nem faz parte da minha cadeia alimentar?! E vontade de sair daqui, tenho nenhuma.
- Tudo bem; já até perdi a vontade de comer um sonho fofo, recheado
de goiabada e coberto de açúcar de confeiteiro ou qualquer coisa melada ou
cheia de açúcar, e até acho bom, porque a "tiabete" não ia gostar nada
desse meu desejoso deslize palatal adocicado que me assaltou no dia de hoje; mas não custava
nada me fazer um favor, um agrado de vez em quando, faz parte da política da
boa vizinhança servir para agradar,
não esperar só ser servido.
- Ah é? A
preguiça agora argumenta bem, para se defender em? Sim senhora, admirei agora a sua auto defesa...
- Olha quem fala em preguiça alheia?! Fica ai de molho
o dia todo, semanas inteiras hibernando como um urso, e eu que sou preguiçosa só
porque pedi um favorzinho...
- Então se quer muito comer um sonho fofo, recheado de
goiabada e coberto de açúcar de confeiteiro telefona para a padaria e pede para
entregarem, se atualize; ninguém vai mais à padaria, mandam buscar os brioches.
- É da Padoca? Dá para entregar um sonho fofo recheado
de goiabada e coberto com açúcar de confeiteiro?
- Senhora, só temos sonhos recheados de Açaí e coberto
com açúcar mascavo...
Realmente o sonho acabou... sniff... sniff...
Já não se fazem mais sonhos como antigamente, recheados
de goiabada, creme de gemas, doce de leite...
Açaí ninguém merece...
De fato... o sonho"clássico" não combina em nada com açaí. São os nossos doces sonhos encarando a amarga realidade! Abraços, Clotilde.
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