domingo, 13 de novembro de 2011

Três Palavras

Pois é, a minha filha Ligia sempre convoca os seus leitores a escrever historinhas a partir de três palavrinhas pescadas do dicionário. Pois bem, hoje resolvi arriscar.
As palavras são: FETICHE, POEMA E CORCOVA.
A luz da lua criava sombras na parede da alcova fazendo parecer ainda maior a corcova do homem que passeava pelo aposento. Em sua cabeça de parcos cabelos e muita fantasia, pairava um pensamento renitente e quase estridente quase revelando o seu segredo tão antigo quanto à velha casa cinzenta que o abrigava há longos anos. Era mais que uma paixão, era um FETICHE guardado a sete chaves. E foi pensando nele que abriu a duas portas do armário e mais a tampa da caixa de metal que ficava na parte interna do assoalho do referido móvel. Retirou com cuidado o seu tesouro e cuidadosamente o colocou sobre a cama em desalinho, afastando para cima do travesseiro de cor indefinida as cobertas desbotadas, para melhor apreciá-lo. Era magnífico, vermelho e com salto agulha de sete centímetros. Passou horas naquela posição de admiração e lentamente foi se delineando em sua mente um doce POEMA em homenagem ao seu precioso objeto encontrado por acaso escorrendo pela sarjeta inundada num dia qualquer de temporal que caiu na cidade.


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