sábado, 29 de maio de 2010

Vivendo no mundo de hoje



Ontem eu não estava nada bem, mas já passou.

Sempre que acontecem coisas, ou assisto cenas, ou vejo coisas que me surpreendem, e algumas vezes me chocam, fico pensando e repensando como uma cabra que rumina, até que me acalmo e sigo adiante. Antigamente eu falaria um monte a quem estivesse por perto para me desabafar, contar o que aconteceu, se aconteceu, com qualquer pessoa mesmo, podia ser um completo estranho eu falava, contava a minha vida e as minhas tristezas e até já fiz terapia muitos anos, o que me ajudou muito nisso. Falava um monte, até despejar tudo , vomitar tudo o que me embolava no estômago, agora não. Com os psicólogos aprendi a ver a situação sob vários ângulos, me ver e avaliar a situação "de fora".
Talvez por isso sempre ouvi e ouço atentamente as pessoas, as suas histórias de vida, sempre dou atenção total a quem me fala, e não me aborreço, eu sinto que a pessoa "precisa" falar e eu deixo, não vou resolver o problema, mas vou "dividir a alça da sacola" por alguns momentos e sei que vai fazer bem a ela, como fazia para mim. Fora que adoro histórias de vida.
Assim, pensando e ruminando cheguei a conclusão de como faz bem envelhecer.
Se os jovens soubessem disso não tratariam os mais velhos com tanto desprezo e descaso. Não se sentiriam deuses da sabedoria e nem seriam tão agressivos com palavras decoradas e repetidas da boca de outros da sua idade, e que na verdade não dizem nada, vomitam uma verborragia decorada e natural da inexperiência de suas vidas, totalmente sem fundamento e nem conteúdo do alto de seus "metroemeio". Falam da boca para fora o que está na moda dizerem, algumas vezes ilustrados por palavrões impensáveis há tempos atrás, vindo de quem vem.
Mas também já fui jovem, tinha ideias de como ser e como fazer, apesar dos tempos serem outros e que de acordo com a juventude, não servem mais para o mundo de agora; um mundo diferente e muito mais evoluído. E eu sou do tempo em que os mais velhos "eram os mais velhos" e deveriam pela ordem das coisas, serem respeitados como tal.
Mas continuo pensando que também já fui jovem, e também só via o que acontecia no meu quadrado de egoísmo, e no meu egocentrismo, também achava que as coisas deviam ser como eu pensava e não como aconteciam de verdade, que a lei das coisas devia seguir da forma que eu achava e não como acontecia. A diferença era que eu só achava, e não me aventurava a fazer ou enfrentar para mudar. Olhava o mundo até de forma insegura. Nunca fui corajosa de arriscar a contrariar as normas e conceitos da minha criação, e acho que ainda não sou muito corajosa, apesar de as vezes parecer aos que nunca me observaram direito.
Mas eu ainda jovem, já pensava que o mundo devia ser de paz, que as pessoas não deveriam brigar uns com os outros e nem comigo e me cobrarem coisas de mim que eu não tinha feito e muitas vezes nem sabia do que falavam, mas é assim, viver não é fácil e muitas vezes não gosto, vou vivendo "na marra".

Hoje não, tudo é muito diferente e eu estou generalizando, é claro. Na verdade estou um pouco assustada com o que vejo por ai, e ouço. Vejo na juventude de agora, espíritos rebeldes e seguros de si, cheios de certezas que nem posso dizer que são erradas, pois são as suas certezas, as certezas daqueles que estão chegando e demonstrando aquilo que trouxeram no bojo de outras vidas. Experiências que usarão neste novo mundo que está se formando como novo, chegando e se alojando numa velocidade que nossos (meus) sentidos já não acompanham. O mundo novo, ainda bem que já não estarei aqui para conhecê-lo pessoalmente, já ando assustada com o que estou vendo, acho que não aguentaria por muito tempo conviver com esse novo povo, que está chegando.  

Um comentário:

  1. Gostei muito Clotilde Fascionni. Publiquei teu Blog no Facebook.Espero muitos comentários, Você escreve naturalmente.Conversando.Amei. ...

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