domingo, 14 de março de 2010

Acho que é velhice

Acho que identifiquei a minha profunda tristeza. Por mais que eu ache normal que os meus filhos morem e viajem, eu sofro a saudade, a ausência. Não quero admitir para mim mesma que já não estou tão perto deles ou eles de mim. Já fui visitá-los, estão todos muito bem e felizes, mas eu não faço parte da vida deles e de ninguém. Estou só. É uma sensação estranha, como venho dizendo, repetidas vezes, na verdade descobri que eu fiquei foi de luto, assim como fiquei de luto por mais de dois anos quando fiquei viúva. Agora é um luto de pessoas vivas, o luto da tristeza que a distância provoca. Na forte presença da ausência. Ir na casa desocupada esperando novo morador e ver que não há ninguém, não há mais aquele entre e sai, o barulho natural da vida em família, os chamados, o telefone que toca, o gato que mia, as coisas espalhadas... Nada. Só o silêncio e o eco dos meus passos pela casa vazia. É muita saudade...
Não imaginava sentir essas coisas, ter esses sentimentos dolorosos. A nossa idade é marcada pelo tempo dos acontecimentos tão comuns, mas também se fragmenta em lembranças de momentos únicos.


Acho que é isso o que chamam de velhice...

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