Indo e Vindo
Mês passado eu havia me programado para fazer uma
viagem de dois dias, na última semana, pela Serra Catarinense; mais
precisamente, Rio dos Cedros, Timbó e Pomerode. Comprei o pacote e aguardei
pelo passeio até com certa ansiedade.
Na véspera, por conta das intensas chuvas, a Empresa de
Turismo cancelou a viagem por medida de segurança, já que as estradas não ofereciam
condições de trafego seguro, tanta era a água que caia que derretia
literalmente os morros à beira das estradas, enquanto os rios subiam seus
níveis cada vez mais rápido.
Pois bem, transferiram o passeio para os dias 9 e 10 de
novembro esperando que as chuvas parassem, e quem disse que a chuva parou
durante este tempo?
Nananinanão! Acho até que mandaram trazer mais água do
Universo, de outro planeta, pois a água do planeta Terra estava (está) caindo
toda em cima do Estado de Santa Catarina descia e subia no mesmo circuito. Não
temos mais onde encontrar um lugar seco.
Para ter idéia, a guia do passeio nos informou que
durante o mês de Outubro não choveu por apenas seis dias, e alternados! Isso não quer dizer que deu sol,
aquele maravilhoso que a gente conhece e ama.
Durante todos estes dias sem chuva, não tivemos sol, no
máximo algumas horas ou minutos. Muitos ficaram nublados, enfarruscados e
sombrios o tempo todo. Affff...
Pois bem, voltemos ao passeio à caminho de Rio dos
Cedros;
Embarcamos as 7h e depois de algumas horas viajando
vagarosamente por medida de segurança, é claro, pelas estradas do interior e morro
acima. Íamos em direção à Rio dos Cedros, num hotel nas montanhas, que fica à
beira de um lago/represa.
Finalmente chegamos; mas ainda para almoçar e já perto
de três horas da tarde. Nem a empresa de turismo poderia prever tal coisa, eu
acho. Rio dos Cedros, assim se chama,
por conta do caminho percorrido ter muitas árvores dessa qualidade na região e
no percurso que ladeia o rio do mesmo nome. A paisagem é maravilhosa mesmo com
chuva constante. Por todo o caminho se vê a mata nativa dividindo espaço com os
rios sinuosos e cheios de pedras espumando de tanta violência por conta do
volume de água.
As construções antigas, características, com seus
jardins floridos, os animais de tração e
gado de corte, ovelhas, vão completando as paisagens bucólicas de estilo
Europeu; aliais estivemos passeando pelo chamado Vale Europeu, onde a colonização
Alemã e Italiana se instalaram mantendo as suas tradições. Carroças, ainda
podem ser vistas pelos caminhos das propriedades rurais que ladeiam os rios. A
região tem 23 Capelas e Igrejas além da Matriz que visitamos, simples e bonita
com vitrais muito lindos.
E assim fomos subindo há mais de 1200 m de altitude,
até chegar na região dos Lagos, quase divisa com o Paraná, há poucos
quilômetros da cidade de Rio Negrinho-SC que faz divisa, onde nos hospedamos
por uma noite num hotel rústico aconchegante e despojado porém elegante e
delicadamente decorado com amor e romantismo. O lugar fica um pouco distante da
estrada e é isolado do barulho de trafico. Fica entre pinheiros, araucárias e
outras árvores grandes. Bom para repousar, ler,
conversar e se recolher para meditação. A comida é caseira tradicional e bem feita,
com café Colonial a partir das 16h e jantar as 20h. Tudo bom e agradável. Só não
deu para aproveitar os espaços externos com lanchas de passeio, piscina,
caminhadas etc.
Dia seguinte, no sábado, após o café, nos despedimos do
lugar encantador e fizemos o caminho de volta, adivinhem????!! Embaixo de chuva
torrencial sim, senhores e senhoras, brasileiros e brasileiras.
Retornamos até Timbó, no mesmo passo, devagar quase
parando, Visitamos a casa de Lindolf Bell, o Poeta, aprendemos sua história e
sua arte e andamos pela casa em que nasceu e viveu muitos anos com sua família. Dai continuamos percorrendo
Timbó com sua característica Alemã e chegamos ao Jardim Botânico onde almoçamos
muito bem, num restaurante bem agradável. Entre um aguaceiro e outro conseguimos
tirar uma foto do grupo, na ponte que atravessa o lago onde repousam Vitórias-Régias.
Elas foram trazidas do Amazonas por um ilustre Botânico da cidade, cujo nome
não me lembro agora. Porém elas atrofiaram ao se adaptarem e ficaram bem
pequenas, o que não lhes tirou a beleza. Estavam com algumas flores das espécie,
cor de rosa e vermelhas.
Dali voltamos à estrada, todos rindo para não chorarmos,
pois a chuva só foi intensificando a cada metro percorrido. Passamos pelo
centro de Timbó, pela frente do Museu do imigrante, que já conheço de outros
passeios, cuja curiosidade na frente do mesmo é um arbusto de nome Timbé, que
os índios, nativos daquela região, maceravam e jogavam no rio para os peixes
comerem e eles pegarem. A planta tem propriedades narcóticas e deixavam os
peixes sem ação facilitando a pesca com as mãos.
Do nome Timbé por ter muito daquelas plantas na região,
passaram a chamar a cidade de Timbó. Pouco mais à frente uma ponte estreita, pênsil,
estaiada, atravessa o Rio Benedito. Na região acontecem eventos musicais. A
cidade faz parte de um circuito ciclístico e é referência pelos amantes do
esporte. Há um monumento aos heróis e um Bar muito concorrido. Mais adiante
fica a Prefeitura e a Câmara dos vereadores.
Continuamos a viagem de retorno (com chuva) em direção
à Pomerode e paramos numa Padaria/Confeitaria de pães maravilhosos, muito boa.
Haja comida para consolar os viajantes da água.
Também já passei por Pomerode outras vezes, porém por
outro caminho e outra Confeitaria que fica mais ao Centro, também muito boa.
A cidade produz vários eventos durante o ano inclusive
a Festa Pomerana onde as famílias desfilam em seus trajes típicos com suas
Charretes enfeitadas de flores, carroças, carros de boi, tratores e ferramentas
de trabalho rural, tudo enfeitado de muitas flores e vão distribuindo
alegremente Chope que transportam em barris pela cidade. Tudo com muita alegria
e com suas bandas e musicas típicas. Bonita festa que já apreciei numa outra
viagem COM SOL!
Nessas alturas tirar um sorriso de alguém da caravana
estava difícil. A viagem estava terminando, quase em casa, e não havia feito
uma nesga de sol para animar.
E o pior é que ninguém conseguiu me mostrar um pé de Cedro,
uma árvore tão famosa na construção de móveis e casas. As pessoas que a conheciam
apontavam para a massa densa verde de mil tons e diziam é "aquela".
Alguém me mostrou uma no Google (!!!) de tanto que eu perguntava pela famosa
que deu nome ao passeio e voltei sem a conhecer pessoalmente.
Talvez a Praça XV tenha para eu a conhecer e me
apresentar ...
Hoje finalmente acordei hoje com uma luz intensa,
estranha e esquisita a me iluminar... até fiquei com medo.
Me reportei ao primeiro dia quando sai das cavernas nos
primórdios dos tempos, na idade da pedra... ;)
Era o sol esse fujão!
Bom domingo...
Viajei junto... obrigado pela carona, e bom tempo pra você!
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