domingo, 11 de novembro de 2018

Indo e Vindo

                                    Indo e Vindo
Mês passado eu havia me programado para fazer uma viagem de dois dias, na última semana, pela Serra Catarinense; mais precisamente, Rio dos Cedros, Timbó e Pomerode. Comprei o pacote e aguardei pelo passeio até com certa ansiedade.
Na véspera, por conta das intensas chuvas, a Empresa de Turismo cancelou a viagem por medida de segurança, já que as estradas não ofereciam condições de trafego seguro, tanta era a água que caia que derretia literalmente os morros à beira das estradas, enquanto os rios subiam seus níveis cada vez mais rápido.
Pois bem, transferiram o passeio para os dias 9 e 10 de novembro esperando que as chuvas parassem, e quem disse que a chuva parou durante este tempo?
Nananinanão! Acho até que mandaram trazer mais água do Universo, de outro planeta, pois a água do planeta Terra estava (está) caindo toda em cima do Estado de Santa Catarina descia e subia no mesmo circuito. Não temos mais onde encontrar um lugar seco.
Para ter idéia, a guia do passeio nos informou que durante o mês de Outubro não choveu por apenas seis dias, e alternados! Isso não quer dizer que deu sol, aquele maravilhoso que a gente conhece e ama.
Durante todos estes dias sem chuva, não tivemos sol, no máximo algumas horas ou minutos. Muitos ficaram nublados, enfarruscados e sombrios o tempo todo. Affff...
Pois bem, voltemos ao passeio à caminho de Rio dos Cedros;
Embarcamos as 7h e depois de algumas horas viajando vagarosamente por medida de segurança, é claro, pelas estradas do interior e morro acima. Íamos em direção à Rio dos Cedros, num hotel nas montanhas, que fica à beira de um lago/represa.  
Finalmente chegamos; mas ainda para almoçar e já perto de três horas da tarde. Nem a empresa de turismo poderia prever tal coisa, eu acho.  Rio dos Cedros, assim se chama, por conta do caminho percorrido ter muitas árvores dessa qualidade na região e no percurso que ladeia o rio do mesmo nome. A paisagem é maravilhosa mesmo com chuva constante. Por todo o caminho se vê a mata nativa dividindo espaço com os rios sinuosos e cheios de pedras espumando de tanta violência por conta do volume de água.
As construções antigas, características, com seus jardins floridos, os animais  de tração e gado de corte, ovelhas, vão completando as paisagens bucólicas de estilo Europeu; aliais estivemos passeando pelo chamado Vale Europeu, onde a colonização Alemã e Italiana se instalaram mantendo as suas tradições. Carroças, ainda podem ser vistas pelos caminhos das propriedades rurais que ladeiam os rios. A região tem 23 Capelas e Igrejas além da Matriz que visitamos, simples e bonita com vitrais muito lindos.
E assim fomos subindo há mais de 1200 m de altitude, até chegar na região dos Lagos, quase divisa com o Paraná, há poucos quilômetros da cidade de Rio Negrinho-SC que faz divisa, onde nos hospedamos por uma noite num hotel rústico aconchegante e despojado porém elegante e delicadamente decorado com amor e romantismo. O lugar fica um pouco distante da estrada e é isolado do barulho de trafico. Fica entre pinheiros, araucárias e outras árvores grandes.                   Bom para repousar, ler, conversar e se recolher para meditação.      A comida é caseira tradicional e bem feita, com café Colonial a partir das 16h e  jantar as 20h. Tudo bom e agradável. Só não deu para aproveitar os espaços externos com lanchas de passeio, piscina, caminhadas etc.
Dia seguinte, no sábado, após o café, nos despedimos do lugar encantador e fizemos o caminho de volta, adivinhem????!! Embaixo de chuva torrencial sim, senhores e senhoras, brasileiros e brasileiras.
Retornamos até Timbó, no mesmo passo, devagar quase parando, Visitamos a casa de Lindolf Bell, o Poeta, aprendemos sua história e sua arte e andamos pela casa em que nasceu e viveu muitos anos  com sua família. Dai continuamos percorrendo Timbó com sua característica Alemã e chegamos ao Jardim Botânico onde almoçamos muito bem, num restaurante bem agradável. Entre um aguaceiro e outro conseguimos tirar uma foto do grupo, na ponte que atravessa o lago onde repousam Vitórias-Régias. Elas foram trazidas do Amazonas por um ilustre Botânico da cidade, cujo nome não me lembro agora. Porém elas atrofiaram ao se adaptarem e ficaram bem pequenas, o que não lhes tirou a beleza. Estavam com algumas flores das espécie, cor de rosa e vermelhas.
Dali voltamos à estrada, todos rindo para não chorarmos, pois a chuva só foi intensificando a cada metro percorrido. Passamos pelo centro de Timbó, pela frente do Museu do imigrante, que já conheço de outros passeios, cuja curiosidade na frente do mesmo é um arbusto de nome Timbé, que os índios, nativos daquela região, maceravam e jogavam no rio para os peixes comerem e eles pegarem. A planta tem propriedades narcóticas e deixavam os peixes sem ação facilitando a pesca com as mãos.
Do nome Timbé por ter muito daquelas plantas na região, passaram a chamar a cidade de Timbó. Pouco mais à frente uma ponte estreita, pênsil, estaiada, atravessa o Rio Benedito. Na região acontecem eventos musicais. A cidade faz parte de um circuito ciclístico e é referência pelos amantes do esporte. Há um monumento aos heróis e um Bar muito concorrido. Mais adiante fica a Prefeitura e a Câmara dos vereadores.
Continuamos a viagem de retorno (com chuva) em direção à Pomerode e paramos numa Padaria/Confeitaria de pães maravilhosos, muito boa. Haja comida para consolar os viajantes da água.
Também já passei por Pomerode outras vezes, porém por outro caminho e outra Confeitaria que fica mais ao Centro, também muito boa.
A cidade produz vários eventos durante o ano inclusive a Festa Pomerana onde as famílias desfilam em seus trajes típicos com suas Charretes enfeitadas de flores, carroças, carros de boi, tratores e ferramentas de trabalho rural, tudo enfeitado de muitas flores e vão distribuindo alegremente Chope que transportam em barris pela cidade. Tudo com muita alegria e com suas bandas e musicas típicas. Bonita festa que já apreciei numa outra viagem COM SOL!
Nessas alturas tirar um sorriso de alguém da caravana estava difícil. A viagem estava terminando, quase em casa, e não havia feito uma nesga de sol para animar.
E o pior é que ninguém conseguiu me mostrar um pé de Cedro, uma árvore tão famosa na construção de móveis e casas. As pessoas que a conheciam apontavam para a massa densa verde de mil tons e diziam é "aquela". Alguém me mostrou uma no Google (!!!) de tanto que eu perguntava pela famosa que deu nome ao passeio e voltei sem a conhecer pessoalmente.
Talvez a Praça XV tenha para eu a conhecer e me apresentar ...
Hoje finalmente acordei hoje com uma luz intensa, estranha e esquisita a me iluminar... até fiquei com medo.
Me reportei ao primeiro dia quando sai das cavernas nos primórdios dos tempos, na idade da pedra... ;)
Era o sol esse fujão!
Bom domingo...


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