Espanando o cérebro
Hoje é novamente dia 26, assim como acontece
todos os meses à cada trinta dias mais ou menos, um sentimento profundo
incontrolável me faz pensar na vida...
O tempo passa correndo e nem levanta poeira
enquanto a saudade grudada nos nossos pés nos impede de caminhar com desenvoltura e leveza.
Olho no espelho e percebo que na mesma
velocidade do tempo vou murchando e as rugas vão se aprofundando na face pálida
que perdeu o viço das emoções. Nem fico mais corada de vergonha. Descubro que
perdemos totalmente a vergonha com a idade. Eu pelo menos perdi.
O branco dos cabelos, assim como a neve nos
telhados, pesa muito fazendo encurvar meus ombros. Sim; os anos pesam. E ainda querem
viver até os 120 anos, pra quê?! Só para
ficar mais penoso, mais difícil de carregar o acúmulo de vivências? Sei não, não
sei se quero isso para mim...
Olho para trás e vejo no passado um romance de
500 páginas inacabado, amarelado e empoeirado pelo tempo escrito em papel de
Bíblia em letra miúda. Ás vezes até
preciso uma "lupa" para lembrar de imagens de pessoas, e lugares que
estão compactados na memória do tempo. Alguns episódios
deveriam ser deletados para sempre, mas esses justamente são relembrados em
negrito, em letras bem grandes. Releio
algumas partes que ainda tocam e outras que vão perdendo o sentido com o tempo.
Viro a página correndo e volto ao dia de hoje,
com suas incertezas e possíveis surpresas, ou não, mas não ajuda muito, pois
amanheceu sem sol e viver sem sol é como comer sem sal, só engolindo rápido e
sem prestar atenção enquanto ocupa a mente com outra coisa. Não dá para
saborear.
Voltando ao presente, olho lá fora e o mundo
está desenhado à lápis em mil tons de cinza, sem luz e sem brilho.
Sabe-se que há vida porque buzinam na
redondeza. Os pássaros e os cães silenciaram e como eu devem estar nostálgicos.
É da vida.
Logo passa, vai passar e um novo ânimo toma
conta da alma e pincela algumas cores; e por uns momentos somos capazes de sair
dançando pela sala, anestesiados pela música que toca no som do carro que passa, mas ele passa também...
Assim como uma onda que vem e vai de volta
para o mesmo mar infinitas vezes, a vida vai nos empurrando sempre de volta; e
eu me pergunto: - para onde?- Não sei,
ainda não descobri, mas me sinto empurrada pela vida...
Bom dia.☼♥
Empresa o espanador pra mim, Clotilde. Muito reflexivo este seu texto. Grandes abraços!
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