quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Espanando o Cérebro

                                  Espanando o cérebro
Hoje é novamente dia 26, assim como acontece todos os meses à cada trinta dias mais ou menos, um sentimento profundo incontrolável me faz pensar na vida...
O tempo passa correndo e nem levanta poeira enquanto a saudade grudada nos nossos pés nos impede de  caminhar com desenvoltura e leveza.
Olho no espelho e percebo que na mesma velocidade do tempo vou murchando e as rugas vão se aprofundando na face pálida que perdeu o viço das emoções. Nem fico mais corada de vergonha. Descubro que perdemos totalmente a vergonha com a idade. Eu pelo menos perdi.
O branco dos cabelos, assim como a neve nos telhados, pesa muito fazendo encurvar meus ombros. Sim; os anos pesam. E ainda querem viver até os 120 anos, pra quê?!  Só para ficar mais penoso, mais difícil de carregar o acúmulo de vivências? Sei não, não sei se quero isso para mim...
Olho para trás e vejo no passado um romance de 500 páginas inacabado, amarelado e empoeirado pelo tempo escrito em papel de Bíblia em letra miúda.  Ás vezes até preciso uma "lupa" para lembrar de imagens de pessoas, e lugares que estão compactados na memória do tempo. Alguns episódios deveriam ser deletados para sempre, mas esses justamente são relembrados em negrito, em letras bem grandes.  Releio algumas partes que ainda tocam e outras que vão perdendo o sentido com o tempo.
Viro a página correndo e volto ao dia de hoje, com suas incertezas e possíveis surpresas, ou não, mas não ajuda muito, pois amanheceu sem sol e viver sem sol é como comer sem sal, só engolindo rápido e sem prestar atenção enquanto ocupa a mente com outra coisa. Não dá para saborear.
Voltando ao presente, olho lá fora e o mundo está desenhado à lápis em mil tons de cinza, sem luz e sem brilho.
Sabe-se que há vida porque buzinam na redondeza. Os pássaros e os cães silenciaram e como eu devem estar nostálgicos. É da vida.
Logo passa, vai passar e um novo ânimo toma conta da alma e pincela algumas cores; e por uns momentos somos capazes de sair dançando pela sala, anestesiados pela música que toca  no som do carro que passa, mas ele passa também...
Assim como uma onda que vem e vai de volta para o mesmo mar infinitas vezes, a vida vai nos empurrando sempre de volta; e eu me pergunto: - para onde?-  Não sei, ainda não descobri, mas me sinto empurrada pela vida...
Bom dia.☼♥                                                                                    


Um comentário:

  1. Empresa o espanador pra mim, Clotilde. Muito reflexivo este seu texto. Grandes abraços!

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