sábado, 2 de setembro de 2017

O Parente

                                                              O Parente
Outro dia passeávamos logo cedo pela orla, respirando o ar puro da manhã, pois a natureza nos havia brindado com um lindo e maravilhoso dia de sol, sem uma nuvem no céu brilhante e sem vento o que me tira totalmente a vontade de caminhar ao ar livre.
Lá pelas tantas percebi que o Otávio ficou para traz parando para ler um cartaz colado no poste de iluminação. Voltei cheia de curiosidade para ver o que havia de tão interessante escrito num dos muito restos de papel colados que a bem da verdade só enfeiam o lindo o lindo espaço de lazer à beira mar.
Quando cheguei perto percebi que a criatura peluda de olhos amarelos já havia sido picada pelo bichinho da curiosidade.
Enquanto eu tentava ler alguma coisa ele já me arrastava pela mão para voltarmos ao caminho de volta para casa e antes que ele desse um ataque de birra como fazem as crianças mal educadas voltei ou melhor voltamos correndo.
Ao chegarmos em casa ele correu na frente e entrou no banheiro para tomar banho, enquanto eu fiquei separando a roupa para sair com ele, sabe-se Deus para onde.
Sim, pelo comportamento dele vi que viria "cosa" pela frente.
Quando chegou a minha vez de entrar no chuveiro ele já me avisou aos gritos que eu não demorasse por conta de ele ir sozinho e acabou que foi mesmo. Aonde? Sei lá! Nunca sei o que ele pretende fazer e do jeito que é mandão e machista nem me dá satisfação, apenas vai. E no poste haviam muitos cartazes, não sei qual ele se interessou...
As horas se passaram e eu já estava ficando preocupada com a demora dele, então resolvi fazer o almoço. Quando tudo estava quase pronto ele adentrou pela sala todo esbaforido e descabelado...
- O que foi que houve? Parece um furacão! - Lhe perguntei de um fôlego só.
- Acabei de saber o que eu já desconfiava...
- E o que foi que você desconfiava que acabou de saber, criatura "dedeus"?
- Sabe o que encontrei lá no parque à beira mar? Um anúncio de uma vidente que descobre nossas vidas passadas, peguei o endereço e fui fazer uma consulta e se segure para não cair!
Falava com a voz mais esganiçada do que de costume e eu olhando para ele com a maior abertura de meus olhos para não perder nada.
- Eu sou um descendente direto do gato do Faraó Ramsés III! Pura linhagem como sempre soube, não é o máximo? Eu sempre tive certeza que eu sou de nobre linhagem.
Por um momento fiquei em silêncio olhando aqueles olhos amarelos e respondi;
- Bem... eu penso que sua linhagem degenerou um pouco comparando com as Imagens de Osíris, ou da Deusa Felina Egípcio Bastet, você tem um pouco mais de pêlos, olhos amarelos, nariz achatado... sei não...
Bom, estamos de relações cortadas há três dias depois dessa conversa e ele está recolhido aos seus aposentos e não atende ninguém desde então.
Fazer o que, né?



2 comentários:

  1. Bom, se os gatos têm sete vidas, resta saber o que o Otávio foi nas outras seis... Muito bom. Abraços, Clotilde.

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  2. Bom, se os gatos têm sete vidas, resta saber o que o Otávio foi nas outras seis... Muito bom. Abraços, Clotilde.

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