sábado, 10 de janeiro de 2015

Passando Sobre o Triângulo

                                  Passando sobre o Triangulo
Todos os passageiros finalmente se acomodaram após os cumprimentos normais da tripulação e as informações sobre os procedimentos de sobrevivência em caso de acidentes. Acho que é a lembrança dessa possibilidade descrita logo no início do voo que apavora quem tem medo de viajar de avião, e não é para menos, mas enfim, um mal necessário.
Eita! E lá vamos nós rumo às Férias no Caribe, sonho de muito tempo e de muitas moedas economizadas, guardadas e com certeza também de muitos românticos e sonhadores. 
Lugar paradisíaco, o sonho de mergulhar naquele mar azul cristalino maravilhoso, ver peixinhos de perto, ficar boiando sob o sol naquela imensidão azul vendo o céu se encostar no mar como se ali o sol nunca fosse embora, sonho de consumo de qualquer mortal. Acho que os Caribenhos não conhecem chuvas e trovoadas, não ali naquele lugar de Paz que parece que não deve chover nunca.
Passado algumas horas de voo uma inquietação tomou conta de mim e a minha intuição me avisou que brevemente iríamos cair. Isso me causou um pânico que o homem que viajava ao meu lado segurou firme na minha mão querendo me tranquilizar. Ai é que o meu pânico aumentou a ponto de desesperadamente com a outra mão apertar o botão da comissária para pedir uma água com açúcar ou um calmante. Dali a pouco ela me trouxe dois comprimidos de Passiflora como se fossem calmantes de verdade para uma hora daquelas. Pânico total!
E o homem de três dedos continuava segurando a minha mão trêmula e gelada. Mas com fé e pensamento positivo, desesperadamente consegui me desvencilhar do cara esquisito.
Olhando melhor, a pele dele parecia o de uma pessoa que tinha um circuito elétrico sob a pele. A circulação sanguínea era cintilante, as veias pulsavam num brilho azulado faiscante de purpurina naquele pescoço desconhecido, estranhíssimo. 
O pânico só aumentou, eu chorava copiosamente e a comissária voltou para ver se eu havia melhorado. -Que nada.-
Em pouco tempo me trouxe outro passageiro que se identificou como médico e me retirou dali, e os dois, o pretenso médico e a comissária me conduziram à comissaria onde o cara que se disse médico, me fez sentar e mediu minha pressão num aparelho que mais parecia um fone de ouvido. Me olhou no fundo dos olhos e naquela hora observei através de seus óculos quase escuros que ele não tinha o branco dos olhos, era tudo preto com um risco amarelo como um gato. Logo em seguida numa rapidez incrível ele me aplicou uma injeção que tirou não sei de onde e eu dormi. Fui colocada na poltrona de volta e nem percebi quando horas depois o avião mudou a rota, entrou numa massa de nuvem e desceu vertiginosamente como se estivéssemos num elevador, ou seria como os helicópteros aterrizam?  Pois é, por ai. 
Dai acordei logo que a aeronave parou os motores e uma voz avisou que deveríamos descer em silencio e entrar no ônibus que nos aguardava. Todos se olhavam com expressão de curiosidade e medo e obedeciam a voz automaticamente.
É claro que ai, desde a hora do pouso, eu já estava  bem acordada, muda como um poste, e acabei descendo por último.
O Lugar era muito estranho, uma bruma seca envolvia todo aquele lugar que me pareceu uma ilha já que percebi o cheiro da maresia.
Não dava para ver o céu, já que todo o espaço que se avistava estava coberto por um imenso bloco de nuvens, literalmente uma tampa de nuvens.
 O ônibus nos levou por um caminho para fora da pista de pouso e fomos por uma estrada arborizada até uma montanha de uma pedra só, imensa, gigante mesmo, e o ônibus se conduziu para as entranhas da montanha de pedra por uma abertura entre plantas.
Dali fomos levados para uma cidade subterrânea onde todos viviam uma vida normal, entre jardins, trabalhando e se divertindo.

Era um mundo novo sem volta...

Um comentário:

  1. Mistério, ufologia, doutrina espírita... Tem um pouco de tudo neste seu texto, Clotilde. Este seu Caribe está mais pra Nosso Lar, acertei? Abraços pra você.

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