domingo, 18 de janeiro de 2015

Comunicação Espontânea ou seria Instantânea?

                                              Comunicação Espontânea ou seria instantânea?
Hoje de manhã peguei o ônibus para ir para a ilha e depois um outro para ir para o Shopping almoçar e ver umas coisas, até ai nada demais, rotina.
Mas o que chamou a minha atenção foi apreciar, como já notei outras vezes, como certas pessoas tem a capacidade de puxar conversa com qualquer um e em qualquer lugar com a maior naturalidade e acho isso um barato. 
Elas conseguem retirar em poucos minutos de conversa informações incríveis e impensáveis muito mais rápido que uma investigação policial, fazem um perfeito e completo cadastro da pessoa a quem interessar possa.
Pois hoje quando ia para o Shopping sentei no ônibus quase na frente, perto de uma porta de saída, atrás de duas outras mulheres que pareciam ter nascido na mesma semana que eu. 
E as duas logo se encantaram com um bebê de 24 dias e que a jovem mãe acomodava com carinho. Pois elas logo perguntaram se era menino ou menina, quantos dias e qual o nome que nem me lembro agora, pois até ai nem tinha prestado a atenção em nada.
Pois deram palpite na posição em que a criancinha estava no colo da mãe, que alguém poderia entrar no ônibus e bater com a bolsa na cabecinha do neném, que a mãe o virasse para o lado de dentro, o que a jovem mãe nem titubeou em obedecer. 
E mais falaram de criação de crianças falando em alto e bom som que "quem foi mãe um dia, vai ser a vida toda", daí a preocupação dela, na verdade das duas que sentavam juntas, pois a outra confirmava tudo e dava pitacos sempre que a do lado falava alguma coisa, sempre confirmando tudo.
Enquanto falavam e comentavam entre as duas, olhavam para outra senhora, alguns anos mais nova que ia sentada duas poltronas à frente, do outro lado do corredor.
Ou seja; foi necessário falarem bem mais alto para se entenderem e se comunicarem as três.  
A outra da esquerda, a terceira mulher, se empolgou e também começou a sorrir e fazer comentários sobre a criancinha, entrando na conversa alegremente, até que uma das duas da minha frente, esgotou o assunto com o neném e a jovem mãe, e mudou o rumo da conversa para a do outro lado do corredor e perguntou à queima-roupa se ela era da cidade, e ela disse que morava no Rio há 32 anos, mas era do Paraná, mais precisamente de Londrina e que estava passeando na casa da filha. 
Daí a mulher da frente comentou que também conhecia o Rio e adorava, então trocaram informações de endereços, pontos de referência e localizações la do Rio de Janeiro, e a mulher mais nova falou que morava a um quarteirão do mar, mas ela havia comprado o apto há muito tempo quando os preços ainda eram bem menores, no que a outra da frente empolgada comentou: - mas hoje em dia vale mais de 2 milhões qualquer apartamento por ali!!!-  E a terceira mulher sorriu com cumplicidade.
Daí a outra quis saber se era grande o apartamento e ela confirmou que tinha três quartos e era muito agradável, lembrando que isso tudo foi falado dentro do ônibus, uma sentada de um lado e as  outras duas do outro, num tom de voz compatível com o barulho do motor do ônibus.
Daí a mais velha perguntou se ela tinha filhos e ela respondeu que sim, tinha dois, uma moça e um moço. A filha mora e adora Florianópolis, mas o filho prefere o Rio. 
E a mulher mais velha continuou;
 - E a senhora tem marido?
- Sou divorciada.
Nisso a mulher, a mais nova,  se levantou com certa dificuldade, meio atravancada, pois transportava uma sacola de loja enorme com alguma coisa grande dentro e a outra do lado de cá logo perguntou:
- Já vai?
- Sim, vou à casa da filha...
- Está levando presente para os netinhos?
- Não, não tenho netos, é para a filha mesmo...
E desceu em frente a uma enorme Igreja que fica na Avenida, e  ela, enquanto descia a senhora com dificuldade, emendou:
-Esta Igreja é muito bonita, quer ver por dentro!
A que descia ainda deu um último sorriso confirmando e se foi pelo sol a fora.
 E a vizinha de banco virando-se para outra lhe mostrou um livro que havia comprado no Aeroporto e já tinha lido todo,  agora ela iria passar para a filha e comprar outro porque gostava muito de ler. 
Era um livro dirigido para Mulheres, deu para eu ver enquanto eu descia no ponto do Shopping.

Do Terminal Central até a parada que eu desci, um ponto depois da terceira mulher, foram apenas seis pontos de ônibus, é mole?

4 comentários:

  1. Pois é, seis pontos de ônibus e três vidas inteiras devassadas... Coisas de mulher. Você dificilmente vai presenciar algo assim entre homens. Não vai aí nenhuma crítica, apenas a constatação de uma característica do gênero feminino. Valeu a crônica, amiga Clotilde. Um abraço!

    ResponderExcluir
  2. Como assim a senhora não participou do papo?? He he, que bom saber que mesmo na "cidade grande" ainda existem pessoas, a cima de tudo as mais vividas, que mostram alguma simpatia e confiança no olhar, trazidas de tempos em que eram mais frequentes, imagino.
    Nada mais belo que ver uma amizade se formando! Beijo, vó! :)

    ResponderExcluir