sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Completando mais um ano...

                                          Completando mais um ano...
Engraçado o que acontece conosco.
Queremos viver, mas não queremos envelhecer.  Claro até entendo; Envelhecimento pressupõe rugas, fragilidade, senilidade e feiura do corpo, esquecimento, lentidão, dificuldades gerais. Tudo cai e tudo despenca literalmente à força da gravidade.
Queremos participar muito e de tudo, saber de tudo, entender de tudo e experienciar o máximo de situações, principalmente as mais agradáveis, mas isso demanda tempo, muito tempo, contado em anos e anos, mas não queremos contar esse longo período de vivência e ainda colocá-los na mochila do tempo que ao longo do caminho vai pesando cada vez mais e até nos tornamos um pouco corcundas, cada vez mais corcundas literalmente falando.
Carregamos desde muito jovens a vaidade de nos apresentar bem e sempre bonitos, mas isso demanda uma série de fatores e o principal, básico e irrecorrível é a genética, o DNA. Se a família é feia, estranha ou com algum defeito escancarado, não haverá muito a fazer. Como por exemplo, a Família Adams do filme, nada há a fazer, só lamentar.
Mas se algum ascendente foi miss, modelo ou considerado belo pela maioria da família, ai as chances de agradar um grande número de pessoas é maior, porém a beleza também envelhece infelizmente, e muitas pessoas tornam-se irreconhecíveis, tal o estrago.
Mas já diz o bom e velho ditado consolador; “quem ama o feio, bonito lhe parece”, ou  também aquele outro mais intenso e objetivo, muito usada pelos feios; “beleza não põe mesa”, talvez porque a fome não dá tempo de analisar a decoração de uma mesa  bem posta para refeição, isso se for traduzir de forma literal e sem muita imaginação...
E o tempo passa...  O tempo voa... e nem a “poupança” continua numa boa, tudo vai amolecendo perdendo a rigidez e a graça.
Daí que você nem vai mais ao provador da loja. Compra por avaliação, procura utilizar o golpe de vista mesmo, olha de um lado, do outro, confere a etiqueta e leva para experimentar em casa mesmo, pois ao lado do espelho há uma cama para desaguar a tristeza de não caber mais em roupa nenhuma e não é por excesso de peso não é por que nenhum modelo cai bem, fica bom, é por que a barriga que se alojou antes da “melhor idade” acreditou na frase e não vai embora nem com reza brava. Já pensei na volta do espartilho, mas tive que matar a ideia no ovo, pois quem vai amarrar nas costas o desgraçado? E se for o modelo amarrado na frente cheio de ilhoses meus dedos trêmulos que perderam completamente o tato não acertam os buraquinhos dos ilhoses...
Cirurgia só se fizer um pedido aos céus para uma segunda via da fôrma, do gabarito, mas como a fila é grande, poucos conseguem. Até porque o corpo inteiro degringolou, por fora e por dentro, daí precisar da fôrma e do gabarito, das formas, de novos órgãos, pois tudo está sucateado.
Mais ainda valentemente sobrou o cérebro, ou penso que sim, já que há muitos corajosos que me leem e eu nem acredito.
Mas olha, eu vou tocando a banda mesmo assim. Vou usando roupas largas que não me definem muito, tecidos macios e elásticos que não me incomodam nem marcam o corpo e casaquinhos “caso esfrie”.

E assim vou dando mais uma volta ao redor do sol devagar, sem pressa , apreciando o que há de mais bonito pelo caminho, orando com os que sofrem e assim a vida vai passando...

2 comentários:

  1. Parabéns duplamente, Clotilde: pelo aniversário e pelo texto! Um grande abraço.

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  2. Seilá porque isso passou pela sua cabeça agora; para mim, você nunca esteve tão bonita, tão mais bem resolvida, com uma aura e uma paz tão boas. Os anos lhe fizeram muito bem, Clotilde, você é que não está percebendo <3 <3 <3

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