sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Melhor idade

                                                       A melhor idade
No meio da semana precisei ir até um ponto da cidade onde os ônibus passam só de 40 em 40 minutos, dai que cheguei na parada para esperar, onde já havia um senhor  de mais ou menos a minha idade que logo foi comentando sobre os horários muito distantes dos ônibus, os absurdos ateamentos de fogo que estão acontecendo diariamente aos ônibus e mais assuntos relacionados ao sistema de integração da cidade e por ai já ia longa nossa conversa quando passou uma outra senhora também da nossa idade que se maravilhou ao reencontrar o senhor com quem eu conversava.
Os dois gentilmente, para não me isolarem da conversa deles, se justificaram dizendo que eram compadres e que há um bom tempo não se viam e por ai foram desfolhando os problemas de cada um.
E ela gentilmente sempre me olhava e sorria me fazendo entender que era comigo também a conversa, mas eu fiquei na minha, calada e com sorriso tipo monalisa, só ouvindo.
Primeiro ela felicíssima (me pareceu assim) lhe comunicou que teve um infarto há sete meses e que havia quase morrido, já que por um erro medico a enfermeira lhe colocou sentada logo após o cateterismo o que lhe causou uma queimadura, palavras dela, pelo sangue que por ali passava, e lhe abiu uma ferida enorme que custou a cicatrizar. Ficou internada por dois meses. E até nos perguntou incrédula:
-“Vocês sabiam que o sangue da gente queima? Pois é, o medico me disse, até pensei em processar o hospital, mas dai deixamos para lá, eu e meu marido”.
Agora ela está bem, mas precisa caminhar por quarenta minutos todos os dias que era o que estava fazendo naquele momento.
Ele então para não ficar por baixo desfilou os números do colesterol, triglicérides e PSA da próstata, valores bons e comparativos ao dele, além da contagem glicêmica.
Dai ela continuou desfilando uma lista enorme de oito ou nove medicamentos que toma três vezes ao dia no que ele prontamente também garantiu que era isso que fazia e cada um na maior alegria contando os seus grandes feitos medicamentosos, foi ai que o meu ônibus chegou e me mandei, pois se fosse contar todos os que eu tomo e quantas vezes eu tomo, além de lhes passar todos os números dos meus exames provavelmente passariam alguns ônibus sem que eu tivesse completado a minha explanação.
Aff... “melhor idade”, quero pegar que inventou essa frase...

2 comentários:

  1. Ahahahahahaahahahahahahah... deve ser o único assunto que eles têm, coitados. Que falta faz um cineminha de vez em quando, heim?
    Beijocas medicamentosas :)

    ResponderExcluir
  2. Não me desanima, Clotilde. Também quero chegar lá! Um abração e boa terça gorda.

    ResponderExcluir