quarta-feira, 25 de março de 2020

Observatório

                                         Observando
Daqui do observatório em que me encontro, me dei conta de que só os privilegiados estão em “reclusão social”.
Até o nome é Chic e bonito: “Reclusão Social”. Sim, porque o pessoal da periferia, os invisíveis, continuam morando num quartinho com vinte pessoas dividindo cinco pães e três peixes todos os dias quando conseguem trabalhar ou fazer um “bico”.
Mas e agora que “precisam” ficar no quartinho que fica entre três mil quartinhos respeitando a “Reclusão Social”?
Brincadeira né? Quem vai dar de comer para eles se não podem trabalhar? Os que passam de carro escondidos atrás do vidro fumê, vindo do supermercado com os porta-malas cheio? Os políticos que reclamam do “mísero salário” de 42 mil?
Infelizmente ninguém. 
-“Quem mandou ser pobre”?- Dirão os que estão na boa, respeitando a “Reclusão Social” e reclamando das músicas que o vizinho ouve, do barulho das crianças dentro de casa etc. 
Tudo os incomoda, enquanto eles assistem o Netflix tomando Cerveja (Corona ? ;)) e comendo brigadeiro na panela.
Ninguém! Nem os patrões, pois estão em “reclusão social” também fazendo contas o tempo todo, só avaliando os prejuízos e calculando as prioridades, onde os empregados estarão de fora, provavelmente; 
E para quando todo esse pesadelo passar e a gente acordar para uma realidade que não terá mais nada com o que era antes da Pandemia.
E os moradores de rua que tanto “comprometem” o visual da Cidade, tão limpa, bonita e florida?
Estes também estão TODOS JUNTOS recolhidos num pavilhão, onde no Carnaval, todos cantavam e dançavam como se não houvesse amanhã, mas infelizmente para os que não morrem durante a noite, sempre haverá um amanhã trazendo as consequências do ontem.
 “Nada é como foi há um segundo”.♪♫♪♫
É como se um tsunami, um terremoto e uma avalanche de lama acontecesse na mesma semana para todos ao mesmo tempo, inviabilizando qualquer coisa que não seja sobreviver como der; onde um pedaço de pão, um copo de água potável, um banho decente e álcool para uma higiene melhor, se tornou um luxo para poucos, só para nós que estamos em “Reclusão Social”.
E isso tudo, para os pouco afeitos à Espiritualidade, aos mais apegados, materialistas e calculistas, é um momento totalmente sem chão, estão suspensos no ar, volitando como mariposas ao redor da lâmpada; até quando meudeus? 
Quem sabe?

E agora, quem poderá ajudar?

Infelizmente o Chapolim Colorado já se aposentou...

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