segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Viajando...

                                             Viajando...
Desci do avião e me encaminhei para o carrossel de malas para pegar a minha.
Depois de observar as “trocentas” que iam e voltavam pela esteira e pouco a pouco foram sumindo uma a uma até que finalmente apareceu a minha de cor escura e um monte de fitas penduradas para eu mesma melhor identificá-la.Graças a suas fortes rodinhas,  resistiu a algumas viagens apesar de cada uma deixar alguma marca. 
Algumas vezes ela vem mais pesada e outras nem tanto, mas sempre firme e forte a encontro sempre inteira circulando na esteira nos finais de voos.
Peguei-a com a ajuda de um senhor que também aguardava a dele, pois desta vez estava mais pesada, é que eu trouxe de lembrança duas pedrinhas lindas da trilha por onde andei.
Não tinha como ser confundida com outra mala festiva como é a minha companheira de muitas idas e vindas.
Daí eu me dirigi ao ponto de táxi e indiquei ao motorista o caminho que me levaria até em casa.
Quando cheguei larguei a companheira no meio da sala e após um longo banho me joguei na cama e dormi por longas horas, num quase sono da morte.
Acordei sem saber se era dia ou noite, até porque a casa permaneceu toda fechada. Sai andando na penumbra e esbarrei caindo estatelada por cima da mala.
Xinguei-a indelicadamente e tive a nítida impressão que ela se ofendeu e até me devolveu o xingamento. Fui até a cozinha e retirei um Yogurte da geladeira e o tomei avidamente descobrindo que acordei varada de fome. Fui até a cafeteira e fiz um moreno cheiroso e gostoso imprescindível na vida da maioria das pessoas.
Tomei observando pela janela, que ventava lá fora. 
Eram 15h me dizia o relógio da parede, mas o celular atualizado me lembrava que entramos no horário de verão; então na verdade eram 16h.
Não fazia diferença, hoje ainda estaria de folga. Não estava para ninguém e nem para mim mesma.
Voltei para o meio da sala na difícil missão de desmanchar a mala.
Levei-a para o quarto e a abri no chão para não contaminar de sujeira alheia a minha deliciosa cama King size coberta de lençóis de 1000 fios de algodão Egípcio, travesseiros e almofadas de fibras macias e penas de ganso. Não era bem assim, mas eu gostava de imaginar que assim era.
Daí puxei o zíper, escancarei a tampa e literalmente caí para traz.
A mala rabugenta e cheia de fitas coloridas estava repleta de dinheiro. Sim!!!! Grana, bufunfa e demais apelidos que nomeie o nosso rico dinheirinho.
Estava plena de pacotes de 100 e de 50 que cintilavam diante dos meus olhos abestalhados.
Sentei no chão e chorei. Sim, claro! O que faria você no meu lugar?
Aquilo tudo ali na minha frente, imagem jamais vista pelos meus olhos em toda a minha vida. Mas não era meu!!!!
Eu precisava devolver e trocar pela minha mala fantasiada de fitas coloridas, lotada de roupa usada, tênis velho, camisetas e suvenir barata, além das duas pedrinhas da trilha.
Quem seria o dono dessa grana, trocado, bolada, arame, gaita, capim, erva, prata, nota preta, cobre etc.? 
Ou seja lá, que nome queira dar...
Pois é, chorei olhando a belezura por algum tempo, depois sentei e fiquei esperando que o nababo me ligue para trocar as malas...
Quem sabe eu acorde nesse meio tempo...


4 comentários:

  1. Bom texto, Clotilde. Estou aqui também em petição de miséria, voltando de Roma com os pés cheios de bolhas e uma lombalgia terrível. Mas logo passa. Abraços!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mas ter dores passeando na Europa é tudo de bom. Eu que o diga com perna quebrada em recuperação em Paris... hahahah. tudo de bom meu amigo...

      Excluir
  2. Adorei! Essa mala tinha endereço certo. Era pra ser sua. E viva o sonho!

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir