Viajando...
Desci do
avião e me encaminhei para o carrossel de malas para pegar a minha.
Depois de
observar as “trocentas” que iam e voltavam pela esteira e pouco a pouco foram
sumindo uma a uma até que finalmente apareceu a minha de cor escura e um monte
de fitas penduradas para eu mesma melhor identificá-la. Graças a suas fortes rodinhas, já resistiu a algumas viagens apesar de cada uma deixar alguma marca.
Algumas vezes ela vem mais pesada e outras nem tanto, mas sempre firme e forte a encontro sempre inteira circulando na esteira nos finais de voos.
Peguei-a com a ajuda de um senhor que também aguardava a dele, pois desta vez estava mais pesada, é que eu trouxe de lembrança duas pedrinhas lindas da trilha por onde andei.
Não tinha como ser confundida com outra mala festiva como é a minha
companheira de muitas idas e vindas.
Daí eu me
dirigi ao ponto de táxi e indiquei ao motorista o caminho que me levaria até em casa.
Quando
cheguei larguei a companheira no meio da sala e após um longo banho me joguei
na cama e dormi por longas horas, num quase sono da morte.
Acordei sem
saber se era dia ou noite, até porque a casa permaneceu toda fechada. Sai andando
na penumbra e esbarrei caindo estatelada por cima da mala.
Xinguei-a
indelicadamente e tive a nítida impressão que ela se ofendeu e até me devolveu
o xingamento. Fui até a cozinha e retirei um Yogurte da geladeira e o tomei
avidamente descobrindo que acordei varada de fome. Fui até a cafeteira e fiz um
moreno cheiroso e gostoso imprescindível na vida da maioria das pessoas.
Tomei
observando pela janela, que ventava lá fora.
Eram 15h me dizia o relógio da parede, mas o
celular atualizado me lembrava que entramos no horário de verão; então na verdade
eram 16h.
Não fazia
diferença, hoje ainda estaria de folga. Não estava para ninguém e nem para mim
mesma.
Voltei para
o meio da sala na difícil missão de desmanchar a mala.
Levei-a para
o quarto e a abri no chão para não contaminar de sujeira alheia a minha
deliciosa cama King size coberta de lençóis de 1000 fios de algodão Egípcio,
travesseiros e almofadas de fibras macias e penas de ganso. Não era bem assim, mas eu gostava de imaginar que assim era.
Daí puxei o zíper, escancarei
a tampa e literalmente caí para traz.
A mala rabugenta
e cheia de fitas coloridas estava repleta de dinheiro. Sim!!!! Grana, bufunfa e
demais apelidos que nomeie o nosso rico dinheirinho.
Estava plena
de pacotes de 100 e de 50 que cintilavam diante dos meus olhos abestalhados.
Sentei no
chão e chorei. Sim, claro! O que faria você no meu lugar?
Aquilo tudo
ali na minha frente, imagem jamais vista pelos meus olhos em toda a minha vida.
Mas não era meu!!!!
Eu precisava
devolver e trocar pela minha mala fantasiada de fitas coloridas, lotada de
roupa usada, tênis velho, camisetas e suvenir barata, além das duas pedrinhas da trilha.
Quem seria o dono dessa grana,
trocado, bolada, arame, gaita, capim, erva, prata, nota preta, cobre etc.?
Ou
seja lá, que nome queira dar...
Pois é,
chorei olhando a belezura por algum tempo, depois sentei e fiquei esperando que
o nababo me ligue para trocar as malas...
Quem sabe eu
acorde nesse meio tempo...
Bom texto, Clotilde. Estou aqui também em petição de miséria, voltando de Roma com os pés cheios de bolhas e uma lombalgia terrível. Mas logo passa. Abraços!
ResponderExcluirMas ter dores passeando na Europa é tudo de bom. Eu que o diga com perna quebrada em recuperação em Paris... hahahah. tudo de bom meu amigo...
ExcluirAdorei! Essa mala tinha endereço certo. Era pra ser sua. E viva o sonho!
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