terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Maricha a Lagartixa no Carnaval da Bahia

                                Maricha a Lagartixa, no carnaval da Bahia.
               Maricha a lagartixa, era muito vaidosa. Naquele dia de verão e muito calor, ela foi ao salão de beleza fazer as unhas e uma limpeza de pele antes de ir para o shopping fazer umas comprinhas básicas. Lá no salão de beleza ela encontrou duas amigas do tempo da escola e ficaram muito felizes de se encontrarem. Juntas saíram dali e se dirigiram para o shopping e por lá ficaram algum tempo escolhendo roupas e acessórios até que resolveram sentar para tomar um sorvete e relembrar os bons tempos em que estudaram juntas.
Uma delas era a baratinha Martinha, aquela que vive na janela e tem dinheiro na caixinha e que continua querendo casar. A outra era a cigarra Gina Jane, a cantora. As três não paravam de falar e dar risadas. Maricha estava cheia de alegria e entusiasmo, pois pretendia passar o carnaval na Bahia, sonho de muitos anos.
             - Ah, estou ansiosa que chegue o dia da viagem, fazer as malas, pegar o avião e aterrisar na Bahia. Vou chegar lá e vou correndo comprar a minha fantasia e entrar na folia. Sabiam que lá chamam a fantasia de abadá? É um nome africano, e tem lugares que chamam a fantasia de "mortalha", pois é; acho que é para dizer que estão matando e enterrando a tristeza.
              -Também não vejo a hora de viajar para o Maranhão onde vou passar o carnaval, será que lá eu arranjo um amor para casar? Já estou cansada de ficar na janela e já tenho bastante dinheiro na caixinha.
Falou toda dengosa e romântica, a baratinha Martinha.
              -Pois eu como vivo viajando para dar shows o ano todo neste carnaval vou para a fazenda do meu empresário meditar junto à natureza.
Falou a cigarra Gina Jane, que era muito sofisticada e gostava sempre de ser diferente.
              Um tempo depois as três amigas saíram do shopping carregando as sacolas, com sapatos, sandálias, tamancos, bolsas, maquiagem, biquínis, roupas de todo o tipo etc, que compraram para viajarem.
Maricha não abria mão de um salto bem alto e a roupa bem justa. A Gina Jane usava uma peruca loura e ondulada que caía pelas costas. Já a Martinha usava uma peruca escura de franjinha e a saia bem curtinha. Cada uma mais vaidosa do que a outra.
              Até que finalmente chegou o dia tão esperado da viagem; Maricha pegou o avião para a Bahia, a baratinha Martinha foi de avião para o Maranhão e a cigarra Gina Jane foi meditar na fazenda do seu empresário em Minas Gerais, como tinha dito.
E lá foram elas, se divertirem cada uma para um lado; e como o tempo passa correndo quando se está de férias, ainda mais passeando, o tempo delas também passou ligeiro e as férias acabaram.

A Martinha voltou do Maranhão toda bronzeada, conheceu lá na praia um "baratão" da Marinha que também estava lá passando férias. O namoro foi tão sério que ele prometeu voltar para casar-se com ela...
Gina Jane aproveitou para compor belas canções no silêncio das noites da fazenda em Minas Gerais e trouxe um belo repertório para o seu novo CD que prometeu gravar "ao vivo".
E a Maricha, a lagartixa?
Bem, com ela aconteceu o seguinte:
Logo que a Maricha desceu do avião, lá no aeroporto da Bahia, ela avistou um Iguana bonitão que circulava pelo aeroporto àquela hora. Com o seu olhar penetrante o Iguana não deixou de notar a bela passageira que acabava de desembarcar com toda a elegância e desenvoltura em cima de saltos altíssimos, vestindo uma curta saia vermelha, chapéu de palhinha e óculos escuros. Maricha também percebeu a presença do Iguana e principalmente que ele não tirava os olhos de cima dela e tremeu inteira de emoção. Torceu o pé levemente, mas não perdeu a elegância, saindo rapidamente do aeroporto. A caminho, falou para o motorista do táxi seguir para um hotel no Pelourinho, onde tudo acontece naquela cidade. Chegando lá, largou as malas e logo saiu para comprar a fantasia, o "abadá" para dançar. Era sábado de carnaval, as ruas ferviam de pessoas dançando e pulando, muitos turistas como ela, entre blocos coloridos e cheios de animação. Ela escolheu uma fantasia com bastante cor amarela, preto e vermelho e voltou ao hotel para tomar um banho. Vestiu um shortinho curto e o "abadá" por cima de um bustiê azul. Calçou os tamancos e saiu à rua caindo na folia, no meio da multidão alegre que passava na porta do hotel seguindo um trio elétrico.
Dançou a noite toda e no dia seguinte estava lá outra vez toda animada. E assim foram todos os dias daquela semana e cada dia era maior o número de foliões.
No último dia, antes de voltar para o hotel aconteceu o inesperado, o impensável para falar a verdade. Bem ali na sua direção um pouco mais adiante, no meio da multidão que pulava sem parar, ela viu outra vez, quem? Sim, o Iguana bonitão. E Maricha novamente estremeceu de emoção dos pés à cabeça, e no mesmo momento ele a viu também. E por um instante mágico eles pararam ou pelo menos tentaram parar aquele mar de gente que dançava alegremente entre eles.
Olhando um no olho do outro apesar da multidão colorida que os separava e não parava de pular, eles queriam se aproximar e tentavam de toda maneira inteiramente atraídos um pelo outro, mas estava difícil, quase impossível. E foi aí que a coisa se complicou; Naquele empurra-empurra, Maricha começou a sentir que pisoteavam o seu rabo e cada vez mais, ele foi ficando amassado e ela foi ficando cada vez mais desesperada querendo sair dali. Então ela começou a gritar cada vez mais alto:
                - Ai, ui, ai, uiiiiiiiiii, aiiiiiiiiiiiiiii....
E os que conseguiam ouvir os seus gritos pensavam que era uma nova modalidade de dança de carnaval e começavam a imitá-la, deixando-a mais apavorada, até que ela sentiu que o seu rabo partiu de vez.
Muito triste, ela voltou para o hotel com os tamancos na mão, toda despenteada e desalentada.
Quando ia chegando perto, foi segura pelo braço com firmeza e com cuidado por alguém que lhe falou com voz grave bem junto a seus cabelos:
                - Espere, deixe eu lhe ajudar, por favor...
Falou ao seu lado o Iguana bonitão, todo simpático parecendo um galã de novela.
Envergonhada e chorando muito por ter perdido a ponta do rabo no meio da multidão, ela nem tinha coragem de olhar para ele.
                   - Não fica triste não, até o final do ano  o seu rabo cresce outra vez e no próximo carnaval você estará nova em folha. Deixe me apresentar: eu me chamo Igor, muito prazer e você?
                  - O prazer é todo meu... Eu, eu me chamo Maricha...
Falou sorrindo timidamente entre lágrimas...
E foi assim que Maricha, a lagartixa, perdeu a ponta do rabo no carnaval da Bahia e encontrou o grande amor da sua vida.♥

          



2 comentários:

  1. Folguedos rastejantes e invertebrados de Momo! Bem-humorado, Clotilde. Gostei. Bom carnaval pra você!

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  2. Obrigada pela visita Marcelo. Bom carnaval para vc também... ;)

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