Saudade de Sentir Saudade...
Hoje acordei com vontade de falar de saudade, não aquela
dolorida, mas aquela de todos os tempos, aquela que nos remete à casa da nossa
avó, ao cheiro de pão ou bolo saindo do forno, do picolé comprado na venda lá
na esquina com a moedinha que ganhamos, do vestido novo, do sapato de verniz,
com meia branca, que escorregava e acabou causando um tombo e o joelho ralado,
de cantar na escola o Hino Nacional com a mão no peito, da prova em papel
almaço e caneta (?), do lanche com doce (Mussi de banana ou goiaba), da volta
para casa com os pés mergulhados na enxurrada do fim de tarde, do cheiro de
sabão da gaveta da cozinha... Nossa!!! Quantas
lembranças de infância...
Mais à frente a
saudade das crianças voltando da escola feito andorinhas inquietas querendo
todas contar as novidades ao mesmo tempo.
Saudade do cheiro de neném em casa, de ouvir o piano da
vizinha tocando, da chuva no telhado e da gritaria feliz dos filhos jogando
futebol na rua com os vizinhos embaixo do aguaceiro de verão.
Saudade do entra e sai de amigos e dos amigos dos filhos. Das
risadas e das reclamações reivindicatórias de saídas e ou chegadas fora do
combinado.
Saudades das conversas que tínhamos durante as refeições e
que geravam muitas polêmicas que eram resolvidas e comprovadas nos livros
que viviam espalhados pela casa. Todos liam de tudo. Um dicionário fazia parte
dos apetrechos de cozinha para tirar dúvidas. Muita saudade desse tempo.
Saudades dos muitos cachorros e tantos bichinhos que
passaram pela nossa vida. Cada um com sua história assim como temos as nossas.
Saudades dos vizinhos amigos e dos amigos vizinhos. Lembranças
boas de momentos únicos onde dividimos algumas
lágrimas e muitas alegrias.
Saudade do tempo em que eu arrumava tempo para ajudar quem
precisasse independente de tudo o que havia por fazer. Fazia de coração e ainda
faço quando a oportunidade aparece só para ver novamente o sorriso voltar ao
rosto triste e aflito. É uma sensação única.
Sinto saudade do tempo em que problema não era problema
porque com fé em Deus sempre dei jeito e encontrei solução.
Saudade de ter saudade, pois o trem já vai perdendo a
velocidade, chegando no fim da linha e a paisagem vai ficando escassa e
nebulosa, os sons vão diminuindo aos nossos ouvidos e não demora o apito vai
soar avisando a chegada da estação final. Vamos dar uma última olhada para o caminho
percorrido e com um último suspiro chegaremos à conclusão que valeu a pena,
valeu muito à pena toda a estrada e estações percorridas.
Bom domingo!
Saudade - palavra única da nossa língua e sentimento único nas nossas vidas. Comovente esse seu texto, Clotilde. Só discordo da estação final chegando - tem muito trilho ainda pra você percorrer! Abraços.
ResponderExcluir