domingo, 18 de agosto de 2013

67 anos!

                                                               67 Anos!
Estou ainda estarrecida com esta realidade.
Esta semana completei 67 voltas ao redor do sol. Impressionante olhar para trás e se dar conta do tamanho da estrada percorrida. Olhar os obstáculos, as subidas e as descidas, física e psicologicamente falando.
Perde-se na lembrança a quantidade de pessoas que cruzaram o nosso caminho pela vida a fora.
Muitas lembranças são nítidas e se completam com cheiros e cores, já outras estão esmaecidas, quase apagadas, mas ainda permanecem na gavetinha do passado mesmo sem muito detalhes fisionômicos, mas permanecem.
Algumas músicas ainda batucam no fundo do cérebro trazendo reminiscências, músicas de roda, de tardes de radionovelas e bordados, de ouvir discos na eletrola, de reunião de parentes e alguns poucos amigos, visitas em qualquer horário.
O paladar e o olfato também guardaram algumas lembranças, como por exemplo os aniversários na casa de meus tios e de minha avó. Almoços de domingo e reuniões de família, com risadas gostosas ecoando pela casa antiga e de pé direito alto.
Guardo manhãs de domingo, preguiçosas e frescas de meia estação. Guardo sorrisos tristes e gargalhadas alegres que ressoavam na minha casa em horas de alegria e descontração.
Guardo uma casa sempre cheia de pessoas estranhas ou aparentadas, que lá em casa iam fazer refeições, já que morávamos no centro e eles vinham do interior para resolver suas coisas. Sempre muita gente ao meu redor. Sempre uma fiscalização para mim incompreensível e que me incomodava muito, não que fizesse coisas erradas, mas era aquela sensação de eterna vigilância, cuidado.
Guardo também horas tristes, de notícias tristes. Guardo o temor da morte que pairou anos sobre as nossas cabeças por ter um pai cardíaco.
Guardo minhas angústias diante da vida desde tenra idade. Me lembro que tinha medo da vida e não gostava de viver, isso na primeira infância ainda.
Me aborreci muito quando troquei meus primeiros dentes, e me lembro que me perguntava;  “Porquê preciso trocar os dentes? Poderíamos ter uma só dentição perfeita para sempre”.
Já contestava certas atitudes de Deus.
Por volta dos nove anos quase morri literalmente. Uma hemorragia nasal aliada à debilidade e fraqueza, resultado de uma gripe muito forte, me fizeram ir desmaiando e ir literalmente morrendo por alguns instantes e me lembro que foi um momento maravilhoso de um bem estar intenso. Meu corpo foi amolecendo, uma fraqueza geral tomou conta de mim e a sensação foi muito boa. Desde ai guardei a lembrança desse momento e em muitas horas eu pensei assim; Se morrer é assim...
Nasci e cresci entre adultos, mas me cobravam um comportamento infantil me dando exemplos adultos o que me causava aflições e angustias.
Mas tudo isso não me fez mais infeliz do que ninguém. Com o tempo a gente entende que não veio à terra a passeio, que temos um objetivo, o de evoluir e aprender com as experiências.
E assim os anos correm e daqui a pouco poderei estar fazendo 70 anos! Já pensou o que é isto? E na minha cabeça nem parece que são tantos anos assim. Esquisito isso.
Aff! Daqui ha três anos eu volto para contar como foi.

2 comentários:

  1. Parabéns, amiga Clotilde. Pelo aniversário e pelo texto. Abraços.

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  2. Ficou bonito e comovente. Mas experimente, no ano que vem, fazer a lista das lembranças boas. Eu nunca vou esquecer de você sentada na cadeira massageadora daquela loja em Berlin....ahahahahahaha

    Beijos, te amo <3

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