sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

começo de ano à vista!

                                                          Começo de ano à vista!
É isso ai; mais um ano que se acaba e olhamos para trás para vermos quantas coisas aconteceram durante estes doze meses.
E o inevitável acontece; coisas boas e não tão boas, perdas e ganhos, momentos inigualáveis e inesquecíveis, alguns dispensáveis e se Deus quiser esquecíveis.
Fiz viagens deliciosas encontrei e reencontrei pessoas queridas, muitas risadas, alguns sorrisos, algumas lágrimas...
Li bons livros, assisti filmes interessantes convivi com pessoas diversas e aprendi muito.
Tive o prazer de ver mais um livro meu na praça, além de saber de boas vendas dos outros.
Uma separação. Sim, o reencontro não durou tantos anos quanto esperávamos.Estou solitária novamente, mas valeu cada momento, cada minuto a dois. Apenas acabou. Foi bom enquanto durou, fica fazendo parte do passado novamente, da segunda chance de um passado cada vez mais longe.
O bom quando um ano acaba é olhar para trás e ver que os bons momentos foram em maior quantidade do que os não tão bons, nem mortes na família houve este ano.
Num cômputo geral foi muiiiiiiiiiiito bom o ano de 2012.
E que venha 2013 para melhores momentos e realizações.
O mesmo desejo a todos vocês que me leem extensivo às suas famílias e entes queridos.
Um brinde ao Ano de 2013!!!!

domingo, 23 de dezembro de 2012

A Pedra do Amor

                                                                  A Pedra do Amor
Havia uma comunidade muito pobre e muito triste carecendo de tudo aquilo que um ser humano necessita.
Certa noite muito fria, uma luz semelhante a um cometa desceu até eles e ficou clareando cada cantinho daquele lugar tristonho e sombrio, iluminando cada casinha humilde.
Passado alguns momentos a luz se transformou num anjo muito bonito, de asas brancas que pareciam iluminadas tão brancas eram.
O anjo desceu ao chão e se dirigiu a uma das portas. Na verdade era uma casinha bem pequena, só um cômodo onde uma senhora cuidava de duas crianças deficientes.
O anjo ao entrar iluminou todo o cômodo com a sua luz e num canto pode ver um menino maior e um menor sobre uma cama como se fossem trapos humanos, tantas eram as deformidades.
Se aproximou e colocou na mão do menino maior uma pedra do mais puro cristal já visto e lhe disse:
- Esta pedra é amor cristalizado. Em todo lugar que ela estiver espalhando o seu brilho haverá uma mudança total. As pessoas se amarão e se cuidarão, o mundo não terá mais violência e o sofrimento será banido.
Dito isto o anjo sumiu como uma bolha de sabão.
Quando o dia clareou a senhora cuidadora acordou e viu que os dois meninos estavam curados e perfeitos.
Dali ela saiu correndo a contar para os vizinhos o acontecido que o menino maior passou a relatar enquanto exibia a pedra de cristal.
Muitos quiseram tocar a pedra e foram também tocados pelas suas melhoras e curas, foram
tocados pelo amor. Alguns não quiseram e permaneceram como estavam.
Os que se modificaram foram trabalhar e estudar muito contentes e felizes.
Assim aquela comunidade aprendeu que a felicidade depende do amor que Jesus ensinou e foram muito felizes.

sábado, 22 de dezembro de 2012

A boneca

                                                             A boneca
A menina queria porque queria uma boneca que cantasse uma cantiga. De tanto pedir, a madrinha resolveu fazer a vontade da menina e lhe deu uma boneca que ao segurar as mãozinhas ela catava:
                                     ♪♫“Ciranda cirandinha, vamos todos cirandar.
                                                 Vamos dar a meia volta,
                                                  volta e meia vamos dar”♫♫♪♪...

E por vários anos aquele foi o brinquedo favorito da menina que cresceu e resolveu guardar a boneca.
Costumava dizer que era para quando tivesse uma filha, daria para ela a boneca mais
querida que ela teve.
E assim passaram-se os anos e a boneca desbotada e arrepiada permanecia esquecida em cima do forro de madeira da casa empoeirando-se diariamente.
Certa noite, todos dormiam e de repente começou a se ouvir uma voz de criança meio rouca meio estranha que alvoroçou a casa toda, todo mundo acordou, levantou e não sabiam de onde vinham aqueles murmúrios que mais pareciam vir das profundezas.
Todos os celulares foram conferidos várias vezes e nada, e a voz cavernosa continuava a resmungar causando arrepios. A avó deu início a uma corrente de orações, enquanto a irmã mais moça chorava baixinho.
Foi quando o pai resolveu subir ao forro da casa e se deparou com a boneca dando os últimos gemidos. Desceu carregando a boneca cantora com tanto ódio que pegou a boneca pelas pernas e bateu com ela na mesa espalhando seus pedaços pela sala.
Por alguns momentos ninguém moveu um músculo até que a outra irmã, perguntou:
- Papai, porque não tirou somente a pilha? Não precisava dar uma surra nela, ela não sabe o que faz!?

Esta eu ouvi hoje dentro do ônibus quando três mocinhas divertidas, sentadas atrás de mim, contavam casos acontecidos com elas. Adorei!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O Tempo e os caminhos

                                                          O Tempo e os caminhos
Ah se o tempo voltasse e fizéssemos diferente, tomássemos outro caminho totalmente diferente
desse em que trilhamos agora.
Como estaríamos agora, qual seria o caminho que estaríamos trilhando?
É engraçado pensar assim, não conseguimos imaginar qual seria a diferença, o que estaria diferente.
Acho que desde que o mundo é mundo paira essa curiosidade na cabeça das pessoas.
E se tivéssemos tomado outro caminho? Com certeza teríamos entrado em outras lojas, conversado e cumprimentado outras pessoas, estaríamos calçando outros sapatos e vestindo outras roupas. Como seria? E nossas conversas, teriam outros temas, haveriam outras discussões, agora por exemplo ouvi um vídeo em que um escritor define a Utopia como algo semelhante ao horizonte, quando nunca o alcançaremos mas tem a utilidade de nos fazer caminhar. Belo!
Não o teria ouvido hoje e nem talvez nunca, pois a pessoa que me enviou o vídeo o conheci em um momento especial e em circunstancias especiais, através de outra pessoa que também conheci por que tomei uma decisão um dia, então também não teria a oportunidade de conhece-lo.
Assim é este meu pensamento não serve para nada apenas para exercitar o pensamento.
E os demais momentos em que interagimos com outras pessoas, se tivéssemos tomado outro caminho seriam outras pessoas, outros assuntos outras histórias de vida...
Isso fica bailando na mente se intercalando com a realidade, porém o dia que pensámos em retomar o caminho de um determinado ponto, numa determinada bifurcação tentamos mas descobrimos que realmente aquele não era o caminho certo, se é que sabemos qual é o caminho certo a tomar. E volta tudo novamente...
Como seria se não tivesse retomado aquele cruzamento, aquela bifurcação, como estaríamos agora...
Interessante pensar nisso...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

As cores do Natal

                                                         As cores do Natal
Para mim Natal é aniversário de Jesus e para festejar, as melhores cores são verde, vermelho e o dourado como complemento.
Não tem essa de Natal azul, papai-noel azul, arvore branca com bolas brancas e prateadas, tudo bege com ferrugem, neve de algodão na árvore, Peru à Califórnia, Tender à moda americana coberto de caramelo e cravo da índia, e sei lá mais o que.
O que menos penso no Natal é em comer e muito menos beber. As comidas do Natal são cheirosas,  mas acho enjoativas, muito rebuscadas e cheias de recheios e couros dourados que até parecem plastificados. Os doces já fazem parte de outro território tirando o panetone, e principalmente o panetone com sorvete, onde já se viu comer pão molhado?
Também não gosto da OBRIGAÇÃO de dar presentes. Eu adoro dar e ganhar presentes, porém tudo tem de ser espontâneo. A gente vê alguma coisa e se lembra de alguém em especial, dai pensa:  --“vou dar isso de presente de Natal para fulana (o)”-
Senão, vão sobrar presentes sem expressão, como meias, gravatas e abridores de garrafa ou par de meias finas, creme para mãos do 1,99 (sem procedência) e chinelinhos de bolinhas, anjinhos cheios de gliter.
Não, o melhor e mais elegante é o best- seller do momento, um vale compras da Victória Secret’s, um bom vinho importado datado com safra e tudo, passagens para paraisos ou cruzeiros de navio e por ai vão as delicadezas de cada um.
Isso é o que eu gostaria de oferecer a algumas “amigas secretas”, mas também estou na lista das “coisinhas” “para não passar em branco”, afinal a super- mega sena da virada só corre depois de fechada as compras da festa, dai não dá né?

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Feliz Natal de antigamente.

                                                             Feliz Natal de antigamente
Quem tem mais de sessenta como eu, já teve, comemorou, ou não, o mesmo tanto de natais, e posso lhes garantir que nem todos foram maravilhosos e aqui estou falando dos meus natais.
Mas hoje vou falar dos meus bons natais, os que passei, na casa da avó Aída na casa da Agronômica, nome do bairro como a chamávamos.
Ah, que cheiro bom, não havia profusão de presentes, geralmente eu ganhava um brinquedo e dois cortes de tecido para fazer vestidos, mas o ambiente, as risadas, a alegria natural, sem bebidas é que faziam o diferencial. A meia noite todos se abraçavam desejando um Feliz Natal e no reveillon tudo se repetia, dai na minha casa, pois minha avó só teve dois filhos, meu pai e minha tia com quem ela morava.
Muita conversa desafios intelectuais protagonizados pelos mais velhos e artes elaboradas por mim e meu primo Edison faziam das noites de Natal, para mim, inesquecíveis.
Bons tempos aqueles, em que não sabemos de nada ainda da vida e achamos que sabemos tudo ou pelo menos sabemos o necessário. Ninguém nos cobra nada além de um bom comportamento.
Das comidas não me lembro, mas lembro de que gostava dos doces e de tomar guaraná com canudinho de palha cujo sabor era outro, com certeza, pois naqueles tempos refrigerante era para grandes ocasiões.
E a volta para casa eu ia adormecida e carregada nos braços pelo irmão mais velho, pois voltávamos a pé para casa, não tínhamos carro e ônibus só trafegava até as 10 da noite.
Sim, gostava mais dos natais da minha infância.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Ladrão Inconformado

                                                 Ladrão inconformado por ter sido roubado.
http://www.youtube.com/watch?v=SVjU5LNX9N8
Acabei de receber um email com esse endereço do Yotube e fiquei abismada.
Um ladrão parou com um carrão em frente a uma farmácia e enquanto ele assaltava a farmácia outro ladrão roubou o carro dele. Indignado ele foi até a policia fazer um BO, além de dar um depoimento quase em lágrimas para o jornalista que registrou todo o ocorrido.
A indignação dele era porque ele havia roubado aquele carro na noite anterior, e que “ele era novinho” na mão dele, onde já se viu, não se pode nem ser ladrão hoje em dia...
Dai fiquei pensando; ora que coisa, dá para sentir a sincera indignação do bandido ao se  sentir roubado. Ele nunca se deu ao trabalho de imaginar o que sentem as pessoas vítimas dele. Era uma boa hora para ele ser educado e despertar nele a tão necessária empatia, sentimento tão importante que o ser humano precisa exercitar para poder viver socialmente.
Dá tristeza ao se dar conta de que se pelo menos a maioria desses bandidos tivesse tido uma educação básica naquilo que não devemos fazer aos outros,  aquilo que não queremos para nós, o mundo estaria num período menos violento.
Fiquei triste ao deparar que por tão pouco viveríamos num mundo bem melhor.
E de quem é a culpa? Se é que alguém especificamente tem culpa.

Entre cravos e espinhas

                                                                 Entre cravos e espinhas.
Mari Delza se aproximou bem do espelho para examinar minuciosamente os cravos e espinhas que cobriam o seu rosto adolescente que parecia mais um céu estrelado tantos eram os pontos e protuberâncias sobrando pouco espaço para os olhos, nariz e boca.
-Mâeeeeeeeeeeeeeeeee!!!
-O que foi Mari Delza?!
-Mais quatro, nasceram mais quatro espinhas, eu não aguento mais quero morrer! Quero morrer! Quero morrerrrr... Snif, snif, snif...
Choramingou a garota abraçada à mãe que tentava consola-la porém já não sabia mais como fazer. Era choro e desespero dia e noite. Mari Delza não queria ir mais para a escola e passear nem pensar e quanto mais resistia mais perebas apareciam e agora espalhavam-se pelas costas também.
A mãe desconsolada levou-a ao médico e lá voltaram com várias receitas dietas e recomendações. O tempo passou e Mari Delza foi se livrando dos cravos e espinhas até o dia em que se viu livre daquilo tudo e se tornou uma linda mulher, porém muito vaidosa, começou a colorir o cabelo, fazer cortes estranhos,  colocar piercing para todo lado, alargador nas orelhas e um dia chegou em casa com uma enorme tatuagem nas costas, era quase uma ilustração de uma livro antigo. Apesar de só estar esboçado dava para ver que era serviço para muitas seções.
E lá continuou vivendo suas experiências de vida a garota rebelde e “descolada”, chamada Mari Delza.
Certo dia comprou uma guitarra e resolveu que iria formar uma banda e foi o que fez, e dai que apesar de nunca ter tocado nenhum instrumento musical foi logo fazendo sucesso com seus gritos ora graves ora agudos, suas roupas extravagantes que mais pareciam trapos coloridos, seus adereços pelo corpo, seu cabelo exótico e maquiagem forte.
Mari Delza passou por todos os dramas da juventude e acabou se dando bem na vida mesmo sofrendo muito na fase entre cravos e espinhas.
Afinal para fazer sucesso não é apenas dar sorte é se tornar um vencedor na categoria “pequenos problemas do dia a dia”.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Cada vez é sempre uma nova vez.

                                                          Cada vez é sempre uma nova vez.
É já sai da praia e voltei para o centro da cidade. Cada casa tem o seu charme, o seu conforto. Gosto das duas , porém a do centro nos possibilita passear mais, visitar e ser mais visitados. Na praia ficamos mais isolados e ainda mais sem internet ficamos mais isolados ainda em época da globalização propiciada pela internet.
Hoje acordei triste, sorumbática (essa era usual da minha mãe) daquelas tristezas inexplicáveis, daquelas profundas, não sei de onde ela veio e nem onde fui busca-la, apenas quero passar o dia na paz e na calma.
Olho para fora e o sol foi para algum lugar mais animado, a chuva só ameaça, por enquanto o vento sul sopra ela para longe.
Para piorar, o jornal constante só dá notícias pouco ou nada agradáveis. E o dia se escorrega lentamente para o nada, nada importante para se fazer, ou ver, ou ler, nada.
Agora já é de tarde e o sol se pôs deixando uma garoa fina em seu lugar junto de um calor de verão, abafado.  Passei a tarde conversando com minhas irmãs, mas a chateação não foi embora.
Fim de mais um dia cinza, nada mais.
 

domingo, 2 de dezembro de 2012

O Radio de pilhas

O Radio de pilha
Certa vez achei na internet um concurso para uma rádio alemã (DeustscheWelle) onde passava um programa em português (de Portugal).
Como quem me conhece sabe que sou metida, entrei no concurso que perguntava: " Escreva o quanto o Rádio é importante para você". Bom; como o meu cérebro trabalha numa outra rotação eu entendi que eles pediam um tipo de crônica e escrevi o que segue abaixo achando que poderiam usar a idéia para uma rádio-novela (não sei da onde tirei isso). Recebi no final do concurso alguns brindes de participação, inclusive um CD do programa que foi ao ar, onde leram uma infinidade de simples depoimentos daqueles que afirmavam que "dormem e acordam com o rádio ligado, fazem jardinagem com o rádio ligado, etc. Ou seja; Nada a ver com os escritos que mandei.
Um tando sem jeito com o meu "mau jeito", agradeci o brinde e me desculpei por ter entendido errado e a pessoa me retornou achando que possivelmente aproveitariam a minha idéia, já que até ali "nunca tinham pensado nisso", ou seja; em fazer uma radio-novela (!?).
Então ai vai a história simples, mas verossímel (já que empregada doméstica que se preze trabalha ouvindo o rádio), que enviei para o concurso do outro lado do mundo, onde não fazem a menor idéia de como são ainda, a maioria das empregadas domésticas no Brasil. Na verdade muitas se tornam "parentes", tal o grau de intimidade com os patrões.

O Rádio de pilhas
O telefone toca quando a manhã já vai pelo meio; Helena corre atender:
-Antônia, é você?
-Sou eu, dona Helena, a Antônia.
-O que ouve? Helena sente passar um tremor de aflição. Antônia era daquelas pessoas que falam lentamente demais; aliais, todo o seu jeito de ser era lento. E com uma calma desesperadora ela continuou:
- É que eu estou lhe avisando que eu acho que não vou trabalhar hoje...
Falou uma voz lenta e gaguejante. Dona Helena mais aflita ainda:
-Não?! E por que não? O que houve? Você não me parece muito bem...não está falando normal comigo...parece trêmula, sua voz está trêmula e gaga, o que foi?
-Sabe o que é dona Helena? Eu quebrei o rádio...
 -O rádio?! Aquele osso do braço que fica do lado daquele outro, que se não me engano se chama... Úmero, ou úmer?... Ou como é mesmo? Não é a tíbia? Ai, por que faltei às minhas aulas de biologia... Sei lá qualquer um serve, onde você está ?
 -Não sei do que a senhora está falando não dona Helena... mas ele quebrou quando caiu do braço, sim. Caiu do meu braço quando eu desci do ônibus, bem na calçada.
A voz cada vez parecia mais lenta, baixa até um tanto mais triste. Helena não conseguia pensar direito, tanto para fazer e justamente hoje, que receberia convidados para um jantar a Antônia não vem, e ainda por cima quebra o braço!
-Você caiu do ônibus e quebrou o braço, e agora está sendo atendida no pronto socorro, é isto Antônia? Nem me fale uma coisa dessas! Isso tinha que acontecer justamente hoje? Venha para cá correndo, pelo amor de Maria! Com o outro braço ainda dá para fazer alguma coisa, depois a gente vê.
-Não, dona Helena; Eu nem sei do que a senhora está falando não, mas eu não vou porque eu quebrei o meu “radinho” de pilhas... E sem ele eu não consigo trabalhar...
-Ah, graças! Foi só o radinho... Claro que sabe Antônia! Como não sabe trabalhar sem rádio? Quem é que não sabe trabalhar sem um radio tocando qualquer coisa?!
- Ah, dona Helena, eu não sei, o rádio vai dando a hora e vai falando as notícias, o tempo, o locutor vai falando, falando e eu vou fazendo o meu serviço “marcadinho” pelo rádio. Quando eu vejo, já está tudo pronto e o serviço esta acabado. Até a roupa, eu passo mais ligeiro se estiver ouvindo o rádio, a senhora sabe, não sabe?
-Venha já trabalhar, Antônia! Você tem um contrato de trabalho e tem que fazer a sua parte; Além do mais, se for mesmo como você está me dizendo, que não consegue trabalhar sem rádio, ligue o “aparelho de som” da sala, faça o que tem para fazer que hoje temos visitas para jantar. Se bem que não é bom você mexer naquele “aparelho de som”, pois o Inácio e o Jonas não irão gostar, mas devido às circunstâncias, eu hoje assumo a responsabilidade.
-Mas...
-Sem mais, nem meio mais Antônia! Venha correndo, pois já perdemos meio-dia!
-Sabe o que é dona Helena, eu estou esperando que o técnico conserte o meu rádio, assim que ficar pronto eu vou.
-Venha agora, Antonia! Há muito que fazer, já estou sentindo a pressão subir... estou começando a ficar com palpitação... Ai meu coração! Antôniaaaaaaa!!! E a voz lenta e pausada de Antônia, acostumada com os destemperos da patroa continuou sem perder o controle;-Faz aquele chá que eu sempre faço quando a senhora fica nervosa que passa, eu já vou, fique calma, estou aqui desde cedo desde que abriu a loja pois eu nem dormi direito, agora só saio daqui com o meu rádio consertado, a senhora vai ter que ter paciência...
-Antônia! Eu vou ter é um ataque cardíaco! Eu não vou conseguir sobreviver até a hora do jantar sem você aqui do meu lado, venha já! Eu lhe dou de presente no Natal um rádio de pilhas novo, eu prometo mas venha logo...
-D. Helena, o ano ainda mal começou...

(Este foi postado em 2008)

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Lembrando

                                                                                Lembrando
Agora a pouco abri aquela mensagem que corre pela internet que fala sobre o verdadeiro valor das pessoas e daquilo que vale realmente para cada um de nós e é exemplificada por uma nota de cem reais, onde o que quer que aconteça com ela sempre será uma nota de cem reais, e bem no final a mensagem sugere que se lembre de cinco pessoas que realmente ficaram na nossa lembrança e eu me surpreendi, pois me veio uma pessoa que até hoje peço a Deus e aos anjos que o proteja onde estiver.
Há quarenta e um anos atrás, ainda morava em São Paulo, capital, quando meu filho Beto, com quarenta e cinco dias apenas de vida passava mal. Desfaleceu em meus braços pela manhã, o pai dele era mecânico de voo e por consequência estava trabalhando naquele dia, ou seja, eu uma menina de vinte e quatro anos, numa cidade enorme e longe de qualquer parente, me vi num sufoco inesquecível.
Com pouco dinheiro para pegar um taxi e levá-lo a um pronto socorro, me joguei pela rua a fora para tomar um ônibus, rezando para Deus e todos os santos que me ajudassem.
Parei num determinado lugar que nem era ponto de ônibus e observava que meu filho estava cada vez mais pálido e molezinho, isso me deu um desespero e comecei a engolir o choro e cada vez mais pedia ajuda dos céus quando pára ao meu lado um carro e um senhor lá de dentro me perguntou se eu estava precisando de alguma coisa e eu disse para ele que eu precisava levar meu neném a um hospital urgente, pois ele estava passando muito mal.
Pois este senhor prontamente me levou a um hospital mais próximo.
Agora não me perguntem como num transito como o de São Paulo, que todo mundo conhece, uma criatura enviada dos céus me faz uma caridade dessas, não sei.
Mas é impossível não me lembrar dessa pessoa com gratidão eterna nesses momentos.
 

domingo, 25 de novembro de 2012

Dia de sol, festa no interior

                                                   Dia de luz, festa no interior
Ontem, sábado fomos fazer um passeio no interior de SC, mais uma vez acompanhados dos Irmãos Coelho e agregados como eu.
Fez um lindo dia e eu acreditando nas previsões do tempo não levei a minha maquina fotográfica, o que foi imperdoável.
Se tem uma coisa que fico com raiva é quando quero fotografar e não estou de posse da máquina, pois como todo mundo sabe o mundo muda a cada segundo, e se a gente não congela numa foto, perdeu.
Fomos até Gravatal passando por Laguna, Tubarão, Armazém e São Martinho, uma comunidade Alemã da região da Westiphalia muito simpática, que explora o comercio das bolachinhas decoradas. Realmente são uns mimos deliciosos de ver e comer.
Almoçamos no local num restaurante grande Fluss Haus (Casa do Rio) com almoço e café colonial acoplados, bem ao lado da Lojinha de bolachinhas decoradas.
O café oferecia mais de 20 tortas doces e salgadas além de todas as guloseimas de sempre, doces miúdos e salgadinhos fritos e de forno. O almoço oferecia pratos típicos alemãs como joelho de porco, chucrute e marreco recheado e todos os acompanhamentos adocicados como de costume. Um pernil inteiro assado era fatiado por um garçom vestido a caráter aliais como todos os funcionários. Uma maravilha.
A construção no estilo deles também é muito bonita e lindamente decorada, além dos jardins de flores magníficas.
E eu sem a minha máquina! Era só o que eu falava, mas consegui algumas fotos graças ao sistema digital e os facesbook’s de hoje.
Uma curiosidade entre muitas foi um restaurante no caminho, na cidade de Tubarão, chamado Restaurante Espirro, isso mesmo que você leu.
Pois é no final só caiu um pé d’água no caminho de casa acompanhado de um vento sul daqueles... Mas foi bom, muito bom, valeu cada segundo.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O Heroi sou eu

                                                                  O Herói sou eu.
Outro dia precisei ir de ônibus até outro bairro resolver um problema e para isso precisei tomar três ônibus e fazer duas conexões só de ida.
Por conta disso, já desci do ônibus injuriada devido a distancia, as baldeações e o calor insuportável. Quando já de volta ia em direção ao ponto do ônibus passou por mim um carro que parou logo adiante e voltou de ré até parar do meu lado. Abriu a janela e uma conhecida me falou,
- O que você faz aqui tão longe?
- Resolvendo um “pepino”, precisava da assinatura de uma pessoa mais Xerox de documentos e comprovante de residência. Não só vim me chatear como vim chatear o amigo que felizmente compreendeu e foi bem legal comigo, cooperando só na alegria do reencontro.
-E agora?
- Agora vou para casa...
- Então entra ai e vai com a gente!
Entrei mais que depressa naquele Oasis materializado em carro com ar condicionado e vidros escuros agradecendo aos deuses pela carona abençoada. Mal fechei a porta o homem ao volante arrancou o carro com certa violência me fazendo desequilibrar de um lado para o outro, batendo a cabeça no vidro da porta. Foi ai que senti que não estava só na parte traseira do veiculo, aquele verdadeiro paraíso fresco e penumbroso aquela hora da tarde de um verão escaldante.
Já em desespero cai para o outro lado quando ouvi nitidamente um gemido. Quando eu ia pedir desculpas e afivelar o cinto de segurança olhei melhor para o vulto ao meu lado e apavorada tentei abrir a porta para sair rapidamente dali mas foi em vão devido a trava de segurança. Fiquei estarrecida, sem voz e sem ação. Nesta hora o meu amigo no volante falou,
- Fica fria, não se incomode com a presença do Herói, ele é boa gente e não ataca, pelo menos nunca atacou até hoje, hahahah.
Falou isso e ligou o som bem mais alto do que seria o conveniente, num volume acima de muitos decibéis ditos “normais”, o que com certeza impediu de me ouvir dizer,
- Mas ele não morde mesmo... ?
Perguntei com as costas coladas no vidro da porta do lado oposto  de onde estava tranquilamente postado  um cão Dobermann adulto olhando para mim com curiosidade insistente enquanto mantinha a enorme língua pendurada para fora da enorme boca de onde escorria um rio de saliva.
Eu juro que o Herói sentado era muito maior que eu que em pé tenho 1.60 cm no máximo e muito menos naquela hora encolhida de medo. A cabeçorra dava duas da minha e a boca com certeza era maior que a do lobo mau.
- Não se preocupe com o Herói, ele é mansinho mesmo. Fomos levá-lo para tomar vacina e ele adora passear de carro. Assim deixaremos você na porta de casa e não vai precisar andar nesse calor.
Assim foi, porém sinceramente, eu juro que preferiria ter feito o percurso de ônibus, utilizando as duas baldeações do que ter que viajar do lado daquele gigante. Sem falar que ao chegar em casa tive de tomar outro banho de bucha vegetal para retirar litros de baba que grudaram em mim todas as vezes em que o Herói sacudia a cabeça para cuspir.
Cheguei literalmente toda molhada, cheia de baba, sem falar da aflição em ver a viagem toda o Herói me olhando intrigado querendo saber quem eu era, querendo me cheirar para conferir...Argh.
É bom que fique bem claro que eu gosto muito de bichos de um modo geral, mas também tenho medo, principalmente de cães enormes, talvez porque em criança fui mordida por cachorro e por macaco, dai não dá para não ter.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A corrida de Taxi

                                                           A corrida de taxi
Como eu sempre digo adoro histórias e ontem ouvi uma outra que achei bem interessante.
Há muitos anos, quando a maioria das rodovias ainda eram descalças, sem asfalto, qualquer viagenzinha se tornava uma odisseia.
Então foi que ouvi a história de um taxista já aposentado que foi contratado para ir daqui de Florianópolis a Curitiba levar um paciente. Só que o paciente saiu de um hospital para ser internado noutro lá em Curitiba e o paciente era doente mental, ai é que apavorou um pouco.
Foram no taxi, ou carro de aluguel como era chamado na época, um cunhado do doente e mais um enfermeiro e mais um vizinho do doente que voltaria com o motorista para fazer companhia.
Pois bem, saíram logo depois do meio dia de um dia chuvoso por demais. O enfermeiro garantiu que o paciente iria dopado como convinha numa situação dessas.
A estrada de terra já era ruim e esburacada com tempo bom, agora imagine com chuva de desbarrancar. O carro era um Chevrolet 49, daqueles durões na queda, porém quando quebravam era um suplício para arrumar, então foram rezando para que isso não acontecesse, sem falar que lá foi o doente babando e sacudindo de um lado para o outro entre o enfermeiro e o cunhado,  e o vizinho foi do lado do motorista.
E dá-lhe buraco, desvios, subidas e descidas e o paciente lá, quietão, de olhos estralados e parados olhando o nada no teto do carro e os demais preocupados com a chuva a estrada e a possibilidade do doente acordar e perguntar, “oncotô, oncovô” ?
E assim foram aqueles cinco homens com histórias diferentes seguindo por uma estrada intransitável pela noite a fora ate que chegaram num determinado ponto que a estrada acabava e teriam que atravessar com a ajuda de uma balsa. Mais uma aventura embaixo de uma chuva torrencial atravessaram o rio que não era muito largo até que chegaram a outra margem e seguiram caminho na estrada cada vez mais alagada.
Finalmente pararam em frente ao hospital onde ficariam o paciente o enfermeiro e o cunhado. Dali o motorista e o vizinho foram para um pequeno hotel para passarem o restante da noite, pois até aí já passava das três horas da madrugada.
Na manhã seguinte o dono do carro de aluguel e o vizinho foram pegar o carro e ele nada. Negou-se a dar partida, mexe daqui mexe dali e tiveram que trocar a bobina antes de seguir viagem.
Ao pegarem a estrada deram com ela interditada, ainda tiveram que pegar um desvio que conseguiu ser pior ainda que a estrada em que vieram.
Finalmente já passava das cinco da tarde quando o motorista conseguiu entrar com o carro na própria garagem.
Esta foi uma viagem contratada bem diferente.


sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Mais um continho- Sorvo- joanete-delegacia

                                                             Mais um continho
Sorvo = Joanete = delegacia.
Laudicéia deu uma rabanada e voltando sobre os calcanhares saiu pisando duro em direção a porta de entrada, que naquela hora servia para a saída intempestuosa da mulher atarracada que calçava tamancos de pau.
-Venha cá, sua desavergonhada, venha me dizer na cara o que você está pensando. - Gritou no meio da sala a sua amiga, ou seria agora sua ex-amiga, Valdirene?

As duas mulheres arrumaram um quiproquó por conta de um dis-que-me-disse que correu pelo bairro. Andavam dizendo que Laudicéia frequentava a casa de Valdirene porque estava de olho no marido da amiga. Não que o compadre fosse o Allan Delon, mas tinha lá seu charme de barba feita e banho tomado. O que era de duvidar era que o ”Alandelon” dos pobres quisesse realmente “alguma coisa” com a Laudicéia, mulher sem graça e feiosa, atarracada e desbocada por demais. Mas a amiga não duvidava que homem é bicho bobo e se uma mulher, gênero feminino de qualquer cor e modelo, der mole ele corre atrás mesmo e com a amiga não seria diferente, até porque ela, a Laudicéia, mesmo feia já havia trocado alguns modelitos de homem de varias cores e de muitas idades então porque dar mole para o Compadre?
E assim Valdirene furiosa chutou para longe a sandália verde que lhe comprimia o joanete e aliviada se jogou no sofá com as pernas para cima, com a adrenalina fervendo pelo corpo.
- Ai quanto ódio! Quanto ódio!
Permaneceu mais um pouco ali deitada no sofá em seguida levantou-se caminhando descalça em
direção à cozinha onde abriu a geladeira e pegou uma cerveja que tomou quase de um sorvo só...
Um tanto mais calma, Valdirene pegou o telefone e ligou para a outra amiga que lhe tinha passado as novidades que geraram a confusão.
-E então, Leudenice, o que mais você está sabendo sobre a Laudicéia e o Robério?
- #@$###@#&&%&&%*&...
-A é? Ela me paga, aquela sem vergonha, ela vai ver o que é bom pra tosse. Deixa eu encontrar ela por ai, eu mato! Ai que ódio! Eu mato essa desgraçada! Eu vou desligar agora que o Robério está chegando.
-  Tudo bem amor, está muito cansado?
- Eu até estou bem cansado mas vou ter que voltar e fazer um trabalho que ficou faltando...
-Daqui é que voce não sai para lugar nenhum e se voltar para o escritório, vou junto!
Falou Valdirene cheia de indignação.
- O que é isso, ficou doida, mulher? Desde quando eu vou trabalhar carregando a mulher junto?
- Desde a hora que eu passei a não confiar mais em você.
- O que deu em você mulher?
-Me leva junto com você vai...eu prometo ficar quietinha do seu lado...
- Isso é que não!
- Eu sei que você vai se encontrar com aquela desgraçada da Laudicéia...
- Laudicéia? Cê tá maluca, com febre e delirando, só pode. Amor eu sou e sempre fui fiel a você, porque esse ciume todo?
Falava Robério todo dengoso enquanto pegava uma cerveja na geladeira.
-É que fiquei sabendo de umas coisas e vou tirar isso a limpo.
Sem dar muita importância para a mulher ele sentou-se na poltrona e com o controle remoto na mão passou para o futebol enquanto secava a latinha.
Em seguida se levantou, pegou o celular de cima da mesa, as chaves do carro e saiu rapidamente sem que desse tempo da Valdirene o seguir. Quando ela se deu conta ele já havia saido.
Passaram se os dias e quando menos esperava Valdirene viu os dois no terminal do ônibus e não contou tempo, arrancou da sandália de salto e pulou nas costas da ex amiga e do “allandelon” e de sandalhada em sandalhada derrubou os dois no chão chegando a fazer furos nas costas com o salto da sandália. A surra foi tão grande que Valdirene colocou os dois nos hospital e ela foi recolhida à delegacia para prestar depoimento e responder processo...

Dá no jornal quase todo dia uma histórinha dessas, mas essa eu conheci de verdade.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O Caderno




                                                                    O Caderno.
Abri rapidamente o envelope rosa claro que o correio havia me entregado há poucos minutos e que me deixou realmente curiosa.  –Quem haveria de ter me mandado uma correspondência tão delicada?-
Só poderia ser uma das amigas. Sim, era um delicado convite de aniversário. Infelizmente um pouco em cima da hora, teria pouco tempo, na verdade pouquíssimo tempo, para escolher a roupa, os acessórios e o mais importante, o presente.
Procurou no armário uma roupa condizente com a ocasião e horário. Escolheu o calçado e os acessórios com toda atenção e finalmente foi em busca de um presente. Olhou centenas de opções e pensou em outras tantas até que conhecendo bem a alma delicada de sua amiga Zilvina, a aniversariante, optou por algo muito especial, diferenciado e principalmente personalizado. Escolheu um caderno, mas não era um caderno qualquer, era um caderno com a capa em tecido estampado em asa de borboleta em cores vibrantes. As páginas eram em papel reciclado muito fino, ao contrário do comumente encontrado, feito em fibras de pétalas de flores o que lhe deu uma textura inigualável. Escolheu um papel de seda azul claro e uma fita larga num tom mais escuro para completar o delicado embrulho. Uma delicada rosa iria finalizar o arranjo.
Correu para casa para escrever a dedicatória que faria toda a diferença ao presente.
De posse de uma caneta de ponta muito fina começou a escrever em letra rebuscada, porém elegante as seguintes palavras:

                            “Querida amiga Zilvina.
Neste dia inesquecível em que nos convida para festejar com você mais um ano de sua existência, procurei encontrar alguma lembrança que marcasse esse dia. Entre tantas opções escolhi este caderno que lhe entrego junto ao meu carinho sincero.
Nele você poderá anotar o que quiser, como frases belas ou engraçadas, receitas de bolos, doces e salgados, aquela receita de meias de tricô para confeccionar num futuro muito distante, quando os pés frios do seu amor pedirão um agasalho. : )
Versos de todo o tipo, de amor e de guerras, de alegrias e de paz, listas de sonhos de consumo que se realizarão brevemente e listas de nomes, feios e bonitos ou até palavrões mesmo que ache isso esquisito.
Qualquer coisa pensada pode ser escrita neste caderno ou até mesmo desenhada, quem sabe uma planta de casa ou de frutos. Uma flor, um bebê, um bichinho, uma frase de carinho.
Qualquer coisa aceita um caderno simples e normal, talvez receitas de paz, de viver, de amar e de felicidade. Guarde dólares ou euros entre suas páginas e quando estiver todo cheio faça uma bela viagem de preferência bem acompanhada.
Mas se nada disso quiser, faça o que bem lhe aprouver.”
Porém o que eu quero mesmo amiga, é que você seja muito feliz e eu aqui estarei sempre retribuindo as alegrias da nossa amizade.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Mais um continho de três palavras

                                                     Mais um continho de três palavras
Bilro. Ximburé. Zigoma
Delzete colocou de lado os bilros e se levantou de onde estava ajoelhada há horas, dando conta da encomenda para entregar antes do mês de dezembro.
Foi até o canto da cozinha onde o Ximburé exalava o último suspiro, olhou pela janela e viu que iria chover mais tarde, precisava se apressar. Levou-o para o quintal, perto da bica, carregando a gamela tosca e gasta de tão usada, bem no lado do corpo, firmando-a na direita e distribuindo o peso nas laterais das ancas. Por aquelas bandas ainda não haviam chegado vasilhas e utensílios plásticos, tão comuns nas cozinhas de hoje, bem coloridas, e de vários tamanhos e modelos que faziam a alegria da mulherada que labutava nas lides domésticas, não. Por ali ainda se usava a gamela feita de toco de árvore esculpida a enxó que servia para diversas utilidades e ela era bem pesada.
Rapidamente deu conta da tarefa e retornou a casa agoniada com o que estava sentindo desde ontem quando caiu perto do rio e bateu com o rosto no chão. Na hora ficou tonta que quase perdeu os sentidos, mas como mulher forte e lutadora que era, levantou-se do chão e tomou o caminho de casa sem reclamar. Só que hoje além do inchaço a dor havia piorado muito. Resolveu que iria até o seu João Buruá, filho de índio e entendido em doenças e dores para pedir uma mezinha para aliviar a dor.
Ao chegar o velho xamã a conduziu para dentro da cabana e lhe ofereceu banco tosco para sentar enquanto se dirigia a um aparador beirando a parede, bem abaixo da janela.  La tomou de uma cuia e de ervas que estavam penduradas em ramos por toda a parte e começou a fazer uma mistura intercalando água e maceração. Em seguida espalhou a mistura sobre um pedaço de pano e deitou-lhe a cataplasma sobre o inchaço, avisando a mulher que deveria manter o remédio até o dia seguinte. Amarrou-lhe um segundo pano por baixo do queixo e mandou-a para casa.
Quando ia saindo da casa ela virou-se para trás e perguntou ao velho curandeiro:
- O senhor pode me dizer o que eu tenho:
- Sim, a senhora fraturou o zigoma...

(este conto é de março de 2011)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O Fim do Mundo

                                                            O Fim do Mundo
O dia 21 de dezembro de 2012 misteriosamente amanheceu lindíssimo. Não choveu em nenhum lugar do planeta, era lua cheia pra todo lado e o sol a pino de outro, um mistério.
Bem, não podemos dizer que era um mistério, afinal hoje não era o dia do grande evento? Como poderia acontecer diferente?
Bem até onde pude apurar aqui no Brasil os prefeitos de muitas cidades pagaram antecipadamente, é claro, por Shows fantásticos por toda a parte.
As escolas de samba foram convidadas a desfilar nas passarelas vestidas a caráter e por uma questão de segurança (?) as forças militares foram convocadas a comparecer para manter a ordem geral.
O Michel Teló foi contratado para cantar na Esplanada dos Ministérios, ao ar livre a musica
Assim você me mata” logo depois da apresentação da musica “Oi, Oi, Oi” que terá início às 23 horas.
Afinal alguém sabe a que horas se dará o evento? Sim, o fim do mundo?
O pessoal aqui do prédio fez camisetas com dizeres referentes ao inesquecível acontecimento.
Las Palmas” sempre presente até o fim do mundo.”
 A discussão maior gerou na escolha da cor, até porque na rua onde moro, os outros prédios se anteciparam e escolheram as cores antes, assim só nos restou a cor fúcsia ou o verde musgo, mas dai não ficava bem para quem mora justamente na frente do quartel do exercito, podia parecer provocação, afinal eles já escolheram essa cor há mais tempo.
Assim ficou decidido que a cor fúcsia ia bem, até porque ela foi escolhida para a cor do verão, portanto na moda até o fim do mundo, entendeu?
Os mais famosos restaurantes resolveram antecipar o dia do nhoque, que é sabidamente o dia 29 de cada mês, só mudam em fevereiro de quatro em quatro anos, mas ai todo mundo entende e faz no dia 28, mas fazer no dia 21 era inusitado. Zilhões de cozinheiras de todo o mundo foram convocadas para darem conta do recado.
Também resolveram que, nada poderia pegar fogo neste dia, pois os caminhões do corpo de bombeiros estariam desfilando pelas principais avenidas carregando as autoridades locais e familiares. Já os assessores e seus familiares seriam acomodados sobre os tanques e demais veículos militares tantos quantos forem necessários.
Em Machu Picchu haverá uma reunião de místicos do mundo inteiro para assistir in loco o evento.
A Sônia Abraão saiu na frente e conseguiu agendar a maior quantidade de entrevistas dos supostos sobreviventes. As televisões estão a postos desde os primeiros minutos, assim não perderão nada e por falar nisso, para que horas foi agendado esse acontecimento? Se alguém souber mande-me um e-mail, vou olhar no meu tablete até o último momento.
As companhias de telefonia celular misteriosamente funcionarão o tempo inteiro, foi o que prometeram durante o ano todo, assim todos poderão se comunicar, mandar mensagens do que estão vendo e participando.
Eu já vesti o meu “pretinho básico” como convém a ocasião e você vai como ? Coloque no Facebook.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Quando a palavra é uma guasca, um relho

                                                 Quando a palavra é uma guasca, um relho.
Guasca= tira ou correia de couro, muito usada no Rio Grande do Sul para diversas funções.
Relho =Chicote de couro torcido.
Muito bons para dar uma surra, muito gente boa já levou muita guascada nas pernas e relho nas costas.
Porque estou falando nisso?
Pois é, é que hoje tive uma triste experiência com palavras mal colocadas que resultaram em grandes guascadas nas minhas costas (estou falando simbolicamente, é claro) e por alguns momentos me desestabilizaram. Mas  só por uns momentos me liguei com Jesus e me estabilizei novamente.
Costumo falar com algumas pessoas no Face Book  que não conheço porém simpatizo.    Temos ideais totalmente diferentes com relação à religião, mas nos respeitamos muito. Pois não é que hoje ele, esse meu amigo, postou alguma coisa referente a religião dele e até falava mal de alguns superiores na sua hierarquia religiosa e muitos dos seus amigos começaram a postar comentários todos concordando com os comentários dele,  até que lá pelas tantas uma pessoa meteu o sarrafo no Espiritismo dizendo inclusive que os Espiritas não aceitavam Jesus, dai que até ali eu só estava lendo os comentários por curiosidade e resolvi  defender a doutrina, contrariando o que a pessoa falou.
Gente, se eu estivesse diante dessa pessoa e de uma outra que entrou depois eu teria sido linchada sem dó nem piedade. Me xingaram e até me mandaram para o inferno e ainda me mandaram catar coquinho, pode?

Não sei como pessoas que se dizem tão religiosas podem guardar tanto rancor em seus corações.
Não é possível que é esse Cristianismo que eles conhecem, que os ensinamentos de Jesus não lhes servem para nada. Que parece nunca ouviram falar das Bem-aventuranças, do Sermão da Montanha onde Jesus fala entre outros ensinamentos  que devemos se misericordiosos ser brandos e pacíficos. Que coisa! Fiquei assustada.
Olhe abaixo apenas algumas palavras de Jesus no Sermão da Montanha.
Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se os seus
discípulos,e ele se pôs a ensiná-los, dizendo:
Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa.
E toda e tantas outras maravilhas de ensinamentos de Jesus, quando eles empregam? Pelo jeito não fazem uso.
Eu ainda nervosa do jeito que fiquei me expressei mal numa frase e o “cavalheiro” foi de uma “educação exemplar” me mandou literalmente para o inferno. Credo! Que gente mal educada e andam pelos caminhos da vida usando o nome de Jesus. Lastimável. Não quero isso para mim não. Quero viver na paz com o meu coração pleno na justiça de Deus.
Não sei de onde tiraram a ideia de que os espiritas são contra Jesus, eu até repliquei como tendo se confundido com religiões africanas mas o que?! Fui cuspida na cara.
De que adianta a religião para essas pessoas que vivem de guasca e relho na mão?