sábado, 31 de agosto de 2019

A vinda dos que não foram...

                              A vinda dos que não foram... ;)
Acordei cedo e aproveitei para ir ao supermercado enquanto o sol não ardia.
Acabei passando quase duas horas fora de casa resolvendo outras coisas; como passar na lavanderia, no sapateiro e pegar uma bolsa que mandei costurar, enfim; coisas prosaicas do dia a dia de qualquer um antes de correr para casa e servir o almoço.
Quando saí Otávio dormia placidamente enroscado nos lençóis parecendo um anjo negro.
Quando cheguei das compras e demais, dei de cara com uma caixa enorrrrme dentro da sala.
Meu sangue percorreu a coluna de alto à baixo em alta velocidade várias vezes, me aquecendo e gelando parecendo me pasteurizar por dentro e me tirando totalmente o equilíbrio e o raciocínio, tanto que joguei as sacolas de compras no chão e me larguei sobre o sofá que era a única coisa macia que havia por perto antes de perder os sentidos temporariamente.
Acordei e como o silêncio pairava no ar fui à procura da única criatura que com certeza estava armando novas situações e me explicaria o que estava acontecendo.
À porta do quarto ostentava um cartaz que dizia:
“Pare! Para sua segurança não ultrapasse.”
“Laboratório em plena atividade.”
- Como assim; “plena atividade?!”
Em respeito aos meus neurônios, à minha idade avançada, aos meus cabelos brancos e às minhas pantufas, dei meia volta fui para o meu quarto e me joguei na cama com o olhar grudado no teto, me perguntando: “o que fiz para merecer essa criatura peluda de olhos amarelos, que acredito piamente, tenha vindo de outro planeta onde, com certeza, eu aprontei muito, e me enviaram como um emissário do terror para me tirar do sério dia sim e outro também”.
Passei por um cochilo, talvez para refazer o cérebro do choque e me levantei para arrumar as compras e guardar as coisas nos devidos lugares; Pensando também em fazer um café para começar a raciocinar caminhei na direção da cozinha.
Quando dei de cara com a enorme caixa novamente, tive vontade de voltar a me deitar e só acordar em 2020.
Bati na porta do “laboratório” e perguntei o que eu deveria fazer com a caixa e a voz cavernosa laconicamente respondeu: Descarta!!!
Deu para sentir certo peso negativo na resposta ou eu que estava sendo pessimista? - Sim talvez, quem sabe? É bem possível-...
Desci até a lixeira para colocar a caixa no depósito de recicláveis e subi para o apartamento, curiosíssima.
Quando entrei na sala, ele abriu a porta do quarto/laboratório e me perguntou: - Que dia é hoje?- e eu lhe respondi que era 31 de agosto de 2019.
Sem cerimônia bateu a porta de forma deselegante e rápida, não me deixando entrever nada do lado de dentro.
E assim fez por umas cinco vezes; ele abria a porta e me perguntava que dia era e fechava com a mesma rapidez.
Até que achando a atitude dele uma enorme palhaçada, resolvi fazer valer minha autoridade local e abri a porta devagar e resoluta. O que encontrei me desarmou, pois o encontrei desolado e cabisbaixo.
Me condoeu ver a cena, mas mantendo a pose perguntei qual era a de hoje e me respondeu quase sem voz que comprou uma “máquina do tempo” pela internet, pois queria voltar ao passado e conhecer pessoalmente o Xá da Pérsia, seu tio, a Sua tia Egípcia, Bastet, e tantos outros que gostaria de conhecer e encontrar no passado, mas achou que a máquina que comprou pela internet deu defeito, e ainda me perguntou: “o que você acha”?
Sem palavras... L
Alguém interessado em comprar uma máquina do tempo seminova?

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Conhecendo novos caminhos...


                    
                               Conhecendo novos caminhos...
Hoje amanheceu com nuvens pesadas e revoltadas, e pelo movimento delas rolava uma d.r. básica ao amanhecer.               
Sem se importar com isso o sol espiava entre elas para ver a hora em que tudo se acalmaria para ele entrar triunfante.
Lá pelas 9 horas, finalmente ele se apresentou e as nuvens debandaram.
Olhei umas três ou quatro vezes pela janela, sob o grande perigo de ser apelidada de relógio Cuco pelos que por acaso estivessem me observando na indecisão de sair ou não sair.
Se ficasse em casa trabalharia um pouco nas coisas que me aguardam para serem feitas, se saísse apanharia um pouco de sol e mudaria o panorama que usualmente costumo apreciar.
Finalmente optei por sair sem destino, sem lenço e sem documento. Dei “xau” para o Otávio que insistiu em querer ir, mas ao saber que eu não tinha ideia do meu destino e que horas eu voltaria, desistiu e voltou para os lençóis.
Saí sob um sol limpo e quentinho e ao chegar à parada de ônibus, um coletivo verde se aproximava. Sem qualquer embaraço, subi e sentei na frente, no acento reservado àqueles que já estão à frente do tempo faz tempo.
Ao chegar ao terminal, que hoje por ser domingo estava com pouquíssimo movimento de pessoas indo e vindo, chegando e partindo, olhei para à minha direita e percebi que um ônibus saia da plataforma, dei sinal e entrei sem ver para onde ia, apenas percebi que não havia 8 pessoas indo para aquele destino.
“Toca-lhe o pau, Marquinho!”
Foi o que tive vontade de gritar, pois o coletivo se deslocava como uma lagarta descadeirada, apesar de saber mais trade pelas conversas entre motorista e cobrador, meus vizinhos de espaço, que o ônibus era novíssimo.
“Situdisx”...
 Pois bem, lá fomos nós; eu e o pequeno grupo.
Gente! Fui parar pra lá de “deus-me-livre” e mais dois metros, depois de hoooooras de entra e sai de ruas e bairros.                                  
No ponto final da trajetória há uma Capela para orar agradecido por termos chegados ilesos aquele fim de mundo.
Depois fiquei sabendo pelo motorista e o cobrador, que naquele lugar, que mais parece onde o mundo acaba já teve um parque aquático; e a engenhoca funcionou com grande movimento durante um tempo, até que uma criança morreu na brincadeira.
Hoje em dia pode se ainda ver algumas peças coloridas, enferrujadas e cobertas pelo mato.
Também fui informada que todo aquele espaço verde, que parece uma fazenda foi desapropriado e já pago aos donos pelo Governo, pois naquele lugar vai ser construído um rodoanel.
Assim, deu a hora do retorno e retornei.
Como passamos pela esquina de casa resolvi descer e fechei o meu domingo por ali mesmo.
Boa semana para todos.




sábado, 3 de agosto de 2019

Sushi-Man Por um Dia

                                   Sushi-man por um dia...
No meio da tarde estava eu tranquilamente fazendo meu crochê enquanto assistia qualquer coisa na tevê, quando irrompe pela sala, todo esbaforido como se fugisse do inimigo, ninguém menos que Otávio, a criatura peluda de olhos amarelos que divide comigo o espaço de 50 metros quadrados mais agitados do pequeno Condomínio de quatro prédios.
Pulei do sofá assustada espalhando o meu trabalho de quilômetros de linhas coloridas enredadas entre nós pelo chão da sala.
- O que houve?
- Fica fria; apenas vim te pedir uma coisa urgente urgentíssima para ontem...
- E que coisa é essa tão urgente urgentíssima?
- Uma bandana preta e vermelha ou vermelha e preta, ou 30cm de fita de cetim preta de 4 cm de largura.
- Mas o que está acontecendo? Isso está me parecendo um trabalho de encruzilhada, nunca vi nada mais sinistro para se pedir a alguém no meio da tarde de num dia de sol de fim de inverno à caminho da Primavera; vai querer também umas velas, uma galinha com farofa?
- Deixa de maluquice sua louca; arrumei um emprego de sushi–man num restaurante Japonês e preciso urgente de uma bandana ou uma fita de cetim preta para amarrar na cabeça. Haja imaginação!!! Depois sou eu que invento coisa...
- E por que agora essa novidade de trabalhar como sushi-man?
- É que eu ia passando na frente do restaurante Japonês quando o dono colocou um aviso que precisava de sushi-man, imediatamente me dei conta de que sou apaixonado mais do que tudo por Salmão, aquele peixe de cor inigualável entre rosa e laranja de sabor incomparável. Dai na hora pensei que terei a chance de cortar e recortar quilos e quilos de Salmão e me empapuçar com as aparas enquanto me deleito com o cheiro peculiar do mar. Chego a sentir meu coração pulsar ao sabor das ondas, não é maravilhoso?
- Hummm... Sei, imagino... E pretende se empapuçar de Salmão, sua maior paixão agora, por quanto tempo?
- Agora não! Eu sempre amei Salmão, toda a vida, só que agora vou conviver mais de perto com essa iguaria tão apreciada...
- Tudo bem então; aqui está a fita preta que me pediu que sobrou do último “despacho” que fiz... ;)
- Debochada!!!
Ainda perco o amigo, mas não perco a provocação... hahahah

Dia seguinte acordei mais tarde e fui até o quarto da criatura peluda e o encontrei “esverdeado” entre os lençóis. Disse-me que passou muito mal à noite toda de tanto comer Salmão e agora só queria dormir por meses até esquecer que existe um peixe chamado Salmão nas profundezas do Oceano, nem em fotos...
Também, o guloso está acostumado desde sempre a comer ração “sabor” Salmão, daí resolve comer “quilos” ao natural, só podia “dar ruim”...

Vai um sashimi aí?...