sábado, 28 de março de 2015

Insônia, eu?

                                                     Insônia, eu?
As vinte e duas horas e trinta minutos eu já estava caindo de sono e resolvi ir para a cama.
Levantei do sofá de olhos fechados e fui tateando pelo corredor e me arrastando até o quarto que me pareceu mais longe do que eu tinha lembrança.
Não sei como dobrei a colcha e empilhei as almofadas, foi no automático, mas sei da maravilhosa sensação de poder me deitar sobre os lençóis macios que cobriam a minha grande cama. Dai me estiquei inteira com a certeza de haver chegado ao Paraíso, pelo menos imagino como é adentrar ao Jardim do Éden, deve ser algo parecido. Um jardim botânico maravilhoso com banquinhos nas sombras, regatos estreitos e rasos de água fresca, passarinhos e borboletas voando, pontes curvadas e no ar o cheiro doce de flores de laranjeira e de jasmins.
Pois bem, aspiro o ar profundamente e aguardo o sono me tomar inteira e me levar para bem longe num voo de asa delta sobre um litoral azul e verde entrecortado de pedras enormes e vegetação intensa.
Que nada. O sono sumiu como por encanto, mas continuei tentando. Viro para o outro lado e me imagino num prado verde e enorme onde pastam preguiçosamente cavalos, mas eles me viram e saíram num trote imponente para bem longe. Troquei para vaquinhas, daquelas dos Alpes suíços que pastam o dia todo só para nos dar chocolate, não deu certo, elas se recolheram ao estábulo, pois já era hora de dormir. Como assim elas foram dormir?! E eu não durmo? Cadê o sono que sumiu? Já virei bife fritando dos dois lados e o sono nada, sumiu na noite escura. Levantei, tomei água, comi uma banana, escovei os dentes outra vez e voltei para a cama, não sem antes conferir no relógio que marcava duas horas e quarenta e três!
Deito-me e faço outra oração, geralmente durmo na metade, e nada. Respirei profundamente, outra vez, prestando a atenção por onde percorria o oxigênio e... Nada.
Revirei-me trocentas vezes, deitei para os pés da cama, depois subi um pouco até esticar os pés na parede para oxigenar o cérebro e relaxar e... Nada, procurei então uma posição que me deixasse cansada, subi as pernas e andei de bicicleta no ar.
Hahaha ria a noite e as paredes de mim pobre insone...
Olhei o relógio, haviam se passado mais de trinta minutos nessa função de querer dormir e eu já estava pronta e estralada para levantar e fazer faxina, arrumar gavetas, ler, descobrir palavras novas no dicionário e...
Nada, não conseguia ler porque estava muito agitada para me concentrar. Nada relaxava. Tudo em vão.
Daí me veio a ideia tão antiga de contar carneirinhos, todos bem fofos que pulavam a cerquinha. Levadinhos esses carneirinhos, mas tudo bem, contemos;
Depois de contar 3.518 carneirinhos eu me dei conta de que todos haviam ficado pelo meu quarto, em cima da cama dentro do guarda roupa, vários empilhados por tamanho outros por gênero e acabei desistindo, pois o barulho deles gritando béééé, béééé, não me deixava dormir.
Arreneguei-me e levantei. Fui para a cozinha fazer café e começar o meu dia que já havia amanhecido e o sol estava pleno de luz e calor.
Depois de tomar café, voltei ao quarto e comecei a limpar o que ficou do pula-pula de ovinos, daquela noite infernal, uma bagunça só.

Pior foi aquele monte de carneiros e ovelhas que foram se espalhando pela casa... afff 

quinta-feira, 19 de março de 2015

No escurinho...

                                                         No escurinho...
A partir do momento que tomei a decisão não parei mais de olhar o relógio e daí que o tempo passou a andar mais devagar. O final do expediente estava próximo.
Peguei a minha grande bolsa e enfiei a mão naquele precipício de variedades e toquei em algo firme e liso e agarrei-o decidida. Era o meu batom. Destampei-o com habilidade levei-o aos lábios no espelho do elevador antes que ele se abrisse no térreo. Sai à passos largos, apressada e desviando dos que vinham em minha direção, como se estivesse sendo perseguida por alguém que pretendesse tirar minha vida. Cheguei esbaforida no Metrô, desci os degraus aos pulinhos com o coração disparado no peito, feliz como uma criança. Toda emoção! Olhei o relógio  e constatei que faltavam poucos minutos.
pouco depois o metrô parou na minha estação e um mar de pessoas que saia foi ao encontro dos que chegavam dificultando o caminhar. Acelerei os passos em direção à saída, mas precisei ir em zigzag, pois tudo me parecia lento, quase parando e eu tinha pressa, muita pressa!
Finalmente saí lá fora e o farol de um carro me atingiu os olhos me deixando cega por alguns segundos, mas nem isso me desviou a intenção. Virei à direita no final do quarteirão e atravessei a rua tomando a direção do Shopping onde entrei como um furacão, toda afogueada de ansiedade. Andei até a praça principal e tomei o elevador que por sorte chegava naquela hora. Entrei e apertei o último botão respirando fundo.
Finalmente cheguei ao balcão e comprei a entrada. A sessão já ia começar. Sentei e me envolvi na penumbra fresca me deleitando numa satisfação intima difícil de explicar.
Como pode uma sala de cinema exercer tamanho prazer a alguém? Era um relaxamento total ao mesmo tempo uma excitação de curiosidade, uma adrenalina, que por alguns momentos deixamos de ser nós mesmos para sermos alguém num corpo estranho? A curiosidade por uma nova história, uma nova viagem, uns minutos que nos levam à fantasia, o sonho, com se entrássemos numa nave do tempo sem medidas, sem tempo e espaço, totalmente em suspensão.
É pena que esses momentos únicos têm um fim, um “The end”, e quando as luzes se acendem o encantamento termina, ainda gostaríamos de ficar mais um pouco lembrando das cenas mais marcantes, os efeitos especiais, a fotografia, embalados pelas músicas inesquecíveis, serenas ou violentas.
Mas sempre é preciso sair dali e voltar à realidade, deixar aquele ambiente mágico, mesmo que seja para voltar para casa e ler um livro, para continuar viajando virtualmente.
O mais interessante é que por mais emoções que estes momentos nos causem, nossa mente seletiva pode apagar a história dias depois ou mesmo horas depois, nos deixando a dúvida se vimos ou não aquele filme, não é muito louco isso?
Assim fica mais leve continuar vivendo... 

quinta-feira, 5 de março de 2015

Username?

                                                      Username ?
Nossa! Fui preencher um cadastro novo de um site e fiquei indignadíssima.
Imagine que ele, seja lá quem for, provavelmente o computador mesmo, se nega a aceitar todas as sugestões de nome que coloco, aliais coloquei, é no passado, pois já consegui me entender com a “maquininha”.
E olha que tenho imaginação às pampas para inventar nomes e histórias, mas infelizmente todos, absolutamente todos já existiam. Mas como não se deve perder nunca as esperanças, eu continuei.
Como pode ter tanta gente com criatividade para este fim?
Não adianta você colocar, por exemplo; “tresmelanciasverdes”, não pode. Precisa ter um numeral e uma maiúscula, daí eu coloco 3melanciasVerdes e o “coisinha” me avisa que já tem esse nome! Comoassim? Será que ninguém pode ter uma melancia maior ou menor? Tem de ser do tamanho?
Daí fui para outra ideia; “puxandoacarroçadoburro. A mesma bronca!!!! Faltou o numeral e a maiúscula. Que coisa cri-cri, essa maquina do capeta.
 Vamos lá então; 1puxandoacarroÇadoburro”, pensei essa é bem grande, vai impressionar. Não deu, não aceitou de novo,  e ainda teve a pachorra de me enviar o recado;
-“Rabinho só no burro, na letra “C” não é permitido, nem sendo maiúscula”.
“Ç” maiúscula? Que palavra começa com essa letra rabuda? Sei lá!
Continuemos, pois: nova palavra com pelo menos uma letra maiúscula e numeral;
“penteFinopara2carecas.”
Gente, quequéisso? A maquininha se apoquentou e em letras itálicas maiúsculas me mandou ser mais criativa, e eu respondi: mais que isso?
– “Mas já tem esse nome também, filha.” Falou um pouco mais controlada e pausadamente. Tenta de novo vai que dá sorte dessa vez, né?
Tentarei, vamos lá, muita concentração nessa hora.
Já sei: “2Bicosdemamadeira”.
Pois não é que ela riu na minha cara em “K” maiúsculo? Pois to te contando.
Depois ela respondeu em Letra Colibri nº8, tive até que buscar a lupa, para me dizer que 90% das mães do planeta escolhem esta e é claro que só uma usa até hoje, mesmo com os filhos adultos e formados.
Vamos tentar a última então, quem sabe. Se não der desisto. E lá coloquei;
“Abretesesamo3vezesemais1” e não é que deu?

Que falta de criatividade desses computadores...