A vinda dos que não foram... ;)
Acordei cedo e aproveitei para ir ao supermercado
enquanto o sol não ardia.
Acabei passando quase duas horas fora de casa
resolvendo outras coisas; como passar na lavanderia, no sapateiro e pegar uma
bolsa que mandei costurar, enfim; coisas prosaicas do dia a dia de qualquer um
antes de correr para casa e servir o almoço.
Quando saí Otávio dormia placidamente
enroscado nos lençóis parecendo um anjo negro.
Quando cheguei das compras e demais, dei de cara com
uma caixa enorrrrme dentro da sala.
Meu sangue percorreu a coluna de alto à baixo em alta
velocidade várias vezes, me aquecendo e gelando parecendo me pasteurizar por
dentro e me tirando totalmente o equilíbrio e o raciocínio, tanto que joguei as
sacolas de compras no chão e me larguei sobre o sofá que era a única coisa
macia que havia por perto antes de perder os sentidos temporariamente.
Acordei e como o silêncio pairava no ar fui à procura
da única criatura que com certeza estava armando novas situações e me
explicaria o que estava acontecendo.
À porta do quarto ostentava um cartaz que dizia:
“Pare! Para sua segurança não ultrapasse.”
“Laboratório em plena atividade.”
- Como assim; “plena atividade?!”
Em respeito aos meus neurônios, à minha idade avançada,
aos meus cabelos brancos e às minhas pantufas, dei meia volta fui para o meu
quarto e me joguei na cama com o olhar grudado no teto, me perguntando: “o que
fiz para merecer essa criatura peluda de olhos amarelos, que acredito piamente,
tenha vindo de outro planeta onde, com certeza, eu aprontei muito, e me
enviaram como um emissário do terror para me tirar do sério dia sim e outro
também”.
Passei por um cochilo, talvez para refazer o cérebro do
choque e me levantei para arrumar as compras e guardar as coisas nos devidos lugares;
Pensando também em fazer um café para começar a raciocinar caminhei na direção
da cozinha.
Quando dei de cara com a enorme caixa novamente, tive
vontade de voltar a me deitar e só acordar em 2020.
Bati na porta do “laboratório” e perguntei o que eu
deveria fazer com a caixa e a voz cavernosa laconicamente respondeu:
Descarta!!!
Deu para sentir certo peso negativo na resposta ou eu
que estava sendo pessimista? - Sim talvez, quem sabe? É bem possível-...
Desci até a lixeira para colocar a caixa no depósito de
recicláveis e subi para o apartamento, curiosíssima.
Quando entrei na sala, ele abriu a porta do quarto/laboratório
e me perguntou: - Que dia é hoje?- e eu lhe respondi que era 31 de agosto de
2019.
Sem cerimônia bateu a porta de forma deselegante e
rápida, não me deixando entrever nada do lado de dentro.
E assim fez por umas cinco vezes; ele abria a porta e
me perguntava que dia era e fechava com a mesma rapidez.
Até que achando a atitude dele uma enorme palhaçada,
resolvi fazer valer minha autoridade local e abri a porta devagar e resoluta. O
que encontrei me desarmou, pois o encontrei desolado e cabisbaixo.
Me condoeu ver a cena, mas mantendo a pose perguntei
qual era a de hoje e me respondeu quase sem voz que comprou uma “máquina do
tempo” pela internet, pois queria voltar ao passado e conhecer pessoalmente o
Xá da Pérsia, seu tio, a Sua tia Egípcia, Bastet, e tantos outros que gostaria
de conhecer e encontrar no passado, mas achou que a máquina que comprou pela
internet deu defeito, e ainda me perguntou: “o que você acha”?
Sem palavras... L
Alguém interessado em comprar uma máquina do tempo seminova?
Pois saiba que eu e o Otávio temos o mesmo sonho de consumo. Só espero que a minha funcione, quando chegar em casa! Abraços, Clotilde.
ResponderExcluir