Alfabetizado em Braille
O cara estava olhando uma loja de objetos usados e parou
diante de uma maquina de escrever muito estranha. Chamou o dono da loja para
saber de que se tratava e ficou sabendo que era uma máquina para escrever em Braille.
Negociou o preço e levou o objeto para casa. Entrou na internet e aprendeu como
usá-la em poucas lições e passou a escrever coisas e mais coisas.
Certo dia ele teve um grande ideia; ele estava de olho numa
vizinha de bairro e ela, mesmo casada não desviava os olhares e nem se fazia de
rogada. Assim ele escreveu em Braille uma carta de amor para a referida senhora e
enviou pelo correio.
Dias depois ele a encontrou no mercadinho e trocando olhares melosos
tentaram uma discreta comunicação entre as prateleiras das azeitonas e
temperos.
Enquanto ele examinava um molho de pimenta arretado falou
entre dentes para ela:
- Você recebeu a
minha carta?
- Ah, então foi você quem mandou?
Não deu para ler nada está tudo em branco e cheia de pontinhos...
- Pois é, fiz isso com
medo que o seu marido a recebesse e as coisas não ficassem boas para o seu
lado.
- Pois é mas como
vou entender o que você escreveu? É aquela escrita para cegos, não é? Não conheço nenhum deficiente visual para
traduzir a carta, agora é assim que se fala né? Não pode mais falar “cego”...
- Pois é, mas eu acho que valia a pena você aprender a ler
em Braille, que é esta escrita em pontinhos, eu comprei uma máquina para
escrever, assim a gente pode se comunicar, marcar alguma coisa ...
Nisso apareceu o filho que a acompanhava e os dois
despistaram indo cada um mergulhar a atenção em algum artigo.
Passados alguns dias ele recebeu uma carta escrita em
Braille e ficou muito emocionado ao ver que a ideia dele tinha dado bons
resultados, agora poderia namorar mulheres comprometidas, era a fantasia dele,
que ninguém iria descobrir o que ele escrevia.
Abriu nervoso o papel grosso e imaculadamente branco e com
dedos trêmulos foi decifrando tropegamente os caracteres em relevo.
"Seu cachorro desgraçado, vai dar em cima da tua mãe!
Se afasta da minha mulher se não quiser levar um tiro na cara, seu vagabundo.
Se afasta da minha mulher se não quiser levar um tiro na cara, seu vagabundo.
E só para te informar, fui voluntário no Instituto Benjamim
Constant por muitos anos e leio e escrevo em Braille, morou?"
Essa foi ótima, Clotilde. Final surpreendente! Pois é, a justiça é cega e lê em braile... Abraços.
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