terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Praia dos Ingleses
De volta para a praia hoje com a chegada do Conrado e da Ligia de volta de Berlim para ficarem um mês. Isso implica 34 km ilha a dentro e internet puxada a carro de boi, além de um note book só, para dois viciados em internet. Aff. 
O jeito é voltar às máquinas de costura e fazer "algo útil".


Fazer o quê? Faz parte do "contrato"; toda vez que eles voltam eu e o Adalberto voltamos para a Praia dos Ingleses que também não é de se jogar fora. Na verdade as duas opções de morar são ótimas, cada uma nas suas condições e caraterísticas próprias.


Também têm os senhores peludos, Haroldo, Heitor, Horacio e Otávio que farão muita falta, com certeza.
                                                                  Heitor quase delirando de prazer

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Sogras; como não tê-las e não sê-las


                                    Sogras; como não tê-las e não sê-las?
Não sei, apenas vai aqui uma observação do modelo de família em dias de hoje que por conta dos muitos casamentos multiplicam-se automaticamente as sogras.

De um tempo para cá eu recebo emails me avisando que é dia da SOGRA. Eu nem me arrepio mais, pois sou uma sogra supimpa, grazadeus, amiga e pouco presente (importante para uma boa relação), aliais bem na medida; se precisa vou, senão... espero o convite e está dando certo.
 E até talvez por causa disso também, costumo ser paparicada e disputada com presentes.  É quem mais pode me presentear com viagens e outros mimos que não vem ao caso agora, até porque a modéstia não me permite,aff...

Mas como eu dizia, no ano passado eu postei este assunto neste blog por uma informação errada,  no dia 6 de junho.
Agora descobri que o dia mesmo, na verdade são três (?!). 
Uma é o dia 28 de abril, mas de acordo com o sãogoogle também pode ser dia 24 de agosto. E ai como ficamos? dia 06,24 ou 28?
O que será que houve, porque tantos dias para uma senhora mal reconhecida pelos melhores e piores membros agregados da família, leia-se genros e noras?
E foi pensando e repensando este assunto fundamental para o progresso da humanidade que descobri o porque das múltiplas datas, senão veja que coisa inteligente e perfeita para o momento atual e a moda vigente?!

Agora por decreto oficial dos membros da comunidade casamenteira e descasamenteira, a CCD, o dia da sogra se multiplicou por três datas distintas por um simples motivo, não dá para festejar num dia só pois obviamente seria complicadíssimo, assim ficou decretado que:

Data 28 de abril dia da sogra do primeiro casamento, as crianças daquele casamento e seus pais poderão jantar na casa da sogra/mãe levando flores tipo cravo de defunto na cor grená e bombons (se ela for diabética troca-se por biscoito água e sal integral).

Na data de 06 de junho é o dia da sogra do 2º casamento, só as crianças daquela relação e seus devidos pais deverão visitar e festejar com a mãe, sogra e vovó levando nas mãos como presente um vaso de flores que pode ser crisântemos lilás e um par de chinelos de tecido de bolinhas da cor preferida (dela é claro).

Finalmente no dia 24 de agosto também é comemorado o dia da sogra do 3º casamento. Para não passar em branco leva-se em conta que o único filho da relação tinha um compromisso “inadiável” e alguns amigos do casal marcaram de se encontrar no barzinho e já estão esperando. Então passa-se na portaria do prédio onde ela mora e deixa-se com o porteiro um calendário dobrável e uma cesta de frutinhas plásticas, “uma graça”!

Eu já avisei... quando eu destrambelho ninguém me segura...afff.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Liberdade e Individualidade


                                            Liberdade e Individualidade?
Você sabe o que isso, o que querem dizer essas palavras?
Cheguei a conclusão de que liberdade não existe, existe um afrouxamento, um alargamento de colarinho, um espaço na gaveta da vida, uma folga para respirar, mas liberdade mesmo, não existe, e individualidade também não.
Nascemos como grãos de trigo, de milho e de todos cereais, uns colados nos outros, empilhados e arrumados nas vagens. Nascemos em bando em pencas e ninhadas, nem sempre do mesmo parto, mas de uma mesma família. Daí trazemos no inconsciente uma base, uma plataforma que é de todos, que assim nos “liga” a todos.
Sim, você me diz que existe a liberdade de pensamento, que liberdade carapálida?
Se fazemos parte de uma penca, um cacho, ou uma ninhada, as estruturas que nos passaram fazem parte do pacote completo; fazemos e agimos automaticamente como nosso pai agia, como nossa mãe falava, como nossa tia cozinhava, daí eu pergunto:
Qual é de verdade o meu pensamento que não faz parte de ninguém? É só meu?
 Nem que eu fosse criado como ovos de tartaruga, abandonados para chocar na areia da praia, eu seria somente eu e mais ninguém, tanto é que no caso das tartarugas elas sabem para que lado correr quando saem das cascas, até onde eu sei nenhuma tartaruguinha apareceu no centro da cidade e nunca foram vistas num shopping. Não; elas nascem aos milhares e sozinhas, mas já vêm com GPS, sabem direitinho para onde correr e nós também sabemos quem é papai e mamãe, e quem ensinou? Nãoooooooooo, nem o papai e nem a mamãe tartaruga.
No caso humano, aquela zoiúda que ficava em cima do meu berço, cantarolando e me olhando o tempo todo, aquela eu sei que é a minha mãe.  Eu nasci sabendo que ela era ela.
 Daí vamos olhando pela janela do berço e vamos pensando:  -“Porque será que mamãe sabia que eu iria gostar de tudo rosinha, lilás e da Hellokiti?”-
Logo que saímos do berço começamos a olhar o mundo e não gostamos de muita coisa, porém ouvimos sempre -É preciso “- E isso implica simplesmente tudo na vida, o que queremos e o que precisamos fazer, e garanto que sempre ganha o “precisa”.
É claro que precisamos sim, fazer o que precisa ser feito, só que a alegria verdadeira, aquela que seria a autêntica de cada um vai ficando para trás, pois precisamos absorver e “sentir” a alegria que nos é de direito, aquela que é politicamente correta, aquela que precisamos assimilar até as entranhas desde cedo que é a que vai nos fazer uma pessoa melhor. E só muito mais tarde numa conversa informal nos lembramos de que tal coisa adoraria ter feito, outra que detestamos ter feito e assim vamos indo na leva do tsunami da vida, perdendo o que seria a nossa e de cada um a verdade e, por conseguinte a liberdade de ser um indivíduo na acepção da palavra.

Aff... Nessa hora é que a minha caspa vira mandiopã... hahahah
(É só um exercício para o "alemão não me pegar)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Boa Quaresma!


                                                                 Boa quaresma!
Afff... Finalmente acabou. Está tudo roxo, desde os santos das igrejas velados por cortinas roxas até os corpos dos carnavalescos que sobreviveram aos trancos da folia.
Estão cansados porém felizes na esperança que o ano transcorra rapidamente para começar tudo de novo...
 ♪♫♪♫ “Ah, quanto riso, ah quanta alegria,
mais de mil palhaços no salão, ão...” ♪♫♫♫♪.
Realmente muitos gostam da folia, mas já se percebe um certo cansaço desse tipo de diversão e muita gente se retira para um lugar sossegado ou fica em casa fazendo nada. 
Na verdade o nada é um pouco de tudo aquilo que prometemos fazer o ano todo e deixamos para amanhã. Uns pintam outros bordam (literalmente), outros cozinham e comem, comem e cozinham. Outros costuram, separam roupas e sapatos para doar, revêem fotos guardadas, lêem algum livro ou recortes separados em pastas e outros ainda arrumam armários e gavetas. 
Com os relógios ignorados num canto qualquer é possível conviver com os que permaneceram em casa de uma forma agradável e divertida. 
Tempo para relembrar de bons momentos e se emocionar com outros tantos. Tempo para refletir nas coisas boas e nas que nem tanto e de tudo aproveitar o que vale a pena e passar a limpo no caderno da vida...
Para os que dançaram beberam e "foliaram" até cair resta juntar os trapos, curar a ressaca, entrar no jejum e tomar o rumo da vida novamente, afinal... ♪♫♫♫♪♫"Agora é cinza♫♪♫♫♫...tudo acabado e nada mais"...♫♫♫♪♪♫.
Boa quaresma!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Árvore Genealógica

                                                    Árvore genealógica 2012



Estava pensando hoje à tarde por conta de um assunto na televisão sobre arvore genealógica, e cheguei à triste conclusão de que não dá mais para montar uma árvore genealógica nos dias de hoje. Se não veja:


Antigamente no final do século XIX, começo do século XX as famílias se formavam em um grande número de descendentes e cada mulher tinha em média uma dúzia e meia de filhos, sim, 18 rebentos no mínimo (minha avó materna teve 28 partos) que levariam para frente o nome e as características daquele casal além dos bens materiais, que variavam muito de família para família. Daqueles, muitos os que sobreviviam também se casavam e novamente se multiplicavam gerando um pouco menos, em média uns doze filhos pelo menos. Poucos casavam uma segunda vez. Um ou outro fazia filhos com uma amante,talvez por isso houvesse um certo "controle natural" da situação.
Daí, antigamente, ao montarem uma árvore genealógica, o tronco era formado por dois pares que passariam a delimitar o lado paterno e o lado materno, e cada par pelos descendentes representados pelos ramos e seus rebentos por ramos menores e folhas. Hoje não é possível mais fazer uma montagem como era, senão veja só;


Montarei uma suposta árvore iniciada com um casal no ano de 1950. Vou dar o nome de José e Maria. Eles tiveram 10 filhos, cinco mulheres e cinco homens que casaram respectivamente com seus pares. Em 1975  teoricamente cada casal teria cinco filhos adultos prontos para casar, daí é que a coisa começa a pegar principalmente a partir da proliferação do divórcio.
Hoje em dia nem se casa tanto oficialmente para “não ter o trabalho” de mudar o nome nos documentos. Assim os casais ficam um tempo juntos até entrarem na rotina, daí trocam de pares e vão ficando os filhos pelo caminho da história. Eles já casam prevendo para breve a separação, geralmente na primeira encrenca. Não se investe mais na relação, para quê, né? São tantas opções...


Voltando para a fictícia árvore genealógica; Os filhos de cada casal casaram e descasaram várias vezes, gerando cada um dos cinco, mais cinco filhos com três mulheres diferentes, ficando assim neste grupo aproximadamente 15 mulheres/esposas e 25 filhos de cada grupo de casamentos e tentativas, pois cada homem teria três esposas e as mulheres teriam três maridos, formando assim famílias fragmentadas e irmãos de pais diferentes.


Dessa maneira cada homem casou temporariamente com três mulheres, assim como as três mulheres casaram com três homens ficando cada casal com uma média de seis experiências. Sendo seis de cada lado e cada uma das experiências resultou em nove filhos. Juntando os dois lados do primeiro casal José e Maria que se casaram em 1950 já são... muiiiiiiiitos. Melhor parar.


Nem contei as sogras, as cunhadas e cunhados e muito menos os tios e primos, pois os meus dons matemáticos foram todos investidos na primeira filha (minha é claro) que se fornou Engenheira Eletricista aos 22 anos.


Como você que me lê montaria nos tempos atuais uma árvore genealógica desse porte, com os casamentos e descasamentos que acontecem todos os dias?


(só posso ter cabeça de camarão, pois não?)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Em Tempo de Máscaras

                                                     Em Tempo de Máscaras
Em tempos de carnaval observo que a maioria dos carnavalescos tira a máscara e vive as suas verdades tão bem guardadas o ano inteiro. Senhores sérios e até uns que se dizem “religiosos” vestem fantasias femininas, de reis e de rainhas e caem na gandaia explicita. Derrogam todas as leis vigentes relativas aos bons costumes sem pudores, abandonando em casa sua vergonha e timidez.


Do lado feminino também vemos muito mais descaramento que nos outros dias do ano em que pese o natural dom e características das fêmeas de provocar para conquistar. É da vida escolher um macho para se reproduzir e povoar a terra, mas em época de carnaval, as carnavalescas deixam de lado a última das máscaras e saem a campo lindas, semi- nuas e sedutoras transpirando lascívia.

Revestidas de brilhos, adornadas com penas de aves e adereços coloridos, elas vão coleando como serpentes provocando no homem o desejo e a sedução, se deixando muitas vezes conspurcar na ânsia de notoriedade. Esse comportamento, infelizmente também causa muitos problemas como doenças, gravidez não planejada e indesejada como provam as estatísticas pós carnaval.


Não estou aqui pregando moral e nem criticando comportamentos alheios. Estou sim, avaliando o que vejo todos os anos na tela da minha televisão sem que escolha esse tipo de programa para assistir. Os intervalos comerciais e as informações jornalísticas já nos proporcionam este tipo de informação a cada dez minutos.


Dirão-me alguns que me lêem, - Mas não são todos os carnavalescos que se comportam assim, até porque se você (Eu, euzinha) não freqüenta a festa de Momo não pode avaliar o que acontece nestes bailes e aglomerados. - Mas é claro que dá para ver, está tudo ai para quem gosta e quer se deleitar e se procurar na TV então, verá literalmente tudo e de tudo, coberto de confete e serpentina.


Porém a minha observação como disse, não vai como crítica, mas como uma observação do comportamento humano, onde vive de máscaras o ano todo, onde não sabemos da realidade de ninguém, do que é capaz aquela criatura que está ao teu lado no cotidiano.


Não fazemos idéia do que faria nosso vizinho ou parente, acuado pelo desespero, aliais, eu também não sei o que faria e pressinto que não seria coisa boa em pânico e sob pressão.


Mas quando olho para certas figuras anônimas, no meio de um bloco na avenida, desfilando a fantasia de uma noite, vestidos de personagens não identificados, se debulhando em suor, cantando desafinadamente, não posso deixar de me perguntar: - Quem é esta pessoa de verdade, este que eu vejo? Será um terrorista, um pregador da fé, um relojoeiro do tempo, um ditador, um defensor do meio ambiente, um controlador das marés, um assador de empadinhas?


Bom imagino que nada disso importa agora, vou vestir a minha fantasia de “to nem aí”, pois na vida e na morte cada um é cada um e por conta disso responde por si.


Eu estou apenas divagando para não perder o costume...

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Fantasias Reais e Imaginárias

Fantasias Reais e Imaginárias
Meus deuses das cores e purpurina, o que vestir neste carnaval?


Já olhei meu guarda roupas de fantasias umas cem vezes pelo menos e não faço idéia o que usar neste Carnaval.


A “Odalisca Amarela do Mar de Girassóis”, a traça roeu parte dos bordados em relevo ao redor do busto além de parte da espuma que recheava o bojo.
A “Duquesa ao Luar Prateado” também está com a maioria das lantejoulas oxidadas e levemente amarelecidas.
A de “Pavão Real das Eminências Resplandecentes”, de tanto pular no carnaval de 2005 perdi quase todas as penas.
A "Libélula das Cataratas Espumantes” infelizmente está com uma asa quebrada e a outra totalmente torta, quase despencando.
A “Luz Solar dos Deuses Rosa Púrpura”, nem pensar; nada a ver com o momento atual e a política vigente nos bastidores de Momo.
O “Princesa Overloque entre Dunas e Pirâmides” seria uma das opções possíveis em tempos de pouca grana e muita criatividade.


Também tem aquelas tradicionais de Enfermeira, Pirata, Napoleão e a graciosa Pedrita.
Quem sabe, talvez, é possível, verei o que fazer até quinta a noite com a ajuda dos deuses das cores e purpurinas...


Por enquanto vou de Abadá mesmo e tamancos portugueses...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Amor musical

                                                   O ônibus verde.
Daucemar e Ladisflaw de mãos dadas atravessaram a praça em direção ao terminal rodoviário urbano. Entraram no ônibus verde e como sempre se acotovelaram em pé entre muitos como eles que dependiam daquele tipo de transporte. Em seguida sacolejando muito, o veículo se dirigiu para a saída do terminal e seguiu pelas ruas da cidade em direção à periferia.
La pelas tantas entraram mais alguns passageiros que foram se encaixando entre os que já se encontravam apertados e cada vez mais sufocados naquele calorão.
Mais alguns metros um cidadão começou a cantar uma música gospel numa voz até bem entoada, porém totalmente sem propósito naquela hora. Pois foi o que deu; os demais passageiros começaram a se inquietar mais naquele desconforto e reclamar mandando ele calar a boca. Quanto mais reclamavam, mais alto ele cantava a canção como se não fosse com ele, parecia estar em transe.
Sem conseguirem calar o homem resolveram vaiá-lo cada vez mais alto, o calor e o desconforto foram tomando conta das pessoas até que o motorista parou no acostamento e levantando-se do seu lugar perguntou o que estava havendo e todos se calaram apenas o cantor continuou, sem saber o que fazer o motorista pediu que o homem se calasse, mas ele continuava ignorando a todos naquele estado de êxtase musical.
Como o ônibus estava superlotado e o cantor estava bem no meio do corredor, ele não tinha acesso para pegá-lo pelo braço e convidá-lo a retirar-se ou calar-se, mesmo que para isso tivesse de usar a energia que a sua posição lhe permitia.
E o homem nada, continuava a cantar de olhos fechados. Sem saber mais o que fazer o motorista pediu que todos saíssem do veículo e se colocassem na calçada para que o senhor cantor pudesse descer. Todos os “trocentos” passageiros foram saindo e se postando do lado de fora, causando admiração nos transeuntes que por ali passavam e também foram parando para ver o que acontecia.
O motorista com a camisa empapada de suor por conta do calor de quase quarenta graus finalmente alcançou o cidadão cantor e o pegou gentilmente pelo braço. Desceu os três degraus segurando firme o senhor musical que continuou cantando sem desafinar a sua musica preferida. Mais alguns minutos e a ambulância que havia sido chamada pelo cobrador encostava ao lado do ônibus.
Com cuidado e gentileza os paramédicos o colocaram deitado na maca sem que ele reagisse, apenas continuou cantando...


Daucemar e Ladisflaw assistiram a tudo e me contaram, é claro.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Como lavas secas



                                       Torne suas pedras leves, como as lavas secas.

Todos os dias uma quantidade de pessoas pelo mundo acorda com o diagnóstico de CÂNCER.
A partir desse momento instala-se uma insegurança indescritível, uma sensação de que entrou numa montanha russa onde não quer ficar e não sabe como descer. Quer acordar do pesadelo, mas a realidade cada vez é mais causticante e permanece tirando o sono e a pessoa quer “sair de si”, sem querer morrer. Pavor, desespero e finalmente entrega, desânimo. Como sair disso tudo?
Primeiro é preciso parar de perguntar para si e para todos: POR QUE EU?
Por que não você?
Quando fazemos esta pergunta fica estabelecido a nossa pretensiosa forma de pensar; se não veja;
Se alguém apanhar no tronco até a morte, se alguém for estuprado, se alguém for esquartejado, se furado os olhos em vida, for queimado vivo, se ficar tetraplégico, se tiver um filho com alguma anomalia, tudo bem, desde que não seja EU?! Chocante, não é? Mas é assim que pensamos, talvez por autodefesa, auto preservação? Não sei. Mas procuro pensar em vez de POR QUE EU, pensar; O QUE SERÁ QUE ISSO QUER DIZER EM MIM? O que será que eu devo fazer para entender isso? Eu penso em me observar de fora para dentro, tipo assim:
Quando estou dando minha opinião sobre algo ou ALGUÉM, não é ali um dos pontos em que devo melhor me observar? COMO EU SOU COMO PESSOA NA SOCIEDADE ONDE VIVO? O que faço em meu benefício e em benefício dos meus semelhantes dentro e fora da minha família? Como eu ajo com relação àqueles que trabalham e me servem de uma forma ou de outra? Como eu vejo o meu semelhante? Sou sincera (o) e gentil? Sou educada (o) e respeitosa (o)? Considero o meu semelhante IGUAL a mim? COM OS MESMOS DIREITOS?
E o PERDÃO? Como faço para perdoar aqueles que até aqui estavam na minha lista de IMPERDOÁVEIS?
Quando vivenciarmos todas essas respostas de verdade e reformularmos nossas convicções e estruturas de pensamento e comportamento e nos voltarmos para o BEM, começaremos a nos curar, quer seja de câncer ou outra doença degenerativa.
Policie-se; este é o caminho para atingirmos a meta das estruturas mentais e físicas equilibradas que nos afastam das doenças e tragédias, pois mesmo trazendo na nossa “mochila do além” para esta vida, esta encarnação, algumas pedras, elas poderão ficar muito leves, tão leves como as lavas de vulcão esfriadas. Aquela mesma; a pedra pome que esfregamos nos calcanhares e bóia na água.
Já pensou que uma pedra pode ser leve?
E para completar, algumas palavras de Jesus:


“Vinde a mim, todos vós que sofreis e que estais sobrecarregados e eu os aliviarei. Tomai do meu jugo sobre vós e aprendei de mim que sou brando e humilde de coração e encontrareis o repouso para vossas almas; porque meu jugo é suave e meu fardo é leve.”
(São Mateus, cap.Xl, v.28,29 e 30)

Este texto foi postado anteriormente em setembro de 2011.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

O Drosômetro

                                            Continho de nº 5



(tão bom quanto o perfume, aquele)


As três palavras dessa vez são: DROSÔMETRO - REPOLTREAR-SE - SAFARDANA.


De posse do DROSÔMETRO lindo e lustroso que havia pedido emprestado do tio da d. Amélia, seu Idílio entrou em casa ansioso para ver se estava tudo funcionando, pois se havia uma coisa imperdoável para o seu Idílio era receber o empréstimo perfeito e devolver danificado e ele não iria fazer isso com o amigo, mas antes precisava ter certeza que veio perfeito. Levou-o para o quarto em busca da flanela amarela. Lustrou-o por algumas horas até que Gesebel veio bater na porta chamando-o para o almoço. Olhou o relógio de pulso, conferiu com o da parede e adentrou a sala de almoço onde uma mesa posta e bem ordenada ostentava alguns pratos apetitosos. Assim que se sentaram à mesa o sino da matriz tocou as doze badaladas, seu Lírio respirou fundo, pegou os talheres no que foi acompanhado metodicamente por Gesebel. Almoçaram em silêncio como de hábito.
Seu Idílioio era um poeta, sonhador de uma cadeira na Academia de Letras da cidade, o tema principal de suas obras eram as rosas e o orvalho, citadas praticamente em todos os seus poemas. Seus amigos de sarau que faziam parte do Clube dos Poetas Vivos, quando longe dele comentavam a teimosia com as rosas orvalhadas, já estavam cansados de ouvir falar de rosas, parecia que só mudava a cor, a rosa era a de sempre. Mas naquela noite seu Idílio iria fazer uma experiência; Colocou o DROSÔMETRO no jardim e se dirigiu para dentro de casa para REPOLTREAR-SE de olhos fechados organizando o novo poema que recitaria no próximo sarau, no sábado. Só havia uma coisa que aborrecia demais o seu Idílio, eram alguns participantes do sarau. Uns incompetentes, sem estilo e uns fofoqueiros, o Dagoberto mesmo, era um verdadeiro SAFARDANA que vivia copiando os seus versos, colocando na Internet e assinando como seus.
Drosômetro a quem interessar possa, é um medidor de orvalho, este ai em cima é só um dos muitos modelos.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Uma tarde sem remédio

                                                   Uma tarde sem remédio...
Logo à entrada do salão um enorme totem listava em ordem alfabética as doenças “básicas”, aquelas que quase todos conhecem e estão na boca do povo. Quem quisesse se aprofundar nos sintomas e detalhes além da medicação adequada era só procurar no site da associação, disponível em vários computadores espalhados pela sala.

Acne, Adenite, Afonia, Afta, Albuminúria, Alcoolismo, Amenorréia, Amigdalite, Anasaraca, Anemia, Angina, Antraz, Apendicite, Apoplexia, Ardor de Urina, Arteriosclerose, Artrite, Asma, Blenorragia, Boubas, Bronquite, Cobreiro, Cólicas, Dentição, Diabetes, Diarréia, Disenteria, Eczema, Epilepsia, Erisipela, Escarlatina, Escorbuto, Estômago, Gota, Hemorragia, Hemorróidas, Icterícia, Impotência, Influenza, Insônia, Leucorréia, Menopausa, Nefrite, Nevralgia, Obesidade, Opilação, Resfriado, Pesadelos, Sarampo, Tinha, Tosse, Urticaria, Verrugas.

O que provocou em Demétrio um ataque de pelanca, já que ele deixara por escrito que estavam faltando doenças interessantíssimas que mereciam destaque como se formassem um buquê de flores à entrada. Andou de um lado para outro no salão entulhado de pessoas que jamais se denominariam de hipocondríacos, não! Eles eram apenas apreciadores de remédios, colecionadores de bulas e de caixinhas escolhidas pelo laboratório ou doença de sua simpatia. Inclusive havia um escambo de bulas e caixas para todo lado. As caixinhas e bulas eram abertos e colocados em pastas enormes que mais pareciam livros de registros e cartório. Demétrio parou e se encostou à parede para tomar um fôlego e entrar na fila para medir a pressão e avaliar a glicemia. O suor lhe escorria pelo pescoço e pelas costas enquanto seu pensamento entrava em pânico ao se lembrar de algumas doenças cujos sintomas batiam com os que ele estava sentindo agora. Batimentos cardíacos altíssimos e suores abundantes além da progressiva falta de ar. Sua pele empalideceu enquanto petéquias apareciam discretamente, pelo menos era o que ele via e identificava. Estava quase apoplexo. Respirou fundo, fechou os olhos e procurou se acalmar, devolvendo um sorriso pálido para o seu amigo que se aproximou também entrando na fila e pouco se importou com o estado dele. Pouco a pouco Demétrio voltou ao normal e até se distraiu comparando as bulas do amigo com as dele. Pouco depois de passar pela avaliação dos sinais vitais como era de praxe antes da sessão, tomou um pouco de água filtrada três vezes, e trocou uma bula de remédio para Beribéri por duas de remédio para esquizofrenia e esquistossomose. E considerou que fez um ótimo negócio.
Mais um pouco e um apito em três volumes avisava que a sessão estava tendo início. Logo que a sessão começou alguns retardatários, eufóricos e suarentos, se acotovelavam para tomar seus lugares e deixar para depois as trocas.
Aquelas pessoas visivelmente ansiosas não perdiam um só dia de reunião para se atualizar com o que há de mais moderno na ciência médica. Eles pertenciam ao Remédio Clube do Brasil, assim como tantas outras agremiações espalhadas por ai e reuniam-se todas as semanas; hoje era um dia desses.

Um homem de jaleco branco trazendo bordados uma cruz vermelha no peito e outra no braço, carregando um vistoso estetoscópio no pescoço, foi quem abriu os trabalhos da tarde...

Dona Bercides

                                                                Dona Bercides

                                                     * 2/02/1908  -   + 05/08/1995
Eu nasci quando minha mãe já estava com 38 anos, por conta disso e de crescer entre adultos sou esquisita desse jeito. Lembrei-me disso por ser hoje a data de nascimento da minha mãe, dia de Nossa Senhora dos Navegantes, Yemanjá e Nossa Senhora por assim dizer. Como ela foi criada dentro de muita religiosidade católica, foi alfabetizada por freiras, ela sempre fez parte das atividades festivas da Igreja. Encarnou várias personalidades bíblicas nas procissões, como Verônica, por exemplo, a que cantava com o Santo Sudário, coroou Nossa Senhora uma quantidade de vezes, o que a enchia de um orgulho puro, de amor aos simbolismos católicos. Porém na época do meu nascimento, ao ter contacto com a doutrina espírita, ela deu uma guinada nos seus conceitos e mergulhou de cabeça no espiritismo, onde honrou com seu trabalho e dedicação sincera os ensinamentos de Jesus. Adorava tomar café e vivia pedindo às filhas para que dessem café aos pedintes na porta em “intenção” a ela, como falava. Há alguns anos atrás aconteceu uma coisa interessante. Eu morava em Campinas-SP, ao lado de uma padaria e raramente alguém vinha bater na minha porta para pedir alguma coisa, talvez porque pedissem na padaria, não sei. Certa tarde eu estava fazendo café (também adoro café) e comecei a me lembrar dela, do quanto ela gostava de saborear um cafezinho fora de hora, quando tocou a campanhia e fui atender. Era um homem bem velhinho que pediu um copo de café, ofereci pão também e ele foi bem objetivo:
 “- Não dona, eu estou doido de vontade de tomar um café, só isso, a senhora pode me dar um copo de café?”-
Nem preciso dizer o quanto me comovi ao lembrar do seu pedido e de poder realiza-lo dessa maneira.
É isso; falar de dona Bercides que viveu 87 anos com dignidade, amor ao próximo e aos animais, totalmente dedicada à família, sem deixar de servir a quem precisasse, levaria um tempo sem fim, daí que apenas guardo na lembrança os bons e divertidos momentos que passamos juntas.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Sem cor e sem perfume

Continho n 6


                                              Sem cor e sem perfume
Construído a partir de três palavras escolhidas aleatoriamente no dicionário.
                                  MACAMBÚZIO - MIXÓRDIA - VALETUDINÁRIO

O homem envelhecido era de compleição miúda e em nada dava idéia do que lhe passava na cabeça de cabelos ralos e avermelhados pela tintura de má qualidade. Talvez ou provavelmente, não passasse nada, apenas vivia. De terno escuro e surrado configurava bem a imagem do papa-defunto. Durante o dia todo passava na pequena sala de cortinas abaixadas onde o cheiro contínuo de flores frescas pairava no ar, porém seu enorme nariz cheio de comedões, mais conhecidos como cravos, não identificava mais qualquer tipo de cheiro, bom ou ruim. Ele próprio exalava um cheiro estranho de flores mortas, como mortas eram as pessoas que ele arrumava e colocava no caixão. Fazia isso desde jovem, porém sem nenhuma emoção. Aliais seu primeiro e único emprego até os dias de hoje, porém tinha muito respeito pelo seu trabalho; Para ele todas as pessoas eram filhos de Deus e mereciam descansar em paz limpos e vestidos com cuidado, apenas isso, nada mais. No final de cada dia saía a passos lentos em direção a banca da esquina para comprar o jornal e em seguida ia caminhando até a casa humilde que retratava bem a pessoa que se tornara. Geralmente MACAMBÚZIO, parava antes no boteco da esquina para comer um sanduíche de mortadela e um copo de café com leite, muito mais leite do que café, como era de gosto. Abriu a porta dos fundos da casa enfiou a mão rastejante pela parede até encontrar o interruptor e acionou a pequena lâmpada que não iluminou mais que o equivalente a uma vela acesa, em seguida entrou no pequeno cômodo mal cheiroso e tão escuro que nem dava para avaliar a MIXÓRDIA que ia lá dentro. Um corredor apertado entre pilhas enormes de jornais permitia que ele atravessasse o ambiente para o próximo cômodo onde uma cama cheia de restos de cobertas sujas o aguardava para o merecido descanso daquele corpo VALETUDINÁRIO, que nada mais fazia do que sobreviver um dia após o outro, sem cor e ser perfume.