Liberdade e Individualidade?
Você sabe o que isso, o que querem dizer essas palavras?
Cheguei a conclusão de que liberdade não existe, existe um afrouxamento,
um alargamento de colarinho, um espaço na gaveta da vida, uma folga para
respirar, mas liberdade mesmo, não existe, e individualidade também não.
Nascemos como grãos de trigo, de milho e de todos cereais,
uns colados nos outros, empilhados e arrumados nas vagens. Nascemos em bando em
pencas e ninhadas, nem sempre do mesmo parto, mas de uma mesma família. Daí trazemos
no inconsciente uma base, uma plataforma que é de todos, que assim nos “liga” a
todos.
Sim, você me diz que existe a liberdade de pensamento, que
liberdade carapálida?
Se fazemos parte de uma penca, um cacho, ou uma ninhada, as
estruturas que nos passaram fazem parte do pacote completo; fazemos e agimos automaticamente
como nosso pai agia, como nossa mãe falava, como nossa tia cozinhava, daí eu
pergunto:
Qual é de verdade o meu pensamento que não faz parte de
ninguém? É só meu?
Nem que eu fosse
criado como ovos de tartaruga, abandonados para chocar na areia da praia, eu
seria somente eu e mais ninguém, tanto é que no caso das tartarugas elas sabem
para que lado correr quando saem das cascas, até onde eu sei nenhuma
tartaruguinha apareceu no centro da cidade e nunca foram vistas num shopping. Não;
elas nascem aos milhares e sozinhas, mas já vêm com GPS, sabem direitinho para
onde correr e nós também sabemos quem é papai e mamãe, e quem ensinou?
Nãoooooooooo, nem o papai e nem a mamãe tartaruga.
No caso humano, aquela zoiúda que ficava em cima do meu
berço, cantarolando e me olhando o tempo todo, aquela eu sei que é a minha mãe.
Eu nasci sabendo que ela era ela.
Daí vamos olhando
pela janela do berço e vamos pensando: -“Porque
será que mamãe sabia que eu iria gostar de tudo rosinha, lilás e da Hellokiti?”-
Logo que saímos do berço começamos a olhar o mundo e não
gostamos de muita coisa, porém ouvimos sempre -É preciso “- E isso implica
simplesmente tudo na vida, o que queremos e o que precisamos
fazer, e garanto que sempre ganha o “precisa”.
É claro que precisamos sim, fazer o que precisa ser feito, só
que a alegria verdadeira, aquela que seria a autêntica de cada um vai ficando
para trás, pois precisamos absorver e “sentir” a alegria que nos é de direito,
aquela que é politicamente correta, aquela que precisamos assimilar até as
entranhas desde cedo que é a que vai nos fazer uma pessoa melhor. E só muito
mais tarde numa conversa informal nos lembramos de que tal coisa adoraria ter
feito, outra que detestamos ter feito e assim vamos indo na leva do tsunami da
vida, perdendo o que seria a nossa e de cada um a verdade e, por conseguinte a
liberdade de ser um indivíduo na acepção da palavra.
Aff... Nessa hora é que a minha caspa vira mandiopã... hahahah
(É só um exercício para o "alemão não me pegar)