Quem sou eu

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Campinas , São Paulo , Brazil
Tenho mais de setenta anos, mãe de quatro e avó de seis, bisavó de dois e uma saudade eterna. Leonina humor sarcástico e irreverente. Gosto de ler, escrever, pintar, costurar, fotografar, não necessariamente nessa ordem. Gosto de observar e ouvir pessoas, suas histórias de vida que para mim são sempre interessantes e ricas de ensinamentos e só aumentam o meu conhecimento com respeito a viver. Acho bom e interessante olhar a nossa volta. É sobre isso que gosto de escrever.Gosto de cinema, assistir seriados na TV, teatro, viajar,passear,viajar,passear... conhecer lugares e bater papo sem compromisso. Gosto de olhar o mundo com olhos curiosos de quem acabou de chegar e quer se inteirar do que está "rolando".O nome escolhido "Espírito de Escritora" não tem a pretensão de mostrar aqui "grandes escritos" tirados das entranhas da sabedoria mais profunda e filosófica de alguém "letrado" ou sábio. Simplesmente equivale a dizer "escrever com alegria","escrever com espirituosidade".Tudo o que escrevo já está escrito dentro de mim, do meu eu mais profundo, só boto para fora... sei lá... Este é um lugar de desabafo e de reflexões minhas."Os bons que me sigam". (sabedoria do Chapolim Colorado)

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Amor musical

                                                   O ônibus verde.
Daucemar e Ladisflaw de mãos dadas atravessaram a praça em direção ao terminal rodoviário urbano. Entraram no ônibus verde e como sempre se acotovelaram em pé entre muitos como eles que dependiam daquele tipo de transporte. Em seguida sacolejando muito, o veículo se dirigiu para a saída do terminal e seguiu pelas ruas da cidade em direção à periferia.
La pelas tantas entraram mais alguns passageiros que foram se encaixando entre os que já se encontravam apertados e cada vez mais sufocados naquele calorão.
Mais alguns metros um cidadão começou a cantar uma música gospel numa voz até bem entoada, porém totalmente sem propósito naquela hora. Pois foi o que deu; os demais passageiros começaram a se inquietar mais naquele desconforto e reclamar mandando ele calar a boca. Quanto mais reclamavam, mais alto ele cantava a canção como se não fosse com ele, parecia estar em transe.
Sem conseguirem calar o homem resolveram vaiá-lo cada vez mais alto, o calor e o desconforto foram tomando conta das pessoas até que o motorista parou no acostamento e levantando-se do seu lugar perguntou o que estava havendo e todos se calaram apenas o cantor continuou, sem saber o que fazer o motorista pediu que o homem se calasse, mas ele continuava ignorando a todos naquele estado de êxtase musical.
Como o ônibus estava superlotado e o cantor estava bem no meio do corredor, ele não tinha acesso para pegá-lo pelo braço e convidá-lo a retirar-se ou calar-se, mesmo que para isso tivesse de usar a energia que a sua posição lhe permitia.
E o homem nada, continuava a cantar de olhos fechados. Sem saber mais o que fazer o motorista pediu que todos saíssem do veículo e se colocassem na calçada para que o senhor cantor pudesse descer. Todos os “trocentos” passageiros foram saindo e se postando do lado de fora, causando admiração nos transeuntes que por ali passavam e também foram parando para ver o que acontecia.
O motorista com a camisa empapada de suor por conta do calor de quase quarenta graus finalmente alcançou o cidadão cantor e o pegou gentilmente pelo braço. Desceu os três degraus segurando firme o senhor musical que continuou cantando sem desafinar a sua musica preferida. Mais alguns minutos e a ambulância que havia sido chamada pelo cobrador encostava ao lado do ônibus.
Com cuidado e gentileza os paramédicos o colocaram deitado na maca sem que ele reagisse, apenas continuou cantando...


Daucemar e Ladisflaw assistiram a tudo e me contaram, é claro.

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