sexta-feira, 27 de abril de 2012

Males da cabeça

                                                              Males da cabeça.
O que fazer quando estamos murchos por dentro? Aqueles dias em que nada nos desperta para as coisas da vida. Um marasmo de dar dó. Não quero ler e muito menos escrever, mas preciso “manter acesa a chama” daí escrevo bobagens sem significado como esta.

Preciso continuar o romance em andamento e não consigo me interessar o suficiente para sentar e continuar e olha que ele está inteiro na minha cabeça, basta sentar e escrever.
Olho la fora e o dia amanheceu lindo ensolarado depois de vários dias nublado e chuvoso. Olho as palmeiras aqui na minha frente me abanando, convidando a sair e tomar um ar, eu olho e nem respondo, nada me comove.
Às vezes viro pedra do nada, sem aborrecimentos ou discussões, apenas paro e custo a levantar e andar, não sei se é da idade que por um momento assusta um pouco, não a decadência exterior do corpo, mas a mental. Tenho me percebido mais esquecida, com dificuldade de lembrar coisas que aconteceram ainda a pouco e como minha mãe foi embora acompanhada do “alemão”, vez ou outra me pego com medo dele, até porque fisicamente sou a mais parecida. E como a genética em alguns casos chega a ser macabra, fico aflita, pois a desgraçada da doença ainda não tem cura e nos pega desprevenidos, vejam o Presidente Reagan, dos EEUU: Um homem político ativo tinha sido ator e cheio de atividade e acabou morrendo também de braços com o “alemão”. Minha mãe também sempre foi uma mulher ativa, gostava de ler e discutir a filosofia da vida, a fé que abraçou sempre, e mesmo assim foi apanhada pela doença.
Para os desavisados, “alemão” é o apelido do Alzhaimer.
Eu sei que vão cair em cima de mim que não é nada disso, que TENHO que reagir, que isso que aquilo, mas não sou mais criança e sei do que estou falando. Não adianta se fugir da realidade. Ficamos tristes, aborrecidos com pequenas e insignificantes coisas e na verdade examinando detidamente vemos que não há motivo para estar assim, então por quê?

terça-feira, 24 de abril de 2012

O admirador

                                                            
                                                           O admirador.
Águida ouviu o carteiro chamar e correu para o portão cheia de curiosidade.
Há quanto tempo não recebia nem uma carta, nem propaganda de loja? Até os políticos esqueceram o seu endereço.
Tomou a carta de envelope grande diretamente das mãos do carteiro, solícito e também admirado, pois há anos fazia aquela região e nunca tinha entregado qualquer correspondência naquele endereço.
Entrou para a sala fechando a porta atrás de si e foi até a cozinha onde de posse de uma tesoura, começou a cortar o envelope onde se lia o seu nome em letras bem desenhadas, não sem antes olhar contra a luz para ver o limite do conteúdo. Temia cortá-lo assim de qualquer maneira, arriscando-se a cortar também alguma palavra importante.
Ela era uma mulher solitária há muito tempo e quando aposentou-se foi morar naquela vila de poucas atividades sociais. Missa aos sábados e domingos, dias santos eventos na igreja e alguns bingos beneficentes, nada demais. Poucas amigas e poucos passeios.


 "Querida Águida,
Permita-me falar assim com tanta intimidade, você não me conhece, porém sentamos com a frequência que o acaso nos permite lado a lado na igreja aos domingos e aos sábados à noite também.
Quero lhe dizer que o vestido esmeralda é o que lhe cai melhor, apesar de apreciar muito aquele azul com gola de cetim. Também já lhe admirei durante um batizado quando vestiu um de cor creme de saia plissada e gola de renda francesa. Aquele “tailleur” marrom escuro de linho também lhe cai muito bem, principalmente em contraste com aquela camélia de organza amarela que lhe decora o ombro esquerdo. Isso só para falar de alguns modelos, pois escreveria muitas laudas relembrando aqui o seu magnífico guarda roupa.
Também já observei que usa adereços muito delicados, próprios de uma mulher discreta e de classe. E os sapatos então, o que é isso? Com certeza são sapatos assinados.
Águida, já percebeu que sou seu admirador. Um admirador discreto da sua elegância e do seu carisma. Imagino que tenha uma agenda cheia, mas não posso me furtar de convidá-la a um encontro. Admiro muito o seu bom gosto e teria um prazer imenso em convidá-la para um sorvete, ou um refresco natural para que me diga quem desenha as suas roupas e quem confecciona os seus vestidos. O que acha?


                                                       Assinado Lawdisley"

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Quando estive...

                                                            Quando eu estive...

Quando estive no reino mineral, fiz parte da montanha maior e mais brilhante, pertenci a uma jazida preciosa, a uma camada de minério, à poeira do deserto, às profundezas do oceano, à areia da praia.
Quando pertenci ao reino vegetal, fiz parte da grama úmida e fresca, do baobá, da palmeira, dos campos floridos, das trepadeiras que em pencas coloriam as encostas e até das flores de quintal plantadas em latas com muito amor.
Fiz parte de florestas, de caminhos assombreados, de hortas e pomares de festas e funerais. Fiz parte de coroamentos e de muitos casamentos. Fui perfumada e delicada.
Quando pertenci ao reino animal corri muitas pradarias, corri nos campos e matas, voei pelo espaço, tive pêlos macios e duros, couros diversos, penas e plumas de cores mil. Voei, nadei, rosnei e muito lutei pela vida, fugindo do predador, meu irmão na corrida da vida e da vivência. Matei e morri, porem sempre de alguma forma sobrevivi.
Hoje estou aqui, estou sendo gente, mais um ser criado por Deus; centelha divina em evolução. Um ser pensante trazendo todas as vivências anteriores, usando a sabedoria intrínseca dessas experiências para trabalhar meu corpo, usando a experiência do mineral para soldar meus ossos, sabendo irrigar meu copo usando o mecanismo dos vegetais, trazendo a bravura e a doçura do reino animal e neste estágio indo sempre e constantemente em direção a evolução espiritual.

Daí para frente... Quem sabe?
"O ser dorme no mineral, sonha no vegetal, estremece no animal e acorda no homem".
(Leon Denis.)

domingo, 22 de abril de 2012

A babá


Mais um continho de três palavras
Alfombra - agatanhar - enfarada.
                                                                  A babá.

Enquanto os meninos se agatanhavam pela alfombra no chão da sala a babá fazendo de conta que não via a cena examinava o esmalte azul parcialmente descascado nas pontas das unhas. Nos cabelos algumas presilhas de plástico colorido sustentavam os cabelos longos e esfiapados naquela hora.
A televisão aos gritos anunciava o melhor yogurte para prisão de ventre. Enfarada a babá arrastou-se até a cozinha em direção a geladeira onde foi tomar o Yogurte da propaganda, não que ela tivesse problemas intestinais, apenas estava afim de comer algo.
Os meninos continuaram a luta corporal cada vez mais intensa e animada. Levantaram do chão e correram pulando por cima do sofá e de um só pulo o maior deu um golpe no pequeno imobilizando-o novamente no chão apertando-lhe a garganta bem na hora em que a babá retornou a sala. Ela foi até eles e segurando um deles pelos fundilhos do pijama separou-o do irmão deixando-o sobre a poltrona assustando o gato que ali dormia.
De um salto e um susto o gato deu um miado esgoelado e saiu da sala em direção a cozinha.
A babá tornou a sentar e examinar as unhas quando resolveu retirar as películas de esmalte sobreviventes. Mais meia hora de vai a cozinha, volta, separa os garotos, come um pacote de biscoitos, toma um refrigerante, descasca mais um pouco as unhas deu onze horas e os pais dos meninos retornaram ao lar.
Sem emitir um som, a babá foi até a cozinha pegou a velha mochila colocou com destreza nas costas, pegou o dinheiro das mãos da mãe dos meninos e saiu pela porta sem dizer uma só palavra, nem boa noite.
O pai com olhar entediado retirou as galochas sentado no sofá da sala enquanto arriscava um olhar no futebol que rolava na televisão.
A mãe saiu em direção ao quarto do casal e os meninos voltaram a rolar pelo chão.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

O Vestido Vermelho

                                                                   O vestido vermelho

- Marinês minha filha, pega lá no armário aquele vestido de seda que eu vou usar no casamento da Zulmira para eu cortar a barra e fazer uma nova bainha. A loja que eu comprei não faz ajuste então eu mesma vou fazer.

- Vai cortar a barra e não vai ficar muito curto demais, madrinha?

- Claro que não! Onde já se viu coisa mais feia, uma saia pelo meio das canelas...

- Mas o padrinho não vai gostar de ver a senhora de joelhos de fora.

- Claro que não, mas é por isso mesmo que eu vou, ora...

- Ara madrinha, a senhora gosta de provocar o padrinho né?

- E não é?

Marinês foi até o armário e trouxe o vestido de seda vermelho e estendeu-o sobre a mesa onde a madrinha de tesoura na mão após marcar quatro dedos passou a tesoura sem dó nem piedade no tecido acetinado vermelho como um fogaréu. Zás!!! E lá se foi o pedaço que sobrou para a lata do lixo.

- Já devia ter feito isso quando o usei no casamento da Marilda, agora não tem perdão, vou cortar.

A madrinha estava injuriada com o tamanho da saia daquele vestido vistoso e sedoso que atraia os olhares em qualquer lugar que ele fosse. Além da cor e agora da altura, ele possuía um generoso decote que deixava à mostra os seios decadentes, sustentados pelo sutiã rendado.

Quando poucos minutos antes de sair para o casamento ela se apresentou na frente do marido pronta naquele provocante vestido decotado justo e curto o homem deu um grito;

- Que é isso mulher! Ficou louca? Onde você pensa que vai vestida desse jeito?

- Na mesma festa que você, ora.

- Eu é que não vou a lugar nenhum com uma mulher vestida desse jeito, ficou maluca mulher, esqueceu os modos e o pior, a idade que tem?

- Ara, deixa de ser machista, onde é que você anda não tem ninguém vestida assim?

- Claro que não, eu não frequento casa noturna...

- Pois eu vou assim com você ou sem você.

-Pois vai sozinha com certeza e, por favor, onde quer que vá diga que nem me conhece.

E, lá se foi ela requebrando os quadris no vestido decotado e ajustado ao corpo se equilibrando em altíssimos tamancos dourados de posse dos seus 70 anos de idade.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

A Lei do Anencéfalo

                                                A Lei do anencéfalo

Acabou de ser noticiado que foi aprovada a lei que permite a mulher interromper a gravidez se comprovada a ausência de cérebro no feto. Infelizmente só o Ministro Ricardo Lewandowiski se posicionou contra. Parabéns ao Ministro que levou até as últimas consequências seus princípios e a sua formação Cristã.
De acordo com a Filosofia Espírita, mas especificamente o Livro dos Espíritos* de Alan Kardec livro com 1019 perguntas e respectivas respostas para as mais diversas indagações da vida, fui conferir e separei abaixo as seguintes perguntas do capítulo VII, muito relacionadas às questões em destaque no momento, com suas respectivas respostas;
334- A união da alma com este ou aquele corpo é predestinada, ou a escolha se faz apenas no último momento?
– O Espírito é sempre designado antes. Ao escolher a prova por que deseja passar, pede para encarnar; portanto, Deus, que tudo sabe e tudo vê, sabe e vê antecipadamente que alma se unirá a qual corpo.
335- O Espírito faz a escolha do corpo em que deve encarnar, ou apenas do gênero de vida que lhe deve servir de prova?
– Pode escolher o corpo, já que as imperfeições desse corpo são para ele provas que ajudam no seu adiantamento, se vencer os obstáculos que aí encontra. Embora possa pedir a escolha nem sempre depende dele.
344- Em que momento a alma se une ao corpo?
– A união começa na concepção, mas só se completa no instante do nascimento. No momento da concepção o Espírito designado para habitar determinado corpo se liga a ele por um laço fluídico e vai aumentando essa ligação cada vez mais, até o instante do nascimento da criança. O grito que sai da criança anuncia que ela se encontra entre os vivos e servidores de Deus.
347- Que utilidade pode ter para um Espírito sua encarnação num corpo que morre poucos dias após seu nascimento?
– O ser não tem a consciência inteiramente desenvolvida de sua existência e a importância da morte é para ele quase nula. É muitas vezes, como já dissemos uma prova para os pais.
355- Há, como indica a ciência, crianças que, desde o ventre materno, não têm possibilidades de viver? Qual o objetivo disso?
– Isso acontece freqüentemente; a Providência o permite como prova para seus pais ou para o Espírito que está para reencarnar.
358- O aborto provocado é um crime, qualquer que seja a época da concepção?
– Há sempre crime quando se transgride a Lei de Deus. A mãe, ou qualquer outra pessoa, cometerá sempre um crime ao tirar a vida de uma criança antes do seu nascimento, porque é impedir a alma de suportar as provas das quais o corpo devia ser o instrumento.
                                                                        XX
Lendo e estudando essas questões de explicações claríssimas e coerentes não posso ficar alheia ao assunto e ainda saliento que uma vez aprovada essa lei foi aberta uma brecha onde poderão profissionais de má fé construírem laudos falsos e promoverem abortos indiscriminadamente sob a desculpa de má formação.
È cômodo pensar que cada um responde por si e vai colher o que plantar, mas “ai daquele por quem o escândalo venha” já disse Jesus. Uma vez aprovada a lei, todos os que concordarem com ela estarão compactuando com a ação consequente.
Eu até concordaria de que só vai fazer o aborto quem quiser e não será forçada a fazê-lo só porque existe uma lei. Aquela mulher que tiver respeito à vida, a respeitará sob qualquer circunstancia, porém todos sabem que as facilidades favorecem aqueles que se propõe a induzir pessoas de vontade fraca, e isso tem muito por ai.
Daí só nos resta parabenizar o Ministro Ricardo Lewandowisk e lamentar por todos os outros que se tornaram cúmplices de todos os crimes que se efetuarão alicerçados nas suas assinaturas.
*Acesso ao Livro dos Espíritos

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Liberdade de Escolha

Imagem Aldeia de Gralhas                                                                     
                                                          Liberdade de escolha



A palavra mais gritada pela humanidade é LIBERDADE.


Mas o quanto podemos considerar perigosa essa atitude? A atitude de fazer escolhas, de fazer opções. Pois eu penso que fazer opções, mesmo sendo imprescindível para o nosso crescimento fazê-las, chega a ser perigoso para nós mesmos.


Havia uma novela, se não me engano “O Clone”, em que um personagem falava frequentemente pelos desmandos da sobrinha rebelde: - “Que Alá te proteja de ti mesma”-. E eu sempre fiquei com essa frase na cabeça. Nós somos um perigo para nós mesmos.


Quantas vezes fazemos escolhas que só percebemos erradas depois de um tempo e que fica quase impossível desfazer, voltar atrás? Quantas vezes escolhemos por impulso, sem medir as conseqüências que só poderão ser medidas depois da opção feita quando o “trem” já partiu da estação e está a meio caminho do destino.


Como seria interessante, assim como já se fizeram inúmeros filmes, onde se modifica em determinado período o enredo, numa segunda possibilidade e se faz um final diferente?


Como seria bom se existisse uma máquina do tempo futuro onde pudéssemos avaliar as conseqüências de nossos atos e atitudes. Assim como provamos uma roupa ou um sapato, ou lemos o final do livro para ver se concordamos com o desfecho, seria muito bom, com certeza...


Mas ao contrário a vida não nos contempla com nenhum desfecho antecipado, andamos as cegas, tateando, fazendo escolhas baseadas no momento presente com a visão coberta como numa brincadeira de cabra cega.


Às vezes olho para trás e imagino (como todo mundo, acho) fico imaginando como seria o agora se em determinado tempo, período ou ocasião e até situação eu tivesse feito outras opções, outras escolhas o que seria de mim agora? Qual vida eu teria?


Teria provavelmente conhecido outras pessoas que me enredariam em suas vidas assim como eles se enredariam na minha e faríamos uma vida diferente. Não imagino melhor e nem pior posto que seja possível uma destas opções, porém imagino gostos e hábitos diferentes. Carinhos ou ausências deste, de expressões diferentes, de anseios diferentes. Cobranças e desmandos também.


Aprendizados e trocas de informações, gosto por determinadas coisas diferentes dos que eu tenho. Artes e esportes ou total abominação por esses interesses. Vegetarianos e afins, carnívoros, apreciadores de comidas exóticas como gafanhotos, cobras e escorpiões, bichos vivos e sei lá mais o que? Gosto por tardes frias e tempo nublado, ou chuvas intensas por longos períodos.


Tudo uma questão de cultura, de hábitos e de convivência com pessoas de nossas escolhas.


Ora que coisa em? Um oceano de possibilidades.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Seria ela mulher ou um peixe?
                                  
Na minha casa a televisão fica ligada o dia todo independente do que eu e o Adalberto estivermos fazendo, sejam tarefas domésticas ou no computador, com isso ouvimos baboseiras e informações diversas o tempo todo, coisa de “avançados” na idade.


E no momento passa um comercial que realmente está me incomodando.


É o da Nextel informando aos desavisados que a Maria Gadu “é gente como a gente” (!) mas o que é isso cara-pálida, por acaso pairava alguma dúvida no ar ?


Se ela fosse uma típica sereia, metade mulher, metade peixe, biólogos e cientistas poderiam abrir espaço na mídia para dirimir a dúvida: - Seria ela uma mulher ou um peixe? -


Porém como uma mulher comum que é no que refere ao físico e com a qualidade de cantora e compositora não vejo necessidade dessa informação que para mim é no mínimo sem noção.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Páscoa à vista

Pascoa à vista
                                                    Páscoa à vista.
Amanheceu um lindo dia de outono. Daqueles que poderemos escolher qualquer coisa para fazer que temos certeza que vai ser bom, vai dar certo. Céu limpo de um azul “parelho”, completamente sem nuvens.
É semana da páscoa, semana santa para os católicos. As lojas estão abarrotadas de chocolates das mais variadas formas e sabores. Lembro que quando menina ganhava um ovo de açúcar muito lindo, que parecia quase de vidro, não sei explicar, e que tinha um orifício por onde olhava e via lá dentro um cromo, um selo de coelhinho colorido. Eu adorava. Nunca mais vi desses ovos, deve ser coisa típica de algum país que os colonizadores trouxeram para cá.

Também me lembro de minha avó Aída fazendo duas cestas de papel de seda, todas crespinhas onde seriam colocadas as guloseimas da páscoa. Eram duas, uma cor de rosa para mim e outra azul para o Edison, meu primo pouco mais moço que eu. Eu a via  manusear delicadamente a tesoura para que o papel de seda fosse enroscando e formando franjas encrespadas, um trabalho muito delicado e ainda muito usado aqui no sul.

Uma coisa que me decepcionou quando fui morar em SP foi ver as pessoas levarem as suas crianças ao mercado para escolher seus ovos e de lá já saem com eles nas mãos e talvez nem cheguem a casa com eles inteiros, já vão comendo pelo caminho. Por aqueles lados não há o ritual da espera e nem da surpresa. Tadinhas das crianças, não sabem o que perdem, uma infância cheia de fantasias.
Eu guardo boas lembranças.

Eu, enquanto meus filhos eram crianças, segui mesmo morando fora os costumes daqui do sul, onde os pais escondem os doces em cestas ou não, fazem mapas ou caminhos em forma de pegadas dos coelhos e a criançada se diverte procurando e encontrando os presentes na manhã de Páscoa. Muito bacana, eu acho.

Certa vez querendo fazer uma surpresa aos meus netos já marmanjos, eu recheei um pijama e vesti com minhas roupas. Montei uma cabeça de coelha e a coloquei sentada na sala, bem na entrada para surpreender os netos, mas quem mais festejou a surpresa foi minha nora Rose, recém chegada na família, que levou um baita susto e riu durante um bom tempo.

Ano retrasado, antes de me mudar, ela me pediu que eu repetisse a surpresa para as duas filhas Ana Flora e Ana Júlia que também fizeram a maior festa e curtiram a surpresa com muita alegria.

Coisas de vó...


domingo, 1 de abril de 2012

Mais um domingo que passa...

                                                    Mais um domingo que passa...
Quantos já passaram e quantos ainda passarão até que eu volte de onde vim? E de onde eu vim? Sei lá! Aliais Deus já nos fez assim “esquecidos” porque provavelmente teríamos vergonha de nossas origens, ou melhor de nosso passado, sinistro e possivelmente indecoroso.

Semana passada eu assisti em vídeo duas palestras que me calaram fundo, me deixaram pensando bastante. O assunto eu já conhecia, porém a forma de dissertar fez toda a diferença.


Uma delas falava de decisões em cima de critérios adotados por nós. Se pensamos de verdade de uma maneira precisamos agir dessa maneira, honrar nossas convicções custe o que custar, precisamos pagar o preço. A outra também falava de outras decisões, uma delas mais específica, a decisão de realmente seguir o Cristo, de verdade, em todos os momentos e não de vez em quando.


Na verdade andamos as cegas, porem temos um sonar, um radar e um GPS instalados em nós que vão sinalizando o caminho, mas aquela voz horrorosa do GPS define bem como abominamos as advertências dos nossos amigos espirituais e tomamos o rumo que bem entendemos e quando nos perdemos culpamos o “aparelhinho”, leia-se cegueira ou ignorância espiritual.


Mas é muito difícil tomar decisões, escolher caminhos e fazer opções pela vida e quando agimos com mais firmeza em determinadas ocasiões e situações mesmo nos entendendo como certos, balançamos na dúvida do tamanho da chamada ou da bronca ou do “toque”, se não agimos com dureza excessiva.


Por esses dias tive que agir de forma que não gosto, mas tenho certeza que precisei, mas não gostei, fiquei mal, mas é da vida, precisei me colocar e estremeci nos meus alicerces como pessoa e como mãe. Que chato. Fiquei para baixo de verdade, mas é da vida.


Tudo passa, até a uva...