Quem sou eu

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Campinas , São Paulo , Brazil
Tenho mais de setenta anos, mãe de quatro e avó de seis, bisavó de dois e uma saudade eterna. Leonina humor sarcástico e irreverente. Gosto de ler, escrever, pintar, costurar, fotografar, não necessariamente nessa ordem. Gosto de observar e ouvir pessoas, suas histórias de vida que para mim são sempre interessantes e ricas de ensinamentos e só aumentam o meu conhecimento com respeito a viver. Acho bom e interessante olhar a nossa volta. É sobre isso que gosto de escrever.Gosto de cinema, assistir seriados na TV, teatro, viajar,passear,viajar,passear... conhecer lugares e bater papo sem compromisso. Gosto de olhar o mundo com olhos curiosos de quem acabou de chegar e quer se inteirar do que está "rolando".O nome escolhido "Espírito de Escritora" não tem a pretensão de mostrar aqui "grandes escritos" tirados das entranhas da sabedoria mais profunda e filosófica de alguém "letrado" ou sábio. Simplesmente equivale a dizer "escrever com alegria","escrever com espirituosidade".Tudo o que escrevo já está escrito dentro de mim, do meu eu mais profundo, só boto para fora... sei lá... Este é um lugar de desabafo e de reflexões minhas."Os bons que me sigam". (sabedoria do Chapolim Colorado)

terça-feira, 24 de abril de 2012

O admirador

                                                            
                                                           O admirador.
Águida ouviu o carteiro chamar e correu para o portão cheia de curiosidade.
Há quanto tempo não recebia nem uma carta, nem propaganda de loja? Até os políticos esqueceram o seu endereço.
Tomou a carta de envelope grande diretamente das mãos do carteiro, solícito e também admirado, pois há anos fazia aquela região e nunca tinha entregado qualquer correspondência naquele endereço.
Entrou para a sala fechando a porta atrás de si e foi até a cozinha onde de posse de uma tesoura, começou a cortar o envelope onde se lia o seu nome em letras bem desenhadas, não sem antes olhar contra a luz para ver o limite do conteúdo. Temia cortá-lo assim de qualquer maneira, arriscando-se a cortar também alguma palavra importante.
Ela era uma mulher solitária há muito tempo e quando aposentou-se foi morar naquela vila de poucas atividades sociais. Missa aos sábados e domingos, dias santos eventos na igreja e alguns bingos beneficentes, nada demais. Poucas amigas e poucos passeios.


 "Querida Águida,
Permita-me falar assim com tanta intimidade, você não me conhece, porém sentamos com a frequência que o acaso nos permite lado a lado na igreja aos domingos e aos sábados à noite também.
Quero lhe dizer que o vestido esmeralda é o que lhe cai melhor, apesar de apreciar muito aquele azul com gola de cetim. Também já lhe admirei durante um batizado quando vestiu um de cor creme de saia plissada e gola de renda francesa. Aquele “tailleur” marrom escuro de linho também lhe cai muito bem, principalmente em contraste com aquela camélia de organza amarela que lhe decora o ombro esquerdo. Isso só para falar de alguns modelos, pois escreveria muitas laudas relembrando aqui o seu magnífico guarda roupa.
Também já observei que usa adereços muito delicados, próprios de uma mulher discreta e de classe. E os sapatos então, o que é isso? Com certeza são sapatos assinados.
Águida, já percebeu que sou seu admirador. Um admirador discreto da sua elegância e do seu carisma. Imagino que tenha uma agenda cheia, mas não posso me furtar de convidá-la a um encontro. Admiro muito o seu bom gosto e teria um prazer imenso em convidá-la para um sorvete, ou um refresco natural para que me diga quem desenha as suas roupas e quem confecciona os seus vestidos. O que acha?


                                                       Assinado Lawdisley"

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